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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

CENTRO DE ESTUDOS AMBIENTAIS : OFICINA DE BIOCONSTRUÇÃO - DEBATE SOBRE AS APPs

Serão 3 dias de muito aprendizado, fortalecendo a etica da Permacultura, com enfase em Bioconstrução no Sítio Amoreza, Morro Redondo – RS.
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SMMA reabre debate sobre as APPs
Posted: 28 Feb 2013 05:27 AM PST

O Projeto Orla (Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima) é “uma ação conjunta entre o Ministério do Meio Ambiente, por intermédio de sua Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR), e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no âmbito da sua Secretaria do Patrimônio da União (SPU/MP). Suas ações buscam o ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União, aproximando as políticas ambiental e patrimonial, com ampla articulação entre as três esferas de governo e a sociedade. Os seus objetivos estão baseados nas seguintes diretrizes:
- Fortalecimento da capacidade de atuação e articulação de diferentes atores do setor público e privado na gestão integrada da orla, aperfeiçoando o arcabouço normativo para o ordenamento de uso e ocupação desse espaço;
- Desenvolvimento de mecanismos de participação e controle social para sua gestão integrada;
- Valorização de ações inovadoras de gestão voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais e da ocupação dos espaços litorâneos.”
O Projeto Orla faz parte da estratégia da Politica Nacional de Gerenciamento Costeiro. No RS, além de Rio Grande o Projeto Orla teve início também em Arroio do Sal, Torres, Capão da Canoa.
Contudo, o governo municipal rio-grandino comprometeu a continuidade do Projeto Orla, uma vez que deixou de tomar as medidas legais e administrativas necessárias para que o mesmo se desenvolvesse adequadamente. Um exemplo é a ainda carência de uma devida articulação com espaços de democracia ambiental já constituídos e consolidados, como o Conselho de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA). Assim, apesar de muito importante e indispensável a retomada, pelo governo que se inicia, o debate sobre os usos e diminuição dos impactos ambientais e naturais nas Áreas de Preservação Permanente (APPs), ainda reclama o necessário envolvimento do COMDEMA, para que o mesmo possa cumprir seu papel, já que toda a política ambiental deve dele emanar, pois é “órgão colegiado, de função deliberativa, normativa e fiscalizadora, instância superior do Sistema Municipal de Política Ambiental, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente”, conforme estabelece a lei vigente.
Além da Audiência Pública da Orla, hoje também é dia de reunião ordinária mensal da Agenda 21: às 18:00 hs, com término previsto para as 19:30hs, no Auditório Nely Alt da Rocha da Subseção Local da OAB/RS, na Av. Silva Paes nº 266/202, Centro.


A cidade avança nas APPs. Saco da Mangueira, Rio Grande/RS. Foto: Soler/CEA

Por uma pedagogia ambiental

Eduardo de Oliveira*
e62 300x230 Por uma pedagogia ambientalEnquanto a aquisição de bens de consumo suntuosos continuar sendo toscamente confundida como símbolo de prosperidade, sucesso e possibilidade de ascensão social, determinando padrões distorcidos de conduta, certamente a humanidade retrocederá cada vez mais em termos de valores e princípios.
Se não bastasse essa distorção de valores que prioriza o “ter”, a sociedade de consumo deve sempre ser vista também como inimiga número um do meio ambiente. Se de fato desejamos habitar um mundo melhor, como é de senso comum, é de fundamental importância que todos desenvolvam visões diferenciadas sobre a natureza e o comportamento concernente à prática de consumo, não perdendo de vista que a poluição dos rios, do ar, o desgaste do solo, a perda de florestas e o desaparecimento de espécies animais e vegetais estão intimamente relacionados ao considerável aumento de energia, água e serviços ecossistêmicos usados largamente para manter elevadas taxas de produção atendendo assim essa sociedade de consumo.
Nossas relações sociais jamais podem se pautar e muito menos se fortalecer a partir das quantidades que consumimos; urge, definitivamente, romper-se com esses hábitos perdulários e consumistas. Qualidade de vida não pode estar associada à conquista material. Curvar-se a isso é restringir, pelas vias mais rasteiras possíveis, a própria vida a uma questão mercadológica.
Romper com essa ideia é imprescindível para a construção de um mundo ecologicamente mais equilibrado e saudável, respeitando a natureza e sabendo que mais produção é sinônimo de mais poluição, assim como menos consumo é sinônimo de mais vida.
Somente alcançaremos essa ruptura quando todos estiverem imbuídos de um mesmo ideal, criando consciência necessária para entender que o planeta não absorverá a parcela global da população mundial no ambiente de consumo em decorrência da finitude dos recursos naturais. Logo, não adianta incorporar o mercado de consumo; lá não há espaços para todos. Definitivamente, esse mercado precisa ser desinchado.
Para isso, um passo importante rumo a esse ambiente mais saudável é levar informações a todos e, principalmente, àqueles que serão encarregados de usufruírem o mundo num futuro próximo; ou seja, aqueles que literalmente “farão” esse mundo próximo. Nesse sentido, educar ambientalmente as crianças de hoje desde os anos iniciais de estudos é um bom caminho a ser percorrido. Nossos jovens alunos precisam aprender e praticar a pedagogia ambiental.
Essa pedagogia ambiental deve ser ensinada levando-se em conta que não é necessária maior produção para atender as reclamações vindas do mercado de consumo. O que já tem por aí em termos de mercadorias é suficiente para atender a todos. A necessidade se restringe em dirimir as desigualdades de consumo em que 20% da população que habita os países do hemisfério norte “engolem” 80% de tudo o que é produzido, gerando mais de 80% da poluição e degradação dos ecossistemas, ao passo que “sobra” apenas 20% da produção material para 80% da população dos países localizados no hemisfério sul.
Caberá a essa pedagogia ambiental, em forma de disciplina inserida na grade curricular, realçar o fato de que a excessiva exploração dos recursos naturais para “sustentar” a insustentável sociedade consumista é geradora mor de desigualdades e potencialmente criadora da insustentabilidade ambiental e social ora presenciada.
Essa pedagogia ambiental deve ser ensinada a partir do desenvolvimento de culturas próprias que sejam capazes de enaltecer o consumo verde, fazendo com que cada consumidor busque mercadorias que não agridam o meio ambiente, quer seja no ato da produção, durante a distribuição e, principalmente, após o uso, ao descartar-se um produto despejando-o no lixo, uma vez que é sabido que mais de 52% de nosso lixo não recebe tratamento adequado e, por isso, é altamente nocivo ao meio ambiente.
Essa pedagogia ambiental deve desenvolver canais que permitam maior politização do consumo, incluindo noções básicas e essenciais para evitar o desperdício de alimentos, água e energia elétrica bem como enfatizar práticas que favoreçam as técnicas e os processos de reciclagem. Carecemos muito desse tipo de cultura.
Essa pedagogia ambiental necessariamente deve servir para conscientizar nossos alunos sobre a importância em se preservar nossa rica biodiversidade uma vez que possuímos a maior extensão de floresta tropical do planeta (quase 65% do território), abrigando sete importantes biomas (Caatinga; Campos Sulinos, também conhecidos como “pampas”; Zona Costeira e Marinha; Amazônia brasileira, que contém cerca de 1/5 da água doce do planeta; Pantanal; Cerrado e Mata Atlântica) incorporando mais de 50 mil espécies de plantas (mais de 20% do total mundial), mais de 500 espécies de mamíferos, quase 1.700 aves e mais de 2.500 espécies de peixes.
Assim como uma andorinha só não faz verão, a conscientização coletiva, a partir dos ensinamentos emergidos da pedagogia ambiental poderá fazer toda a diferença num breve espaço de tempo. Assim esperamos!
* Marcus Eduardo de Oliveira é economista, professor e especialista em Política Internacional pela Universidad de La Habana – Cuba.

O turismo a caminho de se multiplicar no Brics


por John Fraser, da IPS
girafa O turismo a caminho de se multiplicar no Brics
Uma girafa da reserva de Madikwe, uma das atrações turísticas na África do Sul. Foto: Nalisha Adams/IPS

Johannesburgo, África do Sul, 28/2/2013 – O fluxo turístico a partir dos países emergentes começa a crescer, e nesse contexto a África do Sul se mostra determinada a aproveitar o fenômeno ao máximo, apresentando atrativos para cidadãos de seus aliados no Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). “A África do Sul precisa utilizar todas as oportunidades possíveis para promover sua oferta turística”, disse à IPS o presidente da Câmara Sul-Africana de Comércio e Indústria, Neren Rau.
“Brasil, Rússia, Índia e China têm um potencial grande para incentivar o turismo para a África do Sul, já que os mercados turísticos convencionais sofreram um grande impacto devido à crise econômica mundial”, argumentou Rau. Com a expansão da indústria, Índia, China e Brasil são destinos turísticos importantes para os sul-africanos, disse à IPS o presidente da South African Tourism, Thulani Nzima.
“Por isso, essa organização investe de modo significativo em conscientizar sobre a África do Sul como destino e em campanhas de marketing nesses países sócios no Brics”, afirmou Nzima. A China está de certo modo marginalizada das ambições da África do Sul, em boa parte devido às longas distâncias e pela falta de conexões aéreas diretas entre os dois países.
A cúpula do Brics, que acontecerá em março em Durban, na África do Sul, será uma oportunidade para promover este país como destino, ao mesmo tempo gerando benefícios para a indústria turística, pontuou Nzima. “O encontro terá uma significativa cobertura jornalística nas nações Brics, divulgando a capacidade, beleza e acessibilidade da África do Sul, bem com sua cultura quente e amigável com os turistas”, destacou.
Os últimos números sobre a quantidade de visitantes ao país mostram um saudável aumento em relação a outras nações Brics, nos primeiros nove meses de 2012. Nesse período, a quantidade de viajantes procedentes do Brasil cresceu 51,7%, da China 62,8%, da Índia 16,8% e da Rússia 34,6%. Porém, os viajantes combinados do Brics para a África do Sul ainda não superam os da Grã-Bretanha, o que destaca o aumento potencial que ainda deve se materializar nos mercados emergentes.
Michael Tatalias, presidente da Associação de Serviços Turísticos da África Austral (Satsa), disse à IPS que o primeiro passo para impulsionar o turismo entre os sócios do Brics é aumentar as conexões aéreas, o que também será bom para o comércio. “Um objetivo prioritário para a África do Sul será se converter em um centro de aerolinhas entre América do Sul e Ásia”, ressaltou.
Atualmente, cerca de um milhão de pessoas viajam por ano da América do Sul e Ásia através do Oriente Médio e da Europa, e a África do Sul poderia desviar parte desse tráfego aéreo, indicou Tatalias. “Para onde são abertas conexões aéreas, seguem viajantes de negócios, são feitos acordos e seguem o transporte de carga e o comércio por mar”, explicou. “Com maior acesso por ar, aumentam os negócios e o comércio. Mas o crucial é que o turismo consegue assentos na classe econômica para viajar por prazer”, acrescentou.
Nzima disse que “o Ministério do Turismo se manifestou fortemente sobre a importância de abrir os céus na África”. simplificar ao máximo os processos de concessão de vistos e eliminar todos os obstáculos possíveis para visitas à África do Sul são passos adicionais importantes que estão “recebendo considerável prioridade do governo”, acrescentou.
O Ministro do Turismo da África do Sul, Marthinus van Schalkwyk, visitou a China em janeiro para ver como sustentar o recente aumento do turismo, além de enfatizar a importância de seu sócio no Brics no desenvolvimento do setor. “Acreditamos em continuar com nosso emocionante crescimento em um mercado determinado a se converter no futuro em um dos destinos turísticos mais importantes do mundo”, enfatizou.
Schalkwyk trabalhou vários anos para criar um componente turístico no Grupo dos 20, chamado Turismo-20, ou T-20, um grupo de trabalho dos ministros de turismo das nações desse bloco. “De modo similar, deveríamos trabalhar para um grupo T-5, que reflita os cinco sócios do Brics. Este se centrará em resolver gargalos e obstáculos”, explicou Tatalias.
Por sua vez, Rau alertou que promover o turismo na África do Sul implica alguns dos desafios de promover o país em si mesmo. “É necessário sustentar o aumento do turismo, que deve ser apoiado com uma forte compensação daquilo que inibe o crescimento do turismo na África do Sul, como as percepções de que o crime não tem limites e de que há protestos violentos generalizados, bem como a insuficiente promoção dos serviços que o país tem para oferecer”, ressaltou.
Agora, o desafio para os líderes do Brics será ir além do intercâmbio de promessas, para chegar a um intercâmbio muito maior de turistas. Envolverde/IPS

Arquitetos e urbanistas discutem políticas para as cidades do país


por Akemi Nitahara, da Agência Brasil
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O objetivo do ciclo de debates é discutir a política urbana e as cidades do Brasil. Foto: Diculgação/Internet
Rio de Janeiro – Começou ontem (27) no Rio de Janeiro um ciclo de debates que pretende repensar as cidades do país. Ao todo, serão feitos sete seminários de Política Urbana Quitandinha+50 (Q+50), que comemoram os 50 anos do Seminário Nacional de Habitação e Reforma Urbana, que ocorreu em 1963 no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, na região serrana fluminense.
Até sexta-feira (1º), o tema Arquitetura, Cidade, Metrópole – Democratizar Cidades Sustentáveis será debatido na sede do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), no Flamengo, zona sul do Rio. De acordo com a vice-presidente do IAB, Fabiana Izaga, o objetivo do ciclo de debates é discutir a política urbana e as cidades do Brasil.
Na mesa de abertura, O Espaço da Democracia, foram debatidos os serviços públicos que precisam ser oferecidos nas cidades. Para o físico Luis Alberto Oliveira, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, as cidades, que surgiram entre dez mil e 12 mil anos atrás, são o maior invento da história do homem, à medida que levaram a novos inventos. Mas, segundo ele, as condições propícias para o surgimento delas acabou e que, portanto, é necessário encontrar novas soluções.
“Não viveremos mais, nem nós nem nossos descendentes, esta continuidade estável e moderada do clima. Estamos entrando em um período de turbulência climática que, ao longo do presente século, ira se acentuar de modo significativo, se consolidando em alguns cenários possíveis. Esses cenários vão de razoavelmente desagradáveis a profundamente desastrosos”, disse.
Além das mudanças climáticas, Oliveira cita também o envelhecimento e a urbanização da população. “A faixa etária que mais prospera no mundo hoje são os centenários. O Brasil, em 2060, vai ter um terço de idosos. O Brasil vai ser Copacabana [bairro carioca com grande densidade de idosos]. Hoje, mais de 50% da humanidade vivem em cidades com mais de 50 mil habitantes. Então, a humanidade é mais urbana do que em qualquer outro momento. E a perspectiva é que em 2060 você tenha em torno de 80% dessa população ampliada vivendo nas cidade. Portanto, cidade não é problema, a cidade tem que ser a solução”.
Convidado para fazer a conferência de abertura do seminário, o arquiteto italiano Bernardo Secchi apresentou alguns dos projetos dos quais participou, como a discussão sobre o futuro da Grande Paris, de Bruxelas e também Moscou. “A questão urbana pode ser resumida nesses três pilares: ambientais, de mobilidade e de desigualdades sociais. E eles estão entrelaçados, há que se ter um pacote completo para resolver todos esses problemas”, declarou.
Apesar de Secchi não ter estudos sobre o Brasil, a vice-presidente do IAB, Fabiana Izaga, diz que esses temas também fazem parte da realidade brasileira. “Eu acho que são temas que a gente pode ter como principais para as cidades brasileiras: desigualdade social, e aí tem toda a questão da habitação, onde as pessoas moram; a mobilidade, o transporte público, a questão do carro, de tirar os carros das ruas, dar uma maior oferta de transporte público para as pessoas se movimentarem; e a questão ambiental, ou seja, como você equilibra crescimento com a proteção ao meio ambiente, como você tem esse enfoque mais ecológico sobre a própria cidade”.
Em abril, o ciclo continua no Rio Grande do Sul, com o seminário Moradia Brasileira. Em maio, São Paulo recebe os debates sobre a gestão das cidades.
* Edição: Aécio Amado.
** Publicado originalmente no site Agência Brasil.

ONG denuncia comércio de tigres na China


por Jeremy Hance, do Mongabay
tigre 300x224 ONG denuncia comércio de tigres na China
Foto: EIA
O número de tigres sendo criados em cativeiro na China para consumo interno excede o total destes animais na natureza – em 13 países – em quase um terço, segundo um novo relatório da Agencia de Investigação Ambientai (EIA, em inglês).
O relatório, chamado ‘Hidden in Plain Sight’ (algo como Escondidos em plena vista), alega que apesar de governo chinês ter assumido uma posição forte na conservação dos tigres no exterior, em casa tem secretamente criado demanda para o comércio internacionalmente proibido.
Poucos animais no mundo atraíram tanta atenção para a conservação como o tigre (Panthera tigris), incluindo uma conferência internacional realizada em 2010 que arrecadou milhares de dólares para os felinos.
“A cruel contradição entre a postura internacional da China apoiando os esforços para salvar os tigres selvagens e as suas políticas internas que estimulam a demanda e, especialmente, instigam a caça ilegal de tigres selvagens representa uma das maiores trapaças já perpetradas na história da conservação dos tigres”, comentou Debbie Banks, chefe da campanha pelos tigres da EIA.
Em 1993, a China proibiu o uso de ossos de tigre, um item popular da sua medicina tradicional. Entretanto, investigações sigilosas feitas pela EIA revelaram que “ossos de tigre provenientes de animais de cativeiro não estão sendo destruídos, levando ao que provavelmente é um estoque massivo e à presunção dos consumidores de que o comércio é legal ou que será em breve”.
Vinho feito com ossos de tigre ainda é produzido e vendido na China, e segundo a EIA, o governo até incentiva a atividade através de uma notificação “secreta” emitida para os comerciantes em 2005. Sob a notificação, qualquer criação de tigres com mais de 500 animais pode produzir e vender vinho de ossos de tigre. Para contornar a lei de 1993, os ossos simplesmente não são listados como ingredientes.
“Se você conseguir uma permissão especial, pode vender ossos de tigres para fábricas voltadas à medicina e os produtos serão diretamente circulados nos hospitais”, comentou um comerciante à EIA.
A medicina tradicional não é a única ameaça aos tigres na China. A EIA relata que a pele dos tigres está sendo vendida, e em muitos casos, ilegalmente. Apesar de esse tipo de comércio legal ser estritamente regulado na China, a EIA diz que o sistema é “falho” e fornece “uma cobertura para atividades do mercado negro, incluindo re-uso de permissões e falsificação da origem”, segundo o relatório. A ONG alega que o comércio de pele de felinos na China não apenas incentiva o consumo de animais de cativeiro, mas também a caça de tigres selvagens.
“Durante apenas alguns dias, os investigadores da EIA receberam ofertas de três peles frescas de tigre, uma de leopardo, uma de leopardo das neves e ossos, dentes e patas de grandes felinos”, diz o relatório. Em 2011, a ONG alertou que a China tinha reaberto o comércio de pele de felinos selvagens.
A EIA denuncia que as políticas chinesas estão ativamente estimulando a demanda por partes de tigres, minando os esforços globais para dobrar as populações desses animais até 2022.
Os tigres são atualmente listados como Ameaçados pela Lista Vermelha da IUCN. Especialistas dizem que apenas cerca de 3,5 mil sobrevivem na natureza contra cerca de 5 mil nas duzentas fazendas da China.
Em 1900, as estimativas eram de que cerca de 100 mil tigres sobreviviam ao redor do planeta, o que significa que a população caiu impressionantes 96,5% em apenas mais de um século. Apesar de a caça ilegal e do comércio terem ajudado a dizimar os grandes felinos, eles também têm declinado devido à perda de habitat e desaparecimento das suas presas.
Banks diz que a China precisa “lidar vigorosamente e acabar com esta discordância intolerável entre as palavras e os gestos, que prejudicam os esforços internacionais para salvar os tigres”.
A EIA pede que a China mude a sua legislação para proteger os animais, destrua os estoques de partes de tigres e faça os comerciantes saberem que “o objetivo é acabar com toda a demanda e o comércio”.
Banks completa que não são apenas estrangeiros que estão pedindo as mudanças, mas muitos chineses também.
“Um movimento da sociedade civil chinesa já apelou por mudanças nas leis de proteção da vida selvagem na China, e parlamentares submeteram várias propostas nos últimos anos para modificar as leis e regulamentações… e para acabar com o uso comercial de espécies como ursos e tigres”, enfatizou.
Leia o original no Mongabay (inglês)
* Traduzido por Fernanda B. Muller, do CarbonoBrasil.
** Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
                  

Amazônia nos últimos 20 milhões de anos


por Frances Jones, da Agência Fapesp
Amazonia21 300x200 Amazônia nos últimos 20 milhões de anos
Simpósio na Fapesp reunirá pesquisadores de projeto que investiga a história da biota e do ambiente amazônico. Um dos objetivos é traçar um panorama sobre a origem da biodiversidade local. Foto: Divulgação/Internet

Agência Fapesp – O que aconteceu na Amazônia nos últimos 20 milhões de anos? Como era o ambiente e quais os organismos povoaram a região durante esse período? Qual é a explicação para tamanha biodiversidade encontrada hoje ali?
Para responder a essas e outras questões, pesquisadores brasileiros e estrangeiros trabalharão durante cinco anos em um Projeto Temático apoiado pela Fapesp e pela National Science Foundation (NSF) no âmbito de um acordo que prevê o desenvolvimento de atividades de cooperação entre os programas “Dimensions of Biodiversity” (NSF) e Biota (Fapesp).
Aprovado em setembro de 2012, os pesquisadores do projeto – especialistas de áreas diversas, de várias partes do Brasil, Estados Unidos, Europa, Canadá e Argentina – vão se reunir pela primeira vez na sede da Fapesp, em São Paulo, entre 4 e 8 de março.
O primeiro dia da reunião será aberto ao público e terá a forma de um simpósio, durante o qual membros da equipe do projeto apresentarão suas linhas de pesquisa e planos de trabalho para os próximos cinco anos.
As apresentações visam informar a comunidade científica e os próprios membros da equipe do projeto sobre os detalhes da linha de pesquisa de cada participante do projeto, a fim de estimular parcerias entre os integrantes da proposta e incentivar novas colaborações com a comunidade científica brasileira.
“O grande desafio de trabalhos amplos como este é fazer com que os pesquisadores pensem no projeto como um todo e se preocupem com ele como um esforço conjunto e não só com o módulo de pesquisa que cada um lidera individualmente”, disse Lúcia Garcez Lohmann, professora no Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (USP). Ela é a pesquisadora principal da empreitada do lado brasileiro, enquanto Joel Cracraft, do American Museum of Natural History, é o pesquisador principal do lado americano.
“Temos uma equipe muito diversa, incluindo pesquisadores que trabalham com botânica, zoologia, geologia, paleontologia, sensoriamento remoto e ciclagem biogeoquímica”, afirmou ela.
“Queremos aproveitar essa oportunidade para que todos se conheçam pessoalmente e comecem a explorar possibilidades para integração e colaboração. Além disso, como o projeto ainda está no começo, será uma oportunidade para que pesquisadores com interesses similares aos nossos aprendam mais sobre a proposta e se juntem a nós”, disse Lohmann.
Evolução da biota
Os pesquisadores envolvidos no Projeto Temático tentarão entender a origem, a estruturação e a evolução dos organismos que povoam e povoaram a Amazônia a partir de quatro grandes grupos: plantas, primatas, borboletas e aves.
“Em uma primeira etapa, estudaremos a história evolutiva desses organismos e caracterizaremos o ambiente amazônico, incluindo informações sobre a história geológica e ciclos biogeoquímicos”, disse a pesquisadora, especialista em sistemática de plantas, que estuda o parentesco e a história evolutiva de representantes da família Bignoniaceae, da qual fazem parte os ipês, os jacarandás e diversas espécies de cipós que compõem as florestas tropicais.
Na segunda etapa do projeto, esses dados serão integrados de forma a reconstruir a história passada da Amazônia nos últimos milhões de anos.
“Um dos aspectos inovadores é a união de dados de naturezas diferentes – taxonômicos, genéticos, ecológicos, geológicos, paleontológicos, entre outros – em uma proposta de trabalho muito integrada”, disse.
Dentro dos grupos-modelo, os pesquisadores pretendem reconstruir a filogenia, ou seja, “árvores evolutivas” desses grupos, bem como realizar estudos ao nível populacional de organismos selecionados.
“Como ainda sabemos muito pouco sobre a biodiversidade amazônica, tivemos que selecionar grupos-modelo, pois seria absolutamente inviável estudar toda a biota amazônica durante o período de vigência deste projeto”, afirmou Lohmann, que também é presidente da Association for Tropical Biology and Conservation (ATBC) e pesquisadora associada dos jardins botânicos de Nova York e do Missouri.
Dividido em três partes (documentação da biota, descrição do ambiente e reconstrução da história da biota), o simpósio buscará integrar os pesquisadores das diferentes áreas, que usarão técnicas e tecnologias distintas.
“Caracterizar a composição da biota e o ambiente atual da Amazônia já é uma tarefa bastante árdua. Mais complicado ainda é caracterizar esses aspectos ao longo dos últimos 20 milhões de anos. Para isso, usaremos metodologias diferentes e muita modelagem”, afirmou Lohmann.
A portas fechadas
No restante da semana, segundo Lohmann, as reuniões fechadas ao público serão para definir em detalhes como a equipe do projeto dará andamento ao Projeto Temático – por exemplo, como será feita a integração e armazenagem dos dados, quais serão os produtos específicos e publicações.
“Como estamos trabalhando com pesquisadores com linhas de pesquisas variadas, que ainda por cima estão distribuídos em diferentes partes do planeta, precisamos que a equipe inteira se integre para que possamos gerar os produtos esperados desse projeto.”
Mais informações e a programação estão disponíveis no site Fapesp.
* Publicado originalmente no site Agência Fapesp.

MANCHETES SOCIOAMBIENTAIS - 28/fev/2013

Proteção do Rio Ribeira e Paisagem Cultural são temas de encontro de lideranças quilombolas

Representantes de 16 comunidades quilombolas do Vale do Ribeira reuniram-se em fevereiro no quilombo de Ivaporunduva, em Eldorado(SP) para discutir a nova legislação ambiental e as políticas públicas que interferem na autodeterminação do uso de seus territórios - Notícias Socioambientais, 27/2.

Energia

PCHs querem aumentar competitividade

Empresários de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) vão se reunir hoje com o diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner. Com um potencial de 6,5 mil MW de projetos prontos para serem desenvolvidos, o setor perdeu competitividade nos últimos três anos, com a queda do custo da energia eólica nos leilões de geração do governo. Os empresários também pretendem debater alternativas para destravar os mais de 1,2 mil projetos de PCHs em trâmite na agência. Segundo o presidente executivo da Abragel, Charles Lenzi, 654 PCHs já possuem projetos básicos prontos em fase de aceitação pela Aneel - Valor Econômico, 28/2, Empresas, p.B14.

Ibama libera cinco dutos da Transpetro

A Transpetro, empresa de logística que pertence à Petrobras, acaba de receber um pacote de licenças de operação emitidas pelo Ibama para mais de 2,4 mil quilômetros de oleodutos e gasodutos no país, o que equivale a mais de 16% de toda a malha de dutos que a companhia possui atualmente. Ao todo, cinco empreendimentos receberam as autorizações de funcionamento emitas pelo Ibama. A lista inclui o maior duto instalado no país. Com 964 quilômetros de extensão, o Oleoduto São Paulo-Brasília liga a Refinaria do Planalto, em Paulínia (SP), até o setor de indústria e abastecimento do Distrito Federal, cortando os Estados de Minas Gerais e Goiás. Trata-se de um poliduto por onde é transportado diariamente cerca de 28 milhões de litros de derivados de petróleo - Valor Econômico, 28/2, Empresas, p.B9.

Termelétricas engolem ganho com desconto na conta de luz

O custo para o acionamento das usinas termelétricas deve anular em fevereiro praticamente todo o benefício que as indústrias receberiam com a medida provisória (MP) 579, que segundo o governo reduziria em até 28% a conta de energia elétrica do setor. O Encargo de Serviços do Sistema, usado para compensar o gasto com as termelétricas, deve atingir R$ 22 por MWh no mês, totalizando um custo de R$ 933 milhões, frente a um desconto médio de R$ 24 por MWh propiciado pela MP. Se somado ao mês de janeiro, o custo dos encargos com as termelétricas para as indústrias chega a R$ 1,5 bilhão, de acordo com a Abrace - O Globo, 28/2, Economia, p.27.

Geradoras querem ajuda para pagar rombo de R$ 4 bi

Para prevenir ameaça dos reservatórios em baixa, companhias compraram energia no mercado à vista a preços muito mais altos. A medida abriu um rombo de R$ 4 bilhões nas contas das geradoras de energia no início deste ano. Enquanto o governo ainda decide como fazer para salvar as distribuidoras em dificuldades por causa do contínuo uso de termoelétricas, as empresas de geração também se articulam para obter ajuda do Tesouro Nacional - OESP, 28/2, Economia, p.B4.

A operação das térmicas e a redução da tarifa

"O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp, anunciou que manterá as térmicas a gás natural e carvão ligadas durante todo o ano de 2013. Fontes do mercado calculam em até R$ 880 milhões o custo mensal da decisão para o país. Diante disso, novas incertezas surgiram na imprensa sobre a dificuldade de se alcançar o desconto na tarifa dos consumidores de energia elétrica - de 18% para as residências e de até 32% para a indústria - anunciado pela presidente Dilma Rousseff", artigo de - Valor Econômico, 28/2, Opinião, p.A18.

Belo Monte

"O MPF investiga denúncia de exploração sexual de menores indígenas perto das obras de Belo Monte, no Pará. Lembrete: a polícia acaba de libertar mais de 30 mulheres e adolescentes que se prostituíam em boates da região", coluna de Sonia Racy - OESP, 28/2, Direto da Fonte, p.D2.

Geral

Vale tem 1o. prejuízo em 10 anos

Queda no valor do preço do minério de ferro, produção menor e perdas contábeis fizeram a Vale ter um prejuízo de R$ 5,628 bilhões no quarto trimestre, a primeira perda em dez anos e a maior da história da companhia. No ano de 2012, a mineradora teve lucro de R$ 9,734 bilhões, um tombo de 75% em relação a 2011 e o menor desde 2004 - O Globo, 28/2, Economia, p.23; FSP, 28/2, Mercado, p.B8; OESP, 28/2, Economia, p.B13.

Loucura à paulista

"7 milhões de veículos circulam pela Região Metropolitana de São Paulo. Engarrafando as ruas, poluindo o ar e provocando acidentes. Apesar disso, ainda se discute se a capital e as cidades vizinhas devem ou não ter inspeção veicular anual obrigatória. Parece brincadeira, mas não é", coluna de Agostinho Vieira - O Globo, 28/2, Economia Verde, p.30.

Os segredos de uma chaminé abandonada

"O estudo é um dos primeiros a reconstituir a dieta de uma comunidade de pássaros de maneira consistente e fidedigna ao longo de toda a segunda metade do século 20. Ele comprova que a introdução do DDT realmente afetou a dieta desses pássaros, forçando os animais a se adaptarem a uma dieta mais pobre. Também reforça a ideia de que essa mudança forçada de dieta colaborou para a diminuição da população dos andorinhões-migrantes. Nada mau para um estudo que foi iniciado por um cientista amador encarregado de limpar chaminés", artigo de Fernando Reinach - OESP, 28/2, Vida, p.A21.

OUTRAS NOTÍCIAS

MPF vai apurar denúncia de espionagem contra o Consórcio Construtor de Belo Monte
http://www.prpa.mpf.gov.br/news/2013/mpf-vai-apurar-denuncia-de-espionagem-contra-o-consorcio-construtor-de-belo-monte
Para os Awá-Guajá, trem da Vale é o "barulho do terror"
http://www.apublica.org/2013/02/awa-guaja-trem-vale-carajas/#sthash.fqWxFeG5.dpuf
Blairo Maggi é o novo presidente da Comissão de Meio Ambiente
http://www.oeco.com.br/salada-verde/26935-blairo-maggi-e-o-novo-presidente-da-comissao-de-meio-ambiente
Nota de repúdio à espionagem da ABIN ao Movimento Xingu Vivo para Sempre
http://www.brasildefato.com.br/node/12107
MPF/MA pede cumprimento de acordo feito pela Vale e Ibama por impactos da EFC
http://amazonia.org.br/2013/02/mpfma-pede-cumprimento-de-acordo-feito-pela-vale-e-ibama-por-impactos-da-efc/
Amazônia nos últimos 20 milhões de anos
http://agencia.fapesp.br/16891#.US7XP2MFJkU.mailto
Dona Taci: a sabedoria fulniô
http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=1021
Amazonas ganhará centro de formação superior para professores indígenas
http://www.portalamazonia.com.br/editoria/atualidades/amazonas-tera-centro-de-formacao-superior-para-professores-indigenas/
Indústria apresentará proposta sobre recursos genéticos da Amazônia
http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2013/02/28/91940-industria-apresentara-proposta-sobre-recursos-geneticos-da-amazonia.html
Portal EcoDebate- Edição 1.785, de 28 / fevereiro / 2013

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Grandes metrópoles mundiais apostam na sustentabilidade dos jardins verticais


por Redação do EcoD
jardinsverticais Grandes metrópoles mundiais apostam na sustentabilidade dos jardins verticais
Torres gêmeas verdes: o Bosco Verticale une sustentabilidade e paisagismo.Fotos: Divulgação

O que Buenos Aires, capital da Argentina, e Milão, um dos principais centros urbanos da Itália, têm em comum? À primeira vista, pode ser difícil encontrar as semelhanças entres essas duas metrópoles, mas basta uma olhada mais atenta nos edifícios dessas cidades para verificar que elas apostam na mesma tendência: o verde.
Enquanto Milão entra em contagem regressiva para ser a sede do maior jardim vertical do mundo, o Bosco Verticale, os gestores de Buenos Aires, para estimular ainda mais o verde predial, aprovaram uma redução de impostos para os edifícios que possuírem jardins no telhado.
Los Hermanos
A redução para edifícios com telhados verdes de até 20% da ALB (o que equivale ao nosso IPTU) vai ao encontro do fortalecimento de uma tradição da cidade. Além dos edifícios que já contam com o terraço verde, como a escola municipal French y Beruti, Buenos Aires já é uma metrópole conhecida por seus parques, datados desde o século 19, e pela preservação de áreas verdes entre os prédios.
A cidade ainda possui um programa como o ProHuerta, que estimula a criação de hortas nos terraços em diversos estabelecimentos desde 1990. Mas, ainda assim, o governo não está satisfeito.
A implantação dos jardins nos telhados já está prevista em seis escolas em construção e no Teatro San Martín, que será reformado aos 50 anos.
O próximo passo prometido pelo governo portenho é exigir que os novos edifícios já sejam erguidos com os jardins no telhado. “Quanto maior o numero de construções, maior a necessidade (de áreas verdes) para vivermos melhor”, afirmou à BBC, o secretário de Desenvolvimento Urbano da capital argentina, Daniel Chain.
Alta floresta
Uma das cidades europeias com alto índice de poluição, Milão vê os jardins verticais como promessa para melhorar a qualidade do ar, além de ser uma tendência paisagística. Sede do maior jardim vertical do mundo atual, segundo os próprios organizadores, os 1.263 metros de fachada do shopping Il Fiordaliso, os arquitetos italianos planejam algo ainda maior: o Bosco Verticale, algo como as torres gêmeas verdes.
jardins Grandes metrópoles mundiais apostam na sustentabilidade dos jardins verticais
Trata-se de uma grande “floresta”, plantada na fachada de dois arranha-céus com 367 metros de altura. Além de solução paisagística, a vegetação ajuda a capturar o CO2 e a poeira no ar, reduzindo assim a necessidade de aquecer e resfriar mecanicamente os apartamentos.
As duas torres juntas têm a capacidade de armazenar 480 árvores de grande porte e médio porte, 250 de pequeno porte, além de 5 mil arbustos – o que equivale a 2,5 hectares de floresta. A vegetação abrigará um novo “ecossistema urbano”, capaz de suportar a presença de pássaros e insetos.
O empreendimento deve ficar pronto até o final do ano.
Bem que esse tipo de ideia poderia ser mais difundida no Brasil, não é mesmo?
* Publicado originalmente no site EcoD.

A concentração de CO2 hoje está beirando 400 partes por milhão


por Redação do IHU On-Line
am12 300x199 A concentração de CO2 hoje está beirando 400 partes por milhão“Ciência é algo verificável, baseado em evidências e cumulativo. Mesmo tendo titulação acadêmica, não se pode afirmar qualquer coisa, desconectando-se da realidade”, considera o pesquisador Alexandre Costa.
“Este ano será divulgado o quinto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC e, apesar do conservadorismo da comunidade científica, as evidências são tão gritantes que, sem dúvida, algumas das afirmações do relatório referentes ao aquecimento global e ao papel antrópico vão ser mais fortes ainda que do quarto”, informa Alexandre Araújo Costa, professor titular da Universidade Estadual do Ceará, em entrevista concedida, por telefone, à IHU On-Line.
Segundo ele, “o IPCC deixa muito claro que o aquecimento global é inequívoco. Ele existe e é antrópico. Não há como explicar esse aquecimento a não ser pelo aumento na concentração dos gases do efeito estufa. Se fosse pela atividade solar e outros efeitos naturais, teríamos tido, na realidade, um ligeiro resfriamento na metade final do século XX, uma diminuição da ordem de 0,1 a 0,2 graus e não um aquecimento de 0,8 graus”.
Alexandre Araújo Costa (foto) é professor, pesquisador e um dos autores do primeiro relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Mestre em Física pela Universidade Federal do Ceará, cursou doutorado em Ciências Atmosféricas pela Colorado State University e possui pós-doutorado pela Universidade de Yale. Foi gerente do Departamento de Meteorologia e Oceanografia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos. É professor titular da Universidade Estadual do Ceará e bolsista de produtividade do CNPq.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – O senhor faz parte da corrente de cientistas, que é a grande maioria, que sustenta que há, sim, aquecimento global relacionado à emissão de gases do efeito estufa, entre eles o CO2. Realmente existe o aquecimento global causado por esses gases ou a variação térmica do planeta está relacionada a fenômenos naturais?
alexandre.jpeg 283x300 A concentração de CO2 hoje está beirando 400 partes por milhãoAlexandre Araújo Costa – Ciência é algo bem estabelecido, verificável, baseado em evidências e cumulativo. Mesmo tendo titulação acadêmica, não se pode afirmar qualquer coisa, desconectando-se da realidade. Por exemplo, as espécies animais que existem hoje surgiram há 6 mil anos atrás do jeito que são? É evidente que não, pois isso contraria as evidências. Do mesmo modo, negar o aquecimento global é contrariar medições, dados, evidências. Então, é preciso ser bem claro. Não existe mais debate na comunidade científica quanto a isso. O pesquisador analisa dados, submete artigos, isso é debatido em congressos científicos, isso é avaliado para publicação em periódicos. E, obviamente como são hipóteses testáveis, esse processo é repetido várias vezes. No nosso caso específico, existe um corpo de evidências tão grande quanto o que existe a favor da evolução das espécies ou da gravitação universal.
Caminho científico
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC existe desde 1988, com o objetivo de contribuir para o entendimento dos processos climáticos. Sou um dos autores principais do primeiro relatório do Painel Brasileiro das Mudanças Climáticas, que funciona na mesma lógica, inclusive com a mesma distribuição de trabalho em grupos (bases físicas, vulnerabilidade e impactos e mitigação) e posso lhes dizer como funcionam os painéis. O IPCC não faz nada que não seja levantamento de literatura. Ou seja, não existe uma ciência produzida pelo IPCC à parte da ciência do clima e das demais áreas do conhecimento, que se reflete no que é publicado em revistas tais como a Science e a Nature, além de inúmeras publicações da área em outros meios. Junto à comunidade de cientistas ativos, que desenvolvem pesquisa independente e publicam, existe um claro consenso em torno da existência do aquecimento global e de suas causas. Infelizmente, existe uma distorção disso junto à opinião pública, que é, na verdade, consequência de uma exposição desproporcional dos que defendem a negação das mudanças climáticas, algo que se assemelha ao criacionismo ou do geocentrismo.
Levantamento histórico
O que a ciência tem é atestado por medidas de superfície, de rádiossonda, de satélites. Outro ponto é que o aquecimento não se restringe à temperatura da superfície e do ar, pois existe um fluxo de calor para o planeta que interfere em outros componentes do sistema climático. Na Física básica, aprende-se que existe o calor sensível, que envolve mudança de temperatura sem mudar a fase e o calor latente, que, por exemplo, faz com que o gelo derreta sem mudar a temperatura. Quando dizem “não houve mudança significativa de temperatura, nos últimos 5, 6 anos”, isso é uma meia verdade, pois houve um aumento do conteúdo de calor dos oceanos, sem contar que o que aconteceu com as calotas polares, que perderam massa, principalmente no Ártico. Tudo isso é perfeitamente compatível com o que é fundamental nesse processo todo, que é um desequilíbrio energético: existe mais energia chegando no planeta na forma de radiação de onda curta, isto é, solar, do que deixando o planeta na forma de radiação de onda longa, ou infravermelho. Por conta desse desequilíbrio energético, o planeta está aquecendo, conforme o esperado para uma concentração de CO2 beirando 400 partes por milhão.
Experimentos
É muito estranho e sinto até um certo constrangimento em ovir alguém dizer que o CO2 não exerce controle sobre o clima. Ora, a primeira estimativa do potencial de aquecimento do clima causada por um eventual aumento de CO2 foi feita ainda no século XIX por Arrhenius, uma estimativa razoável para a época. É um fato: nós estamos em meio a um experimento climático planetário involuntário de grandes proporções, que está mudando a face do planeta. Nas eras glaciais, a concentração desse gás era de 180 ppm e nos interglaciais dos últimos 800 mil anos não ultrapassou 300 ppm. Mais: não há registro na história da Era Cenozóica, nos últimos 65 milhões de anos, de existência da calota polar do Ártico em períodos com concentrações de CO2 acima de 400 partes milhão. Há 34 milhões de anos, quando surgiu a calota polar da Antártica, isso aconteceu justamente quando a concentração de CO2 baixou de 500 ppm (partes por milhão). Toda a história do nosso planeta mostra, portanto, uma relação íntima entre CO2 e temperatura.
IHU On-Line – Centros de pesquisa como do Met Office, de Oxford a Berkeley, e entidades globais defendem que existe o aquecimento global. O senhor considera que há o risco destas instituições estarem envolvidas em manipulação de informações para defender interesses dos países ricos?
Alexandre Araújo Costa – Pensar nessa possibilidade é pensar em uma teoria da conspiração inteiramente fantasiosa, além do que chega a ser ofensivo para nós, cientistas. A comunidade científica do clima é a mais transparente que existe. Exatamente porque o clima não tem fronteiras, nossa ciência não tem fronteiras também. Os dados coletados, os resultados de modelos estão aí para todo mundo. Então a resposta é muito clara: não. Não há manipulação de dados pelos centros. Para que isso pudesse ser uma história coerente, teria que ter todos os cientistas da área envolvidos nessa conspiração. Além deles, todos os editores das revistas científicas que publicam artigos com os resultados. Teria que ter corrompido as empresas que fabricam sensores meteorológicos, porque os dados de muitos sensores chega automaticamente e por aí vaí…
Interesses
Se há interesses em jogo, posso garantir que não há interesse maior do que o das companhias de combustíveis fósseis em confundir a opinião pública. É claro que há empresas que querem vender seus aerogeradores, seus painéis solares, etc. Sem dúvida alguma. Mas veja: entre as maiores empresas do mundo, a de maior faturamento é a Shell, a segunda é Exxon. Da lista de 12 maiores companhias do mundo, só o Walmart não pertence ao ramo do petróleo, automobilístico, do gás natural ou do carvão mineral. Há também uma pesquisa que mostra claramente o envolvimento desse setor com os bancos, com os executivos destes tendo assento no conselho deliberativo dessas companhias e vice-versa. E essas corporações poderosíssimas tentam confundir a opinião pública para atrasar as medidas necessárias para conter o aquecimento global, para que seus lucros gigantescos não se reduzam. É a mesma tática utilizada pela indústria do tabaco que, mesmo diante de todas as evidências de câncer ligado ao fumo, conseguiu ganhar muito tempo, semeando dúvidas que não deveriam existir. Sobre o clima, é até espantoso que nós cientistas tenhamos conseguido fazer minimamente que nossas descobertas sejam vistas, sejam ouvidas, passando por cima dessas corporações.
IHU On-Line – É possível estabelecer um diálogo entre estas duas correntes, isto é, os que atribuem o aquecimento da superfície terrestre aos gases do efeito estufa e os que negam essa relação?
Alexandre Araújo Costa – O que existe é o método científico. A ciência é totalmente aberta e há um diálogo constante na comunidade científica com base neste método. Tipicamente, em suas pesquisas, obtêm-se resultados que devem ser reportados em um artigo e submetidos à apreciação editorial de revistas e periódicos. Os pares avaliam, questionam, verificam a correção do método, a qualidade e o mérito do trabalho. O que se pode chamar de diálogo se dá desta forma, através da literatura científica, porque em ciência é preciso estar amarrado em evidências. Nesse contexto, o IPCC cumpre justamente o papel de facilitar, acelerar e qualificar o diálogo na comunidade científica, ao produzir aquilo que são certamente o mais rico compêndio da ciência contemporânea: os seus relatórios. Neles, para se obter, digamos, uma estimativa da influência do sol ou do CO2 no clima nos últimos 250 anos, consideram-se as estimativas feitas por vários autores. O número que o IPCC mostra, que é uma média de todas essas estimativas (publicadas em artigos revisados), é que o acúmulo de energia devido ao CO2, em 2007, já era oito vezes maior que a contribuição das variações na atividade do sol.
IHU On-Line – Quais foram os principais avanços científicos que permitem garantir que o aquecimento global, atualmente, decorre da intervenção humana no planeta?
Alexandre Araújo Costa – Agora temos uma rede de sensores observacionais bastante significativa. Uma das recentes lacunas, mas que está mais próxima de ser preenchida, são as medidas nos oceanos. Hoje existe uma rede de boias que permite quantificar o conteúdo de calor oceânico e entender melhor os fluxos de energia. Afinal, sabe-se que os continentes aquecem e esfriam muito rapidamente, e a maior contribuição para a termodinâmica do clima vem dos oceanos. Na verdade, mais de 90% do desequilíbrio energético associado ao aumento do CO2 é energia que vai para os oceanos. Uma fração menor vai para o gelo, outra para a superfície, outra para a atmosfera. Se formos verificar o que tem acontecido, perceberemos que o aquecimento é muito mais visível quando monitoramos os oceanos.
Monitoramento instantâneo
Os satélites também têm permitido que nós possamos fazer o monitoramento global como nunca antes se imaginou, principalmente das calotas polares, onde os resultados são dramáticos. O gelo marinho não tem apenas diminuído em área; ele tem diminuído em volume. Além de estar cobrindo uma área menor, tendo chegado ao menor valor da história no ano de 2012, ele tem se tornado muito menos espesso. A estimativa em 1979 era de que o gelo marinho do Ártico ocupava 16.855 quilômetros quadrados. Em 2012, são apenas 3.261 quilômetros quadrados.
Projeções conservadoras
Com base nessas novas observações e a partir dos relatórios do IPCC, é possível aferirmos as projeções com a realidade. Em termos da temperatura da superfície, a evolução recente da temperatura, tem estado perfeitamente dentro do intervalo de projeções, determinado a partir dos vários resultados de modelos diferentes, de vários grupos de pesquisa. Já nas outras questões, as projeções têm-se mostrado conservadoras. A expectativa era a de que os oceanos, no começo deste século, se elevassem a uma taxa de 2 milímetros por ano, mas o que a realidade mostra são 3,3 milímetros por ano, correspondendo ao valor mais “alarmista” dentre as projeções de 2007. Hoje, todos sabemos que a projeção de elevação do nível do mar vem sendo subestimada.
Outra projeção que se mostrou muito “cautelosa” é a de perda de gelo nas calotas. A média de degelo que se viu no Ártico em 2012 somente era esperada para 2030, pelo mais pessimista de todos os modelos e para 2060 considerando-se a média de todas as projeções. Havia até modelos que apontavam que chegaríamos no final do século e não teríamos o degelo de 2012. A questão é mais grave porque há, aí, mecanismos de retroalimentação. O gelo é mais brilhante do que o oceano e o solo, ou seja, tem maior albedo, então quando ele derrete expõe uma superfície mais escura, que absorve mais radiação solar, aquecendo o planeta mais rapidamente. Quando se tem um degelo na superfície, a tendência também é que a água de cima da superfície pressione o gelo e consiga perfurar a calota e chegar até a base, levando à ruptura de grandes blocos de gelo. Por fim, sabe-se hoje que o gelo mais novo deixa passar mais raios solares o que gera um aquecimento no oceano abaixo. Esses aspectos não eram levados em conta pelos modelos até recentemente, e isso faz muita diferença.
IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
Alexandre Araújo Costa – Este ano será divulgado o quinto relatório do IPCC e, apesar do conservadorismo da comunidade científica, as evidências são tão gritantes que, sem dúvida, algumas das afirmações do relatório vão ser mais fortes ainda que do quarto. O IPCC deixa muito claro que o aquecimento global é inequívoco. Ele existe e é antrópico.
Combustíveis fósseis
Nós sabemos que o aquecimento global vem da queima de combustíveis fósseis por uma razão muito simples. São vegetais soterrados há milhões de anos que se decompuseram e se transformaram em hidrocarbonetos. A composição isotópica é diferente entre a atmosfera e as plantas que, quando fazem fotossíntese, dão “preferência” ao carbono 12. Quando as plantas apodrecem, milhões de anos depois, os átomos de carbono permanecem. Portanto, os combustíveis fósseis têm uma composição de carbono 12 e 13 diferente da atmosfera, ou seja, são pobres em carbono 13. Se eu queimar combustíveis fósseis e colocar na atmosfera o resultado da queima, vou diminuir a proporção de átomos de carbono 13, que é exatamente o que está acontecendo! Sabemos que o planeta aquece, sabemos que isso se dá principalmente pela elevação das concentrações de CO2 e sabemos exatamente de onde esse aumento vem. Para mim, não há dúvida de que as distorções existentes entre a comunidade científica e o que é veiculado midiaticamente estão relacionadas aos interesses da indústria petroquímica e, no Brasil, a outro componente: o agronegócio. Basta ver o relatório do Aldo Rebelo, de desmanche do Código Florestal, que lançou mão de argumentos de negação do aquecimento global.
Desigualdade, quem sofre são os mais pobres
Outra coisa que é fundamental ressaltar é a desigualdade no processo todo. Quem lucrou com as emissões foram meia dúzia de corporações. Quem é mais pobre é que sofre mais com os impactos. É sobre o pescador que depende dos peixes, que dependem dos corais e pequenos moluscos cuja sobrevivência está sendo comprometida por conta da acidificação dos oceanos, resultado da dissolução do CO2 acumulado na atmosfera. Também são esperados mais eventos extremos com os climas mais quentes, tanto mais enchentes quanto mais secas.
Não é à toa que habitantes de países insulares têm apresentado reivindicações muito claras em relação ao que se refere ao clima, porque buscam que a concentração de CO2 volte para 350 partes por milhão. Esse é o nível seguro que evitaria o aquecimento de um grau. Acima dessa concentração, como já estamos, os impactos esperados sobre esses países são enormes, não só devido à elevação dos oceanos, o que pode fazer alguns deles praticamente desaparecerem ao longo desse século, como também pode comprometer, já nos próximos anos, seus lençóis freáticos, ficando sem água potável.
Energia renovável
O Brasil poderia dar um bom exemplo e sair dessa lógica de hidrelétricas de grande porte e termelétricas, que teve continuidade no governo Dilma, em relação ao de FHC. Hoje, 5% da energia total da Alemanha vem de energia solar, grande parte delas de cima do telhado das casas. Eles têm um plano de em dez anos desativar todas as usinas nucleares exatamente em função do crescimento da energia solar. O local do Brasil onde tem menos radiação solar tem 40% a mais que a Alemanha. Imagina se o governo subsidiasse estes painéis! Eu acho que para as famílias de baixa renda seria doar mesmo e, para a classe média, subsidiar ou criar linhas de crédito. Esse é o caminho.
Zerando o desmatamento e com os recursos renováveis que temos em abundância, o Brasil poderia ser um país de emissão zero, exceto pelo transporte, que também pode evoluir com a necessária aposta no transporte público. O Brasil poderia, então, “falar grosso”, não só com Estados Unidos, mas também com a Comunidade Europeia, com a China e com a Índia, que não têm cortado as emissões em níveis aceitáveis. Em relação às políticas públicas de incentivos ao transporte individual, como a redução de IPI, supostamente para preservar os empregos dos trabalhadores, o país criou algumas cidades com o trânsito totalmente inviabilizado, sem falar da emissão enorme de CO2. É preciso um transporte coletivo bom e barato. É um direito nosso de ir e vir, casado com a necessidade de reduzir emissões.
* Publicado originalmente no site IHU On-Line.

MANCHETES SOCOAMBIENTAIS - 27/fev/2013

Resumo de noticias selecionadas entre os principais jornais diários e revistas semanais, além de informações e análises direto do ISA
Hoje: Água, Energia, Mata Atlântica, Povos Indígenas, Transgênicos, UCs, Política Ambiental

Direto do ISA

OAB cria Comissão Nacional de Defesa dos Direitos Indígenas
Em reunião realizada na sede do Conselho Indígena de Roraima, em Boa Vista, o novo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) anuncia a criação de comissão para atuar na defesa dos direitos indígenas e nomeia presidente, a advogada Joênia Wapichana - Notícias Socioambientais, 27/2.


Mata Atlântica

Na Nova Tamoios, paisagem da serra vai ficar escondida
Quem costuma viajar pela Rodovia dos Tamoios (SP-99) e está acostumado com as belas paisagens dos últimos resquícios da Mata Atlântica, terá de se acostumar com túneis quilométricos e cores frias. É o que prevê o projeto executivo da duplicação do trecho de serra da rodovia. O EIA/Rima da última etapa de duplicação da Nova Tamoios foi apresentado há uma semana. Serão construídos cinco túneis. Um deles terá 3.665 metros e será o maior do Brasil. Os túneis serão acompanhados por túneis auxiliares, que servirão como rota de fuga para casos de acidentes. Nove viadutos e duas pontes também vão compor o sistema. "É o projeto menos impactante. As obras não afetarão o Parque Estadual da Serra do Mar", diz Ana Maria Iversson, da JGP Consultoria, que elaborou o EIA/Rima - OESP, 27/2, Metrópole, p.C10.

Contra deslizamentos, hortos em favelas
Quatro favelas cariocas terão hortos comunitários que fornecerão plantas nativas, medicinais e ajudarão no combate a deslizamentos. A Secretaria Estadual do Ambiente inaugurou ontem o projeto Comunidades Verdes. Em cada comunidade, 30 pessoas estão sendo capacitadas e receberão bolsa-auxílio de R$ 120 para montar as áreas de plantação. "Mudas de espécies da Mata Atlântica serão utilizadas para fazer o reflorestamento e o paisagismo em áreas degradadas do morro. Também vamos produzir horta orgânica e viveiro de mudas para poder vender", diz Cíntia Luna, gestora do projeto no Morro do Fogueteiro, em Santa Teresa. Os moradores capacitados vão orientar projetos de construção de tetos verdes nas casas para diminuir a sensação térmica. Estão previstas ações de reflorestamento de encostas - O Globo, 27/2, Rio, p.16.

Sem regras, ocupação da serra agravou instabilidade
"O acidente ocorrido na rodovia dos Imigrantes traz mais uma vez à baila as relações do homem com a serra do Mar. A serra é caracterizada pela grande instabilidade geológica de suas encostas, com o agravante de estar na região com maiores índices pluviométricos do país. As intervenções humanas, sejam por obras viárias, sejam pelas expansões urbanas, potencializam a grande instabilidade natural já presente. Do ponto de vista das obras, a concepção de projeto da Imigrantes, que se desenvolveu por túneis e viadutos como forma de interferir o mínimo possível nas encostas, resultou em um enorme aumento da segurança. O mesmo não se pode dizer das expansões urbanas regulares e irregulares. As ações de governo têm sido ineficazes, morosas e descontínuas", artigo de Álvaro Rodrigues dos Santos - FSP, 27/2, Cotidiano, p.C8.


Energia

Atraso em linha afeta usinas do Madeira
As hidrelétricas do rio Madeira podem ter de deixar turbinas desligadas por falta de linhas para transmitir energia. As usinas de Santo Antônio e Jirau enviarão energia às regiões Sudeste e Sul por duas linhas de transmissão de 2.400 km cada uma, orçadas em R$ 8 bilhões e com a construção atrasada. A primeira linha deveria estar pronta desde fevereiro do ano passado. A previsão oficial é que entre em funcionamento em abril próximo, mas, nos bastidores, o governo admite novo adiamento. Com novas turbinas entrando em operação mensalmente, técnicos calculam que, até abril, se o chamado linhão não for inaugurado, não haverá como escoar a energia produzida. Segundo relatório de fiscalização da Aneel, várias etapas do cronograma estão atrasadas, como a construção de fundações e a ligação de cabos e condutores - FSP, 27/2, Mercado, p.B10.

Investidor questiona licenciamento ambiental
A persistência da inflação brasileira, dúvidas sobre o trem-bala e questões de licenciamento ambiental em grandes obras no Brasil foram as dúvidas mais levantadas por investidores após a apresentação do pacote de concessões feita ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Nova York. No mesmo seminário, foi anunciado que, a pedido da presidente Dilma Rousseff, o leilão para a exploração de gás de xisto e outras fontes não convencionais foi adiantado de dezembro para outubro, segundo o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Martins Almeida. "Como o risco ambiental é maior, vamos exigir maior capacidade do concessionário", afirmou Almeida - FSP, 27/2, Mercado, p.B8.


Geral

Maggi: 'Os radicais nos querem pendurados em árvores'
O senador Blairo Maggi (PR-MT), um dos maiores produtores de soja do país, que já recebeu o prêmio "Motosserra de Ouro" como inimigo público número um dos ambientalistas será escolhido hoje presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado. Em entrevista, ele se diz credenciado para o cargo e defende ser possível aliar produção rural com preservação ambiental. O senador afirma que os radicais defensores do meio ambiente querem todo mundo pendurado em árvores comendo coquinhos, "como Adão e Eva". Blairo diz que defende energia, carros e bosques para todos os brasileiros: "Uma vida boa, moderna e bacana" - O Globo, 27/2, País, p.8.

Parque do Rio do Peixe vai abrir em junho
Observar a fauna, que inclui o raro cervo-do-pantanal, sucuri, tamanduá-bandeira, jacaré, e aves como o colhereiro e o tuiuiú será uma das atrações do Parque Estadual do Rio do Peixe. A Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo investe R$ 1,5 milhão na sede e infraestrutura para receber visitantes. A inauguração está prevista para junho. Conhecido como Pantaninho paulista, pela semelhança com o Pantanal mato-grossense, o parque terá trilhas aquáticas pelo rio - OESP, 27/2, Metrópole, p.C10.

Rios de óleo ajudam a sufocar a poluída Baía de Guanabara
A Baía de Guanabara é "abastecida" por rios de óleo combustível. De acordo com a prefeitura de Caxias (RJ), pelo menos 400 pessoas vivem com alto risco de intoxicação química. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) reconhece a gravidade do problema. Vistos de cima, os rios Pilar, Calombé e Iguaçu mais parecem dutos de óleo ao ar livre. Alertado, o Inea expediu auto de constatação contra a MBR Comércio de Materiais Recicláveis. A empresa, curiosamente responsável pela reciclagem de óleo de cozinha, estava despejando poluentes no Rio Pilar sem tratamento - O Globo, 27/2, Rio, p.16.

Monsanto deixa de cobrar royalties de soja
A Monsanto anunciou ontem que vai adiar a cobrança dos royalties da primeira geração de soja transgênica, a Roundup Ready (RR1), até que o prazo da patente seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Os produtores acusam a empresa de cobrar os royalties ilegalmente desde 1o. de setembro de 2010, data a partir da qual a patente já estaria vencida. Desde então, os depósitos em juízo de todo o País já somaram R$ 1,7 bilhão. Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça negou um recurso da empresa contra o Instituto Nacional de Propriedade Industrial para estender a validade da patente até 2014, como é nos Estados Unidos - OESP, 27/2, Negócios, p.B10.