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domingo, 31 de outubro de 2010

Jurerê conquista selo ambiental e vira exemplo na América Latina

Certificada pelo Bandeira Azul, catarinense faz parte do seleto clube das praias mais sustentáveis do mundo.

Ao alcançar as areias da Praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, pelo seu principal acesso, logo se vê uma bandeira azul tremulando. Mais que um adorno ao lado das confortáveis espreguiçadeiras e dos enormes guarda-sóis, ela simboliza um status sempre almejado, mas nunca conquistado por outra praia da América Latina: a certificação ambiental do Programa Bandeira Azul.

Possuir esse selo significa ter o reconhecimento de suas ações sustentáveis. Princípios como educação ambiental, segurança para banhistas, qualidade da água e do meio ambiente costeiro formam a base dos critérios avaliados pelo programa. Em 23 anos de existência, o projeto já certificou quase 3.500 praias e marinas de 41 países.

Há quatro anos atuando no Brasil, o selo realizou o último júri nacional no ano passado, quando cinco porções de areia se inscreveram na avaliação: Jurerê Internacional, Mole e Santinho, em Santa Catarina; Tombo, em São Paulo, e Castelhanos, no Espírito Santo. Mas apenas Jurerê Internacional cumpriu os 32 critérios e passou a integrar o seleto grupo das praias mais sustentáveis do mundo.

Características particulares garantiram que a bandeira fosse hasteada na orla, como a excelência da qualidade da água, bons acessos à areia e estacionamento para visitantes, além da criação de um projeto para recuperar áreas de dunas e do grande envolvimento da comunidade no desenvolvimento da região.

Uma Bandeira Azul é válida por um ano e pode ser renovada após outra avaliação. Para se mater com ela, o destino também tem de comprovar que as práticas sustentáveis continuam sendo tiradas do papel.

Para além da beleza. Ninguém contesta a presença de Cartagena das Índias, na Colômbia, Hue, no Vietnã, e a brasileira Praia do Rosa, em Santa Catarina, na lista das baías mais bonitas do mundo. Mas assim como as outras 27 integrantes desse grupo de elite, elas não foram parar lá simplesmente por seus dotes naturais. Também apresentam potencial para difundir os preceitos do turismo sustentável.

As baías são eleitas pela associação The Most Beautiful Bays in the Worlds (www.world-bays.com), criada em 2007 para ajudar a incentivar o ecoturismo. A instituição acredita que elegendo os pontos mais bonitos do mundo - e colocando-os na mira da mídia - conseguirá provocar uma reflexão sobre a necessidade de práticas sustentáveis para a manutenção dos patrimônios. Por isso, ganham vaga no clube baías que, além de formidável beleza, incluam parte da riqueza histórica e cultural de seus países. Atualmente, a lista tem representantes de 23 países.
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FONTE : Bruna Tiussu - O ESTADO DE SÃO PAULO

Modelo de ‘mãe ecológica’

O pacote básico de práticas sustentáveis já faz parte do dia a dia da modelo Luciana Curtis, de 33 anos, há tempos. Ela evita o desperdício de água e energia, usa ecobag, anda sempre que possível de bicicleta ou a pé em Nova York, onde mora, e prefere alimentos orgânicos. Mas desde que soube que estava grávida sua preocupação com o ambiente ficou mais evidente. "Eu e meu marido queremos deixar para a Cora (que completa um mês no sábado) um mundo igual ou melhor que o atual."

Luciana está sempre pronta a divulgar suas ideias sustentáveis, a ponto de ser considerada a "ecochata" entre as colegas modelos. "Já dei para elas um guia de como ser verde em Nova York. Quando fiquei grávida, comprei para as que também estavam esperando bebê o livro Green Baby (de Susannah Marriott, é uma espécie de guia da maternidade sustentável)".

A maior preocupação da fase mãe ecológica de Luciana diz respeito às fraldas. "Só compro as livres de cloro, de plástico biodegradável. Fraldinhas de boca, só de algodão orgânico", conta. "Aqui tem uma marca chamada Seventh Generation que, além de fraldas, tem produtos de limpeza, absorventes, papel higiênico e papel toalha." Outra dica da top para mães de recém-nascidos é a marca gDiapers, que tem uma calça plástica reutilizável com fundo de absorvente feito de algodão orgânico biodegradável.


Vinagre

Luciana também recorre a produtos ecofriendly na hora de limpar os brinquedos de Cora. "Vinagre branco é um milagre, uso sempre. Passo um pano com vinagre nos ursinhos de pelúcia, ponho dentro do plástico fechado e depois no congelador por 24 horas para matar as bactérias." Ela costuma ainda levar um galão ao mercado para reabastecer com produtos de limpeza. "Assim não fico jogando mais embalagem plástica no lixo."

Luciana admite que o fato de morar em Nova York, onde há ampla oferta de serviços verdes, facilita sua vida de mãe ecológica. Mas diz que algumas medidas podem ser adotadas em qualquer cidade. "Sou chata com banhos demorados, escovar os dentes com torneira aberta ou lavar louça usando muita água."

A top também usa lâmpadas econômicas e abomina garrafinha plástica. "Me tira do sério ver gente comprando água mineral", diz a modelo, que instalou filtros na pias de casa para não ter de comprar água em garrafas PET.
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FONTE : Alice Lobo - O Estado de S. Paulo

MAR À VISTA

Intensamente afetada por problemas ambientais e por deficiências das políticas públicas, a biodiversidade marinha precisa ser conhecida para ser protegida. Estimular a formação de grupos de pesquisa sobre o tema é um dos principais objetivos do Workshop sobre biodiversidade marinha: avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia, que será realizado a partir desta quinta-feira (9/9), na sede da FAPESP, em São Paulo.

Cientistas brasileiros e estrangeiros apresentarão um panorama completo e atualizado da pesquisa internacional sobre a biodiversidade no ambiente marinho.

“O objetivo é ampliar a visão do universo de pesquisa sobre a biodiversidade marinha e permitir que pesquisadores e estudantes conheçam o que está sendo feito nessa área no Brasil e no exterior. Queremos estimular o intercâmbio internacional e a formação de novos grupos dedicados ao estudo do tema”, disse um dos organizadores do evento, Roberto Berlinck, à Agência FAPESP.

Segundo o professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, serão debatidos vários temas relacionados à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade marinha brasileira, incluindo a obtenção de produtos naturais bioativos para produção de drogas e o planejamento da intervenção humana no ambiente marinho. O evento terá a participação de pesquisadores do Brasil, Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e Bélgica.

“Um dos temas particularmente interessantes na programação envolve os trabalhos que estão sendo realizados com a microbiologia marinha. Essa área de pesquisa, que se dedica a um microuniverso dentro do megabioma marinho, existe há menos de 20 anos”, disse Berlinck, que também é membro da coordenação do programa Biota-FAPESP.

Os macrouniversos também terão destaque no evento: estudos relacionados à biogeografia e filogeografia procuram desenhar um panorama geral da biodiversidade em regiões específicas dos oceanos.

“Essas áreas buscam entender a relação entre os organismos em termos de espaço – no caso da biogeografia – e de tempo, no caso da filogeografia, que se refere ao parentesco entre as espécies no decorrer da evolução”, afirmou.

De acordo com Berlinck, a expansão de pesquisas sobre a biodiversidade marinha é um dos focos definidos pelo Biota-FAPESP em sua estratégia para a próxima década.

Em 2009, ao completar dez anos – com uma ampla contribuição para o avanço do conhecimento sobre a biodiversidade brasileira, gerando estudos e inventários que subsidiaram políticas públicas de conservação e uso sustentável da biodiversidade –, o programa realizou um balanço de suas atividades e traçou uma estratégia para a próxima década.

“Na reunião de avaliação do programa, em 2009, concluiu-se que havia sido dada pouca ênfase ao ambiente marinho. Investir nesses estudos foi uma reivindicação dos participantes. O workshop será um importante passo para começarmos a cumprir essa meta”, disse.

Berlinck afirmou que o conhecimento atual sobre o ambiente marinho brasileiro é pontual. Em alguns locais da costa, onde há infraestrutura de pesquisa – como São Sebastião, onde está o Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da Universidade de São Paulo (USP) –, a biodiversidade é bem conhecida. No restante, há imensas lacunas.

“Unidades de pesquisa estão presentes em alguns pontos da costa brasileira. Nessas áreas, há projetos de pesquisa desenvolvidos e apoio logístico disponível. Mas, no restante, o conhecimento é muito limitado. Seria preciso organizar grupos de trabalho para ter acesso a mais pontos da costa e realizar amplos trabalhos que permitam desenhar um quadro um pouco mais completo”, disse.

Realizar um inventário da biodiversidade marinha, como o Programa Biota-FAPESP tem feito com outros biomas, não seria uma tarefa trivial, segundo Berlinck. “Isso é muito difícil por questão de acesso. Podemos fazer levantamentos em pontos da região costeira, mas dificilmente chegaríamos a um inventário completo”, afirmou.

O aumento do esforço para conhecer mais a fundo a biodiversidade marinha deverá ter um impacto importante nas políticas públicas. De acordo com Berlinck, já existem parques e regiões protegidas em diversas áreas da costa, mas é preciso criar políticas públicas eficazes em relação às atividades econômicas e à ocupação humana no litoral.

“É preciso fiscalizar o que é jogado no mar. Além de desastres frequentes, como derramamentos de petróleo, temos visto com grande preocupação a ocupação desordenada do litoral, que leva ao despejo de lixo nos rios, mangues e oceano – em especial no litoral paulista. Vemos praias que eram paradisíacas há 25 anos e hoje estão ocupadas por favelas. É preciso mobilizar a comunidade científica para chamar a atenção da sociedade e dos gestores para esses problemas”, afirmou.

Riqueza marinha

O Workshop sobre biodiversidade marinha: avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia terá cobertura da Agência FAPESP. O encontro está com inscrições encerradas devido à grande procura, que atingiu a capacidade das instalações da FAPESP.

Um dos destaques do evento será a participação de William Fenical, do Centro de Biotecnologia Marinha e Biomedicina da Universidade da Califórnia, em San Diego, Estados Unidos, que apresentará a palestra “Microrganismos do oceano profundo: uma nova fonte para a descoberta de drogas”.

Fenical estuda há quase 20 anos compostos orgânicos, originados em microrganismos marinhos, com efeitos sobre o câncer e outras doenças. Em trabalho recente, o pesquisador descobriu em sedimentos oceânicos a bactéria Salinospora tropica, que produz um potente agente anticancerígeno para tratamento do mieloma múltiplo. O medicamento ainda será testado em humanos.

Pio Colepicolo, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, falará sobre a utilização de algas como fonte de metabólitos de importante valor econômico.

Paulo Mourão, do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresentará resultados de pesquisas sobre agentes anticoagulantes e antitrombóticos encontrados em ouriços-do-mar.

Letícia Veras Costa-Lotufo, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade do Ceará, irá relatar estudos para busca de compostos para tratamento do câncer em invertebrados e microrganismos presentes no litoral do Nordeste brasileiro.

Joseph Neigel, do Departamento de Biologia da Universidade de Louisiana (Estados Unidos), apresentará palestra sobre o tema Mistérios não resolvidos da genética de populações marinhas: há uma explicação comum?.

Heroen Verbruggen, da Universidade Ghent (Bélgica), falará sobre o tema Biodiversidade e biogeografia de algas marinhas: uma perspectiva evolucionária.

Mais informações: http://www.fapesp.br/biota/marinhos
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FONTE : (Envolverde/Agência Fapesp)

Mistérios do mar

O conhecimento atual sobre a genética das populações marinhas ainda é repleto de lacunas e, nos últimos 20 anos, muitos estudos sobre a dispersão desses organismos no tempo e no espaço levaram a resultados cientificamente inexplicáveis. Mas esses mistérios podem estar com os dias contados, de acordo com Joseph Neigel, do Departamento de Biologia da Universidade da Louisiana em Lafayette, nos Estados Unidos.

Segundo o cientista, pesquisas que tiveram resultados intrigantes no passado poderão ter seus dados reinterpretados, graças ao desenvolvimento de novos métodos e tecnologias que permitam identificar geneticamente as larvas e investigar sua distribuição temporal e espacial em comunidades planctônicas.

Neigel participou, na sexta-feira (10/9), do Workshop sobre biodiversidade marinha: avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia, realizado pelo programa Biota-FAPESP.

Seu grupo de pesquisa desenvolveu métodos inicialmente usados para identificar larvas de espécies invasivas, mas a utilização dessas técnicas foi reorientada de acordo com as lacunas científicas existentes.

“Logo percebemos que esse método de identificação das larvas poderia ser utilizado para determinar seu genótipo. Mais tarde, essas técnicas foram associadas a métodos estatísticos capazes de estimar o fluxo genético das espécies a partir do uso de sequências de DNA como marcadores moleculares. Com isso, podemos detectar a presença de um único organismo em uma grande amostra de plâncton”, disse Neigel à Agência FAPESP.

A combinação desses novos métodos com outras ferramentas – incluindo tecnologias desenvolvidas para campos como a pesquisa em biomedicina –, estão propiciando, segundo ele, uma rápida transformação no conhecimento sobre genética de populações marinhas.

“Houve avanços tecnológicos muito rápidos. Atualmente, por exemplo, usamos robôs para fazer boa parte do nosso trabalho de extração do DNA dos organismos. Isso tudo permite ter dados muito mais amplos e reinterpretar resultados de pesquisas antigas”, afirmou.

Neigel apresentou exemplos de mistérios científicos que poderão ser resolvidos com as novas ferramentas. Um deles se refere a um estudo realizado por seu grupo, no Golfo do México, com duas espécies de caranguejo – a Menippe andina e a Menippe mercenaria, ambas comuns em costões da região.

“Os estudos sobre essas espécies, que apresentam pequenas diferenças morfológicas, começaram em 1986. Os dois caranguejos foram analisados a partir de alozimas – formas alternativas de enzimas, codificadas por diferentes alelos de um mesmo lócus genético”, explicou.

As análises mostraram que as espécies eram muito diferentes geneticamente. Quanto à distribuição na costa norte-americana, a M. andina predomina no litoral do Texas e a M. mercenaria se espalha por toda a costa Atlântica da Flórida. Enquanto isso, no litoral da Flórida voltado para o Golfo do México, há uma faixa de transição com as duas espécies.

“Era difícil explicar essa mistura das duas espécies. Analisando a história geológica do continente, chegou-se a uma explicação provisória: entre os períodos Plioceno e Mioceno, quando os níveis dos mares eram mais altos, a península da Flórida estava submersa e havia uma corrente que ia do golfo para o oceano. A espécie M. andina invadia então a região da M. mercenaria. Quando o nível das águas baixou, esses ‘invasores’ ficaram isolados e, milhões de anos depois, havia uma região de espécie híbrida”, disse Neigel.

De acordo com essa explicação, as diferenças genéticas mais marcantes entre as espécies deviam remontar ao período anterior à alta da maré. Com a submersão da Flórida, houve uma mistura, que explicaria as sequências genéticas mais semelhantes.

Depois do recuo da maré, o fluxo gênico entre as duas espécies deveria ter cessado. Mas, segundo Neigel, essa explicação não se sustentou quando confrontada a dados mais recentes.

“Em 1998, uma pesquisadora do nosso grupo participou de estudo que testou essas previsões com um relógio molecular. Essa técnica é usada para relacionar o tempo de divergência entre duas espécies com o número de diferenças moleculares medidas entre as sequências de DNA ou proteínas: quanto maior a proximidade genética, menor o tempo de separação entre duas espécies. Os dados conseguidos nesses testes eram bem diferentes dos previstos caso a hipótese da barreira geográfica estivesse correta”, disse.

Novas perspectivas

Nas previsões, a sequência genética mais distinta deveria refletir 6 milhões de anos de evolução. O estudo com o relógio molecular mostrou uma divergência menor que a esperada, refletindo um período de 1,5 milhões a 2,7 milhões de anos. A sequência com maior similaridade deveria refletir 2,6 milhões de anos de evolução, segundo a previsão. Mas o estudo de 1998 mostrou que as espécies compartilhavam sequências idênticas há menos de 900 mil anos.

“O mistério permanece. Há milhares de estudos na área de genética de populações marinhas com esse tipo de lacuna científica. Mas, a partir de agora, as novas metodologias e tecnologias poderão levar a novos avanços, permitindo que olhemos esses dados sob novas perspectivas”, apontou.

Ao superar certas limitações tecnológicas, os cientistas começam também a mudar interpretações e tendências teóricas. Segundo Neigel, os pressupostos relacionados à seleção natural eram em boa parte responsáveis pelos dilemas científicos apresentados por certos estudos. Às novas metodologias, será importante associar novas interpretações.

“Percebemos que havia padrões de dispersão e distribuição das espécies demasiadamente complexos para serem explicados apenas por um mecanismo. Há algumas décadas, tudo era atribuído a mecanismos de seleção. Mais tarde, passou-se a acreditar que esse era o mecanismo menos importante. Estamos chegando à conclusão de que há um equilíbrio entre seleção natural, a deriva genética e os fluxos genéticos”, destacou.
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FONTE : (Envolverde/Agência Fapesp)

Análise identifica resíduos de herbicida em amostras de ovos

Pesquisa apresentada na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP identificou resíduos de herbicida em amostras de ovos comercializadas em São Paulo. A substância, possivelmente incorporada por intermédio da alimentação das galinhas, pode contribuir com o aparecimento de doenças crônicas em seres humanos. O estudo recomenda maior orientação aos produtores de alimentos, visando evitar o uso inadequado de pesticidas e medicamentos nos cultivos agrícolas e criações de animais.

A pesquisa buscou resíduos de agrotóxicos existentes nos ovos, por serem alimentos bastante consumidos pela população em geral. “Sabe-se que essa produção utiliza grande quantidade de agrotóxicos, para combater doenças nos animais”, afirma a bióloga Cláudia Ciscato, que realizou a pesquisa. Parte das amostras foi enviada por uma granja e as demais adquiridas no comércio, para simular o consumo do produto e verificar a presença de contaminantes.

Os ovos foram submetidos a análises capazes de identificar de 140 a 150 substâncias tóxicas diferentes, entre organoclorados, organofosforados, carbonatos, pireticidas e alguns tipos de fungicidas e herbicidas. “Durante os testes, detectou-se a presença de herbicida, possivelmente utilizado para combater pragas surgidas no cultivo do alimento fornecido aos animais”, conta. “O mais provável é que o pesticida, ao ser incorporado pela galinha durante a alimentação, tenha se translocado para o ovo.”

Segundo Cláudia, cerca de 80% das amostras alimentos de origem vegetal e animal analisados habitualmente em laboratórios não possuem resíduos de agrotóxicos, ou estes são encontrados em valores abaixo dos tolerados pela legislação. “O restante das amostras, porém, contém produtos que não possuem legislação pertinente, ou seja, são usados de forma indevida pelos produtores para o controle de doenças e pragas, podendo trazer riscos para a saúde humana.”

Riscos
O contaminante encontrado nos ovos não necessariamente irá causar impacto imediato no consumidor, aponta a pesquisadora. “Seria necessário verificar a dieta de quem consome o produto, pois as quantidades encontradas não são suficientes para causar uma intoxicação aguda”, observa. “Entretanto, a longo prazo, há a possibilidade do herbicida contribuir para alguma doença crônica, como alergia, reumatismo, problemas nos sistemas nervoso e reprodutivo, além do aparecimento de tumores.”

De acordo com Cláudia, os maiores riscos de contaminação recaem sobre os próprios animais e as pessoas que aplicam os agrotóxicos. “Em muitos casos, por falta de orientação, os aplicadores não tem ideia da dosagem adequada para aplicação”, alerta. “Também faltam indicações sobre o perigo de adotar produtos inadequados para uso animal, como defensivos agrícolas.”

Para prevenir os riscos de contaminação, a pesquisadora recomenda maior orientação aos produtores de alimentos de origem vegetal e animal. “E necessário que haja monitoramento da parte do governo, para verificar a situação da alimentação e dessa forma, orientar o pessoal do campo, para que haja produção de alimentos com qualidade”, enfatiza.

O trabalho faz parte da tese de doutorado de Cláudia Ciscato, orientada pela professora Elenice Souza Espinosa, do Departamento de Patologia Experimental Comparada da FMVZ. Os testes com as amostras de ovos aconteceram no Laboratório de Resíduos de Pesticidas do Instituto Biológico, vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura de São Paulo. A pesquisa teve apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
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FONTE : (Envolverde/Agência USP de Notícias)

Colisão indica que cratera na Lua tem água e prata

Mais segredos da Lua acabam de ser revelados graças não a astronautas ou veículos robotizados em contato com a superfície do satélite. Dessa vez, a novidade vem mais de baixo, cortesia de um foguete lançado pela Nasa, a agência espacial norte-americana, para se chocar contra uma cratera.

A missão Lunar CRater Observing and Sensing Satellite (LCROSS) teve duas partes. Inicialmente, o estágio superior e vazio de um foguete atingiu a cratera Cabeus, próximo ao polo sul lunar, em outubro de 2009. Foi seguido por um segundo veículo que analisou os fragmentos ejetados pelo impacto.

A proposta era procurar por água e verificar do que mais é composto o subsolo naquele ponto supergelado, algo nunca antes tentado. Resultados da missão, que se mostrou bem-sucedida, acabam de ser publicados em cinco artigos na edição desta sexta-feira (22/10) da revista Science.

Em um dos artigos, Peter Schultz, da Universidade Brown, e colegas descrevem que a nuvem levantada pelo choque mostrou que o solo e o subsolo lunar são mais complexos do que se estimava. Não apenas contém água, mas diversos outros compostos, como monóxido de carbono, dióxido de carbono, hidroxila, amônia, sódio e até mesmo prata.

Os elementos químicos presentes nos grãos do rególito lunar – o manto de detritos que cobre a superfície – fornecem pistas sobre sua origem e como foram parar nas crateras polares, muitas das quais não veem a luz do Sol há bilhões de anos, estando entre os pontos mais frios do Sistema Solar.

Segundo o artigo, os compostos voláteis podem ter se originado dos impactos de cometas, asteroides e meteoroides que castigaram o satélite terrestre durante bilhões de anos. Os compostos depositados no rególito podem ter sido liberados pelos impactos ou serem resultantes do aquecimento pela luz solar, que forneceu a energia suficiente para que se deslocassem até os polos, onde permaneceram presos em frígidas crateras.

O impacto do foguete produziu um buraco com cerca de 25 metros de diâmetro e lançou material desde 1,80 metro de profundidade. A nuvem de detritos gerada pela colisão chegou a cerca de 800 metros acima da superfície da cratera, o suficiente para atingir a luz solar.

O resultado foi que a composição da emissão pôde ser medida por quatro minutos por diversos instrumentos de espectroscopia. O material ejetado chegou a quase duas toneladas.

Apesar do sucesso, Schultz ressalta que a missão trouxe respostas, mas também levantou novas questões. “Trata-se de um arquivo de bilhões de anos, preso em crateras em sombras permanentes. Pode haver ali pistas para a história da Lua, da Terra, do Sistema Solar e de nossa galáxia. E está tudo ali, implorando para que voltemos”, disse.

Desde 1972, com a última missão Apolo, o homem não pisou mais na Lua. Apesar de projetos de retorno das missões tripuladas para além dos ônibus espaciais, não se sabe ao certo quando esse retorno poderá ocorrer.
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FONTE : Redação Agência Fapesp (Envolverde/Agência Fapesp)

sábado, 30 de outubro de 2010

SANTA CATARINA : PERTINHO DAS BALEIAS

Mamíferos dão um show nas águas do Litoral Sul de Santa Catarina. Temporada de observação das francas termina este mêsA mancha preta de 16 metros de comprimento emerge rápido do mar. Os turistas mal acreditam que estão a cerca de um metro de distância daquele bicho enorme. Apesar do tamanho e das 40 toneladas, a batida no casco do barco é suave. Anestesiadas, as pessoas nem percebem. E é com uma surpreendente delicadeza, que a baleia-franca afasta-se do barco.

Essa é a mãe, explica a bióloga Marina Angeli aos 14 turistas que faziam parte do grupo, que partiu da Praia de Garopaba, 80 quilômetros ao sul da Capital, para fazer o turismo de observação de baleias. O animal estava protegendo o filhote, que, curioso, foi em direção ao barco. Foi quando a baleia adulta colocou-se entre a embarcação e o filho.

A bióloga ressalta que cada saída para o mar é diferente. Em algumas, as baleias batem no barco, em outros, ficam de longe exibindo as nadadeiras, e até mesmo saltando. Quem quiser se deparar com cenas assim deve aproveitar os primeiros dias de novembro. A temporada de franca termina daqui a 15 dias, quando as últimas baleias, que ainda ficaram no Litoral voltarão à Antártica. Nesta época, elas sempre vão aparecer aos pares. São as mães com os filhotes.

No início da temporada, em julho e agosto, são avistados machos e fêmeas, que vêm ao Brasil para se reproduzir. Entre setembro e outubro, são mais numerosas, porque além de machos e fêmeas, algumas já estão com filhotes. Neste ano, apareceram no Litoral catarinense 102 francas.

– Agora, é a época que os filhos estão crescidos e fortes. Eles estão ágeis e prontos para voltar para casa. As baleias adultas estão mais magras, porque ficam todo esse tempo no Brasil sem se alimentar. Aqui não existe krill, minicrustáceo base de sua dieta – explica Marina.

Um espetáculo aprovado pelos turistas

Assim que o capitão anunciou o retorno do barco, depois de duas horas de passeio, Rafael Villas Boas, 10 anos, queria saber se no dia seguinte haveria mais. A paixão dele pelas baleias fez com que o seu pai e o avô, viessem a Santa Catarina apenas para fazer o turismo de observação de baleias. Há três anos eles também vieram para o mesmo passeio.

– Achei fantástico. Ver a mãe encostando no barco foi a melhor parte! – disse Rafael, que quer ser biólogo quando crescer.

O casal de Santos (SP) Cássio Junqueira, 49 anos, e Paola Capelossi, 41 anos, também gostou. Fazer o turismo de observação não estava nos planos iniciais dos dois, que vieram passar férias no Estado.

– A gente tinha ouvido sobre o passeio em Santos e na pousada eles nos falaram muito bem. Não dá para saber quando teremos essa oportunidade de novo – falou Cássio.

O casal Alexandre Guedes e Ana Schneider veio do Rio de Janeiro (RJ) aproveitar uns dias no Litoral catarinense e fez o turismo de observação de baleias pela primeira vez.

– É um passeio para ser repetido, porque cada um é diferente – observou a turista carioca.

Em Garopaba, há duas opções de passeio para observar as francas
Quanto: R$ 140 por pessoa (sábado e domingo); R$ 90 por pessoa (de segunda a sexta-feira). Parte do dinheiro vai para o Instituto Baleia Franca
Saídas: de Garopaba. É preciso marcar horário com antecedência pelos telefones (48) 3254-4199 e 3355--6111 e e-mail turismo@vidasolemar.com.br
Base Cangulo
Quanto: R$ 90 por pessoa (em qualquer dia da semana)
Saídas: partindo de Garopaba. Também é preciso marcar horário com antecedência. O passeio dura entre uma hora e 30 minutos e duas horas, aproximadamente. Informações: (48) 3354-1606 e 8842-2993
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FONTE : DIÁRIO CATARINENSE, edição de 31/10/2010.

NOVA FRIBURGO, RJ : lei que proíbe rodeios é aprovada

A Câmara Municipal de Nova Friburgo, na região serrana do RJ, aprovou, no último dia 19, Projeto de Lei (PL) 004/10, de autoria do Vereador Manoel Martins (PSB), que proíbe “rodeios, touradas ou eventos similares que envolvam maus-tratos e crueldades de animais”.

Assim, Nova Friburgo caminha para fazer parte de uma series de municípios que estão aprovando leis que reconhecem direitos aos animais.

Agora falta a sanção do Prefeito Municipal e posterior fiscalização.
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FONTE : http://www.habitosehabitat.org/index.php

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

SANTA CATARINA : MPF denuncia prefeito de Tijucas (SC) e mais seis pessoas por crime ambiental

Construção em área de proteção permanente, ausência de licenciamento e emissão de laudos enganosos são algumas das irregularidades.

O Ministério Público Federal denunciou o prefeito de Tijucas, em Santa Catarina, Elmis Mannrich, e mais seis pessoas por crime ambiental em construção de estabelecimento educacional vinculado ao Projeto SESC-Ler. O prédio foi construído em área de proteção permanente e sem autorização de órgão competente. Além disso, para sua viabilização, foram elaborados laudos enganosos. Entre os demais denunciados estão funcionários da Fundação do Meio Ambiente (FATMA) e do Serviço Social do Comércio (SESC).
Em 15 de fevereiro de 2006, o prefeito de Tijucas doou uma área de 14,2 mil m² ao SESC para a construção de um centro educacional composto por salas de aula, biblioteca, campo, ginásio de esportes e consultório odontológico. A área destinada à obra se encontra em terreno de Marinha, propriedade da União, e portanto não poderia ser doada pelo município. Além disso, trata-se de solo não edificável, por possuir área de restinga. Outra irregularidade é a ausência de autorização de órgão competente para a execução do projeto. Em depoimento à polícia, o prefeito alegou que o município não fez licenciamento ambiental porque não possui órgão próprio. Posteriormente, para legitimar as obras desenvolvidas, servidor da FATMA elaborou laudo ambiental enganoso em procedimento administrativo, no qual omite a existência de restinga no local. A unidade SESC-Ler Tijucas está em funcionamento desde o ano passado.
O MPF requer a condenação dos denunciados nas seguintes sanções:

* Elmis Mannrich, prefeito de Tijucas: artigos 48 (impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação – detenção, de seis meses a um ano, e multa); 53, I (diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático); 63 (alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, sem autorização do órgão competente – reclusão, de um a três anos, e multa); e 64 (promover construção em solo não edificável – detenção, de seis meses a um ano, e multa), todos da Lei 9.605/98, com as agravantes dos artigos.
* Márcio Rosa, gerente de Desenvolvimento Ambiental da Grande Florianópolis da Fundação do Meio Ambiente (FATMA): artigos 48; 53, I; 63; 69 (dificultar ação fiscalizadora do poder público – detenção, de um a três anos, e multa.) e 69-A (elaborar ou apresentar laudo enganoso – reclusão, de três a seis anos, e multa), todos da Lei 9.605/98, com as agravantes dos artigos 61, II, f e g, e 62, I do Código Penal.
* Robinson da Costa Rosa, diretor do Departamento Regional do SESC Santa Catarina: artigos 48; 53, I; 63 e 64 da Lei 9.605/98.
* José Ricardo de Souza, gerente administrativo do SESC Santa Catarina: artigos 48; 53, I; 63 e 64 da Lei 9.605/98.
* Carlos Koyti Nakazima, sócio da Nakazima Engenharia: artigos 48; 53, I; 63 e 64 da Lei 9.605/98.
* Jeferson Rossi, técnico da Fundação do Meio Ambiente (FATMA): artigos 69 e 69-A da Lei 9.605/98.
* Alexandre Waltrick Rates, procurador jurídico da Fundação do Meio Ambiente (FATMA): artigo 66 (enquanto funcionário público, sonegar informação ou prestar laudo técnico enganoso – reclusão, de um a três anos, e multa) e 69-A da Lei 9.605/98.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região já determinou a notificação dos investigados para que apresentem defesa prévia. Ainda não há data definida para o julgamento sobre o recebimento ou não da denúncia. Acompanhe o andamento no site do TRF-4 (www.trf4.jus.br): 0017785-74.2010.404.0000
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FONTE : Assessoria de Comunicação - Procuradoria Regional da República na 4ª Região - (51) 3216-2016, 3216-2015 ou 9701-0914

GAVIÕES DEFENDEM SEUS FILHOTES

SUPERLOTAÇÃO DE ANIMAIS ABANDONADOS

Mobilização para conviver com a aridez e a água

A pitoresca, para quem vê de fora, paisagem de mulheres carregando pesadas vasilhas com água em suas cabeças começa a ser coisa do passado em vários lugares do semiárido brasileiro, em razão de uma iniciativa simples que se expande para outros países: a coleta e o armazenamento de água da chuva. “As mulheres caminhavam de seis a oito quilômetros carregando 20 litros na cabeça. Duas vezes por dia, percorriam pelo menos 24 quilômetros diários para buscar água”, disse à IPS o coordenador executivo da Asa, Naidison Baptista, que promove o programa “Um milhão de cisternas rurais”.

Asa é a sigla de Articulação no Semiárido Brasileiro, um fórum de mais de 700 organizações não governamentais de nove Estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), Espírito Santo e Minas Gerais, no Sudeste. A Asa partiu da sabedoria popular e da mobilização social para construir cisternas caseiras que armazenam água da chuva, e conseguiu apoio financeiro do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

O fim da peregrinação das mulheres é um dado ilustrativo dos resultados que a iniciativa obteve, de assegurar água potável a um milhão de famílias, o equivalente a cerca de cinco milhões de pessoas, em uma região com mais de 24 milhões de habitantes. “No fim do dia, cansadas e tristes, muitas não tinham condições nem de convivência em suas casas. Isso mudou com a cisterna”, disse Naidison.

Com o fim da odisseia pela água, as mulheres ganharam mais tempo em casa e para se dedicar aos filhos, o que melhorou o rendimento escolar e estimulou maior participação feminina na vida comunitária. “Não é apenas dar água de qualidade, mas qualidade de vida”, resumiu Naidison. Ele estabelece uma diferença “política”, que considera essencial, entre este e outros programas. “O objetivo é construir um processo de convivência com qualidade de vida no semiárido, e não de combate à seca”, explicou.

Os programas de combate à seca, desenvolvidos durante séculos no Brasil, tinham características assistencialistas: distribuir água, beneficiar grandes empresas e mitigar “suas culpas, contratando trabalhadores famintos devido à seca para construir grandes obras nas fazendas dos ricos”, afirmou Naidison. “Essa perspectiva de combate à seca é para concentrar poder, riqueza e captação de água de uma maneira assistencialista”, prosseguiu o coordenador da Asa.

O programa das cisternas busca o contrário, primeiro por se tratar de uma “água distribuída e não concentrada em mãos de poucos”, ressaltou Naidison. Além do mais, não se trata de combater a seca no Nordeste, “porque é um fenômeno que existe de forma natural”, mas de “desenvolver metodologias capazes de conviver com o semiárido, ou seja, captar água suficiente para todos”, acrescentou.

De fato, a vegetação característica desta ecorregião, a caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, tem um regime de déficit hídrico natural, no qual as chuvas que caem não bastam para compensar a água que evapora. Neste ecossistema chove, em média, entre 300 a 800 milímetros por ano. Não é muito, mas suficiente para armazenar a água e utilizá-la para beber e cozinhar nos oito a 11 meses de seca, que variam dependendo da área.

Segundo a Asa, um telhado de 40 metros quadrados é suficiente para encher uma cisterna de 16 mil litros de água, que escorre para ela por canaletas limpas. A água é clorada após ser coletada e a cisterna é lacrada para que as crianças não a abram. Desde 1º de junho de 2000 até 31 de agosto deste ano, foram construídas 294.949 cisternas, mobilizadas 313.994 famílias, e 273.124 pessoas receberam capacitação em manejo de recursos hídricos.

As comissões do programa estão formadas em 1.076 municípios do país, segundo a Asa. O investimento é mínimo, comparado com outras grandes obras, explicou Crispim Moreira, secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério de Desenvolvimento Social. Entre US$ 700 e US$ 1.052 por unidade, dependendo dos custos de cada lugar.

E a principal novidade, destacou Crispim, é a mobilização social para construir a cisterna. O processo começa desde a decisão comunitária sobre as famílias a serem priorizadas, segundo critérios como número de filhos, presença de idosos e chefia feminina. Continua com a construção da obra, que consome cerca de cinco dias de trabalho de um pedreiro do projeto e da própria família beneficiada.

“É diferente do processo de uma empresa que chega, faz um furo com uma máquina, constroi a cisterna e vai embora. Como fazemos, a cisterna é uma conquista e não uma doação”, destacou Naidison. Em sua opinião, é um “instrumento político forte”, pois “no Brasil normalmente os que decidem políticas ou beneficiários de uma ação são as autoridades: um deputado, o prefeito, um padre ou um pastor”. A iniciativa nasceu de forma comunitária.

“A cisterna não foi criada em laboratório, mas nasceu das próprias experiências de algumas comunidades que tradicionalmente coletavam água da chuva. A Asa aperfeiçoou esta técnica”, disse o coordenador da organização. As famílias com cisternas apresentaram sensível melhora em sua saúde, especialmente redução da mortalidade infantil, graças ao fim das verminoses causadas pelo consumo de água suja. Além disso, “houve maior dedicação dos adultos ao desenvolvimento de atividades que envolvem crescimento da renda familiar”, explicou Moreira à IPS.

Naidison também destacou os impactos no comércio local, pois a atividade mobiliza a venda de materiais e dá trabalho aos pedreiros. “Muitos dizem que este programa é tudo o que a região necessitava para poder viver de forma digna e respeitosa”, sintetizou Crispim. Outra vantagem é não agredir o meio ambiente, pois é aproveitado o que a natureza oferece: água de chuva.

Três países da América Latina fizeram contato com o Ministério de Desenvolvimento Social para conhecer o programa “Um milhão de cisternas”: Paraguai, Bolívia e Haiti. Pessoal da secretaria dirigida por Crispim treinou seus colegas paraguaios e bolivianos na construção de 50 cisternas para transferência de tecnologia. E com o Haiti foram feitas visitas preliminares. A Asa, por seu lado, participa de um espaço internacional de intercâmbio de experiências em gestão comunitária de água com organizações de Paraguai, Bolívia e Argentina, e sob a articulação da Fundação Avina.
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FONTE : Envolverde/IPS

Como barrar a extinção dos vertebrados

Um quinto dos vertebrados do mundo – seis milhões de formas de vida insubstituíveis – está ameaçado de extinção, conforme estudo apresentado na 10ª Conferência das Partes (COP 10) do Convênio sobre Diversidade Biológica. Desmatamento, expansão agrícola, pesca excessiva, espécies exóticas invasoras e a mudança climática são causas específicas, mas o principal motor de destruição é um sistema econômico cego para a realidade de que sem natureza não existe economia ou bem-estar humano, afirmam os especialistas.

“Sem esforços mundiais de conservação, a situação será muito pior, disse Simon Stuart, presidente da Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) na apresentação do informe, no dia 28, nesta cidade japonesa. O estudo é a avaliação mais exaustiva sobre os vertebrados do mundo – mamíferos, pássaros, anfíbios, répteis e peixes –, publicada no mesmo dia na revista especializada Science, disse Simon.

Anualmente, 52 espécies de mamíferos, aves e anfíbios avançam entre um e três passos no caminho para o desaparecimento, segundo o estudo, que utilizou dados de 25 mil espécies da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da UICN. O sudeste da Ásia sofreu as perdas mais drásticas dos últimos tempos, devido, principalmente, aos cultivos de exportação como a palma, bem como à extração comercial de madeiras nobres, conversão de terras silvestres em arrozais e caça insustentável, concluiu a pesquisa.

Algumas áreas da América Central, os Andes tropicais e inclusive a Austrália também registram perdas importantes, em particular devido ao impacto do mortal fungo chytrid nos anfíbios. “Está havendo erosão na coluna vertebral da biodiversidade”, disse o destacado ecologista e escritor norte-americano Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard. “Um pequeno passo para o topo da Lista Vermelha é um salto gigante para a extinção. Esta é apenas uma pequena janela para as perdas mundiais que estão ocorrendo”, afirmou Edward em um comunicado.

A palavra biodiversidade, mais conhecida como natureza, se refere a plantas, animais e micro-organismos e aos seus ecossistemas, que proporcionam à humanidade alimentos, remédios, água e ar, abrigo e um ambiente saudável para viver. “A coluna vertebral da natureza está efetivamente em risco”, disse Julia Marton-Lefèvre, diretora-geral da UICN, que em uma entrevista coletiva em Nagoya destacou que um terço de todas as espécies estão ameaçadas. A Perspectiva Mundial sobre a Biodiversidade 3, ou GBO 3, apresentada em maio, concluiu que um quarto das espécies vegetais está ameaçado, os corais e os anfíbios do planeta estão em grave declínio e a quantidade de vertebrados diminuiu um terço nos últimos 30 anos.

Apesar deste panorama, é muito improvável que a União Europeia (UE) destine à proteção da biodiversidade mais dinheiro além do US$ 1,4 bilhão prometido em setembro na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, disse à IPS o legislador alemão Jo Leinen. “Estamos reduzindo nossos orçamentos, por isso será difícil oferecer fundos adicionais aqui”, disse Jo, que encabeçou a delegação de europarlamentares em Nagoya.

Jo preside o Comitê de Meio Ambiente do Parlamento Europeu e dirigiu uma sessão sobre selvas no fórum realizado em Nagoya pela Organização Global de Legisladores para o Equilíbrio Ambiental (Globe). O grupo pediu à UE que assuma urgentes compromissos de longo prazo para que os fundos estejam disponíveis a cada ano ao longo da próxima década, afirmou Jo. O Japão prometeu US$ 2 bilhões no prazo de três anos.

Segundo a UICN, o financiamento público e privado para conservar a biodiversidade deveria passar dos atuais US$ 3 bilhões anuais para US$ 300 bilhões. Não surpreende que este assunto seja um dos mais espinhosos para se chegar a um acordo antes do término da COP 10 no Japão. O fato de mais de cem ministros de Meio Ambiente terem chegado a Nagoya não é necessariamente esperançoso, pois a maioria está abaixo, na hierarquia ministerial, de seus colegas de Economia ou Finanças. Inclusive o presidente do Banco Mundial (BM), Robert Zoellick, reconheceu esta realidade na abertura do segmento ministerial da COP 10.

“A biodiversidade não é um acessório. Preservar ecossistemas e salvar espécies não são luxos para os ricos. A conservação e o desenvolvimento podem seguir juntos. Nosso hábitat e nosso planeta não merecem menos”, disse aos delegados o presidente do BM. O Banco Mundial dedicará esforços para financiar a proteção “dos serviços dos ecossistemas e a biodiversidade”, anunciou.

O BM espera que a conservação da biodiversidade seja incorporada a planos de crescimento econômico, infraestrutura e superação da pobreza. Para isso, lançou ontem uma nova associação mundial para ajudar os governos a integrarem o valor da biodiversidade e dos serviços da natureza às suas contas nacionais e aos seus planos de desenvolvimento. “A conservação funciona”, disse Simon. Nos últimos anos, impediu-se a extinção do rinoceronte branco e de outras 63 espécies, observou.

O estudo publicado na Science mostra que a perda de espécies se acentuou pela falta de medidas para evitá-la, que o desafio é proteger as espécies e os ecossistemas, enquanto são protegidos e potencializados os meios de vida das populações locais, reconheceu Simon.
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FONTE : Envolverde/IPS

Queimadas sem controle: a tragédia da falta de planejamento

Desde janeiro, queimadas destruíram 1,2 milhão de hectares em unidades federais de conservação, principalmente no Cerrado. Apesar dos estragos dessa tragédia recorrente, o Brasil não tem pessoal especializado para conter incêndios florestais nem plano formal de recuperação dos parques. Embora calcule ter gasto ao menos R$ 18 milhões no combate às queimadas, o governo só providenciou perícias para indicar onde e como o fogo começou em 4 das 94 unidades mais vulneráveis a incêndios.

Um bom exemplo dessa precariedade é o Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba, criado em 2002 no Piauí, com 730 mil hectares ainda não demarcados. O parque tem apenas dois funcionários fixos. Este ano, 36% de sua área (261 mil hectares) foi destruída por queimadas, apesar de o governo ter contratado 21 brigadistas para contê-las. Reportagem de Karina Ninni, em O Estado de S.Paulo.

Agora, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pelas unidades federais, começa a fazer o planejamento para o ano que vem, usando um levantamento do estrago feito por imagens de satélite. Segundo Paulo Carneiro, coordenador geral de Proteção Ambiental do ICMBio, a vegetação do Cerrado está acostumada a incêndios e se recupera rapidamente – entre 6 meses e um ano -, mas a regeneração das áreas florestais pode demorar 30, 40 anos. “Para elas, precisaríamos do plano de reposição.”

Sem o programa nacional, o plantio de espécies nativas fica a cargo das unidades e de parceiros que elas conseguirem atrair. Mas as matas reconstituídas continuam vulneráveis ao fogo.

Na Estação Ecológica do Mico-Leão-Preto, no Pontal do Paranapanema (SP), há menos de um ano foram plantadas 17 mil mudas para repovoar trechos tomados por uma espécie invasora, o capim colonial. “Ele tinha sido plantado no entorno por criadores de gado e se alastrou para a unidade”, diz o chefe da estação, Paulo Roberto Machado. Apesar de todo o esforço, em setembro 20 dias de incêndio consumiram 60% da área replantada.

A maior vítima de queimadas este ano foi o Parque Nacional das Emas, em Goiás, perto da divisa de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ele teve 123 mil hectares destruídos – 93% do total – pelo fogo, que avançou a uma velocidade média de 4 quilômetros por hora.

“Foram mais de 60 dias de combate. O parque foi fechado para visitas e, depois do fogo controlado, tivemos de fazer uma operação contra a caça no entorno, porque os animais ficaram muito vulneráveis”, diz o administrador, Marcos Cunha.

Outro local que teve de ser fechado foi o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (foto acima), que também fica em Goiás. A unidade perdeu 44 mil hectares, ou 68% de sua área total.

Déficit. A maioria dos incêndios é criminosa. Inclui de queimadas autorizadas que fogem ao controle à ação de piromaníacos, agravada pela estiagem que afeta boa parte do País de junho a novembro. Mas esses eventos só levam a situações de emergência pela falta de estrutura para combate e prevenção.

“O Ministério do Meio Ambiente estima que precisamos de 9 mil servidores em unidades de conservação. Hoje, temos apenas 2 mil”, afirma Carneiro. Na última década, a quantidade de parques quase dobrou, mas o ritmo das contratações não acompanhou esse crescimento.

Sem pessoal próprio, o ICMBio recorre a trabalhadores temporários e a equipamentos alugados. “Contratamos 1.596 brigadistas extras para atuar em 94 unidades, alugamos 6 air tractors (aviões que lançam água sobre os focos de incêndio), 3 aviões de monitoramento e 3 helicópteros”, afirma Christian Berlinck, coordenador de Emergências Ambientais do instituto.

Apesar desses números, o esquema emergencial também tem problemas. No Parque das Emas, o helicóptero contratado chegou atrasado e sem combustível. Brigadistas, por sua vez, não têm seguro de vida. “Existe uma licitação em curso e no ano que vem esperamos ter todos segurados”, promete Berlinck.

Sem infraestrutura, os administradores têm de improvisar. “A gente depende da ajuda de parceiros. Cada unidade tem de se articular quando há um grande incêndio”, admite Carneiro. Para combater os incêndios deste ano, por exemplo, o chefe do Parque Nacional do Araguaia, no Tocantins, Fernando Augusto Tizianel, contou com a ajuda de 23 bombeiros, fazendeiros, prefeituras e voluntários.

No Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia, brigadas voluntárias atuam desde a década de 90. Mesmo assim, a missão é árdua. Dona de pousada, a inglesa Olivia Taylor, que vive há 17 anos na Chapada, já combateu inúmeros incêndios. “Quando há um alerta, pegamos um mototáxi e subimos a um ponto de observação. Se é constatado o fogo, ligamos para os voluntários, mas às vezes demora uma hora para juntar gente”, diz. “Depois, temos de achar um carro e aí é mais uma hora. Nesse meio tempo, o fogo se alastra.”

Pior é a situação de quem nem pode contar com vizinhos. O Parque Nacional de Brasília, que só em 19 de setembro perdeu 26% da cobertura vegetal, está cercado por um lixão a céu aberto e três assentamentos de terra. “Temos feito vigilância das 8 às 18 horas nas torres de observação e rondas diárias de carro. Mas não é o suficiente”, diz o administrador, Amauri de Sena Motta.

UNIDADES MAIS AFETADAS PELO FOGO

Parque das Emas
Área: 131.800 hectares
Área queimada: 123.200 ha
Brigadistas contratados: 15

Parque de Brasília
Área: 42.389 ha
Área queimada: 11.200 ha
Brigadistas contratados: 28

Parque do Araguaia
Área: 562 mil ha
Área queimada: 270 mil ha
Brigadistas contratados: 14

Nascentes do Parnaíba
Área: 730 mil hectares
Área queimada: 261 mil ha
Brigadistas contratados: 21
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FONTE : EcoDebate, 29/10/2010

Saiba Mais: Recuperação de lixões - Roberto Naime

Nas grandes cidades do país, as questões da destinação final de resíduos sólidos tem sido resolvida com grandes aterros sanitários. Estas obras em geral, estão em condições de engenharia adequadas. Pode ser questionada a falta de mecanismos eficientes de coleta seletiva e reciclagem, com geração de renda para as camadas mais necessitadas da população e a implantação de uma contabilidade ambiental que preserve os recursos naturais, mas os cuidados ambientais mais importantes tem sido tomados.

Mas na maioria dos médios e pequenos municípios prevalece a prática dos lixões, áreas sem proteção de qualquer natureza onde os resíduos sólidos são dispostos de forma desorganizada e sem qualquer critério.

Resíduos sólidos produzem chorume. O chorume é um líquido produzido pela decomposição de matéria orgânica, com gordura, sais e outros nutrientes. A natureza aquosa do chorume faz com que ao percolar pelos demais resíduos, ocorra a solubilização de outros elementos químicos, inclusive metais pesados. Como se sabe os metais pesados são extremamente prejudiciais à saúde humana, são acumulativos nos tecidos orgânicos e muitos deles são cancerígenos.

Portanto o primeiro cuidado é com as águas superficiais ou subterrâneas, que como se sabem se interligam. As normas consideram favoráveis as distâncias acima de 200 metros de corpos de água superficiais, mas distâncias menores ocorrem em muitos lixões e a qualificação do grau de risco deve ser feita no contexto dessa realidade.

O biogás gerado pela decomposição da matéria orgânica na fase metanogênica é desperdiçado. A inexistência de coleta e tratamento de biogás produz risco crítico de ocorrência de incêndios e outras incidências.

As águas pluviais (das chuvas), aumentam o volume de chorume produzido, embora possa se argumentar que diluem a poluição. A inexistência de coleta e tratamento de águas pluviais gera um grau de risco crítico para a contaminação dos demais tipos de aqüíferos superficiais ou subterrâneos.

A inexistência de coleta e tratamento do chorume produz as demais inicidências. Os monitoramentos de lixões ativos ou inativos apenas diagnosticam a realidade do local, mas não impedem os danos.

Segundo a NBR 13896 (Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13896: Fixa condições mínimas exigíveis para projetos, implantação e operação de aterros de resíduos sólidos não perigosos. São Paulo: ABNT; 2002), os aterros devem possuir uma distância mínima de 500 metros dos núcleos populacionais. Esta norma não é cumprida porque as estruturas municipais são incapazes de impedir a localização de moradores após a implantação dos lixões. Podem até escolher locais adequados antes da implantação, mas não conseguem manter os locais livres da presença de populações após a implantação.

Os dados de existência das cercas também foram também são importantes nos lixões, para impedir o acesso de pessoas (catadores em busca de renda) nas áreas insalubres dos lixões.

A utilização de mantas de revestimento do tipo Polietileno de Alta Densidade (PEAD) para manter a impermeabilização e evitar a contaminação de águas também é importante.

A recuperação destes lixões então significa basicamente implantar barreiras para que o chorume não contamine as águas e manter todos os resíduos dispostos isolados de forma que possam concluir seu processo de decomposição. É conveniente também a implantação de mecanismos de dissipação dos gases metanogênicos, aos menos nas fases em que isto ocorre.
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FONTE : Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, é colunista do EcoDebate. (EcoDebate, 29/10/2010).

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Entidades ligadas ao Ministério Público repudiam mudanças no Código Florestal

Procuradores da República e representantes de entidades ligadas ao Ministério Federal realizaram ato público na Câmara em repúdio às propostas de reforma do Código Florestal (Lei 4.771/65)

Os manifestantes entregaram ao vice-presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), moção de repúdio e nota técnica com seus argumentos. Eles se disseram muito preocupados com os impactos ambientais que podem provocar as alterações no Código Florestal aprovadas pela comissão especial que analisou o tema.

Eles dizem também que o debate não envolveu toda a sociedade e que, na verdade, a legislação atual é moderna, de vanguarda, e não precisa ser mudada, mas colocada em prática.

Para o presidente da Associação Brasileira do Ministério Público de Meio Ambiente, Jarbas Soares Junior, a flexibilização da lei ameaçaria a vegetação, a fauna, a biodiversidade e os recursos hídricos do país. “Somos contra a diminuição das áreas de reserva legal e a anistia àqueles que desrespeitaram o código”, disse.

A Rede Latino-Americana de Ministérios Públicos Ambientais apresentou carta em defesa da legislação em vigor no Brasil.

Para o representante do Ministério Público do Paraguai, Jorge Sosa Garcia, o código brasileiro serviu de exemplo para que países como Paraguai, Peru e Equador aprovassem legislações ambientais fortes. Ele disse que, no Paraguai, houve aumento da produção agrícola desde a criação da lei de desmatamento zero, em 2004. Segundo ele, o resultado foi mesmo de redução do desmatamento e estímulo ao desenvolvimento tecnológico.

No Brasil, só a discussão em torno das mudanças no Código Florestal já fez o desmatamento disparar, segundo o presidente do Instituto Direito por um Planeta Verde, Carlos Teodoro Irigaray.
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FONTE : reportagem da Agência Câmara, publicada pelo EcoDebate, 20/08/2010

A crítica da ciência ao novo Código Florestal

Especialistas reunidos na Fapesp contestam projeto em tramitação no Congresso Nacional e protestam contra a falta de participação da comunidade científica na elaboração do documento que interfere na biodiversidade brasileira

Uma carta assinada por diversos cientistas e enviada à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e à Academia Brasileira de Ciências (ABC); documentos dirigidos a políticos; uma carta publicada na renomada revista Science; um encontro técnico-científico para debater os impactos que o novo Código Florestal poderá trazer à sociedade. Essas ações são apenas o começo de um embate que movimenta não só os ambientalistas, mas toda a comunidade científica brasileira.


O texto do Projeto de Lei aprovado no início de julho por uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados ainda será votado em plenário, o que só deverá ocorrer após as eleições. Mas, se depender dos pesquisadores presentes no debate realizado no dia 3 na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), muita coisa deverá ser revista no texto da nova legislação ambiental.

“Impactos potenciais das alterações do Código Florestal Brasileiro na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos” foi o tema do evento. “Absurdo”, “um tiro no pé”, “sem fundamento científico”, “consolidação do desmatamento” foram alguns termos utilizados pelos cientistas para definir o substitutivo.

Alguns dos mais renomados especialistas apresentaram estudos mostrando de que forma determinadas resoluções prejudicarão o equilíbrio hídrico, a recarga de aquíferos, a produção de peixes, a fauna, a flora, a biodiversidade em geral e a própria agricultura. Entre as resoluções mais polêmicas está a que reduz de 30 metros para 15 metros a faixa mínima estabelecida para conservação de áreas de proteção permanente (APPs), como as matas ciliares. Entre outras mudanças, o novo texto não considera mais topos de morros, montes, montanhas e serras como APPs e desobriga a recomposição vegetal de área desmatada até 22 de julho de 2008.

Os ruralistas comemoraram a aprovação do PL porque este regulariza cerca de 60% das propriedades agrícolas, conforme declarou à imprensa o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva. Alguns negócios vinham sofrendo para viabilizar os Termos de Ajustamento de Conduta propostos pelo Ministério Público e órgãos ambientais. Além disso, o Decreto 6.514/08 impunha a toda a agricultura brasileira multas diárias de R$ 500,00 por hectare pela falta de averbação de Reserva Legal.

Representantes de instituições de pesquisa e ensino não só analisaram os mecanismos por trás das propostas para o ambiente, mas também fizeram um meã-culpa por não terem agido antecipadamente na atualização do Código Florestal, em vigor desde 1965.

Para alguns dos debatedores, o substitutivo teria sido baseado em “um ou outro trabalho científico escolhido a dedo”, com a chancela de “alguns pesquisadores pinçados isoladamente”, como frisou o professor Ricardo Ribeiro Rodrigues, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.
“O protesto não é sobre a ausência de um modelo, mas sobre a total falta de consulta à comunidade científica. Precisamos colocar essas discussões num patamar institucional e toda a sociedade deve trabalhar na construção de uma nova proposta”, disse ao final dos debates o biólogo Thomas Lewinsohn, professor da Unicamp. “Todo o conhecimento científico da área ambiental foi ignorado”, disse Carlos Alfredo Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Biota-Fapesp – programa que mapeia toda a biodiversidade do Estado de São Paulo.

Joly, que coordenou os debates, disse que um grupo de trabalho constituído no âmbito das duas entidades mais representativas da comunidade científica, a SBPC e a ABC, encaminhará ao Congresso um documento delineado a partir dos resultados da reunião na Fapesp. Para dar seguimento ao debate, os participantes sugeriram um novo encontro, com a presença de políticos, imprensa e outros setores da sociedade. Além disso, as apresentações dos palestrantes deverão ser o ponto de partida para a produção de artigos científicos a serem submetidos para publicação na próxima edição da revista Biota Neotropica.
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FONTE : Reportagem de Sylvia Miguel, no Jornal da USP, publicada pelo EcoDebate, 16/08/2010.

Grupo de trabalho da SBPC e ABC pede revisão do Código Florestal embasada na ciência

Membros do GT reiteram em carta que “qualquer aperfeiçoamento no quadro normativo em questão deve ser conduzido à luz da ciência”

O grupo de trabalho formado pela SBPC e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) para analisar o Código Florestal vigente e seu substitutivo, atualmente em discussão no Congresso, deve concluir suas atividades até dezembro, com apresentação de relatório técnico.

Desde julho, quando foi criado o grupo, foram realizadas três reuniões para debater a questão.

Em carta assinada pelos presidentes da SBPC, Marco Antonio Raupp, e da ABC, Jacob Palis, os membros do grupo defendem que a revisão do Código Florestal deve “considerar o grande avanço tecnológico na capacidade de observação da superfície continental a partir do espaço e indicar as lacunas de conhecimento científico ainda existentes”.

Leia a íntegra da carta:

“Em 6 de julho de 2010, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) se manifestaram conjuntamente ( www.jornaldaciencia.org.br/links/Carta_SBPC_ABC_6dejulho.pdf ) com respeito a modificações no marco legal sobre a proteção e uso da vegetação brasileira em discussão pelo Congresso Nacional.

Ao mesmo tempo, essas instituições representativas da comunidade científica brasileira instituíram um grupo de trabalho composto por cientistas e representantes dos setores ambiental e agrícola brasileiros (lista dos participantes do grupo de trabalho abaixo) com a missão de analisar em profundidade a questão ampla do Código Florestal vigente e do substitutivo ao PL 1.876/1999, aprovado pela Comissão Especial de Revisão do Código Florestal.

O grupo de trabalho se reuniu por três vezes, desde julho último, e planeja concluir suas atividades até final de dezembro de 2010, com apresentação de relatório técnico detalhado. Julga-se apropriado tornar público, a título exemplificativo, alguns pontos importantes das análises realizadas pelo mencionado grupo de trabalho, como segue:

A comunidade científica brasileira deseja contribuir, significativamente, com informações confiáveis que embasem a modernização do Código Florestal brasileiro.

Análises aprofundadas da disponibilidade de terras para a expansão da produção de alimentos, fibras e bioenergia, para atendimento ao mercado interno e externo, pelo menos até o horizonte de 2020, não deixam dúvidas de que há estoque suficiente de terras agrícolas apropriadas para suportar uma expansão da produção, destacando-se o fato de que há ainda grande espaço para significativos aumentos sustentáveis da produtividade alicerçados em ciência e tecnologia.

A constatação anterior permite que se analise a necessidade de modificações do Código Florestal sob outra ótica, não premida por excessiva urgência e imediatismo, para que não se perca oportunidade histórica de incorporar os aperfeiçoamentos realmente necessários a tão importante diploma legal e feitos à luz do melhor conhecimento científico.

Os aperfeiçoamentos do Código Florestal, visando modernizá-lo e adequá-lo à realidade brasileira e às necessidades requeridas para promover o desenvolvimento sustentável, clamam por uma profunda revisão conceitual embasada em parâmetros científicos que levem em conta a grande diversidade de paisagens, ecossistemas, usos da terra e realidades socioeconômicas existentes no país, incluindo-se, também, a ocupação dos espaços urbanos.

Essa revisão deve considerar o grande avanço tecnológico na capacidade de observação da superfície continental a partir do espaço e indicar as lacunas de conhecimento científico ainda existentes.

Em essência, reiterando o que já manifestamos em 6 de julho passado: entendemos que qualquer aperfeiçoamento no quadro normativo em questão deve ser conduzido à luz da ciência, com a definição de parâmetros que atendam à multifuncionalidade das paisagens brasileiras, compatibilizando produção e conservação como sustentáculos de um novo modelo socioeconômico e ambiental de desenvolvimento que priorize a sustentabilidade.”

Participantes do Grupo de Trabalho Código Florestal:

Aziz Ab´Saber (USP)

Carlos Alfredo Joly (Unicamp e Biota)

Carlos Afonso Nobre (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe)

Celso Vainer Manzatto (Embrapa Meio Ambiente)

Gustavo Ribas Curcio (Embrapa Florestas)

Helton Damin da Silva (Embrapa Florestas)

Helena Bonciani Nader (SBPC e Unifesp)

João De Deus Medeiros (Ministério do Meio Ambiente – MMA)

José Antônio Aleixo da Silva (SBPC e UFRPE, coordenador do GT)

Ladislau Skorupa (Embrapa Meio Ambiente)

Peter Herman May (UFRRJ e Amigos da Terra- Amazônia Brasileira)

Maria Cecília Wey de Brito (ex-secretária de Biodiversidade e Florestas, MMA)

Mateus Batistella (Embrapa Monitoramento por Satélite)

Ricardo Ribeiro Rodrigues (Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal – Esalq-USP)

Rute Maria Gonçalves Andrade (SBPC e Instituto Butantan)

Sergio Ahrens (Embrapa Florestas)

Tatiana Deane de Abreu Sá (diretora da Embrapa)
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FONTE : nota socializada pelo Jornal da Ciência, SBPC, JC e-mail 4125, de 27 de Outubro de 2010 (EcoDebate, 28/10/2010)

Planeta estaria em pleno sexto período de extinção em massa de espécies

Pela sexta vez em bilhões de anos, a Terra passa por um período de extinção em massa. Um quinto dos vertebrados do planeta estão ameaçados e, em média, 52 espécies de mamíferos, pássaros e anfíbios aproximam-se, a cada ano, da lista dos animais cuja existência não passa de um registro histórico. Mas o cenário pode mudar, segundo um grupo de 174 cientistas de várias partes do mundo, que apresentaram ontem, em Nagoya, durante a 10ª Convenção da Biodiversidade, estudos comprovando a importância das unidades de conservação para a preservação das espécies.

Em uma webconferência transmitida à imprensa mundial, quatro representantes do grupo explicaram que, sem os esforços para proteger espécies ameaçadas, a situação estaria 18% pior. Os estudos, que serão publicados na edição de amanhã da revista especializada Science, tiveram como base as 25 mil espécies registradas pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, em inglês), que cataloga a biodiversidade do globo com a ajuda de mais de 3 mil cientistas, provenientes de 38 países. A lista da IUCN inclui 25% de todos os mamíferos, 13% dos pássaros, 22% dos répteis, 41% dos anfíbios, 33% dos peixes cartilaginosos e 15% dos peixes ósseos de todo o planeta. Reportagem de Paloma Oliveto, no Correio Braziliense.

Graças aos diversos programas de proteção executados ao redor do mundo, foi possível salvar animais extremamente ameaçados. Os estudos apresentados destacam 64 espécies de mamíferos, pássaros e anfíbios cujas populações aumentaram devido a ações de conservação. Entre elas, três que já estavam extintas da vida selvagem e foram reintroduzidas na natureza: o condor californiano, o ferret-de-pé-preto e o cavalo mongol Prezewalski.

Segundo os pesquisadores, os esforços de preservação têm sido particularmente bem-sucedidos no combate a espécies invasivas em ilhas. A população do rouxinol Copsychus sechellarum, endêmico das Ilhas Seychelles, passou de menos de 15 pássaros, em 1965, para 180, em 2006, por meio do controle de introdução dos predadores. Nas Ilhas Maurício, seis espécies de pássaros saíram da lista de extinção. Entre elas, um falcão cuja população atual é de mais de 1 mil espécimes quando, em 1974, havia apenas quatro.

Insuficientes trilhões
Os resultados ainda são insuficientes, na avaliação dos cientistas, mesmo com os investimentos trilionários na biodiversidade. “Os serviços de ecossistema, como são chamados, são estimados em mais de US$ 33 trilhões por ano, 10 vezes mais do que o orçamento da Inglaterra, por exemplo”, diz Stuart Butcher, um dos pesquisadores que fizeram o estudo. “Mas a biodiversidade está sendo destruída rapidamente pela atividade humana. Os governos mundiais reconhecem isso e, em 2002, eles próprios estabeleceram metas de redução da perda de biodiversidade até este ano. Mas a ciência mostra que estamos falhando em atingir essas metas, e o mundo natural está sendo destruído mais rápido do que nunca.”

De acordo com Butcher, “enquanto os governos têm feito alguns esforços para brecar a perda da biodiversidade, as respostas que dão, em termos de ações, diante das ameaças existentes, são inadequadas”. Daí a necessidade de se revisar as metas no encontro de Nagoya, em vez de discutir ações. “Se a conferência falhar na construção de um acordo, acho que as coisas vão ficar cada vez mais sombrias”, avalia a cientista Anna Rodriguez, que participou da pesquisa. Para ela, faltam, nas mesas de negociação de Nagoya, algumas peças-chave para se chegar a metas ambiciosas em 2020.

“É preciso aumentar o fundo mundial da conservação da biodiversidade pelo menos 10 vezes, de forma que todos os países tenham recursos para implementar as medidas, se tiverem uma chance”, observa Rodriguez. Ela também defende a expansão das áreas de conservação, a construção de um acordo vinculante e uma aproximação maior da Convenção da Biodiversidade com a Convenção das Partes das Nações Unidas para Mudanças Climáticas. “Esses componentes são ncessários se quisermos tomar uma direação séria nos próximos anos”, avalia.

Os cientistas argumentam que, embora os custos da manutenção da biodiversidade sejam altos, a extinção das espécies traz prejuízos ainda maiores. Recentemente, um estudo chamado A economia dos ecossistemas e da biodiversidade, feito nos Estados Unidos, calculou que o custo da perda da natureza chega a US$ 5 trilhões por ano e afeta, predominantemente, as partes mais pobres do mundo. Um quinto das mais de 5 mil espécies de peixes da África estão amecaçadas, por exemplo, colocando em risco a vida de milhões de pessoas que dependem dessa fonte de alimento e renda.

Ameaçada por queimadas, madeireiras ilegais e grileiros de terra, a Amazônia continua, porém, um celeiro de espécies. Um estudo lançado ontem pela organização não governamental WWF na 10ª Conferência da Biodiversidade (CDB, sigla internacional), no Japão, mostrou que, entre 1999 e 2009, pelo menos 1,2 mil novas espécies foram identificadas na região. A publicação, intitulada Amazônia viva, cita a descoberta de 637 plantas, 257 peixes, 219 anfíbios, 55 répteis, 16 aves e 39 mamíferos na região, durante o período. Os pesquisadores também registraram a existência de milhares de invertebrados até então desconhecidos. Isso significa que, em média, três novas espécies são descobertas a cada dia.

» Leia a publicação da WWF

No prefácio da edição internacional, o secretário executivo da CDB, Ahmed Djoghalf, lembra que as descobertas reforçam a necessidade de se proteger a maior floresta tropical do mundo. “A perda da floresta tropical tem um impacto profundo e devastador para o mundo, pois essas florestas são muito ricas em biodiversidade. As mais de 1,2 mil espécies novas aqui apresentadas ilustram a riqueza encontrada na maior floresta e bacia hidrográfica do mundo, e também indicam quanto ainda há para aprender sobre esse bioma incrível”, destacou.

“Infelizmente, as pesquisas estão revelando que muitas espécies amazônicas mal acabam de ser descobertas e já estão sob séria ameaça”, lembrou Francisco José Ruiz Marmolejo, líder da Iniciativa Amazônia Viva WWF. “Por exemplo, a descoberta de uma das menores espécies de porco-espinho já registradas foi feita durante uma operação de resgate de fauna na barragem de uma usina hidrelétrica na Amazônia.” O Brasil abriga 60% do bioma.

Até um boto
De acordo com a publicação, entre as novas espécies de mamíferos, estão um boto, sete primatas, dois porcos-espinhos, nove morcegos, seis marsupiais e 14 roedores. Um dos porcos-espinhos foi encontrado no Equador e o outro, no Brasil. “O Coendou roosmalenorum é originário das duas margens do Médio Rio Madeira, no Brasil, um importante afluente do Amazonas e um dos maiores rios do mundo. Notavelmente, essa espécie foi capturada durante o resgate de fauna no local da barragem da Hidrelétrica de Samuel. Com 600g, os cientistas acreditam que o Coendou roosmalenorum possa ser um dos menores membros da família Erethizontidae (roedores arborícolas de grande porte)”, diz o estudo.

Dos primatas, um é endêmico da Amazônia brasileira e, quando descoberto, há 10 anos, estava sendo mantido como animal de estimação por habitantes de um povoado perto do Rio Acari. O sagui-do-rio-acari (Mico acariensis) tem 24cm, pesa 420g e tem pelagem escura. Os poucos estudos sobre a nova espécie ainda não permitem dizer o tamanho da população e as principais ameaças.

“O destino da Amazônia depende, em última instância, de uma mudança significativa na forma com que os países amazônicos estão aderindo ao desenvolvimento. É indispensável que a Amazônia seja gerida de forma sustentável e como um sistema único”, alerta a publicação. “Neste Ano Internacional da Biodiversidade, uma mudança no paradigma do desenvolvimento deve começar, com urgência máxima, para garantir a funcionalidade e conservar a incrível biodiversidade do bioma Amazônia”, lembra Ahmed Djoghalf.
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FONTE : EcoDebate, 28/10/2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

BALEIA ENCALHADA MORRE NO RJ

EUA aprova construção de maior projeto solar do mundo

Usina de concentração solar no valor de US$ 6 bilhões, considerada um marco no avanço das renováveis nos Estados Unidos, será instalada no deserto da Califórnia e terá a capacidade de gerar 1GW e alimentar 750 mil residências.

O governo Obama parece finalmente estar disposto a cumprir as promessas feitas durante a eleição de promover o desenvolvimento das fontes renováveis de energia e nas últimas semanas deu sinal verde para seis projetos solares.

Destaque para a usina de concentração solar que será construída no deserto de Mojave, perto da cidade de Blythe, na Califórnia, com a capacidade de 1GW. Apenas essa iniciativa já irá dobrar a atual geração solar norte-americana.

“O projeto solar de Blythe é um marco na economia de baixo carbono dos Estados Unidos e mostra que nosso país pretende liderar o desenvolvimento dessas tecnologias no futuro”, afirmou Ken Slazar, Secretário do Interior dos EUA.

A empresa alemã Solar Millennium, desenvolvedora do projeto, afirma que a construção deve começar no final de 2010 com conclusão em 2013. Serão gastos US$ 6 bilhões e gerados 1066 empregos na fase de construção e 295 cargos permanentes.

A usina usará espelhos parabólicos para concentração do calor solar em tubos coletores. Os fluídos contidos nesses tubos irão então evaporar e movimentar turbinas para gerar a eletricidade. A construção se dará em quatro fases, cada uma responsável por 250 MW.

A área ocupada pela usina será de oito mil acres, o que gerou a preocupação de grupos ambientalistas. Porém o Departamento do Interior assegurou que a Solar Millennium está comprometida por contrato para adotar ações compensatórias para remediar os impactos no ecossistema da região.

Para a Associação das Indústrias de Energia Solar dos Estados Unidos, as aprovações recentes de projetos solares demonstram que tanto o presidente Obama quanto o governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger estão comprometidos com as energias renováveis.

“Nós finalmente estamos vendo o interesse do setor público em patrocinar as fontes limpas de energia. Isso era uma promessa de campanha de diversas autoridades e é muito bom finalmente ver algo sair do discurso”, disse Monique Hanis, porta-voz da Associação.

África do Sul

Apesar de ficar pronto antes, o título de maior projeto solar do planeta não deve permanecer com os norte-americanos por muito tempo.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, o governo sul africano deve anunciar ainda nesta semana os planos de construir uma usina solar de 5GW, ao custo de US$ 29 bilhões e que geraria 10% da eletricidade de todo o país.

Mais de 200 investidores potenciais foram convidados pelo governo para discutir o projeto que deve ser construído na província do Cabo Setentrional, uma das regiões com maior incidência solar do planeta.

O plano será apresentado pela gigante norte-americana de engenharia Fluor e possui um estudo de viabilidade assinado pela Iniciativa Climática Clinton. A construção da primeira fase com geração de 1GW começaria em 2012 com a conclusão final de toda a usina se dando em 2020.

Segundo o gerente do projeto, Jonathan de Vries, a iniciativa será o maior parque solar do planeta e conta com as melhores condições geográficas imagináveis.

“No Cabo Setentrional quase nunca chove, quase nunca tem nuvens. É ainda melhor que o Saara, pois não tem os riscos das tempestades de areia”, concluiu de Vries.
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FONTE : (Envolverde/Carbono Brasil)

Mudar o desenvolvimento para salvar a biodiversidade

Uma drástica mudança no rumo do desenvolvimento econômico é essencial para evitar o desaparecimento dos ecossistemas do planeta, que são a base da vida, afirma um estudo publicado ontem na revista científica norte-americana Science. A mudança climática, a contaminação, o desmatamento e as transformações no uso da terra empurram as espécies à extinção, reduzindo sua abundância e os lugares que habitam.

“As sociedades e as infraestruturas humanas evoluíram e dependem de espécies e ecossistemas particulares”, disse Paul Leadley, da Universidade de Paris-Sud, que encabeçou o estudo. “Mesmo os cenários mais otimistas para este século sistematicamente preveem a extinção e a redução das populações de muitas espécies”, declarou Paul, da França, à IPS em conversa telefônica. A meta de frear a perda de biodiversidade até 2020 está sendo discutida esta semana nesta cidade japonesa, onde acontece a 10ª Conferência das Partes do Convênio sobre Diversidade Biológica. Porém, o objetivo de 2020 é, tristemente, algo “irreal”, admitiu Paul, baseando-se em cinco recentes estudos ambientais mundiais.

Paul e seu colega Henrique Miguel Pereira, da Universidade de Lisboa, lideraram uma equipe de 23 cientistas de nove países que compararam os resultados dos últimos estudos e uma ampla gama de literatura para avaliar as possíveis mudanças futuras na biodiversidade. A análise traça uma inevitável e contínua perda de biodiversidade no Século 21, mas oferece esperanças de que possa diminuir essa deterioração se forem adotadas as medidas políticas adequadas.

O termo biodiversidade é usado para descrever a ampla gama de variedades de seres viventes – árvores, insetos, plantas, animais – que formam a infraestrutura biológica e nos fornecem saúde, riqueza, alimento, água, combustível e outros serviços úteis. Muitos não entendem o quanto a humanidade é dependente de numerosos serviços proporcionados pela natureza e a rapidez com que isto está mudando, afirmou Paul.

Embora a atenção pública se concentre na extinção de espécies, é a mudança em sua distribuição e no tamanho de suas populações, o ponto mais grave para o bem-estar humano, bem como os melhores indicadores da pressão que é exercida pelas pessoas sobre os ecossistemas, diz o estudo. Nos oceanos, a combinação de pesca em excesso e mudança climática – causada pelas emissões de dióxido de carbono das atividades humanas – está transformando rapidamente a vida marinha a ponto de no futuro haver menos peixes grandes.

Além disso, o desmatamento e o aquecimento global estão transformando as paisagens terrestres. Uma pesquisa na selva amazônica concluiu que, se as temperaturas mundiais aumentarem dois graus centígrados, como parece provável, a mescla de incêndios com desmatamento acabará com a capacidade única dessa região para gerar a metade de sua própria chuva. Sem estas, a selva se converterá em região de pradarias, causando maciça liberação de dióxido de carbono e a perda de muitas espécies.

Mesmo se o desmatamento terminasse, a maior parte da selva amazônica poderia desaparecer em 50 ou 60 anos devido ao aquecimento do planeta, disse o biólogo Thomas Lovejoy, principal conselheiro sobre biodiversidade do presidente do Banco Mundial e membro do painel científico assessor do Fundo para o Meio Ambiente Mundial. “Dois graus de aquecimento será algo duradouro para muitos ecossistemas. As florestas tropicais estarão em dificuldades. Haverá poucos arrecifes de coral, a temperatura das florestas será muito diferente da atual”, afirmou Lovejoy à IPS em Nagoya.

Uma solução para esfriar o planeta e salvar a selva amazônica é restaurar florestas e áreas verdes, com a finalidade de remover dióxido de carbono da atmosfera, acrescentou o cientista. O crescimento econômico deve deixar de focar os lucros que proporciona a conversão de terras e procurá-los por meio da restauração da biodiversidade. Combater a mudança climática é uma forma de frear a perda de diversidade biológica, disse Paul. Colocar preço nas emissões de carbono em todas suas formas, desde a gerada pelo desmatamento até a agricultura seria uma maneira de enfrentar o problema, prosseguiu.

O desmatamento e a agricultura contribuem com 35% a 50% de todas as emissões de gás carbono na atmosfera. Também são os principais causadores da conversão de ecossistemas naturais. É necessário um forte peso de impostos sobre as emissões, incentivo aos esforços para capturar carbono e criação de áreas protegidas efetivas. Proteger apenas 20% da terra e 15% do mar, segundo proposto originalmente como meta para 2020 no Convênio, não é suficiente para deter a perda de biodiversidade.

As ações devem ser adotadas com urgência, disseram os cientistas, já que a janela de oportunidades se fecha rapidamente. Medidas imediatas poderiam garantir até 2030 uma ampliação de 15% das áreas florestais do planeta, mas a falta de ações pode gerar uma perda superior a 10% destas até esse ano. O maior desafio continua sendo convencer os políticos.

Os cientistas acreditam que a criação da Plataforma sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES, um mecanismo do grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática - IPCC) poderia fazer uma diferença. “Os temas são tão urgentes e o que está em jogo para a humanidade é tão importante que os cientistas devem unir-se e, por meio do IPBES, e informar os governantes com voz única e autorizada”, disse Henrique Miguel. Delegações governamentais expressaram em Nagoya seu apoio à criação do IPBES, mas alguns negociam seu apoio para conseguir a aprovação de um acordo sobre o acesso equitativo aos recursos biológicos.
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FONTE : Envolverde/IPS

RS : ANIMAIS MORTOS NO LITORAL PREOCUPAM PESQUISADORES

Animais mortos foram encontrados no litoral do Estado
entre os dias 14 e 19 de outubro. A expedição foi realizada pela pesquisadora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Daniela Sanfelice, que esteve acompanhada do biólogo César Jaeger Drehmer, do Departamento de Zoologia e Genética da Universidade Federal de Pelotas, e do técnico do Museu, Tomaz Vital Aguzzoli.

Somados os dois trechos percorridos (Balneário Pinhal à Barra da lagoa do Peixe e Bojurú aos molhes de São José do Norte) foram observadas quatro carcaças de leões-marinhos, 11 de lobos-marinhos, 39 de albatrozes/petréis, 43 cetáceos (dentre baleias e golfinhos), 93 tartarugas-marinhas e 375 pinguins.

Segundo os pesquisadores, o número de aves marinhas encontradas não foi preciso pelas dificuldades de visualização impostas pela rápida decomposição dos exemplares.
Ainda que muitos destes animais possam ter morrido por causas naturais, os especialistas encontraram diversas evidências de interações antrópicas, como emalhamento em redes, cortes provavelmente produzidos pelas hélices de grandes embarcações, sinais indicativos de perfuração por projétil, entre outras.

“Temos certeza de que diversos destes espécimes morreram em decorrência de conflitos com o homem ou com atividades humanas relacionadas à pesca”, assegura a Bióloga Daniela.
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FONTE : Coordenadoria de Comunicação Social/FZB-RS. Jorn. Elisabete Monlleo Martins da Silva - Reg. Prof. nº 1427. Fone: 51.3336.3281.

"Primeiro Seminário de Pesquisa em Planejamento e Gestão Territorial" - Criciuma,SC

Encaro com grande responsabilidade,muita honra e extrema alegria o fato da UNESC,SC, através de seu ilustre professor Dr. Nilzo Ladwig,ter me convidado para proferir a palestra de encerramento do "I Seminário de Pesquisa em Planejamento e Gestão Territorial".
O seminário será realizado de 3 a 5 de novembro na UNESC, em Criciuma, SC.
Minha palestra versará sobre o tema "ECOPOLÍTICA" e será na noite de 5/novembro.
Abaixo o programa oficial do seminário :

03 de novembro

19h - Cerimônia de Abertura
19h30 - Mesa de debate com o tema: Produção de Dados de Referência Cartográfica.

Temas Correlatos:
-Contribuições do IBGE para a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais
-Produção de Dados Geoespaciais de Referência no Estado de Santa Catarina - SDS/SC

Debatedores:
-ENG. JOÃO BOSCO DE AZEVEDO - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Diretoria de Geociências/Coordenador de Cartografia - DGC/CCAR.
Possui graduação em Engenharia Cartográfica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2000) , especialização em Infraestructura de Datos Espaciales pela Universidad Politécnica de Madrid (2007), mestrado em Engenharia da Computação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2003).

-ENG. PAULO ROBERTO GUIMARÃES LEAL - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Gerente de Geodésia e Cartografia da Unidade Estadual de Santa Catarina - GGC/SC.
Possui graduação em Engenharia Cartográfica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1975), mestrado em Engenharia Civil - UFSC (2007).

-ENG. THOBIAS LEÔNCIO ROTTA FURLANETTI - Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Sustentável - SDS/SC - Coordenador de Dados Geoespacias.
Possui graduação em Engenharia Cartográfica pela Universidade Estadual Paulista (2002), mestrado em Engenharia Civil - UFSC (2007).

Coordenador da mesa de debate: Prof. Eduardo Preis - UNESC


04 de novembro

14h às 15h30 - Apresentação de trabalho – Mesa 1

-O PROCESSO HISTÓRICO DE CRICIÚMA NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA AMBIENTAL
Autores: João Alberto Ramos Batanolli, Edevar Boteon, Daniel Teixeira Jerônimo

-VULNERABILIDADE URBANA, ANÁLISE DO PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO POR PESSOAS ATINGIDAS POR DESASTRES AMBIENTAIS URBANOS: UM ENFOQUE DA PSICOLOGIA AMBIENTAL
Autores: Rudnei Joaquim Martins Aline H. P. Oliveira

-BIODIVERSIDADE E DIREITO A CIDADE: O OLHAR DA PSICOLOGIA AMBIENTAL SOBRE O PLANEJAMENTO URBANO
Autores: Thaiane Teixeira da Silva Campos, Camila Hulse, Caroline Elise Schnack

15h30 às 16h – Intervalo

16h às 18h30 - Apresentação de trabalho – Mesa 2

-DESASTRES NATURAIS URBANOS E SUBJETIVIDADE: UMA ANÁLISE DA PSICOLOGIA AMBIENTAL FRENTE À CATÁSTROFE NO VALE DO ITAJAÍ
Diandra de Souza Jora, Marília Tavares Dávila

-AS FUNÇÕES DOS ESPAÇOS PÚBLICOS E A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA AMBIENTAL AO PLANEJAMENTO URBANO: UM ESTUDO SOBRE O PARQUE CENTENÁRIO EM CRICIÚMA
Autores: Kelly Daiane Savariz Bôlla, Pedro Luiz Kestering Medeiros, Gláucia Cardoso de Souza

-VULNERABILIDADE URBANA: O USO FUTURO DE ÁREAS DEGRADADAS PELA MINERAÇÃO DE CARVÃO COMO ALTERNATIVA À SUSTENTABILIDADE LOCAL - UMA REFLEXÃO DA PSICOLOGIA AMBIENTAL NA PERSPECTIVA DO PLANEJAMENTO URBANO REGIONAL
Autores: Gabriela Thomaz da Silva, Mainara Figueiredo Cascaes, Priscila de Stéfani Castro

-PROGRAMA DE ARQUEOLOGIA PREVENTIVA DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO SANTA ROSA DE LIMA V MUNICÍPIOS DE SANTA ROSA DE LIMA E RIO FORTUNA/SC.
Autores: Juliano Bitencourt Campos, Claudio Ricken, Rafael Casagrande da Rosa, Juliano Gordo Costa; Guilherme Bitencourt, Alan Sezara, Mayla Steiner

19h30 - Mesa de debate com o tema: PSICOLOGIA AMBIENTAL E ARQUITETURA
Debatedoras:
-Profª Drª GLEICE AZAMBUJA ELALI - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.
Graduada em Arquitetura e Urbanismo (1982) e em Psicologia (1987) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, tem mestrado e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1996 e 2002). Atualmente é professor adjunto da UFRN com experiência na graduação e pós-graduação nas duas áreas, e interesses de pesquisa relacionados a Projeto de Arquitetura e Psicologia Ambiental, envolvendo, especialmente, avaliação do ambiente construído, percepção ambiental, acessibilidade e apego ao lugar.

-Leonora Cristina da Silva
Graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFSC) - 2004
Mestrado em Pós-Arq (UFSC)- 2008 - Área de Projeto e Planejamento de Arquitetura, com enfoque em Psicologia Ambiental
Professora do Curso de Arquitetura - ( UNESC ) 2009
Coordenadora da mesa de debate: Profª Drª Teresinha Maria Gonçalves - UNESC
05 de novembro

14h às 16h30 - Apresentação de trabalho – Mesa 3

-APLICAÇÃO DO INDICADOR DE SALUBRIDADE AMBIENTAL (ISA) PARA ÁREAS URBANAS. ESTUDO DE CASO: MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SC.
Autores: Morgana Levati Valvassori, Nadja Zim Alexandre

-GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS, COM ENFASE NA PROTEÇÃO DO RIO SANGÃO, EM SUA EXTENSÃO SITUADA NO BAIRRO SÃO FRANCISCO, CRICIÚMA, SANTA CATARINA
Autores: Felipe Bianchini, Gabriel Z. Nunes, Sheila L. da Silva, Marta V. G. de S. Hoffmann, Paula T. Pavei

-ESTUDO DE PROJETOS PARA MORADIAS ATINGIDAS POR CATÁSTROFES: CASA EFICIENTE CONTRA VENDAVAL, ENCHENTES OU DESLIZAMENTOS
Autores: Eduardo Rocha, Lisiane Ilha Librelotto

-TENDÊNCIAS DOS ÍNDICES CLIMÁTICOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO NA REGIÃO DE SÃO LUDGERO-SC
Autores: José Luiz Rocha Oliveira, Alan Henn, Álvaro José Back

19h30 - Mesa de debate com o tema: ECOPOLÍTICA
Debatedor: Prof. James Pizarro
Eng. Agrônomo, Professor aposentado da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ecologista, Conferencista em várias universidades do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Inúmeras publicações de artigos, produtor e apresentador do primeiro programa de educação ecológica do rádio brasileiro (Rádio Universidade da UFSM), ex presidente da FZB (Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul).
Coordenador da mesa de debate: Prof. Nilzo Ivo Ladwig - UNESC
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FONTE : http://www.unesc.net/post/213/11/11347

Biólogo Angelo Augusto Santos explica a dimensão econômica da biodiversidade


Angelo Augusto Santos também fala sobre sua expectativa sobre a COP-10, encontro entre 192 países que vão definir metas de preservação ambiental para 2020. Entrevista no Jornal das Dez, GloboNews.
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FONTE : EcoDebate, 27/10/2010

Saiba Mais: Recuperação de Pedreiras - Roberto Naime

O uso de jazidas para obtenção de materiais de empréstimo para a construção civil é uma das atividades responsáveis por muitas áreas degradadas, tanto em áreas isoladas, como em cidades ou regiões metropolitanas.

Os projetos de recuperação de áreas degradadas identificam os principais aspectos da degradação produzida pelos agentes antrópicos e não questionam os processos que causaram a degradação. Estes procedimentos em geral estão associados a reduzida eficiência produtiva dos empreendimentos, onde efluentes líquidos, resíduos sólidos e emissões atmosféricas são resultantes de desperdícios ou obsolecência, de processos e equipamentos.

Nas áreas degradadas, os projetos de recuperação necessitam o entendimento da dinâmica dos processos de degradação, para que sejam indicadas as soluções mais adequadas.

Em geral são necessários materiais para recomposição geomorfológica da área, e solos orgânicos que sejam capazes de garantir as ações de re-vegetação das áreas, com espécies gramíneas, leguminosas, arbustivas e arbóreas.

As modernas concepções dos empreendimentos aplicam os princípios da prevenção, para que não sejam necessárias ações corretivas ao final das atividades antrópicas (humanas). Os projetos ambientais devem ocorrer de forma concomitante a explotação do bem mineral, de maneira que ao final do processo, tanto a exploração quanto a recuperação estejam implantadas.

Isto exige uma atividade fiscalizatória muito eficiente dos órgãos ambientais na implementação dos projetos, realidade que em geral não correspondem ao cotidiano dos órgãos ambientais, carentes de equipamentos e recursos humanos.

Esta moderna concepção realiza previsão dos danos ambientais e a implantação de medidas mitigadoras e atenuadoras durante a atividade, para evitar que o dano ambiental previsto se realize, além de melhorar o aproveitamento dos recursos minerais.

Estes procedimentos são próprios de um novo ramo da ciência denominado engenharia ambiental integrada, onde os processos produtivos são compatibilizados e adaptados de forma a não produzir danos ao meio ambiente, numa ação preventiva que minimize a geração de impactos e possibilite a ação exploratória juntamente com a atividade de recomposição ambiental.

Durante a exploração de uma pedreira, os taludes e detonações de explosivos podem ser planejados para causar o menor impacto possível. As explosões podem ter horário fixo para não causar transtornos e o empreendedor pode manter a área permanentemente úmida com o uso de carros pipa, para que não se produza pó, proveniente das estradas e também da ação de britagem, onde aspersores de água evitam o pó.

O ruído pode ser minimizado com o emborrachamento dos britadores. Os materiais de bota-fora (que são inservíveis para beneficiamento e comercialização) podem ser utilizados para recomposição geomorfológica (do relevo) da área.

Solos orgânicos do local podem ser reservados para utilização na recuperação das áreas, ou mesmo serem trazidos de outros locais para que sejam atingidos resultados relevantes na re-vegetação das áreas.
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FONTE : Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, é colunista do EcoDebate. (EcoDebate, 27/10/2010).