Sinos (foto), Gravataí e Caí estão entre os dez
rios mais poluídos do Brasil Crédito: Stephany Sander / Especial /
CP
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Apesar da beleza vista de fora, as águas de três rios que
banham a região Metropolitana de Porto Alegre estão entre as mais poluídas do
Brasil. Conforme o IBGE, Sinos, Gravataí e Caí são o quarto, o quinto e o oitavo
no ranking nacional da poluição. Nos dez primeiros da lista, o Rio Grande do Sul
é o único Estado com três mananciais. Na primeira colocação está o rio Tietê, de
São Paulo.
De acordo com Arno Kayser, presidente do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos), a transposição diária do rio Caí
para o Sinos já não garante a vida da fauna e da flora do manancial e a
qualidade da água que abastece 1,3 milhão de habitantes em 32 municípios. Ele
acredita que o Plano da Bacia Hidrográfica do Sinos, que teve sua etapa final
iniciada quarta-feira, é a única solução para que o rio se mantenha ao menos
estável. “O crescimento de indústrias às margens do Sinos, juntamente com falta
de tratamento de esgoto e carência de mata ciliar, foi degradando o rio. Se não
tivéssemos esse projeto, com certeza a vida útil do Sinos seria de no máximo
mais 15 anos”, destaca.
O documento foi idealizado em 2006, após a
mortandade de 90 toneladas de peixes devido à contaminação causada por uma
empresa de Portão. Na época, como medida emergencial, lanchas, canoas e tragas
passaram 30 dias movimentando a água em uma tentativa de aumentar seu nível de
oxigênio. O caso fez com que o Estado decretasse situação de emergência na
bacia.
Kayser lembra ainda que desde 2011, quando começaram os
racionamentos em Novo Hamburgo e São Leopoldo, o manancial vem demonstrando que
precisa de ações imediatas. “Já deveríamos ter iniciado um trabalho de
recuperação de mata ciliar e de tratamento do esgoto sanitário há muito tempo”,
enfatizou.
No Gravataí, que percorre nove municípios, o trecho com maior
índice de poluição fica entre Gravataí e Canoas, sendo que o ponto mais poluído
de toda a extensão é o encontro do rio com o Guaíba. De acordo com o chefe do
departamento de Qualidade Ambiental da Fepam, Clebes Brum Pinheiro, o descarte
indiscriminado de esgotos é atualmente o maior problema. “Tem que haver
investimentos para tratar os efluentes”, diz Pinheiro.
Ele destaca que a
aprovação, em 2012, do Plano de Bacia do Gravataí foi um grande passo para
iniciar a recuperação do rio. O projeto apontou necessidades de investimentos
para melhorar a qualidade da água, bem como restabelecer a mata ciliar e,
consequentemente, a flora e fauna. Além da poluição, o baixo volume de água
compromete a vida no manancial. Este problema, segundo Paulo Muller, da Fundação
Municipal de Meio Ambiente de Gravataí, é consequência das drenagens iniciadas
nos anos 60, que retiravam água para plantações de arroz. “Essa obra de
engenharia fez com que o rio perdesse sua capacidade natural de manter a água no
banhado, que é uma esponja natural que segura a água e vai liberando aos poucos,
mantendo o nível.” Para Muller, o rio só não morreu porque a comunidade se
mobilizou. “O Gravataí não é um rio morto. Na medida em que andamos em direção à
nascente, ele é rico de vida e é assim que tem que ser.”
Já o Caí atinge
41 municípios da Serra Gaúcha até a cidade de Montenegro. Segundo Tânia Zoppas,
presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Caí
(ComitêCaí), a maior dificuldade hoje é combater a falta de planos municipais de
saneamento, que tratam os esgotos domésticos. “A nascente do Caí fica em São
Francisco de Paula, até Montenegro ele faz um longo caminho e, neste trecho,
apenas Caxias do Sul tem cerca de 80% de seu esgoto tratado.” O ComitêCaí
realizou mês passado audiência pública a fim de sensibilizar as prefeituras
sobre a Lei de Saneamento Básico, que obriga todas as administrações a
elaborarem seu plano de saneamento.
Sem ele, a partir de 2014, os
municípios não poderão receber recursos federais para projetos na área. Tânia
lembra que os planos também tratam, entre outras coisas, de abastecimento de
água e manejo de resíduos sólidos. “O último levantamento sobre condições do
rio, sua mata ciliar, indústrias e todo tipo de ocupação em torno da bacia foi
feito há mais de cinco anos, agora, vamos atualizar dados e lutar para
desenvolver nosso plano”.
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FONTE : Laira de Souza Sampaio e Stephany
Sander, do CORREIO DO POVO,POA. |
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