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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

China apresenta compromisso pouco ambicioso, porém seguro

China e Estados Unidos lutam para ter um papel protagonista na cúpula sobre mudança climática, que acontecerá em menos de duas semanas em Copenhague, mediante anúncios de redução de emissões contaminantes, o que será um grande desafio para esses países. Considerada a terceira potência econômica e a maior emissora de gases contaminantes, a China anunciou pela primeira vez objetivos específicos para reduzir a quantidade liberada na atmosfera.

A maioria dos cientistas atribui aos gases estufa – como dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, hexafluoreto de enxofre, hidrofluorocarbonetos e perfluorocarbonetos – o aquecimento global que acelera a mudança climática.

O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao participará da 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 15), entre 7 e 18 de dezembro, na capital dinamarquesa, onde se tentará chegar a acordos com novos compromissos de redução de gases estufa para substituir o Protocolo de Kyoto, que vencerá em 2012. Pequim anunciou, na quinta-feira, seu objetivo de redução de emissões, um dia depois de Washington ter feito o mesmo, também pela primeira vez, e anunciar a presença do presidente Barack Obama em Copenhague, a caminho de Oslo, onde receberá o Nobel da Paz.

“Em um momento como este, todos querem ter autoridade moral e ninguém quer ser responsável pelo fracasso das negociações na Dinamarca”, afirmou Wu Changhua, diretora para a China da organização não governamental Climate Group, com sede na Grã-Bretanha. Mas as duas propostas diferem substancialmente. Os Estados Unidos, maiores emissores de gases estufa por habitante, se comprometeram a reduzir em 17% os volumes que lança na atmosfera até 2020, e em 83% até 2050, com relação aos níveis registrados em 2005.

É o primeiro compromisso firme já feito por Washington nessa área, mas ainda está abaixo da recomendação do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC), das Nações Unidas: que os países industrializados reduzam as emissões contaminantes entre 25% e 40% até 2020, com relação a 1990. O compromisso da China também é considerado insuficiente. Pequim reduzirá suas emissões em função de seu crescimento econômico, em lugar de diminuir seus volumes em um determinado prazo.

O Conselho de Estado, gabinete chinês, pretende reduzir sua intensidade de carbono, isto é, o volume de gases emitidos para cada ponto percentual do produto interno bruto (PIB), entre 40% e 45% até 2020. Devido ao tamanho da economia chinesa e ao seu rápido crescimento, significa que poderão aumentar as emissões, mas não no mesmo ritmo de antes. “Teremos de pagar um alto preço para cumprir nosso objetivo”, disse aos jornalistas, na quinta-feira, Xie Zhenhua, vice-presidente da governamental Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, responsável pelos programas de planejamento deste país.

Pequim também impôs uma condição: trata-se de um compromisso interno que será incorporado aos planos de desenvolvimento de médio e longo prazos e supervisionado localmente. É um objetivo voluntário, mas de caráter obrigatório diante da comunidade internacional, acrescentou Zhenhua. “Fizemos um compromisso e os chineses cumprem sua palavra”, insistiu. O anúncio de quinta-feira, originalmente previsto para sexta-feira, foi adiantado para seguir os passos dos Estados Unidos.

“Devido à urgência e à magnitude da crise climática, a China deve tomar medidas fortes para lidar” com o fenômeno, disse Ailun Yang, do capítulo local da organização ambientalista Greenpeace. “É um anúncio significativo em um momento crucial, mas a China pode fazer mais”, afirmou. Como nação em desenvolvimento, este país não está obrigado a limitar suas emissões, e manter esse beneficio será um dos objetivos de qualquer acordo que surgir em Copenhague para substituir o Protocolo de Kyoto. Este convênio, assinado em 1997 e em vigor desde 2005, obriga os 37 países industrializados que o ratificaram a reduzir suas emissões até 2012 em 5,2% com relação às de 1990.

Mas a China se viu pressionada por uma série de compromissos anunciados por outras nações emergentes, mais dispostas a tomar medidas para frear o aquecimento do planeta. Grandes nações em desenvolvimento, como Brasil e Indonésia, prometeram reduzir suas emissões. A Coréia do Sul anunciou que pretende diminuir seus volumes de gases estufa de 21% para 30%, sem importar o que ficar decidido em Copenhague. Os objetivos da China coincidem com seus planos de apontar para uma economia mais verde e sustentável. Em lugar de fazer reduções drásticas, que poderiam deter seu crescimento, Pequim prevê acelerar seu investimento em energia nuclear, em geração com carvão limpo e de fontes renováveis, bem como tentar obter maior eficiência em seu uso.

A proposta da China está entre as menos ambiciosas, mas alguns analistas acreditam que é importante com relação à sua implementação. “É um processo claramente político, e reduzir 40% das emissões para cada ponto percentual do PIB é um enorme compromisso”, afirmou Wu Changhua, do Climate Group. “Na China, se o presidente diz algo, sabemos que será feito. Nos Estados Unidos, não necessariamente significa que acontecerá”, acrescentou, referindo-se aos problemas que a Casa Branca terá para conseguir que o Congresso aprove o acordo que surgir na Dinamarca.

Pequim insiste que o Ocidente, cuja industrialização é responsável pela atual contaminação atmosférica, deve tomar a iniciativa nas negociações e na implementação de um acordo. Funcionários chineses propuseram que as nações ricas destinem 1% de seu PIB para ajudar os países mais pobres a reduzirem suas emissões contaminantes. Agora Pequim espera uma “ação real” do Ocidente em matéria de financiamento e assistência técnica, disse Xie Zhenhua ao anunciar os novos objetivos de redução de gases que provocam o efeito estufa.
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FONTE : Antoaneta Bezlova, da IPS (Envolverde/IPS)

Em marcha o etanol de algas

A empresa mexicana BioFields vai produzir em grande escala, a partir de 2014, biocombustível a partir de algas, em uma fábrica localizada a 300 quilômetros de distância dos Estados Unidos, que será seu principal cliente. Os escritórios corporativos da BioFields ficam no 12º andar de um luxuoso edifício em Lomas de Chapultepec, uma exclusiva região da capital mexicana. No momento, nada vende, mas planeja revolucionar o mercado de biocombustíveis.

Antes do fim do ano, a companhia começará a construir uma central-piloto para obter etanol a partir de algas em Puerto Libertad, povoado de quase três mil habitantes que fica no município de Pitiquito, no Estado de Sonora (norte), disse ao Terramérica Sergio Ramírez, diretor de Assuntos Corporativos. A fábrica deve estar pronta no segundo semestre de 2010, acrescentou Ramírez, que também foi o primeiro empregado recrutado pela empresa, em fevereiro de 2007.

A BioFields possui os direitos de uso, no México, da tecnologia “Direct to Ethanol” (Direto ao Etanol), desenvolvida pela empresa Algenol, que permite produzir biocombustível a partir de algas verde-azuladas híbridas, explicou Ramírez. As algas geram etanol naturalmente, e a técnica aplicada otimiza o processo para que a produção seja direta e em escala industrial. O etanol resultante poderá ser misturado à gasolina em diferentes proporções, reduzindo as emissões de gases que provocam o efeito estufa lançados pelo setor do transporte.

“O grande êxito desta tecnologia é que encontramos uma alga que secreta o etanol naturalmente, economizando dois processos industriais: fermentação e síntese em etanol. Isso faz com que cada microorganismo seja uma minifábrica”, afirmou Ramírez. Para que as algas cresçam e se reproduzam, elas serão colocadas em tanques com sacos plásticos cheios de água salgada, que será bombeada do Mar de Cortés, distante alguns metros da fábrica, explicou.

As algas se alimentarão de radiação solar, nitratos e dióxido de carbono lançado por uma das termoelétricas mais poluentes do México, localizada em Puerto Libertad. Para absorver esse dióxido de carbono, a fábrica-piloto será construída em um terreno de 1,5 hectare dentro da termoelétrica, propriedade da Comissão Federal de Eletricidade (CFE), entidade geradora paraestatal do México. Se o projeto caminhar como se espera, a CFE ficará com os recursos gerados pela captação de dióxido de carbono por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo previsto no Protocolo de Kyoto sobre mudança climática.

O MDL permite que as nações ricas obrigadas a reduzir suas emissões de gases estufa compensem parte dessas emissões com o financiamento de projetos que as reduzem nos países em desenvolvimento. Uma vez provada a fórmula, será construída uma grande fábrica industrial junto às instalações da CFE, em um terreno desértico de 22 mil hectares. O objetivo é produzir mais de 946 milhões de litros até 2014, e cerca de 3,8 bilhões de litros em 2020. O investimento será de US$ 850 milhões, provenientes do fundador e diretor-geral da BioFields, Alejandro González, proprietário do Grupo Gondi, um dos maiores do setor de reciclagem de papelão no México.

O primeiro cliente da BioFields será o México, já que, a partir de 2012, a Petróleos Mexicanos (Pemex) prevê a substituição dos oxigenantes da gasolina (que representam 5% de cada litro) por etanol, e por isso necessitará mais de três bilhões de litros por ano. Mas a BioFields também pretende exportar. “Estamos a menos de 300 quilômetros dos Estados norte-americanos da Califórnia, Arizona e Novo México, que são os três principais mercados consumidores de etanol do mundo”, contou Ramírez. A empresa também aposta no Japão e na Europa, com os quais o México tem assinado acordos comerciais que reduziriam as tarifas de importação.

Entretanto, Ramírez reconhece que a BioFields enfrentará grandes desafios antes de se converter em empresa rentável. Primeiro, o mercado de biocombustível deverá se consolidar. Se nos próximos anos for desenvolvida uma técnica que permite extrair petróleo de águas profundas a baixo custo, de tal forma que as reservas mundiais aumentem, o mercado dos agrocombustíveis não terá o argumento da abundância energética para consolidar-se.

A pesquisadora Michelle Chauvet, da Universidade Autônoma Metropolitana, disse ao Terramérica que os biocombustíveis são rentáveis apenas se o preço do petróleo supera os US$ 50. O outro desafio que a empresa deve enfrentar é a consolidação do mercado de carbono. A BioFields precisa saber se poderá capturar o dióxido de carbono da atmosfera de forma gratuita, se receberá algum estímulo para eliminá-lo do meio ambiente, e a quanto será cotada cada tonelada.

Segundo Rodolfo Quintero, pesquisador do Departamento de Processos e Tecnologia da Universidade Autônoma Metropolitana, “há um grande interesse no desenvolvimento de combustíveis renováveis e baratos que não provenham dos hidrocarbonos. O petróleo barato acabou, e, apesar de continuar existindo, será mais caro e escasso”, continuou. Somente no México, as reservas provadas são para nove anos, acrescentou ao Terramérica.

O outro lado da moeda é que os biocombustíveis de primeira geração (etanol e biodiesel feitos a partir de milho, cana-de-açúcar, soja e trigo) são criticados porque procedem de cultivos alimentícios, o que encarece os alimentos. Além disso, não sofrem grandes vantagens ambientais frente aos combustíveis fósseis, sobretudo se for considerado seu impacto ambiental, desde a semeadura da biomassa até seu consumo final, disse o pesquisador. A ideia da BioFields “não é má, mas tem de provar que funciona em escala industrial”, disse Quintero.

Para Chauvet, que estuda os impactos sociais dos biocombustíveis, além do projeto da BioFields, é necessário ter claras as experiências de outras nações. Malásia, Indonésia, Sumatra e Bornéu desmataram suas selvas para abastecer a Europa de biocombustível. A Argentina deslocou população para criar monoculturas de soja transgênica, gerando desertificação que, por sua vez, piora as consequências do aquecimento global.

Para esta doutora em economia, a possibilidade de incursionar na produção de etanol a partir de algas é a mais aceitável para o México, embora seja necessário dar atenção às condições de trabalho oferecidas pelas empresas, já que se viu “em alguns lugares que o tratamento é quase o de escravos”. A BioFields diz que a construção de suas fábricas criará 1.500 empregos temporários, e uma vez que estejam em funcionamento, 350 postos permanentes. Os moradores de Puerto Libertad “dedicam-se à pesca temporária” e têm esperança de que o projeto os beneficie, segundo Lauro Urial, secretário do município de Pitiquito.

* Este artigo é parte integrante de uma série produzida pela IPS (Inter Press Service) e pela IFEJ (Federação Internacional de Jornalistas Ambientais) para a Aliança de Comunicadores para o Desenvolvimento Sustentável (http://www.complusalliance.org).

Crédito da imagem: BioFields

Legenda: Assim ficarão os tanques de produção de algas verde-azuladas.

LINKS

Algas contra a mudança climática?
http://www.tierramerica.info/nota.php?lang=port&idnews=1380

Brasil quer dominar mercado do etanol
http://www.tierramerica.info/nota.php?lang=port&idnews=55

Boom dos biocombustíveis dispara temores
http://www.tierramerica.info/nota.php?lang=port&idnews=337

O futuro é dos biocombustíveis
http://www.tierramerica.info/nota.php?lang=port&idnews=410

Desenvolvimento Sustentável - Cobertura especial IPS e IFEJ, em espanhol
http://www.ipsnoticias.net/_focus/dsustentable/index.asp

BioFields, em inglês e espanhol
http://www.biofields.com/

Algenol, em inglês
http://www.algenolbiofuels.com/

Grupo Gondi, em espanhol e inglês
http://www.grupogondi.com/

Universidade Autônoma Metropolitana do México, em espanhol
http://www.uam.mx/

Comissão Federal de Eletricidade, em espanhol
http://www.cfe.gob.mx/es/

Petróleos Mexicanos, em espanhol
http://www.pemex.com/index.cfm
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FONTE : Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

A alma da natureza, já tão esquecida

Anuncia-se que foi concluído pelo Governo Federal projeto que libera, mediante licitação, projetos de mineração em áreas indígenas (que constituem quase 13% do território nacional), bem como proíbem vetos dos índios a projetos de usinas hidrelétricas em suas áreas. É tema que exige muito cuidado - basta lembrar que grupos indígenas do Pará estão indignados por não haverem conseguido manifestar-se nas audiências públicas sobre a Hidrelétrica de Belo Monte, que também estão sendo impugnadas na Justiça pelo Ministério Público Federal -, embora o presidente do IBAMA considere "maluquice" os argumentos de todos esses interlocutores e os de cientistas (como os que fizeram estudo na Unicamp) sobre a possibilidade de conservação de energia no País.

A primeira razão para cuidado está em que todos os estudos sobre conservação da biodiversidade apontam as áreas indígenas como o melhor formato para isso. E quando se introduzem valores de outras culturas (como a permissão para receber royalties na mineração), o quadro muda e com ele todo o modo de viver, inclusive os formatos que permitem conservar a biodiversidade. Para que se tenha ideia do que pode ser a biodiversidade conservada, um relatório citado pela ONU - Sistemas Alimentares dos Povos Indígenas, Universidade McGill - lista as espécies de que se alimenta um único grupo, o Karen, na Birmânia: 317 de alimentos, 208 de hortaliças, 62 de frutas. Compare-se com um morador das cidades. Mas, dos 370 milhões de índios no mundo, um décimo vive em "extrema miséria", exatamente por haver-se aculturado.

Um exemplo valioso pode ser encontrado no Parque Indígena do Xingu. Na década de 70, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo, liderados pelo professor Roberto Baruzzi, acompanharam durante anos a alimentação, os hábitos e o estado de saúde de vários grupos da reserva. E não encontraram um só caso de doença cardiovascular, pois não havia ali nenhum dos fatores genéticos nem os gerados pela alimentação (obesidade), sal, fumo, álcool, vida sedentária e outros. Passados 30 anos e intensificado o contato com as cidades, a obesidade já atinge 76,4% das índias xinguanas e 50% dos homens apresentam sintomas de hipertensão.

O Xingu, é hoje uma ilha de biodiversidade entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, cercada por pastos e plantios de soja. E naqueles dois biomas estão dois terços, pelo menos, da rica biodiversidade brasileira, que pode chegar a uns 15% do total mundial e se vai perdendo em alta velocidade. "A riqueza que temos guardada na biodiversidade do Cerrado é mil vezes superior à da agricultura", afirmou a Herton Escobar o competente agrônomo Eduardo Assad, da Embrapa. Porque "é no DNA das plantas nativas que estão genes capazes de proteger as plantas "estrangeiras" (soja, milho, algodão, arroz) dos danos do aquecimento global". Já o Ministério do Meio Ambiente (7/10/09), citando estudos da Comissão Europeia e da Alemanha, estima em US$ 2 trilhões a US$ 5 trilhões o prejuízo anual com o desmatamento e a perda da biodiversidade. O cientista Thomas Lovejoy, calcula em mais de US$ 200 bilhões anuais o valor dos medicamentos derivados de plantas comercializados no mundo.

É uma questão tão aguda que a recente Conferência Mundial sobre Desertificação, realizada em Buenos Aires, decidiu criar não só indicadores para essa e outras perdas, como até um órgão semelhante ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas para cuidar desse e de outros temas relacionados com a desertificação dos solos (que avança 60 mil km2 por ano e agrava o problema do consumo de recursos naturais além da capacidade de reposição do Planeta).
Tanto pessoas já convencidas da importância da conservação da biodiversidade como as que ainda encaram o tema com ceticismo deveriam ler o recém-lançado livro “Yuxin – Alma”, da escritora Ana Miranda (Companhia das Letras/SESC-SP). A partir da narrativa dos pensamentos da índia Yuxin sobre o sumiço de seu marido, Xumani, a autora faz um extraordinário arrolamento romanceado da diversidade vegetal, animal e cultural da região em que se passa o livro - principalmente dos kaxinawas, ticunas, ashaninkas e katukinas. O livro chega no momento em que ainda ressoam palavras do escritor Marcio Souza (Mad Maria, Galvez, o Imperador do Acre) num recente seminário em Manaus sobre biodiversidade: "Onde estão as culturas amazônicas que levaram a floresta a manter-se de pé durante séculos? As culturas amazônicas só costumam aparecer como folclore, depois que a polícia passa".

Pois no extraordinário livro de Ana Miranda estão lá, em sua força, os muitos formatos dessas culturas, num quase inacreditável desfilar de árvores, plantas alimentícias, frutas, espécies portadoras de óleos e outras, infindáveis animais e os costumes e modos de cada um, as complexas relações entre humanos e todos esses seres, os formatos da conservação, os modos de interpretar o tempo, os modos de apropriar-se de elementos da natureza, os sons da floresta e o silêncio e muito mais. Além da fascinante descrição dos relacionamentos com o mundo dos espíritos. Um trabalho de pesquisa que deve ter exigido anos - e outros tantos para conjugá-la com a arte narrativa.

Deveria ser leitura obrigatória em todo o País, que cada dia vê diminuir seu acervo cultural nessas áreas. E na hora em que a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados aprova projeto de lei que permite patentear substâncias e materiais biológicos (moléculas, genes, proteínas) "obtidos, extraídos ou isolados da natureza", para deles tirar vantagens econômicas. Como se tudo já não estivesse criado, inventado, como mostra o livro de Ana Miranda. Felizmente, o projeto ainda passará por outras comissões, que poderão impedir o desatino.
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AUTOR : Washington Novaes é jornalista.
Artigo publicado originalmente na Revista Eco 21: http://www.eco21.com.br(Envolverde/ECO 21)

SC : policial e jornalista são baleados dentro de barco

Tiros foram disparados da mata em direção à embarcação usada para fiscalizar pesca predatória

Continua a caçada a quem atirou contra uma embarcação da Polícia Ambiental de Lages, no sábado, ferindo o soldado Adão Rodrigues Mariano, 35 anos, e a jornalista Pamela Marin, 26 anos, repórter da RBS TV Centro-Oeste. Os dois passam bem.

Policiais militares vasculham o Rio Canoas, em Bocaina do Sul, na tentativa de localizar os atiradores. A família de Pamela deve registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil hoje. A RBS está dando acompanhamento à repórter.

Pamela e o cinegrafista Fabiano Souza acompanhavam três policiais em uma embarcação para uma reportagem sobre pesca predatória. Os tiros foram disparados da mata.

Um atingiu a panturrilha esquerda de Pamela e outro a coxa esquerda de Adão. A embarcação de alumínio ficou com várias perfurações e começou a encher de água. Os policiais revidaram e encostaram o barco. Pamela e Adão foram levados ao Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, em Lages. A repórter levou pontos na panturrilha esquerda e foi medicada contra dor. Os exames apontaram que não houve danos aos nervos e ossos. Ela foi liberada no fim da tarde de sábado. Adão saiu caminhando do hospital, pouco antes de Pamela.

– Achei que ia morrer. Agora está tudo bem, mas foi apavorante – afirma a jornalista, que trabalha há um ano e meio na RBS TV, em Lages.

Ataque não é comum

Os policiais ambientais ficaram surpresos com o ataque durante um trabalho de rotina que resultou na apreensão de quatro redes de pesca.

– Era um patrulhamento preventivo contra a pesca predatória, e não tínhamos nenhuma suspeita de flagrar ninguém. Os tiros certamente foram disparados contra a embarcação, e isso é algo muito grave que precisa ser esclarecido. Foi um fato incomum, principalmente quando se trata de Polícia Ambiental, cujo trabalho, teoricamente, é mais tranquilo – afirma o comandante da Polícia Ambiental de Lages, tenente Frederick Rambush.

– Ninguém atira do nada contra policiais. Isso não é comum. Queremos saber quem e por que fez isso. Talvez seja hora de revermos conceitos sobre proteção aos policiais – diz o tenente-coronel Zinder José Cardoso, da PM de Lages.
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FONTE : DIÁRIO CATARINENSE, edição de 30/nov/2009

sábado, 28 de novembro de 2009

10 DICAS PARA AJUDAR A SALVAR O PLANETA

Deixar de se barbear no final de semana pode ajudar a salvar o planeta de um caos ambiental. Quem afirma é Joanna Yarrow, autora de 1001 Maneiras de Salvar o Planeta, da Publifolha.

O livro apresenta sugestões variadas para proteção da Terra. Algumas são simples e implicam em meras modificações nos hábitos pessoais, que, repetidos diariamente, têm um impacto muito grande ao longo do tempo.

Leia abaixo uma seleção de dez dicas simples --em meio às 1001 apresentadas no livro-- que colaboram para a melhoria no ambiente.

1 Compense a emissão de CO2 de suas viagens aéreas

Em breve a aviação poderá responder por 15% da emissão de gases estufa. Por que não diminuir seu custo ambiental? Há companhias especializadas em calcular a proporção de um único assento na emissão de gases de um vôo e neutralizá-la com a compra de créditos de carbono, que são investidos em medidas compensatórias, como plantar árvores. A tonelada e meia de CO2 emitida por um passageiro num vôo entre Londres e Nova York gera um crédito de 15 dólares.

2 Informe

Se você vir qualquer indício de poluição, desde lixo jogado no parque até espuma na superfície dos rios, informe as autoridades locais e o Ibama. Talvez alguém já tenha notificado o problema, mas é melhor pecar por excesso do que por omissão.

3 Gramados luxuriantes

A grama alta retém mais umidade. Por isso, durante o verão, deixe o gramado crescer pelo menos quatro centímetros. Essa providência evitará a aparição de trechos ressecados e diminuirá a necessidade de rega.

4 Compre madeira reflorestada

Os móveis precisam ser de madeira de lei, proveniente de árvores que demoram a crescer, ou podem ser fabricados com espécies que crescem mais depressa, como o pinho e o eucalipto, e que portanto podem ser reflorestadas?

5 Água multiuso

Aproveite a água usada na limpeza matinal do filtro para regar as plantas dos vasos de casa.

6 Deixe a barba no fim de semana

Economize água, espuma e bálsamo deixando de se barbear no fim de semana. Se a sua parceira reclamar, lembre a ela que está em jogo uma causa maior.

7 Não espezinhe a natureza

Prefira tapetes de fibras naturais - como o sisal, o coco e a juta - aos de fibras sintéticas.

8 Proteja as aves

Papagaios, araras e outras aves vivem melhor em seu ambiente natural do que em gaiolas. Se você não comprar esses animais, estará ajudando a sufocar seu tráfico. Use esse dinheiro para passar as férias em uma reserva florestal, sem se esquecer de separar o suficiente para os créditos de carbono. Na reserva, você verá os pássaros soltos, e o seu dinheiro sustentará as comunidades locais, que lutam pela preservação da natureza.

9 Viva o bicarbonato de sódio

Esqueça os produtos de limpeza modernos: além de caros, eles evitam o contato com alguns germes que mantêm nosso sistema de defesa funcionando. Use bicarbonato de sódio, que é muito barato. Ele é bom para limpar tudo e tem ação fungicida.

10 Acorde com o aroma do café

Fuja dos desodorizadores de ambiente e faça sachês com ingredientes naturais, como pão fresco e grãos de café.
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FONTE : FOLHA ON LINE

Engenheiros alertam: PL 154/2009 pode comprometer sustentabilidade no RS

Projeto de lei que prevê mudança na legislação ambiental coloca em risco o ecossistema do Estado e apresenta inúmeras inconstitucionalidades


O Sindicato dos Engenheiros no Rio Grande do Sul (Senge-RS) encaminhou uma carta direcionada ao Presidente da Assembleia Legislativa, Ivar Pavan, dando o parecer contrário da categoria ao Projeto de Lei 154/2009, que dispõe o Código Estadual do Meio Ambiente, que estaria prestes a ser votado em plenário. Na carta, os engenheiros manifestam sua preocupação com as mudanças sugeridas que, segundo consta, “não foram amplamente discutidas e podem comprometer de forma decisiva a sustentabilidade dos processos de desenvolvimento do RS e a garantia de um meio ambiente equilibrado para as gerações futuras”.

O Senge-RS também alerta para as inconstitucionalidades do projeto e do momento inoportuno para a discussão, visto que está em tramitação no Congresso Nacional o aperfeiçoamento do Código Florestal Brasileiro. Para o presidente do sindicato, o engenheiro agrônomo José Luiz Azambuja, a proposta precisa ser debatida nos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente (Consema) e de Recursos Hídricos (CRH), que não foram consultados.

Azambuja também alerta para perigos iminentes de curto prazo que as alterações podem provocar. “As áreas de Preservação Permanente (APP) seriam reduzidas, exigindo-se um limite de apenas cinco metros para proteger os cursos de água. Esta dimensão não seria suficiente, pois qualquer aplicação de agrotóxico poderia transpor essa barreira e atingir os recursos hídricos”, explica.

Na carta, os sindicalistas também apontam que as APPs remanescentes podem ser insuficientes para a regeneração natural das espécies e para abrigo da fauna silvestre. “A reserva legal é abolida da proposta, ignorando a legislação federal, e muitas propriedades poderiam eliminar a vegetação natural na sua totalidade, o que vai contra qualquer lógica de preservação que o mundo hoje nos exige”, finaliza Azambuja.

Deputados ruralistas já tentaram colocar a PL 154/2009 em votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa em dois momentos: um no final de outubro e outro no começo de novembro, mas por enquanto a oposição tem conseguido impedir que o projeto siga adiante.
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Fonte: Comunicação Senge
Autor: Fernando Antunes
Revisão e Edição: Renata Appel

RS : Secretaria do Meio Ambiente é contra o PL 154, afirmou secretário adjunto

“Há um mês enviamos nossa posição para a governadora. Sugerimos que o PL 154 não fosse votado e sim enviado ao Consema para fazermos o debate mais amplo ao longo de 2010”, informou o secretário adjunto do Meio Ambiente, Giancarlo Tusi Pinto, reunido na manhã desta sexta-feira (27), com dirigentes do Semapi, Apedema, CUT/RS, ABES, Sindiágua e Cooperativa Girasol.

Na avaliação da secretaria, este projeto é um retrocesso e não resolve questões como a reserva legal, além de ser inconstitucional como aponta o Ministério Público. “Se for aprovado, se tornará um problema para o governo do estado”, destacou Giancarlo.

Segundo ele, o secretário Berfran Rosado tem conversado com os deputados da base governista para retirar o PL. “O governo está sensível, tanto que retirou o quorum na última reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)”.

O representante da Apedema Felipe Amaral entregou ao secretário o manifesto das entidades ambientalistas que será protocolado junto aos deputados da CCJ na segunda-feira (30). No documento, as entidades conclamam uma ampla e democrática participação de todos os setores da sociedade nas discussões do Projeto de Lei 154/09. “Este projeto propõe alterações que levam à descaracterização do Código Estadual do Meio Ambiente e, por consequência, uma diminuição e, até, total supressão da tutela legal do Estado sobre o ambiente, com riscos graves para a natureza e para toda a sociedade”, alerta o manifesto.

Além disso, o diretor do Semapi Antenor Pacheco sugeriu que o secretário Berfran encaminhe a posição da Sema para a próxima reunião da CCJ, na terça-feira (1º) para fortalecer o movimento contra o PL. Já o secretário de Meio Ambiente da CUT-RS e diretor do Semapi Paulo Mendes Filho solicitou o ofício e o Parecer do Defap (Departamento de Florestas e Áreas Protegidas) enviados à Casa Civil pela Sema para dar ampla divulgação. Giancarlo se comprometeu em solicitar o documento e enviar ao Semapi.

Também participaram da reunião o diretor do Sindiágua David Barros, a presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), Nanci Begnini Giugno, e a diretora do Semapi e representante da Cooperativa Girasol Iara Aragonez.
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Fonte: Katia Marko – Engenho Comunicação & Arte

Brasil pode perder R$ 3,6 tri até 2050 por causa das mudanças climáticas

Qual será o custo das mudanças climáticas para o Brasil? Onze instituições do país fizeram a conta e calculam um prejuízo que pode chegar a R$ 3,6 trilhões até 2050. De acordo com o estudo Economia da Mudança do Clima no Brasil: Custos e Oportunidades, lançado nesta quarta-feira (25/11), as perdas econômicas equivalem a pelo menos um ano inteiro de crescimento jogado no lixo se nada for feito para evitar os impactos da mudança do clima em setores como agricultura e energia e em regiões como a Amazônia e as zonas costeiras.

Inspirado no Relatório Stern, estudo britânico que em 2006 calculou o custo da mudança climática em 20% do Produto Interno Bruto (PIB) global, a pesquisa brasileira parte de cenários do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) para calcular o impacto do aquecimento global nas contas do país.

No primeiro cenário, o Brasil chegaria a um PIB de R$ 15,3 trilhões em 2050, mas perderia 0,5% (R$ 719 bilhões) por causas das mudanças do clima. No segundo, considerando uma trajetória de crescimento mais limpo, o PIB chegaria a R$ 16 trilhões, mas as perdas seriam de 2,3% (R$ 3,6 trilhões).

Coordenadora operacional do projeto, a pesquisadora da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Carolina Dubeux, afirma que é preciso deixar claras as consequências macroeconômicas da mudança do clima, que não se restringem aos debates científicos e ambientais.

“O impacto do clima ainda vai ser modesto em 2050, ainda assim na economia será bastante grande. Há uma tendência de redução do PIB em função da mudança climática. E no Brasil isso vai aumentar as disparidades regionais”, cita.

Entre os setores mais vulneráveis aos prejuízos do aquecimento global no país estão agricultura e energia. Se nada for feito para adaptar a produção às mudanças do clima, todas as culturas - com exceção da cana-de-açúcar - sofrerão redução das áreas com baixo risco de produção. Para as lavouras de café, o percentual é de 18% e para a soja chega a 30%. A perda anual na agricultura pode passar de R$ 10 bilhões, de acordo com o estudo.

O custo da falta de ações para o setor energético também será alto. Com a redução da vazão dos rios, o sistema elétrico vai perder capacidade de geração, principalmente nas regiões Nordeste e Norte. “A perda de energia firme vai ser da ordem de 33% Tem que haver planejamento para o futuro que considere isso, com complementação por outras fontes”, calcula a pesquisadora.

Nas zonas costeiras, a elevação do nível do mar pode causar prejuízos de até R$ 207,5 bilhões até 2050 com a perda de patrimônio.

Para a Amazônia, o levantamento estima perda de até 38% das espécies, além de R$ 26 bilhões a menos por ano com a perda de 12% dos serviços ambientais. O cenário considera a redução de 40% da cobertura vegetal da floresta, que, segundo o IPCC, deverão ser convertidos em savana.

O estudo, que levou cerca de dois anos para ser concluído, teve a colaboração de instituições como o Instituto de Pequisas Espaciais (Inpe), a Universidade de São Paulo (USP), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Fórum Brasileiro de Desenvolvimento Sustentavel e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
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FONTE : (Envolverde/Agência Brasil)

COP-15: Obama leva pouca coisa a Copenhague

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, confirmou sua presença na próxima cúpula sobre mudança climática em Copenhague, mas a redução de emissões contaminantes que vai propor na capital dinamarquesa será inferior à oferecida por Brasil, Grã-Bretanha e Japão, e também abaixo da recomendada por especialistas. Após semanas de especulações sobre sua participação na 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15), Washington confirmou na quarta-feira que Obama fará uma escala no dia 9 de dezembro em Copenhague, a caminho de Oslo, onde receberá o Nobel da Paz no dia seguinte.

A Casa Branca também anunciou que Obama levará à cúpula, que acontecerá de 7 a 18 de dezembro, uma proposta específica de redução na emissão de gases-estufa, embora seja inferior ao que muitos desejariam. O presidente apresentará uma meta de redução das emissões norte-americanas “em torno de 17% abaixo dos níveis de 2005, até 2020”, disse a Casa Branca. O Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC) recomenda redução de 25% a 40% para os países industrializados até 2020, com relação aos níveis de 1990.

Em abril, a Grã-Bretanha propôs redução de 34% até 2020, enquanto o Japão prometeu baixa de 25% em suas emissões de dióxido de carbono para esse ano, ambos com relação aos níveis de 1990. O Brasil anunciou este mês estar disposto a reduzir suas emissões entre 38% e 40% até 2020. A redução de 17% proposta por Washington é a mesma do projeto de lei Waxman-markey sobre mudança climática que a Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovará em junho.

“Falamos de algo em torno de 17%. A lei Waxman-Markey, como sabem, foi aprovada com 17%. A discussão no Senado ainda não terminou. Quando isso ocorrer ajustaremos a cifra correspondente”, explicou Carol Browner, assistente do presidente para energia e mudança climática. O atual projeto de lei no Senado fala em redução de 20%. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos diz que o nível de emissões de gás-estufa neste país correspondeu a 6.099 em 1990, enquanto em 2005 chegou a 7.109, uma alta superior a 10%. “Os 17% são coerentes com o debate em curso o Congresso, e esperamos que a legislação finalmente adote uma meta maior”, disse Jonathan Lash, presidente do World Resources Institute, organização ecológica com sede em Washington.

A pressão para que Obama comparecesse COP-15 era forte. O primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, enviou convites aos líderes de 191 países, na semana passada, solicitando suas presenças na conferência. No domingo anunciou que já contava com 60 presenças. Mas Obama, junto como seu colega chinês, Hu Jintao, brilhava por sua ausência na lista de presentes. A participação confirmada dos chefes de governo da Grã-Bretanha, Gordon Brown; da Alemanha, Angela Merkel, e do Japão, Yukio Hatoyama, fez as atenções se voltarem para as ausências dos líderes de China e Estados Unidos. Prevê-se que Pequim realize um anúncio a respeito na próxima semana. A China superou os Estados Unidos como líder mundial nas emissões de dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa, que leva ao aquecimento global.

De todo modo, a visita de Obama será breve e, significativamente, no início da COP-15. É provável que as decisões sobre a mudança climática sejam tomadas nos últimos dias do encontro. Isso deixa inconformados alguns ecologistas. Se a presença de Obama “nos últimos dias da COP-15 é necessária para garantir os devidos compromissos, esperamos que o presidente esteja disposto a voltar a Copenhague junto com os demais líderes mundiais durante as etapas finais das negociações”, disse a diretora do programa climático do Fundo Mundial para a Natureza, Keya Chatterjee. O presidente decidiu que era “sensato ir a Copenhague no dia 9, para dar força às negociações”, afirmou Michael Froman, assessor-adjunto de segurança nacional para assuntos econômicos internacionais da presidência.

Entretanto, “ao anunciar uma meta provisória para as emissões de 2020, a Casa Branca pretende realizar uma proposta forte e crível, coerente com o consenso bipartidário do Congresso”, afirmou Eileen Claussen, da instituição independente Pew Center on Global Climate Change. O anúncio de Obama na quarta-feira pode ser interpretado como uma resposta à crescente desilusão dos que o apoiaram durante sua campanha presidencial, quando prometeu tomar medidas contra a mudança climática e que agora o veem vacilante.

Sem a presença do presidente dos Estados Unidos, as negociações em Copenhague pareciam destinadas ao fracasso, já que para muitos a ausência de Obama reduzia a credibilidade da cúpula para tomar medidas concretas. “A vontade do presidente Obama de ir a Copenhague e por números sobre a mesa são duas peças necessárias para que um acordo mundial vinculante seja possível”, disse Lash.
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FONTE : (IPS/Envolverde)

Ambientalistas fazem ressalvas à política climática aprovada no Congresso

A Política Nacional de Mudanças Climáticas, aprovada na noite de terça-feira (27/10) na Câmara dos Deputados, não encerra o debate sobre a necessidade de avanços do governo no combate à mudança do clima, na avaliação de entidades ambientalistas.

Organizações não governamentais apontam como gargalos a ausência de metas de redução de gases de efeito estufa e o risco de desmonte da legislação ambiental pelo Congresso Nacional.

Para Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA), sem a garantia de manutenção da legislação ambiental - o Código Florestal, por exemplo - a aprovação da política é uma medida "para inglês ver", de olho na Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro, em Copenhague.

"A aprovação foi importante porque o Brasil precisa ter uma política, mas que não adianta nada se o Congresso mantiver o esforço de flexibilizar o resto da legislação ambiental. O Congresso vive uma contradição. A política não se sustenta se não houver coerência com medidas internas de garantia da legislação", aponta.

A pesquisadora do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Brenda Brito, avalia a aprovação da lei, que tramitava há mais de um ano, como um avanço, mas argumenta que o texto poderia ter incluído referências diretas a metas de redução de emissões para o Brasil.

"Seria muito melhor se definisse metas. Mas, mesmo genérica, a política é um passo que o Congresso está dando em meio a tantas mudanças negativas em tramitação".

Segundo Brenda, ainda há chance de incluir números para redução de emissões quando o texto for analisado pelo Senado, caso o governo chegue a um consenso sobre o quanto o Brasil está disposto a reduzir até o projeto chegar lá. O Ministério do Meio Ambiente defende queda de 40% nas emissões até 2020, mas a conta só deverá ser fechada em reunião na próxima semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Nada impede também que isso seja incluído por meio de decretos depois", acrescentou.

Leia também: Câmara aprova projeto que cria fundo sobre mudanças climáticas - http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=65194&edt=1
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FONTE : (Envolverde/Agência Brasil)

Greenpeace protesta contra a bancada da motosserra na Câmara dos Deputados

Comissão do Meio Ambiente adia votação do projeto de lei “Floresta Zero”

Ativistas do Greenpeace protestaram nesta quarta-feira (28), em Brasília, durante a reunião da Comissão de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. Estava em pauta a votação do projeto de lei 6.424/05 do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), conhecido como "Floresta Zero". Após o protesto, a votação foi adiada por uma semana.

Ativistas acorrentados carregavam sirenes e cartazes com os dizeres "A bancada da motosserra quer acabar com nossas florestas", lembrando que o projeto de lei inclui uma série de propostas que ameaçam as florestas brasileiras. O protesto teve a adesão de muitos que assistiam à reunião e durou mais de uma hora. Após serem retirados pela Policia Legislativa e prestarem esclarecimentos, os ativistas foram liberados.

A atuação do líder do governo na Câmara Henrique Fontana (PT-RS) e do líder do PSDB, José Aníbal (PSDB-SP), foram fundamentais para o adiamento da votação. Fontana foi até a comissão buscar reconduzir a discussão para o fórum adequado e Aníbal levou bom senso ao presidente da comissão, deputado do seu partido, demostrando que não existia clima para votar o PL na sessão desta quarta-feira (28). Os lideres do PV e PSOL também trabalharam contra a votação.

O texto apresentado pelo relator Marcos Montes (DEM-MG) permite que os proprietários que destruíram suas Reservas Legais fiquem desobrigados de recuperar o dano ambiental causado dentro da região em que ele ocorreu, permitindo que a chamada “compensação” seja feita em qualquer região do país. Ao permitir que áreas desmatadas nos vários biomas brasileiros, como a Mata Atlântica e o Cerrado, possam ser usadas sem maiores entraves, a proposta pode favorecer a criação de imensos vazios de vegetação natural do país.

O projeto também autoriza a recuperação da cobertura florestal seja feita com monoculturas (dendê e outras palmáceas produtoras de óleo, além de eucalipto e outras espécies exóticas) em 30% da área ilegalmente desmatada. “Um dia após a aprovação da Polítical Nacional sobre Mudança do Clima pela Câmara dos Deputados, a reunião da Comissão de Meio Ambiente hoje foi conduzida como se fosse um encontro da comissão de agricultura nos seus piores dias. Claramente, a proteção ambiental não era prioridade”, disse Nilo D´Ávila, coordenador da políticas públicas do Greenpeace.

A preocupação com as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global passou longe das discussões de hoje. Mais uma vez a bancada ruralista fez questão de ignorar que o desmatamento é a maior causa das emissões de gases do efeito estufa pelo Brasil.

Em dezembro, representantes de todo o mundo estarão reunidos em Copenhague para definir o que será feito para conter o aquecimento global. “Em relação às nossas florestas, o que o Brasil precisa levar para Copenhague é o compromisso com o desmatamento zero e não pode fazer isso aprovando projetos de lei como o proposto pelo deputado Flexa Ribeiro”, diz D´Ávila.

Pacote florestal –A bancada da motosserra não conseguiu observar nem a busca do acordo que está sendo costurado pelo presidente Lula, pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc; Ministro do Desenvolvimento Agrário. Gileherme Cassel; e pelo representante dos ruralistas do governo, Reinold Stafanes, ministro da Agricultura. O resultado da negociação deve ser anunciado na próxima semana.
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FONTE : (Envolverde/Greenpeace)

China promete reduzir "intensidade de carbono" em até 45%, até 2020

O governo chinês anunciou o compromisso de reduzir até 2020 sua intensidade de carbono entre 40% e 45%, comparada aos níveis de 2005. A intensidade de carbono é uma mensuração própria do país e corresponde ao montante de dióxido de carbono emitido para cada unidade de seu Produto Interno Bruto (PIB). As informações são da BBC Brasil.

Em comunicado, o governo chinês explicou que se trata de uma ação voluntária. “Esta é uma ação voluntária tomada pelo governo chinês com base nas suas próprias condições nacionais e uma grande contribuição com os esforços globais de combate à mudança climática", afirmou o comunicado reproduzido na agência oficial chinesa.

O anúncio foi feito há duas semanas da reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague, na Dinamarca. A China é o maior emissor de gases que causam o efeito estufa, seguida pelos Estados Unidos. Os dois países são os que mais resistem em reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Nesta quarta-feira (25/11) a Casa Branca informou que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai propor, em Copenhague, um plano de redução das emissões americanas de gases de efeito estufa em etapas, com cortes de 17% até 2020, 30% até 2025, 42% até 2030 e 83% até 2050. Obama confirmou sua presença na conferência.

As propostas feitas por China e Estados Unidos aumentam as expectativas de um resultado positivo na reunião de Copenhague. A cúpula tem por objetivo chegar a um acordo que substitua o Protocolo de Quioto, que não foi ratificado pelos Estados Unidos e expira em 2012. (Edição: Talita Cavalcante)
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FONTE : (Envolverde/Agência Brasil)

Grandes Expedições à Amazônia Brasileira

O Livro apresenta informações de maneira organizada nos meandros das incursões amazônicas, com notável qualidade de pesquisa e texto de João Meirelles Filho

Grandes Expedições à Amazônia Brasileira é uma inédita síntese textual e iconográfica sobre uma região que combina fascínio, cobiça, esperança, devaneio e aventura. O livro, recém-lançado pela editora Metalivros, destaca-se pela quantidade e diversidade de viagens, a riqueza das narrativas e os registros materiais (são cerca de 280 imagens, entre mapas, desenhos, fotografias ou coleções).

O texto do especialista João Meirelles Filho resulta de quase vinte anos de pesquisa histórica e envolvimento em iniciativas de educação, sustentabilidade ambiental e responsabilidade social na região amazônica. A obra, de 244 páginas, tem tiragem inicial de 3.000 exemplares.

O projeto, concebido pelo autor em conjunto com o editor Ronaldo Graça Couto, adota a estratégia de restringir o tema do ano de 1500 até as viagens de Rondon nos anos 1930 – visto que a partir disso a quantidade de expedições se multiplica exponencialmente em busca de riquezas, pesquisas de toda sorte ou mesmo de aventuras. “É a primeira obra a tratar do legado dessas incursões que tanto fizeram evoluir o conhecimento sobre a Amazônia localizada em território nacional”, diz Ronaldo da Graça Couto.

As 42 viagens selecionadas são apresentadas em ordem cronológica, a partir do momento em que a primeira expedição européia adentra a Amazônia. Cada capítulo está organizando em igual sequência, segundo a seguinte itemização: data da expedição; contexto histórico e cultural; líder (a biografia do líder ou dos líderes); principais colaboradores; percurso; obra (produção escrita e iconográfica); e principais contribuições. Em vista dessa organização, a primeira forma de ler a obra é simplesmente seguir a cronologia apresentada. Porém cada capítulo pode ser lido, aleatoriamente, em separado, já que trata de uma única expedição.

Grandes Expedições à Amazônia Brasileira faz parte de um pacote de lançamentos da Metalivros neste final de ano. Além de Capitais do Brasil, de Eduardo Logullo, que saiu no final de outubro, estão previstos também Jardins Marinhos Tropicais, de André Seale, Instantes do Mundo, de Antonella Kann, ambos para início de novembro, e Olhar de João – Fotografias de um Príncipe do Brasil, de D. João de Orleans e Bragança e Jardins Botânicos do Brasil, de Evaristo Eduardo de Miranda, com fotografias de Fabio Colombini, esses dois para o início de dezembro do corrente.

Metalivros
A Metalivros, de Ronaldo Graça Couto e de Robert Feith, consolidou-se como realizadora de projetos artísticos, culturais, ambientais e institucionais de qualidade, produzindo obras que abordam temas como ciências naturais, arte, história e arquitetura brasileiras. Hoje, duas entre cada três de suas publicações disponíveis têm o Brasil no título. Fundada no Rio de Janeiro em 1985 e mudando-se para São Paulo em 1990, a editora, também realizadora de exposições, privilegia a diversidade natural e cultural brasileira.

SERVIÇO:
Grandes Expedições à Amazônia Brasileira (Metalivros, 2009)
Texto: João Meirelles Filhos
Idioma: português
ISBN: 978-85-85371-78-4
Preço: R$ 140,00
244 páginas
244 imagens
www.metalivros.com.br
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FONTE :(Envolverde/Assessoria)

Pesadelo assombra os produtores de soja transgênica - Alejandro Nadal

A presença do sorgo resistente ao glifosato, em lavouras no norte da Argentina, já foi reconhecida pelo principal organismo encarregado de vigiar as ervas daninhas resistentes a herbicidas.

Um fantasma percorre os campos do Chaco, norte da Argentina. Após meses de investigação e acaloradas disputas, confirmou-se a existência de uma variedade de sorgo (Sorghum halepense – também conhecido no Brasil como capim Massambará, Pasto Russo ou Erva de São João) resistente ao herbicida glifosato, na província de Salta. É o primeiro caso de uma variedade de sorgo resistente ao glifosato desde que esse herbicida começou a ser usado no mundo, há três décadas. A difusão desta erva daninha através das colheitadeiras que circulam por todos os lados após cada safra não é um bom augúrio.

A presença do sorgo resistente ao glifosato já foi reconhecida pelo principal organismo encarregado de vigiar as ervas daninhas resistentes a herbicidas (www.weedscience.org). Essa descoberta é um pesadelo que se tornou realidade para os produtores de soja transgênica. É também uma lição para a Sagarpa (organização mexicana de proteção fitossanitária), que acaba de autorizar ilegalmente as primeiras plantações experimentais de milho transgênico no México. É o primeiro passo no caminho para autorizar a plantação comercial e consolidar a liberação do milho geneticamente modificado no México, centro de origem deste cultivo de importância mundial.

Vamos por partes. O Sorghum halepense é uma das dez principais ervas daninhas que afetam a agricultura de climas temperados. É uma erva daninha perene, dotada de grande capacidade de reprodução e sobrevivência ao controle por meios mecânicos. A ironia é que em muitos países, incluindo a Argentina, foi introduzido como uma espécie forrageira, por sua alta produtividade e capacidade de adaptação. Em poucos anos, converteu-se em uma praga cujo combate com agentes químicos teve grandes custos para os agricultores e para a biodiversidade.

Na luta contra essa “erva daninha perfeita” vinha se usando o glifosato, herbicida de amplo espectro que destrói, em plantas superiores, a capacidade de sintetizar três aminoácidos essenciais. É o herbicida seletivo de maior venda no mundo e sua expansão acelerou-se com os cultivos transgênicos como os da soja Roundup Ready, da Monsanto, geneticamente modificada para aumentar sua resistência ao glifosato. Hoje, a soja transgênica é plantada em cerca de 18 milhões de hectares na Argentina. Esse cultivo transformou a paisagem rural do pampa, transtornando as relações sociais que permitiam a pequena agricultura e abrindo as portas para o agronegócio em grande escala. As exportações de soja são o principal sustento da política fiscal Argentina: 18% da receita fiscal total vêm do imposto sobre as vendas de soja ao exterior. Mas o colapso desta bolha da soja é uma questão de tempo. A aparição do sorgo resistente ao glifosato é só um aviso. A soja transgênica usa um pacote tecnológico de plantio direto (ou lavragem mínima), onde se deixa o mato cobrir a terra para protegê-la da chuva e do vento. Isso reduz os riscos de erosão, mas deve ser acompanhado de um incremento no uso de herbicidas. Esse tipo de cultivo está associado a um crescimento espetacular do uso destes insumos: em apenas dez anos, o consumo de glifosato passou de 15 a 200 milhões de litros.

O resultado, no final do caminho, era de se esperar: cedo ou tarde, apareceriam espécies resistentes às estratégias desenhadas e implementadas por este modelo de agricultura comercial. Com a difusão do pacote tecnológico da soja transgênica, essa resistência apareceria mais rapidamente, pois o processo de co-evolução (que, no fundo, é o que rege esse fenômeno) iria se acelerando. É o que acontecerá também com o milho transgênico cujo plantio está sendo autorizado agora no México. A aparição de insetos resistentes à toxina produzida nos cultivos transgênicos Bt é uma questão de tempo.

Ainda não há registro de grandes populações resistentes à toxina Bt, mas em parte isso se deve à estratégia que consiste em deixar refúgios de plantas não transgênicas nas áreas plantadas. Nos Estados Unidos, essa prática tem sido acompanhada pelo uso complementar de inseticidas. Mas a advertência de ecólogos e agrônomos segue vigente: essas estratégias só retardam o processo de aparição de insetos resistentes ao Bt, não o detém. O cultivo de milho transgênico no México aumentará a probabilidade de surgimento de populações de insetos resistentes ao Bt em um menor espaço de tempo. Esse não é o único problema, mas o exemplo do sorgo na Argentina é um sinal que não devemos ignorar.

A trajetória tecnológica dos cultivos geneticamente modificados nos conduz a um beco sem saída. É claro que, para as empresas e seus cúmplices no governo, este é um bom instrumento para tornarem-se donas do campo, transformando-o em seu espaço de rentabilidade. Para a Sagarpa e o governo (falando aqui do caso mexicano) nada deve se interpor entre as companhias transnacionais e a rentabilidade, nem sequer a débil legislação sobre biossegurança que foi desenhada para servir aos interesses dessas mesmas empresas.
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FONTE : Alejandro Nadal é economista, professor pesquisador do Centro de Estudos Econômicos, no Colégio do México. Colaborador do jornal La Jornada, onde este artigo foi publicado originalmente dia 20 de outubro. Reproduzido da Agência Carta Maior.
Tradução: Katarina Peixoto - Agência Carta Maior

Projeto de lei que prevê mudança na legislação ambiental coloca em risco o ecossistema do Estado e apresenta inúmeras inconstitucionalidades.

O Sindicato dos Engenheiros no Rio Grande do Sul (Senge-RS) encaminhou uma carta direcionada ao presidente da Assembleia Legislativa, Ivar Pavan, dando o parecer contrário da categoria ao Projeto de Lei 154/2009, que dispõe o Código Estadual do Meio Ambiente, que estaria prestes a ser votado em plenário. Na carta, os engenheiros manifestam sua preocupação com as mudanças sugeridas que, segundo consta, “não foram amplamente discutidas e podem comprometer de forma decisiva a sustentabilidade dos processos de desenvolvimento do RS e a garantia de um meio ambiente equilibrado para as gerações futuras”.

O Senge-RS também alerta para as inconstitucionalidades do projeto e do momento inoportuno para a discussão, visto que está em tramitação no Congresso Nacional o aperfeiçoamento do Código Florestal Brasileiro. Para o presidente do sindicato, o engenheiro agrônomo José Luiz Azambuja, a proposta precisa ser debatida nos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente (Consema) e de Recursos Hídricos (CRH), que não foram consultados.

Azambuja também alerta para perigos iminentes de curto prazo que as alterações podem provocar. “As áreas de Preservação Permanente (APP) seriam reduzidas, exigindo-se um limite de apenas cinco metros para proteger os cursos de água. Esta dimensão não seria suficiente, pois qualquer aplicação de agrotóxico poderia transpor essa barreira e atingir os recursos hídricos”, explica.

Na carta, os sindicalistas também apontam que as APPs remanescentes podem ser insuficientes para a regeneração natural das espécies e para abrigo da fauna silvestre. “A reserva legal é abolida da proposta, ignorando a legislação federal, e muitas propriedades poderiam eliminar a vegetação natural na sua totalidade, o que vai contra qualquer lógica de preservação que o mundo hoje nos exige”, finaliza Azambuja.

Deputados ruralistas já tentaram colocar a PL 154/2009 em votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa em dois momentos: um no final de outubro e outro no começo de novembro, mas por enquanto a oposição tem conseguido impedir que o projeto siga adiante.

Leia a íntegra da carta:

Carta nº 197/2009-SG Porto Alegre, 17 de novembro de 2009.


Exmo. Sr.
Dep. Ivar Pavan
DD. Presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul
Praça Marechal Deodoro, 101
Nesta Capital


Senhor Presidente:

O Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE-RS), ciente da sua responsabilidade para com a sociedade gaúcha, com a preservação do meio ambiente com vistas a garantir condições dignas à atual e às futuras gerações e com um padrão de desenvolvimento sustentável para o Estado, vem manifestar a posição dos engenheiros em relação ao Projeto de Lei n° 154/2009, que dispõe sobre o Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências.

O SENGE-RS manifesta-se contrário à aprovação do PL 154/2009, da forma como foi apresentado, pelas razões abaixo elencadas:

- Consideramos que o momento é inconveniente para este debate no RS, tendo em vista que está em curso um grande debate nacional sobre o aperfeiçoamento do Código Florestal Brasileiro, e, portanto, qualquer alteração na legislação estadual antes das mudanças na política nacional poderá ser inoportuna ou mesmo conflitante com as definições em nível federal;

- As alterações propostas são eivadas de inconstitucionalidade, na medida em que contrariam o Art. 40 da Constituição Estadual que prevê a edição de três Códigos Estaduais I - do Meio Ambiente; II - de Uso e Manejo do Solo Agrícola; e III – Florestal, que são revogados pelo Art. 305 do PL 154/2009;

- As alterações propostas, revogando 07 leis estaduais, não foram discutidas com a profundidade que exige uma mudança na legislação que pode comprometer de forma decisiva a sustentabilidade dos processos de desenvolvimento do RS e a garantia de um meio ambiente equilibrado para as gerações futuras;

- O Projeto de Lei 154/2009 deveria, minimamente, ser debatido nos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente (CONSEMA) e de Recursos Hídricos (CRH) que elaboraram a legislação que está em vigor. Esses organismos não foram consultados sobre as alterações propostas.

- O nosso Estado possui um sistema já consolidado de gestão de recursos hídricos/ambiental: o Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos formado pelas 25 bacias hidrográficas e seus respectivos comitês de bacia, que congregam praticamente toda a população em todas as regiões do Estado.

- A proposta contida no PL 154 flexibiliza aspectos da legislação estadual o que a coloca em desacordo com a legislação federal e, especialmente, em relação ao Código Florestal (Lei n°4771/1965);

- As Áreas de Preservação Permanente (APP) são reduzidas, exigindo um limite mínimo de cinco metros para proteger cursos d’água, o que é inaceitável. Com esta dimensão não tem condições de proteger os recursos hídricos, não permite condições para a regeneração natural de espécies que precisam de locais sombreados, bem como não atende as necessidades para abrigo da fauna silvestre. Além disto, qualquer aplicação de agrotóxicos atingirá, inevitavelmente, os recursos hídricos, seja por deriva ou por percolação devido à proximidade, pois a mudança está sendo proposta justamente para ocupar estas áreas com cultivos anuais ou pastagens.

- A Reserva Legal é abolida, ignorando a legislação federal, e precisa ser incluída no texto, pois muitas propriedades não têm ou tem poucas áreas de APP e nesta lógica poderiam eliminar a vegetação natural na sua totalidade;

- A eliminação de projeto técnico ou fiscalização para a implantação de florestas exóticas, retira do Estado à capacidade de regulação em relação à ocupação com espécies florestais exóticas de espaços a serem preservados, bem como áreas prioritárias para a produção de alimentos.

- A redução do limite das multas, implicando que em casos de elevado ônus ambiental o custo da recuperação seja do Estado e, por conseqüência, da sociedade.

Desta forma, o Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul propõe:

1 - A rejeição do PL 154/2009;

2 - Que as discussões de eventuais mudanças na legislação ambiental estadual só tenham continuidade após a conclusão do processo de alteração da legislação ambiental federal que tramita no Congresso Nacional, de modo a compatibilizá-las evitando conflitos;

3 - Que seja promovido, em momento oportuno, um amplo debate com a Sociedade Gaúcha, movimentos sociais, entidades de classe, Conselhos relacionados com a questão ambiental e órgãos ambientais de maneira a formatar uma nova proposta afinada com os interesses do conjunto da sociedade gaúcha e com os pressupostos de sustentabilidade.

Sendo o que tínhamos para o momento, colocamo-nos à disposição para esclarecimentos adicionais, que eventualmente se façam necessários.
Cordialmente,
Eng. Agr. José Luiz B. de Azambuja
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FONTE : Senge/EcoAgência

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

AMBIENTE : caminhão leva arte em SC

O projeto A Mata Atlântica é aqui, uma exposição itinerante sobre ecologia e meio ambiente, chegou a Florianópolis ontem. A mostra percorre cidades do Sul e Sudeste do Brasil em um caminhão adaptado com palco para manifestações artísticas de temática socioambiental. Em Florianópolis, o caminhão recebe o público no Parque Ecológico do Córrego Grande até domingo. Depois, o projeto vai para Blumenau e Joinville.

Programação
Parque Ecológico do Córrego Grande
Hoje: das 10h às 16h – visitas monitoradas pré-agendadas com grupos e escolas da região
Amanhã: das 10h às 16h – visitas monitoradas pré-agendadas com grupos e escolas da região
15h – plantio simbólico em parceria com a Floram
Sábado: atividades das 10h às 16h
15h – Cinemata – exibição de vídeos com temas socioambientais
Domingo: atividades das 10h às 16h
14h – apresentação de Capoeira de Angola com a Associação Cultural Ilha de Palmares
16h – encerramento
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FONTE : DC, edição de 26/11/2009

GRANDES REFORÇOS : treinados para resgatar vidas em SC

Eles ainda são filhotes e só querem saber de bagunça. Correm, mordem e lambem. Mas a brincadeira está integrada a um cronograma de treinamento especial. Google e Ice, filhotes de labrador, são os mais novos integrantes do Corpo de Bombeiros Militares de Itajaí e vão participar de missões de busca e salvamento no Litoral.

Os cães têm apenas dois meses. Vieram de Xanxerê, no Oeste catarinense. Google e Ice só vão começar o trabalho quando completarem um ano e meio.

– Eles estão na fase de socialização e estão pegando o gosto pela brincadeira – explica o soldado Sílvio Mendonça Lima Jr, responsável por Google.

Lima Jr e o soldado Evandro Amorim participaram de um curso de treinamento de cães em Xanxerê. Por 15 dias, aprenderam como adestrar os cachorros e foram habilitados como binômios.

– O binômio é a dupla. O soldado e o cão formam um binômio e são parceiros para o resto da vida – diz Amorim, que treina Ice.

Os labradores são irmãos e nasceram em uma ninhada de seis filhotes. Em Itajaí, os irmãos treinam três horas diárias. Em um cercado, nos fundos do batalhão, foi construída a base de treinamento.

– Além desse treinamento, Google e Ice não têm rotina pré-definida. Eles comem e treinam em horários diferentes para se acostumarem aos mais diferentes emergências – destaca Amorim.

Google e Ice vão trabalhar em missões de área urbana (escombros, deslizamentos), área rural (matagal e lagos) e na procura de restos mortais e corpos escondidos.
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FONTE : DC, sucursal de Itajaí

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Comer menos carne ajuda o planeta e o coração, afirma estudo

Passar por cima da terceira porção de carne assada, salvar o planeta e fazer um favor ao seu coração, simultaneamente.

Esse é o conselho de Alan Dangour, da London School of Hygiene and Tropical Medicine e colegas que, juntos, exploraram o potencial da indústria do gado no Reino Unido, a fim de ajudar a reduzir as emissões de carbono pela metade até 2030, em relação aos níveis de 1990, além de fazer uma avaliação sobre os efeitos na saúde da nação.

Eles descobriram que a indústria poderia reduzir as suas emissões, mas apenas se o gado consumido e produzido no Reino Unido fosse reduzido em 30%. Fazendas também poderiam otimizar a eficiência energética, por exemplo, capturando carbono em adubos.

Os cortes nos gastos de saúde seriam consideráveis: 18 mil pessoas deixariam de morrer prematuramente em decorrência de ataques cardíacos --uma redução de 17%--, assim como haveria menos ingestão de gorduras saturadas, tipicamente encontradas nas gorduras da carne.

Os efeitos não se limitariam apenas às nações ricas. A equipe descobriu que o Brasil poderia alcançar os mesmos benefícios de saúde. "Nós não estamos dizendo para que sejam vegetarianos, estamos falando em reduzir a quantidade de produção e de consumo", diz Dangour. A poupança poderia ser ainda maior, se as taxas de morte por câncer colorretal e obesidade forem incluídas, diz ele.

O agrônomo Kenneth Cassman, da Universidade de Nebraska, alerta que o corte na produção em uma região pode impulsioná-la em outro lugar, causando o efeito reverso: um aumento nas emissões globais.

"Reduzir a produção de produtos de origem animal em um país desenvolvido como o Reino Unido faz pouco para influenciar as tendências mundiais na produção e consumo, onde a maior parte do aumento na demanda, daqui e até 2050, virá de países em desenvolvimento", diz ele.
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FONTE : Folha de São Paulo

O LIXO VISTO DOS CÉUS DE SC

Em 24 de novembro de 2009, o Instituto Eco&Ação, integrante da Procuradoria Ambientalista/ONGs Brasil, realizou um sobrevôo de helicóptero sobre o extremo sul de Santa Catarina. A iniciativa faz parte do projeto de elaboração de um diagnóstico da disposição dos resíduos domésticos e industriais de Santa Catarina. Convidamos dois cinegrafistas para testemunhar e documentar alguns dos crimes ambientais que tranquilamente são praticados naquela região. Mortineli, da RBS, não mediu esforços para capturar as melhores imagens. Quem sabe, sabe! No assento ou no chão do helicóptero, mirando sua filmadora pra direita, pra esquerda... sempre na busca do melhor ângulo, o expert não parava quieto!

A ‘experiência verde’ do piloto Rogério Giassi, que costuma filmar a estada das baleias francas na nossa costa, foi muito importante para o sucesso da nossa missão.

Nas duas horas de sobrevôo, o que vimos lá de cima?

- Empresas (algumas que possuem fachada bonita, premiações internacionais pelo bom desempenho) jogando o rejeito da sua produção (lixo contaminado) no seu quintal ou em lugares estrategicamente escolhidos devido à dificuldade de acesso por terra;

- Aterros sanitários, construídos especialmente para tratar o lixo nosso de cada dia, estão em situações precárias, deixando de fazer a ‘lição de casa’. Um deles, que funciona por força de um TAC firmado com o Ministério Público Federal, já virou lixão. O mau cheiro chegou ao nosso nariz, a 300 metros de altura. Mas, com certeza, seus cofres recebem o pagamento – principalmente das prefeituras - para tratamento e destinação final correta dos resíduos que os municípios produzem.

- Um incinerador de lixo hospitalar sem qualquer cuidado com o lixo que recebe. E que deveria estar lacrado; mas a ordem judicial para tanto foi suspensa em instância superior e só Deus sabe quando ocorrerá o julgamento definitivo do causu.

- Muito lixo jogado em beira de estrada, em zona urbana, em locais já degradados pela mineração, em locais praticamente inacessíveis por terra; escondido em clareiras na mata... e muita gente mexendo em lixo, sem qualquer proteção; tentando sustentar sua família com o fruto de trabalho sub-humano.

Não nos preocupamos com as montanhas de pirita porque isso será objeto de outra subida aos céus...

As imagens capturadas serão entregues aos órgãos competentes para que tomem as medidas legais cabíveis: autuação, embargo das atividades, aplicação de multas, recuperação do dano que estão causando... ou até mesmo a assinatura de TAC (Termo de Ajuste de Conduta).

Bom, no mesmo dia, tanto a RBS como a TV Cultura manifestaram interesse no tema – que atinge a vida e a saúde de todos –e veicularam reportagem a respeito.

A Baby, apresentadora de um dos programas do Canal 19, pegou-me de surpresa ao perguntar: “vocês fazem tudo isso, levam ao conhecimento dos órgãos competentes, vêem que nada é feito e como vocês se sentem? Não perdem o estímulo?”

Não, Baby, embora seja inegável o sentimento de frustração que às vezes nos invade... Mas sabemos que devemos fazer algo para preservar nosso Planeta. A nossa EcoConsciência fala mais alto! E, se pudermos contagiar as pessoas a denunciarem as ilegalidades, a buscarem o cumprimento das nossas leis, já teremos avançado muito nos nossos propósitos!
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AUTORA : Ana Echevenguá, advogada ambientalista, coordenadora do programa Eco&Ação, presidente do Instituto Eco&Ação e da Academia Livre das Água, e-mail: ana@ecoeacao.com.br, website: www.ecoeacao.com.br.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CLIMA MUNDIAL : E-MAILS ROUBADOS

Computadores da Universidade East Anglia, no Reino Unido, foram invadidos e mais de mil e-mails e 3 mil documentos trocados entre cientistas do clima foram roubados, abrindo polêmica no mundo acadêmico a poucas semanas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague. O material, que revelaria uma suposta manipulação de dados para reforçar a tese do aquecimento global, está sendo usado por céticos para alertar que a necessidade de corte de emissões de CO2 não passaria de uma farsa planetária. Cientistas afirmam que o roubo faz parte de uma campanha para evitar um acordo climático.

Muitos dos e-mails roubados foram trocados entre cientistas que participaram do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O documento, de 2007, foi o primeiro a confirmar que o aquecimento global é resultado da atividade humana. Phil Jones, que teve e-mails roubados, diz que palavras como "truque" e "esconder a queda" foram usadas fora de contexto pelos hackers.

Mas a polêmica já virou debate político. Lord Lawson, cético da mudança climática, pediu investigação e disse que a credibilidade da ciência está em jogo. O secretário-geral da Organização Mundial de Meteorologia (WMO, na sigla em inglês), Michel Jarraud, rejeitou a tese. "É lamentável que ainda traga impacto um rumor como esse." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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FONTE : Agência Estado

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Energia limpa e viável em SC

Em tubos de ensaio, pesquisadores da Universidade Federal de SC (UFSC) trabalham num projeto que promete revolucionar o mercado de produção de etanol. No laboratório de bioquímica nasceu a ideia que busca aumentar a produção de biocombustíveis, no caso, o etanol, com a mesma quantidade de cana-de-açúcar.

O trabalho liderado pelo pesquisador Boris Stambuk consiste no melhoramento genético de leveduras – fungos – utilizadas na produção do etanol. No laboratório, a equipe obteve ganhos de até 10% na produção de álcool a partir da mistura de cana-de-açúcar com a levedura modificada.

– Na produção de uma usina, isso representa muita coisa – destaca.

O estudo foi parar na capa de revistas científicas especializadas e agora parte para a aplicação prática. A pesquisa será testada no próximo ano em escala industrial, numa usina no interior paulista (veja explicação abaixo).

Peruano radicado em SC, Stambuk trabalha com pesquisas de leveduras desde 1990. Mas só em 2004 iniciou o projeto que o levou a passar um período como professor visitante na Universidade de Stanford, na Califórnia.

Fungos microscópicos, as leveduras exercem papel fundamental na transformação do açúcar da cana em álcool durante a fermentação. O que a equipe de Stambuk fez foi alterar o genoma (informação hereditária codificada no DNA) da levedura, aumentando a capacidade de produção do etanol na fermentação.

Na usina, a mesma levedura é usada em vários ciclos de fermentação. E bastam alguns quilos da levedura modificada para aumentar o rendimento de uma tonelada de melaço de cana-de-açúcar.

Nova imagem para o carvão

O carvão catarinense, que tem um histórico centenário de poluição provocada pela extração no Sul do Estado, também virou foco de estudos que buscam alternativas energéticas limpas. Um dos trabalhos mais avançados concentra-se na área de gaseificação do carvão mineral.

O gás produzido, além de ser uma energia limpa, poderia se tornar uma importante alternativa para a indústria cerâmica da região Sul, destaca o engenheiro Fernando Zancan, secretário-executivo do Sindicato da Indústria da Extração do Carvão de SC (Siecesc) e presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral.

O processo de gaseificação consiste em converter o carvão mineral em combustível sintético de aplicação direta na produção de energia. Zancan explica que foram firmadas parcerias internacionais para avançar com pesquisas práticas nas indústrias nos próximos dois anos. Em um primeiro momento, a gaseificação do carvão visa à produção de gás industrial. Mas esse mesmo gás poderia ser empregado na geração de energia elétrica ou na produção de combustíveis líquidos, como o hidrogênio.

A construção do Centro Tecnológico de Carvão Limpo, em Criciúma, promete representar um grande avanço no setor.

As obras de infraestrutura do terreno estão em andamento. No início de 2010 começa a construção do primeiro prédio do complexo, com 1,5 mil metros quadrados. Ele deve ficar pronto ainda no próximo ano, e abrigará um centro de documentação e uma área de pesquisa para 64 profissionais. Ao todo, o complexo terá 12 mil metros quadrados – resultado de R$ 15 milhões em investimentos do governo federal e estadual.

De vento em popa

Recursos gratuitos e abundantes em SC, o sol e o vento mostram, na prática, resultados eficazes como fonte de energias limpas. O potencial eólico é o que está mais avançado e deve ganhar novos impulsos no próximo ano.

O professor Sergio Colle, coordenador do Laboratório de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de Energia da UFSC, diz que, além de Água Doce (Meio-Oeste) e Bom Jardim da Serra (Serra), onde existem parques eólicos, o potencial do uso do vento como energia é grande em Laguna e na Praia de Moçambique, em Florianópolis.

Hoje, Água Doce tem dois parques, coms potência de 9 e 4,8 megawatts. Bom Jardim da Serra tem um, com potência de 0,6 megawatt. Mas a cidade serrana é alvo de investimentos da argentina Impsa, cujo projeto é construir 62 aerogeradores – com cem metros de altura cada –, gerando 93 megawatts, o suficiente para fornecer energia a 300 mil pessoas.

O secretário de Planejamento de Bom Jardim, Áureo Ribeiro Cassettari, diz que a meta é que o parque comece a funcionar até o final de 2010.

Na Grande Florianópolis, a Ventus Participações está à frente do Parque Eólico no Morro da Boa Vista, em Rancho Queimado, que deve operar em 2012. O projeto custará R$ 150 milhões e gerará 28,8 megawatts.

A produção de energia solar caminha a passos mais lentos. O professor Sergio Colle, que também coordena o Laboratório de Energia Solar da UFSC, reclama da falta de políticas públicas de incentivo.

– Santa Catarina tem um dos menores potenciais do país para energia solar, mas, ainda assim, ele é maior que a maioria dos países europeus.

Nada se perde, tudo se reaproveita

Boas ideias não estão restritas aos laboratórios. Empresa criadoura de suínos para a agroindústria Aurora, a Maiale abriga hoje geradores de energia elétrica que funcionam à base de esterco de porco (veja quadro abaixo).

As primeiras experiências foram realizadas há seis anos. Hoje, o sistema abastece as duas granjas de suínos, que abrigam 13 mil animais. Duas caldeiras e três geradores estão incorporados a ele. O próximo passo é canalizar o vapor para utilizá-lo no aquecimento dos filhotes.

– A grande sacada seria vender o excedente de energia que produzimos e não consumimos, mas não temos autorização para isso – conta o diretor Fabiano Mario Lanznaster.

O gás excedente é queimado. Com a queima, o metano (CH4) é transformado em gás carbônico (CO2), reduzindo os níveis de poluição. O metano tem um efeito poluente 21 vezes mais forte do que o gás carbônico.

O projeto ainda garante créditos de carbono para a empresa. Previstos pelo Protocolo de Kyoto, assinado em 2001, os créditos são vendidos como títulos em bolsa de valores para países ou cidades que não conseguem reduzir os seus níveis de poluição.

A Maiale estruturou o projeto via parceria com uma agência de certificação de crédito de carbono, que bancou o investimento inicial. Hoje, a agência fica com 90% do valor obtido com os créditos, e a empresa, com os 10% restantes. A Maiale já recebeu parte de duas vendas – em 2007, foram R$ 3,5 mil; e em 2008, R$ 9,5 mil.

O que a empresa faz para consumo próprio pode ganhar uma versão em larga escala no médio prazo. O governo do Estado trabalha para consolidar o investimento da alemã ME-LE, que planeja construir a primeira usina de biogás alimentada por dejetos suínos em SC. A unidade seria erguida em Ipuaçu, no Oeste do Estado.

O empreendimento, o primeiro desta natureza no Brasil, está orçado em 1,5 milhão de euros (R$ 4 milhões). A proposta é construir uma usina capaz de consumir os dejetos de 120 mil suínos ao ano.
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FONTE : Diário Catarinense, edição de 23 de novembro de 2009.

domingo, 22 de novembro de 2009

I Encontro Sulamericano de Populações Afetadas pelos Projetos Financiados pelo BNDES

Nos dias 23, 24 e 25 de novembro próximo, será realizado no Rio de Janeiro o seminário – “Atingidos – I Encontro Sulamericano de Populações Afetadas por Projetos Financiados pelo BNDES”. Esse Encontro pretende reunir e dar voz às populações que hoje estão com seus direitos violados e sofrem com os impactos da atuação do banco nos setores de papel e celulose, etanol, hidrelétrica, mineração e pecuária.

No último FSM, ocorrido em Belém em janeiro de 2009, a Plataforma BNDES – uma articulação de mais de 20 organizações, movimentos sociais e redes que lutam pela reorientação do BNDES no sentido do fortalecimento do seu caráter público, – organizou uma oficina que visou reunir e dar voz às populações que vivem no entorno dos projetos financiados pelo Banco. Nesse encontro foram evidenciados os graves impactos que sofrem essas populações em função da instalação ou desenvolvimento de projetos que contam com volumosos recursos do BNDES.

Nessa ocasião ficou clara a importância de se considerar a corresponsabilidade do BNDES tendo em vista a forma desastrosa com que esses projetos se instalam nos territórios, como se esses fossem espaços vazios e não o espaço de sociabilidades, o espaço de todos. Ao contrário, sem qualquer planejamento que inclua as pessoas que nele habitam, o território é apropriado como o espaço de alguns poucos grupos econômicos.

A responsabilidade do BNDES nesse processo não advém apenas porque o Banco viabiliza economicamente esses projetos concedendo empréstimos em condições extremamente favoráveis. Ele é também responsáveis por não incluir em seus procedimentos de análise,avaliação e contratação parâmetros sociais ou ambientais que resulte numa análise mais criteriosa e responsável com os frutos sociais, econômicos e ambientais de tais empreendimentos.

A falta de cláusulas que salvaguardem as populações locais dos impactos que acompanham esses projetos tem colocado o BNDES “na berlinda” tal como foi destacado em matéria veiculada pela Folha de Saõ Paulo: “…mais de R$ 6,2 bilhões saídos do BNDES nos últimos dois anos tiveram como destino sete negócios em que a dor de cabeça foi o maior retorno obtido pelo banco. São empresas que foram obrigadas a dar, nos últimos meses, explicações por práticas sociais, ambientais ou financeiras não condizentes com os manuais de boa gestão” (Informações da Plataforma BNDES).
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FONTE : Brasil Autogestionário

IV SEMINARIO SOBRE QUESTÕES AMBIENTAIS DA COSTA DOCE

A Laguna dos Patos e as mudanças climáticas. “Para onde vamos? Qual planeta que queremos?”

Exposição e oficinas de materiais reciclados.

Exposição de Artesanato.

Local para descarte de pilhas, baterias de celulares, celulares e aparelhos eletrônicos,

8:00h-Inscrições

8:30h -Atividades na orla da Laguna dos Patos pelo SESC

9:30h – Abertura do Seminário pela Sra. Joselena Maria Becker Scherer, Presidente da Associação Ambientalista Biguá

10:00h
Painel
- O Homem como um todo
- Uso Consciente das Plantas Medicinais – cuidados e correta utilização
- Aula prática demonstrática
Giuliana Bueno Ricciardi – Professora de Fitoterapia, Terapeuta Natural ( Plantas Medicinais, Florais, Auriculoterapia, Reiki e Iridologia)

12h
Livre para almoço.

14 h.
Atividades Lúdicas desenvolvidas pelo SESC

15h 10 min.
Coral de o “ Grupo Doce Viver” – Projeto Conviver da Prefeitura Municipal

15h. 30min
Mesa Redonda
Enrico Ramis Blota – Biólogo na área de Laudo, Consultoria e Conservação ambiental e Ambientalista com ênfase na manutenção dos ecossistemas naturais;
“O Ambiente e as Mudanças Climáticas”.

Júlio Wandam – Ambientalista, Educador Ambiental, Ativista da ONG Os Verdes/RS
Abordagem: “Aquecimento local e as mitigações possíveis”

17h.
Debates questionamentos e depoimentos.

17h 30 min.
Encerramento do Seminário pela Sra. Joselena Maria Becker Scherer, Presidente da Associação Ambientalista Biguá.

Data:05 de Dezembro de 2009 (sábado)
Horário: 8:00h às 17:30h
Local: Ginásio da Igreja N.Sra. dos Navegantes
Rua Idelfonso Pereira – Arambaré
Inscrições: No local
Informações: biguá_arambare@ig.com.br e pelos telefones 51-9655-5696 e 9327-0250
Taxa de inscrição: 1 alimento não perecível a ser doado para a Assistência social do Município(opcional)
Apoio : Secretaria Municipal da Saúde

Ivan Valente critica MP do governo que flexibiliza legislação ambiental

O deputado federal Ivan Valente, membro da Comissão Especial criada pela Câmara Federal para reformar o Código Florestal Brasileiro, criticou nesta sexta-feira (13) a Medida Provisória em elaboração pelo governo para derrubar o Decreto 6.686/08, que institui sanções penais e criminais a atividades lesivas ao meio ambiente e em desconformidade com a legislação ambiental.

A Câmara dos Deputados criou Comissão Especial para reformar o Código Florestal Brasileiro. A motivação é o prazo para entrada em vigor do Decreto 6.686 de 2008, que institui sanções penais e criminais a atividades lesivas ao meio ambiente e em desconformidade com a legislação ambiental. Os setor ruralista pretende flexibilizar ao máximo os critérios da lei ambiental, visando a livre execução de suas atividades agropecuárias sem precaução ambiental e impedindo qualquer enquadramento penal. Por isso, tenta revogar várias leis ambientais e afirmar um Código Florestal ruralista.

O preparo da MP foi anunciado pelo jornal Valor Econômico do dia 13 de novembro e também havia sido antecipado pela Folha de S. Paulo de 23 de outubro. Estaria sendo gestada pelos ministros do Meio Ambiente Carlos Minc, da Agricultura Reinold Stephanes, do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel e da Casa Civil, Dilma Roussef, mediados pelo próprio presidente Lula, em reunião realizada em São Paulo.

Eis as principais críticas apresentadas por Ivan Valente à Medida Provisória:

1. Instituir autonomia a Estados e Municípios: a responsabilidade pela determinação dos limites de Reserva Legal e Área de Preservação Permanente deve permanecer com a União. Essa mudança possibilitaria um ambiente de extrema pressão de empresas e corporações sobre frágeis órgãos ambientais locais e desarticularia o princípio constitucional da responsabilidade concorrente e complementar entre os entes federados no que tange à proteção ao meio ambiente.

2. Adiamento de 18 meses para entrada em vigor do Decreto. Essa decisão é política e visa a amaciar a bancada ruralista e particularmente atender aos ruralistas da base aliada – PMDB em primeiro lugar.

3. Transferir para outras bacias hidrográficas e até para outros biomas a obrigação do proprietário pela compensação ambiental de reflorestamento em áreas desmatadas ilegalmente pelo agronegócio, o que derruba o critério de gestão ambiental integrada a partir da unidade de gestão relativa ao dano causado e impossibilita a recomposição ecológica específica das espécies afetadas pela atividade enquadrada pela lei ambiental.

4. Estabelecimento de benefícios para propriedades de até 400 hectares na Amazônia e até 150 hectares nas demais regiões brasileiras, quando a legislação florestal atual estabelece (art. 1, parágrafo 2 da Lei 4.771/65) que pequenas propriedades rurais são aquelas de até 150 na Amazônia e até 30 hectares nas demais regiões do país.

5. Liberar atividade agropecuária e madeireira em áreas de morros, encostas e montanhas, o que significa total contra-censo diante das recentes tragédias ocorridas em Santa Catarina, onde as encostas potencializam os deslizamentos de terra e representam perigos crescentes a residências, rodovias e áreas urbanas e rurais.

6. Moratória de 120 dias como prazo adicional, durante o qual grande produtor fica anistiado da aplicação de multas, sanções financeiras e até penas restritivas de liberdade aplicada a grandes empreendimentos agropecuários que cometam crimes ambientais graves. É mais uma facilidade aos grandes proprietários.

Para Ivan Valente, além disso, esse processo acontece em meio a uma série de atropelos regimentais, constitucionais e institucionais. “Não bastassem os métodos anti-democráticos pelos quais os ruralistas quiseram dominar a Comissão Especial do Código Florestal e a tentativa frustrada, até agora, de aprovar um substitutivo apelidado de Floresta Zero (mudança do Código Florestal, particularmente em relação às Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal), o governo prepara uma MP que trata dos mesmos temas debatidos na Comissão e baixará medidas à revelia da discussão no Congresso, atropelando o trabalho em curso na Câmara dos Deputados”, concluiu o parlamentar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

As arbitrariedades contra ambientalistas seguem no CONSEMA-RS

A crise ambiental que se instalou no Rio Grande do Sul, está exposta pela proposta de alteração do Código Estadual do Meio Ambiente, que seria a pá de cal sobre a legislação ambiental. Mas estamos todos os dias expostos e vulneráveis à propostas imorais e contrarias aos interesses de sociedade. O governo do Estado do Rio Grande do Sul esta interferindo no processo de sucessão das entidades da sociedade civil que tem vagas no Conselho Estadual do Meio Ambiente. Através da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, com parecer jurídico da Casa Cívil, impede que as entidades ambientalistas indiquem suas representações e representantes, por intermédio e deliberação da Assembléia Permanente das Entidades em Defesa do Meio Ambiente – APEDeMA, espaço que congrega entidades de distintas regiões do Estado.

Mais uma vez a Apedema vem a público para denunciar as arbitrariedades desta gestão do Estado, e solicitar apoio de todos para que neste dia 20 de novembro, esta sexta-feira, às 14:00, participem da 123ª REUNIÃO ORDINÁRIA DO CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Os direitos da sociedade civil organizada, são seus direitos.

Participe e acompanhe a 123ª Reunião CONSEMA

Dia 20/11 às 14 horas na sede da SEMA(Rua Carlos Chagas, 55, 11º andar – sala 1108)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eletrobrás elaborou cartilha com propaganda enganosa sobre projetos de hidrelétricas no rio Tapajós

A Eletrobrás fez uma espécie de cartilha com material publicitário patrocinado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em que apresenta “um novo conceito em hidrelétricas” inspirado em plataformas de exploração de petróleo em alto mar.

Seria hilário se não fosse trágico. As autoridades do governo federal em especial do MME e da Casa Civil estão tão embriagadas com essa orgia energética que acabam ficando criativos. A Eletrobrás está apresentando nesse folhetim uma chamada “inovação” na construção de hidrelétricas na Amazônia. O tom é de ufanismo, tipo, “hidrelétricas do bem” (isso significa que para eles as outras que estão sendo construídas não são) ou “desmatamento cirúrgico” (inspirado no Bush) ou ainda “reflorestamento radical”.

Essa peça publicitária com propaganda enganosa será distribuída à população na região do Tapajós. O conteúdo, além de conter frases de efeito, é subliminar, faz crer que a construção é iminente, passa batido sobre o processo de licenciamento ambiental e tem ilustrações que levam a falsa impressão de que não haverá impactos ambientais e sociais graças ao novo conceito de “usinas plataforma”.
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FONTE : Telma Monteiro

Mulheres são as principais vítimas das mudanças climáticas

O Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, divulgou nesta quarta-feira o ‘Relatório Sobre a Situação da População Mundial 2009′; as mulheres são maioria entre 1,5 bilhão de pessoas que vivem com US$ 1 ou menos por dia.

As mulheres de países pobres estão entre as maiores vítimas dos desastres provocados pelo aquecimento global, embora elas não sejam responsáveis pela maioria das ações que poluem o planeta, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa.

“O Relatório Sobre a Situação da População Mundial 2009 chama a atenção para as áreas litorâneas do planeta, que são especialmente atingidas por enchentes devido às mudanças climáticas.

O documento, que foi divulgado ao mesmo tempo em 120 cidades do mundo, diz que as mulheres pobres são vulneráveis principalmente pela condição de desigualdade com os homens que enfrentam em muitos países. Elas são maioria entre 1,5 bilhão de pessoas que vivem com US$ 1 ou menos por dia.

Os pesquisadores afirmam que é preciso investir na emancipação dessas mulheres, com acesso amplo a educação e saúde, porque assim elas aprenderão a fazer controle familiar, o que as levará a comandar famílias menores, mais saudáveis e mais prósperas.

Papel
A mulher também é apontada para um papel multiplicador que levaria adiante a ideia de que é preciso diminuir a poluição do planeta para combater o aquecimento”.

Para a diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas, Thoraya Ahmed Obaid, é preciso transformar as 3,4 bilhões de mulheres do mundo em agentes da mudança, em vez de relegá-las à condição de vítimas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

TEM ÁGUA NA LUA ! - Montserrat Martins

A Nasa anunciou oficialmente este mês a descoberta de água na Lua, o que anima os cientistas em suas pesquisas que incluem até as origens da vida e do Universo. Bilhões e bilhões de dólares serão gastos nesses projetos, mas quem pode criticar um investimento em ciência, capaz de reverter em benefícios para toda a humanidade ?

Ao mesmo tempo, a água no nosso planeta não tem recebido ainda a atenção proporcional à sua importância, ao contrário, tem sido tratada como se fosse um recurso inesgotável. Após a reação de choque inicial, na época das notícias sobre a mortandade dos peixes no Rio dos Sinos, parece que nos acostumamos com a agonia daquele rio, assim como com o emperramento do projeto pró-Guaíba. Não que faltem verbas, ou financiamentos internacionais. Mas problemas nas prestações de contas fizeram estancar esses recursos e também nos conformamos com isso, ao que parece, pois aparentemente esse tipo de informação não provoca clamor popular, nem vende revistas como vendem as fofocas sobre as vidas fictícias dos personagens de novelas, ou sobre as contratações no futebol.

Sabemos que a Gisele Bündchen é casada com um quarterback, uma posição importante no futebol americano, mas quem conhece o projeto Água Limpa que a sua família desenvolve no município de Horizontina? Trata-se da preservação das nascentes dos lajeados e das matas ciliares às margens destes, num modelo de uso sustentável que poderia ser reproduzido em todos os municípios, pois prevê apoio e assessoria técnica aos agricultores locais.

Tomara que a notícia sobre a água na Lua seja tema de filmes e programas sensacionalistas de TV prometendo decifrar os mistérios do universo, que chamem a atenção do público para a relação da água com a vida. Que se debata cada vez mais a raridade das condições de vida como a de nosso planeta e de suas condições climáticas propícias à espécie humana, a mesma que está destruindo tais condições favoráveis. Pois quando se diz que "o desmatamento na Amazônia diminuiu" não significa que temos mais verde na região e sim que o desmatamento continua, só que num ritmo um pouco menor. E porque nossa indignação não se faz ver ?

É verdade que a vida é complicada, estressante, temos problemas demais e nos sentimos frustrados, impotentes, para pensar o que fazer com as questões graves que as autoridades não enfrentam. Mas não é só isso, não são só os governos que negligenciam esses assuntos, mas todos nós. Somos imediatistas e essa é a razão maior da nossa desgraça. Queremos diversão e lucros com urgência e não nos habituamos a pensar a longo prazo, sobre o esgotamento do maior patrimônio de todos, a natureza. Não sabemos o que fazer com tanto plástico, com tanto lixo, muito menos com os resíduos radioativos das usinas nucleares.

Apatia e passividade estão entre nossos maiores inimigos. Claro que frustrações desanimam, mas vejam por exemplo a Diza Gonzaga, em sua luta na prevenção de acidentes. Ao contrário do que fazemos na maior parte do tempo, ela não se entregou, não se acomodou, não passou a preencher o vazio com os noticiários sobre celebridades. Por falar nisso, eu também não sabia o que é um quarterback, mas aí ninguém tem culpa, se eu ainda não tinha lido as revistas certas.
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AUTOR : Montserrat Martins, médico psiquiatra de P. Alegre

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Já somam 355 as espécies da fauna catarinense em avaliação para a Lista Vermelha

A elaboração da Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção em Santa Catarina já alavanca números preliminares. Até agora, 355 espécies, dos 14 grupos de fauna, encontram-se em análise pelos pesquisadores que participam do trabalho.

“A destruição dos “habitats” é uma das justificativas mais citadas para a possível inclusão de uma espécie na Lista Vermelha. Entretanto vai além. “Destruir a biodiversidade implica também em eliminar espécies que sequer conhecemos”, afirma a coordenadora executiva do projeto, Fabíola Schneider.

A Mata Atlântica é um bom exemplo. Santa Catarina é o terceiro estado com maior número de hectares neste bioma e nos últimos três anos perdeu uma média de 25.983 ha, Atualmente restam no Estado aproximadamente 17,5% de toda a área original, segundo pesquisas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e Fundação SOS Mata Atlântica.

A Lista Vermelha possibilitará ao Estado dispor de uma caracterização mais concreta da sua biodiversidade. Todo trabalho tem como base os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que desde 1963, é referência em assuntos voltados à conservação da biodiversidade.

A etapa final ocorrerá em fevereiro do ano que vem, quando será realizado o IV Fórum de Discussão sobre as Espécies Ameaçadas. Neste encontro, a lista consolidada durante todo processo, será analisada por consultores, pesquisadores e especialistas, que avaliarão as propostas finais de cada coordenador.

O projeto estará finalizado em julho de 2010 e a Lista Vermelha será entregue à FATMA para, posteriormente, ser submetida ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) para publicação.

Sobre a IGNIS

A IGNIS Planejamento e In-Formação Ambiental, ONG fundada em 1997 com sede em Itajaí, é a entidade responsável pela execução do Projeto Lista de Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina. O projeto iniciou em 2007, de forma voluntária, e atualmente agrega mais de cem profissionais de diversas universidades e institutos de pesquisa do país. Mais informações:

Fabíola Schneider
Coordenadora Executiva
Fone: (47) 3344-2864
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FONTE : Thatiana Sousa Sestrem
Assessoria de Comunicação
Av. Sete de Setembro nº 1047 . Sala 02
Fazenda . Itajaí . Santa Caterina
Fone: 47 3344.2864
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sábado, 14 de novembro de 2009

NATUREZA EM S. CATARINA : Belas e preciosas companheiras

Começa em 20/11/2009 e segue até o dia 22, em Joinville, mais uma edição da Festa das Flores, que vai oferecer ao visitante exposições de espécies raras, além de várias atrações culturais

Terça-feira, em Joinville, começa mais uma edição da Festa das Flores. Um evento muito esperado, principalmente para quem cultiva espécies há anos e aproveita a festa para expor o que eles chamam de “preciosidades”.

A festa acontece no Complexo Expoville, na Rua Quinze de Novembro, 4305. A entrada é franca e a programação oferece exposições, shows, dança, folclore e gastronomia.

Pode ser herança genética, cultural, um hábito passado de pai para filho ou adquirido por uma geração. O fato é que há poucas explicações para que Joinville concentre um número tão grande de cultivadores amadores de orquídeas. A beleza, vulnerabilidade e o difícil cuidado com essa espécie pode ser um dos motivos.

Cultivadores como Egon Baumer, de 81 anos, e Isaías Hoffmann, 73, exercitam a paciência ao esperar até uma década para ver o florescimento de uma orquídea.

Os dois são os associados mais antigos da Agremiação Joinvilense de Amadores de Orquídeas (Ajao), que tem atualmente 153 sócios. Cerca de 60% têm mais de 60 anos. A Ajao organiza a exposição de flores desde a primeira Festa das Flores. E são nas exposições que eles mostram, orgulhosos, a dedicação de anos a fio a todos os que visitam a festa.
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FONTE : Diário Catarinense, sucursal de Joinville (15/11/2009)