Exposição refaz viagens inspiradas no antigo Rio Tietê
por Redação da Carta Capital
Foram os ares aventureiros do passado que inspiraram uma expedição pela geografia e história do Rio Tietê. Depois de viagens feitas entre 2012 e 2013 por seis segmentos do Rio Tietê, nas regiões dos municípios de Salesópolis, São Paulo, Itu, Barra Bonita, Penápolis e Itapura, fotógrafos do Coletivo Garapa trouxeram na bagagem fotografias, instalações e vídeos. As peças estão reunidas na exposição A Margem, aberta ao público na quinta-feira 6, no Centro Cultural São Paulo (CCSP).
Inspirados pelo legado de artistas-viajantes de eras passadas, como Teotônio José Juzarte, Hercules Florence, John Mawe e Auguste de Saint-Hilaire, os integrantes partiram em direção ao rio. A ideia de dividir a viagem em seis segmentos veio após estudo de relatos em livros, especialmente da Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas de 1825 a 1829, de Hércules Florence, e do Diário da Navegação, de Teotônio José Juzarte.
Cada viagem trouxe diferentes leituras e reflexões, mas o acúmulo de impressões e experiências acabou por direcionar o olhar a um ponto de convergência: a visão do rio como uma imensa biblioteca cujas dimensões – históricas, míticas, simbólicas – tendem ao infinito. Como a lenda de que, nas profundezas de uma certa curva do Tietê, abaixo do Salto do Avanhandava, vive o terrível monstro de Pirataraca, uma serpente gigante disposta a emborcar as canoas dos navegantes incrédulos.
História
Chamado de Rio Anhembi até o século XVII, o Tietê nasce a uma altitude de 1.027 metros da Serra do Mar, no município paulista de Salesópolis, a 22 km do oceano Atlântico e a 96 km da capital. Ao contrário da maioria dos rios, que segue em direção ao mar, ele segue seus 1.136 km rumo ao interior, atravessando a região metropolitana de São Paulo em direção ao rio Paraná, no município de Itapura, banhando 62 municípios. O lançamento de esgotos industriais inicia-se a 45 km da nascente, na cidade de Mogi das Cruzes. Na zona metropolitana, o rio encontra o maior complexo urbano-industrial do país e conhece um de seus trechos mais poluídos, a foz do Rio Tamanduateí.
Formado pelos fotógrafos Leo Caobelli, Paulo Fehlauer e Rodrigo Marcondes, o Garapa é um espaço de criação que busca produzir narrativas visuais, integrando campos híbridos de atuação.
* Publicado originalmente no site Carta Capital.
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