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domingo, 30 de janeiro de 2022

"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo de 30.01.2022

Queridos leitores do Blog "O Grito do Bicho” Publicamos matérias superinteressantes e selecionadas que levam vocês a terem conhecimento das questões ligadas aos animais e meio ambiente no mundo todo. Podem ler no nosso blog www.ogritodobicho3.com ou diretamente nos títulos abaixo. • Polícia investiga suspeito de matar gatos por envenenamento em Lins (SP) • Cavalos afundam em atoleiros após chuvas intensas em Goiás • Elefantes morrem após comer lixo plástico em aterro no Sri Lanka • Projeto de lei que autoriza caça esportiva de animais tramita na ALMT • Assinem, por favor, as Petições da PETA • Gato é ‘sentenciado à solitária’ em abrigo após libertar várias vezes seus amigos felinos • Após enchentes, voluntários cuidam de animais desabrigados em Itabuna (BA) • Vídeo mostra momento em que rottweiler salva outros dois cães durante enchente • Boto-rosa encalhado há mais de um mês é resgatado por militares na Amazônia colombiana • Cachorro vira mascote de posto de gasolina e ganha crachá personalizado • Retrospectiva da semana - janeiro de 2022 Não deixem de compartilhar nossas publicações. Abração a todos e obrigado pelo carinho com nosso trabalho. sheila moura "O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo de 30.01.2022

"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 29.01.2022

Queridos leitores do Blog "O Grito do Bicho” Publicamos matérias superinteressantes e selecionadas que levam vocês a terem conhecimento das questões ligadas aos animais e meio ambiente no mundo todo. Podem ler no nosso blog www.ogritodobicho3.com ou diretamente nos títulos abaixo. • Poema "EM BUSCA DE UM PM ESQUECIDO" • Gato gigante que pesa mais de 13kg é abandonado em abrigo • Caminhão que levava gado tomba e deixa animais mortos em Goiânia (GO) • Menino refugiado conforta cachorro de rua atropelado até a ajuda chegar • Resolução reconhece alternativas ao uso de animais em testes • Decisão judicial inédita reconhece gato comunitário de condomínio • Abrigo de animais usa conceito do BBB para ajudar na adoção de cães • Pra quem não conhece, veja o "Funk da Fala Bicho" • Kão Mix manda mensagem sobre a importância da água na saúde dos pets • Cadela ferida e amarrada dentro de sacola plástica é resgatada no Rio • Cachorra é empurrada da carroceria de caminhonete e abandonada em Franca (SP) Não deixem de compartilhar nossas publicações. Abração a todos e obrigado pelo carinho com nosso trabalho. sheila moura

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Política de destruição ambiental afeta outras dimensões da sociedade

As consequências da política de destruição ambiental afetam negativamente outras dimensões da sociedade como a economia, a saúde, o abastecimento de água, o equilíbrio ecossistêmico e a sustentabilidade da vida humana A naturalização do crime ambiental “As consequências da política de destruição ambiental afetam negativamente outras dimensões da sociedade como a economia, a saúde, o abastecimento de água, o equilíbrio ecossistêmico e a sustentabilidade da vida humana no campo e na cidade. Políticas com tais características constituem crimes de elevada gravidade. A relevância de tais informações confirma a importância das eleições deste ano“, escreve Sandoval Alves Rocha, doutor em Ciências Sociais pela PUC-Rio, professor da Escola de Humanidades da Unisinos e Assessor do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), sediado em Manaus. É padre jesuíta. IHU Eis o artigo. A floresta amazônica viveu em 2021 o seu pior ano em uma década. Esta é uma constatação do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a partir da evolução dos dados coletados ao longo do período. Apenas em relação a 2020, ano em que o desmatamento na Amazônia já havia atingido a maior área desde 2012, com 8.096 km² de floresta destruídos, a devastação em 2021 foi de 29% maior. Isso equivale à metade do Estado do Sergipe (10.362 km² de mata nativa). Este tipo de notícia desagradável já não é novidade ao longo dos últimos anos. Estas notícias são cada vez mais comuns, correndo o risco de serem aceitas como algo natural. Com a política antiambiental implantada pelo governo federal, tais tragédias têm sido sistematicamente repetidas durante os anos recentes. A agressão ao meio ambiente é viabilizada por diferentes iniciativas: desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental, incentivo ao garimpo ilegal e à grilagem em terras públicas e indígenas, retenção de recursos destinados à proteção ambiental, aprovação de leis prejudiciais ao meio ambiente e a neutralização do protagonismo da sociedade civil. A última iniciativa é especialmente grave, pois representa um forte retrocesso na democracia brasileira, que vinha se consolidando desde a derrubada da Ditadura Militar. A participação social é fundamental na democracia, pois possibilita que as populações definam as políticas públicas mais adequadas para o país, promovendo o engajamento social nas mais diversas questões: meio ambiente, saúde, educação, moradia, saneamento básico e direitos cidadãos. Minar a atuação da sociedade civil implica agredir não somente ao meio ambiente, mas também a própria dignidade da pessoa. Felizmente, tais agressões cometidas pelo governo federal têm sido em parte freadas pelo Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Mensuradas a partir de uma mentalidade colonialista proveniente de fora da região, as florestas dos estados amazônicos são destruídas com o apoio das elites locais. Segundo o Imazon, a maioria da destruição ocorreu nas florestas públicas federais e estaduais. O Estado do Pará lidera com a maior área desmatada, mas evidenciou-se também que o Amazonas aumentou o desmatamento. A devastação registrada em solo amazonense passou de 1.395 km² em 2020 para 2.071 km² em 2021, uma alta de 49%. A destruição também foi significativa no Cerrado, no Pantanal, na Caatinga e na Mata Atlântica. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) demonstra preocupação em relação à preservação do Cerrado, pois o governo federal cortou recursos destinados a esta finalidade, abandonando o segundo maior bioma brasileiro. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, o Cerrado perdeu 8,5 mil km², uma alta de 8% em relação ao período anterior. As consequências da política de destruição ambiental afetam negativamente outras dimensões da sociedade como a economia, a saúde, o abastecimento de água, o equilíbrio ecossistêmico e a sustentabilidade da vida humana no campo e na cidade. Políticas com tais características constituem crimes de elevada gravidade. A relevância de tais informações confirma a importância das eleições deste ano. Depois de um período marcado por tantas tragédias, o Brasil pode retomar posturas cidadãs e compromissos socioambientais ignorados nos tempos atuais. (EcoDebate, 26/01/2022) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação. [IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

Desigualdade na distribuição de vacinas e fake news afetam resposta à covid-19

É o que avalia a Profª Dra. Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina, que foi Reitora da Unifesp no período 2013-2021 e é coordenadora no Centro de Saúde Global (CSG) da universidade e do Centro SOU Ciência, lançado em julho de 2021. Por Ana Paula Rogers e Suely Melo “As UTIs estão novamente lotadas em muitas cidades do Brasil, dado o avanço da variante Ômicron. Esta é uma situação que está estimulando o movimento antivacina, no Brasil e no mundo, a atacar a ciência, na tentativa de desmoralizar o esforço de vacinação da população. O que eles não mencionam é que levantamentos atuais nos EUA e na Europa têm demonstrado que de 80% a 90% dos hospitalizados são não-vacinados ou que tomaram apenas uma dose, sem a vacinação completa”, ressalta a Profª Dra. Soraya frisa ainda que a desigualdade na distribuição de vacinas e a disseminação de fake news afetam a resposta à covid-19. Neste contexto, é preciso seguir a Ciência, que vem trazendo respostas que contribuem para que a pandemia chegue ao fim. “O melhor a fazer neste momento, é nos adaptarmos à situação. Não adiantará refutar, minimizar os danos ou distorcer os dados, como tanto gostam os que negam a Ciência. Teremos que combater a Ômicron com a perseverança e com o conhecimento que adquirimos até aqui. Graças aos estudos e à busca do conhecimento constante, temos mais ferramentas hoje do que há 2 anos atrás. Além disso, a prevenção continua e deve ser reforçada com o uso de máscaras adequadas, fugir das aglomerações e isolamento dos casos positivos”, analisa. A farmacologista reforça que a variante pode ser 3 a 4 vezes mais contagiosa do que a anterior e pode se alastrar rapidamente, como aconteceu na África do Sul, depois na Europa e nos Estados Unidos. “Em uma parcela significativa de pessoas, a Ômicron parece causar uma doença aparentemente mais leve, o que fez com que alguns mais entusiasmados declarassem que estaríamos próximos do fim da pandemia, que o vírus estaria sendo atenuado pelas mutações e que em breve a pandemia seria endemia. Porém, de verdade, não é bem isso que está acontecendo no Brasil e no mundo. Aqui, corremos um sério risco com o número elevado de casos que já estamos verificando em pouco tempo”, alerta a Profª Dra. Importância da vacinação Dados compilados pelo pediatra e infectologista Filipe Da Veiga mostram que 90% dos que tomaram dose de reforço possuem proteção contra as hospitalizações. Entre os adultos não vacinados, há uma chance 13 vezes maior de hospitalizações em comparação com vacinados. “Temos ainda cerca de 30% da população brasileira que ainda não está completamente vacinada. Conforme mostrou levantamento do SoU_Ciência, somente 5,5% da população declarou que não pretende se vacinar em hipótese alguma. E somente 9 % da população confia nas informações que o presidente Jair Bolsonaro fornece sobre vacinas”, aponta a farmacologista. Soraya detalha ainda que, entre os 25% ainda não totalmente vacinados, há algumas questões como as dimensões continentais do país, com locais nos quais as vacinas não chegam tão facilmente. Há estados onde a vacinação está ainda abaixo de 50%. “Mas, o pior de tudo, é a falta de diretrizes claras e unificadas por parte do Ministério da Saúde, já que o Programa Nacional de Imunização (PNI) encontra-se há meses sem comando. Com o PNI e o SUS em pleno vapor, poderíamos esperar campanhas maciças de informação, calendários bem definidos nos mais de 5 mil municípios, estruturas de testagem e, principalmente, de notificação”, afirma a Profª Dra. “Como se não bastasse, temos também que investigar e combater a contrainformação que vem de todos os lados, inclusive com ameaças aos cientistas e médicos, por meio de mídias sociais e outros mecanismos pouco transparentes. Tudo isso atrasa a vacinação, a exemplo do que ocorreu recentemente com a vacinação infantil”, considera também. in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/01/2022

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 27.01.2022

Queridos leitores do Blog "O Grito do Bicho” Publicamos matérias superinteressantes e selecionadas que levam vocês a terem conhecimento das questões ligadas aos animais e meio ambiente no mundo todo. Podem ler no nosso blog www.ogritodobicho3.com ou diretamente nos títulos abaixo. • Cachorro deixado para tosa é morto em clínica veterinária de Maceió (AL) • Cachorro foi abandonado apenas com seu cobertor e a esperança de que sua família voltaria • Cachorro 'funcionaurio' de posto de combustíveis ganha dia de beleza • Cachorro é baleado e tutora acusa policial militar na Paraíba • Abrigos de animais recebem fluxo de doações depois da morte de Betty White • Após Hong Kong anunciar abate de hamsters, milhares se voluntariam para adotar animais • 'Patinhas de Amor' alimenta diariamente mais de 40 cães de rua em PE • Mulheres são indiciadas por abandono de cães no Buritis, em BH • Três girafas trazidas da África do Sul para o zoo do Rio morrem • Onda de calor provoca morte de 400 mil galinhas no Uruguai • ONGs de Ouro Preto pedem socorro para salvar animais desabrigados Não deixem de compartilhar nossas publicações. Abração a todos e obrigado pelo carinho com nosso trabalho. sheila moura

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 26.01.2022

Queridos leitores do Blog "O Grito do Bicho” Publicamos matérias superinteressantes e selecionadas que levam vocês a terem conhecimento das questões ligadas aos animais e meio ambiente no mundo todo. Podem ler no nosso blog www.ogritodobicho3.com ou diretamente nos títulos abaixo. • Mata Ciliar diz ter recebido ofício do governo para encerrar trabalhos • Cadela é espancada após abortar na rua e dono queria colocar fogo no animal • Cadela SRD tem orelhas cortadas para ser vendida como pit bull em semáforo • Gato é resgatado por bombeiros em árvore de 15 metros de altura • Cachorro salva filhote de cervo que estava preso em rio • Caminhão que transportava macacos de laboratório colide nos EUA e animais fogem • Adolescente entra em recinto para separar briga entre animais em zoo • NÃO IGNORE e ajude aos animais vítimas das enchentes em Minas Gerais • Ibama vistoria barragens em sobrevoos e resgata animais em áreas afetadas por chuvas em MG • Varejista russa Kalyaev fechará confecção de peles de animais • Mulher atira cães sobre uma cerca com mais de dois metros de altura em Itaúna (RJ) Não deixem de compartilhar nossas publicações. Abração a todos e obrigado pelo carinho com nosso trabalho. sheila moura

Produção agrícola brasileira está concentrada em poucas culturas

“Produção de Alimentos no Brasil: Geografia, Cronologia e Evolução”, aponta aumento de área e produção de soja e milho e diminuição da participação relativa da agricultura familiar nas últimas décadas Como e onde se produzem os alimentos no Brasil? Um estudo inédito do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) se debruçou sobre o tema e produziu uma profunda análise sobre a produção agrícola do país nas últimas décadas. Intitulada “Produção de Alimentos no Brasil: Geografia, Cronologia e Evolução”, esta é a segunda pesquisa de uma série produzida pelo Imaflora com apoio do Instituto Ibirapitanga, Instituto Clima e Sociedade (iCS) e Grupo de Políticas Públicas (GPP/Esalq) que analisa os sistemas alimentares no Brasil e seus aspectos de produção, distribuição e consumo. A íntegra do estudo pode ser vista no site do Imaflora. O estudo constata que a produção brasileira está concentrada em poucas culturas. Em todos os anos analisados, apenas cinco culturas ocupavam 70% ou mais do total de área agrícola do país: arroz, cana-de-açúcar, feijão, milho e soja. Nos anos 2000, a soja ganhou papel de destaque, ocupando, em 2017, 43,2% da área, seguida pelo milho (22,5%), cana-de-açúcar (13%), feijão (3,9%) e arroz (2,6%).. No período analisado, soja e milho sempre ocuparam a maior parte da área agrícola do país, sendo que até 1995 o milho era a principal cultura, perdendo o posto nos anos 2000 para a soja. Já a cana-de-açúcar ganhou o terceiro lugar, ultrapassando culturas alimentares (arroz e feijão) com o passar do tempo. Um dos recortes analisados foi como se deu a evolução da fronteira agrícola nas últimas décadas. O estudo identificou que a prevalência do crescimento de áreas de pastagens, identificada nos dois primeiros períodos analisados (1985-1995; 1995-2006) deu lugar a uma maior expansão de áreas agrícolas no período mais recente, que vai de 2006 a 2017. A expansão de áreas de agricultura foi maior em cerca de 54,9% das 558 microrregiões (grupo de municípios definido pelo IBGE) do país entre 2006 e 2017, enquanto a expansão das áreas de pastagem foi superior em 29,3% das microrregiões. A expansão das áreas de floresta foi maior em apenas 15,8% das áreas neste período. “Essa grande expansão da agricultura pode ser explicada, entre outros fatores, pelo aumento das áreas de cana-de-açúcar na região Sudeste e das áreas de soja no Centro-Sul”, afirma Vinicius Guidotti de Faria, Coordenador de Geoprocessamento do Imaflora. Ao analisar a evolução da área plantada e da produção agrícola entre o período de 1988 a 2017, o estudo constatou que em 2017 a área total ocupada pela agricultura no país era de aproximadamente 78,7 Mha (milhões de hectares), um aumento de 26% em relação a 2006 e de 39% em relação a 1988, enquanto a produção de 2017 cresceu cerca de 57% comparada a 2006 (398,5 Mt) e cerca de 85% (707,6 Mt) comparado ao ano de 1988. De forma geral, o aumento da produção foi duas vezes maior do que a expansão das áreas produtivas entre os anos 1988 e 2017, indicando ganhos de produtividade no período. Boom de commodities As culturas que tiveram o maior crescimento de produção entre 1988 e 2017 foram soja, milho e cana-de-açúcar. A produção da soja cresceu cerca de 536% em toneladas no período, enquanto a área cultivada aumentou em 221%. O milho expandiu sua produção em 295%, com 32% de aumento de área plantada. A cana-de-açúcar teve uma expansão de 194% de produção, com aumento da área em cerca de 145%. Algumas culturas reduziram a área de produção, mas aumentaram a quantidade produzida, demonstrando aumento da produtividade – como no caso do arroz (redução de área de 67% e aumento de 5,5% na produção) e café (área 40% menor, com produção 96% maior). Já culturas como o trigo, mandioca e cacau apresentaram redução de área e de produção no período analisado. A área ocupada pelo trigo reduziu cerca de 47%, pela mandioca diminuiu cerca de 30% e pelo cacau em 16%. A produção dessas culturas também decaiu, com queda de 24% do trigo, 15% da mandioca e 40% do cacau. Embora algumas culturas apresentem processos bastante dinâmicos e heterogêneos, outras, em especial a soja, demonstram que o aumento de produtividade não evitou o processo de expansão, ocasionando um fenômeno chamado “efeito rebote” (rebound-effect do inglês) , quando o aumento de produção causado pela intensificação gera uma busca por novas áreas, ao invés da permanência na área original, conhecido como “efeito poupa-terra” (land-sparing do inglês). O avanço da soja e a estagnação da produção de culturas como o arroz e o feijão também podem ser percebidos quando se olha o percentual das culturas que prevalecem em cada uma das microrregiões agrícolas, isto é, as culturas com maior quantidade de área em relação a todas as culturas plantadas em cada microrregião. Em 2017, a soja era a cultura prevalente em 27,6% das microrregiões do país, o milho em 19,7%, a cana-de-açúcar em 16,1%, o feijão em 6,9% e o arroz em apenas 3,8% das microrregiões. “Se nos imaginarmos em uma viagem pelo interior do estado de São Paulo, é provável que veremos pelas estradas a prevalência do cultivo da cana-de-açúcar. Se fosse no estado do Mato Grosso, provavelmente veríamos áreas extensas com o cultivo de soja. Contudo, esses estados apresentam diversos outros cultivos, que ficam à margem desta grande concentração produtiva”, afirma Ana Chamma, pesquisadora do Grupo de Políticas Públicas (GPP) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e uma das autoras do estudo. Apesar desta concentração, a produção de outras culturas, em menor escala, permanece. “As áreas especializadas na produção de soja, milho e cana-de-açúcar são bastante nítidas no país. Mas não podemos afirmar que a expansão dessas grandes commodities reduziu a variedade de culturas em escala regional. No geral, a produção agrícola do país não perdeu em quantidade e em diversidade, mas observou uma mudança na forma de se produzir, com aumento da produtividade e da área de algumas culturas”, explica Guidotti. Concentração produtiva e seletividade social A dinâmica da produção e a concentração em culturas de grande escala voltadas à exportação impacta diretamente na redução de estabelecimentos agropecuários e no aumento da área média, já que estas culturas demandam áreas maiores para sua viabilização econômica. Entre 2006 e 2017, o número de estabelecimentos teve uma redução de 2% no país. Já a área média dos estabelecimentos passou de 64,5 hectares em 2006 para 69,2 hectares em 2017, variação de 7,4%. “Ao olharmos o Brasil como um todo essas mudanças parecem pequenas, mas o fato é que as mudanças foram bastante acentuadas em algumas regiões. No sul do país, por exemplo, houve redução de 15,2% no número de estabelecimentos e aumento de área média de 21%, indicando uma forte concentração produtiva na região. Esse fenômeno pode ser explicado pela crescente complexidade da gestão da atividade agrícola e o alto custo de tecnologias que, juntamente com outros fatores, têm levado parte considerável dos pequenos produtores e produtores familiares a desistir da atividade agropecuária”, afirma Guidotti. A concentração produtiva e a necessidade na expansão de áreas para a garantia da sustentabilidade financeira das propriedades altera também o perfil dos produtores. Entre 2006 e 2017, a agricultura familiar perdeu quase 500 mil estabelecimentos, passando de 84% para 77% do total. “Grande parte deixou de obter sua renda principalmente da agricultura, passando a serem considerados moradores rurais não produtores, com renda vinda principalmente da prestação de serviços, pensões e aposentadorias ou de programas de transferência de renda”, explica Guidotti. Reflexo disso, o estudo aponta a concentração fundiária no Brasil como fenômeno que permanece ao longo do tempo: em 2006, cerca de 69% dos estabelecimentos agropecuários do país eram pequenos (de 2 a 100 hectares) e os grandes (de 500 até mais de 2500 hectares) correspondiam a 2%. Contudo, a área ocupada pelos grandes era de 56% e de pequenos 23%. Em 2017, a proporção permanece quase inalterada: 69% dos estabelecimentos eram pequenos e 2% grandes. A área ocupada pelos estabelecimentos grandes correspondia a 58% do total. Ou seja, desde 2006, pelo menos, uma pequena parcela de estabelecimentos ocupa mais da metade da área agropecuária do país. “Na verdade, a distribuição desigual de terras é um fenômeno bastante conhecido no Brasil desde muito tempo atrás. Dados disponíveis indicam que o índice de Gini, por exemplo, era de 0,83 em 1940 e de 0,85 em 2017, indicando que a estrutura fundiária do país não sofreu grandes alterações ao longo do tempo [quanto mais próximo de 1 mais desigual a situação]. Essa estrutura desigual corrobora para a geografia da produção agrícola que, de certa forma, se torna concentrada e especializada”, afirma Chamma. A renda de 82% desses estabelecimentos, o que representa 600 mil famílias, é de menos de dois salários mínimos mensais. O envelhecimento da população no campo, a ida de jovens para grandes centros e o custo tecnológico para a manutenção da atividade são outros fatores que contribuem para essa realidade. “Seria preciso repensar a agricultura no Brasil para termos avanços nos próximos 30, 40 anos que objetivem a produção de alimentos e a melhoria no meio rural, com efeitos positivos do ponto de vista econômico e social”, conclui Guidotti. “Essa configuração do rural brasileiro, que acaba pressionando pequenos agricultores a expandirem suas áreas e tecnificarem seus cultivos para que a produção seja rentável requer a construção de novas políticas públicas voltadas a essa população rural. O incentivo da inserção de jovens no campo e a valorização da agricultura em pequena escala, por exemplo”, completa Chamma. “A questão alimentar está no centro de alguns dos principais desafios do nosso tempo, com impactos profundos na saúde, nas mudanças climáticas e no modelo de desenvolvimento do Brasil. A pesquisa realizada nos permite compreender as transformações na produção de alimentos nas últimas décadas e nos ajuda a formular intervenções que contribuam para a construção de um sistema alimentar mais justo, saudável e sustentável”, complementa André Degenszajn, diretor-presidente do Instituto Ibirapitanga. 1LUNA, Francisco Vidal; KLEIN, Herbert S. Transformações da agricultura brasileira desde 1950. História Econômica & História de Empresas, v. 22, n. 2, 2019. in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/01/2022

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 25.01.2022

Queridos leitores do Blog "O Grito do Bicho” Publicamos matérias superinteressantes e selecionadas que levam vocês a terem conhecimento das questões ligadas aos animais e meio ambiente no mundo todo. Podem ler no nosso blog www.ogritodobicho3.com ou diretamente nos títulos abaixo. • Carro utilizado por dupla que ateou fogo em helicópteros do Ibama em Manaus é identificado • PF e MPF investigam morte de três girafas trazidas da África do Sul • Decreto do maldito presidente Bolsonaro permitindo a destruição de cavernas é um crime contra a humanidade, dizem especialistas • Sagui leva choque elétrico em área urbana e é resgatado • Tatu com cauda lesionada é salvo por bombeiros em Vilhena (RO) • Cães são deixados pelos donos dentro de carros trancados em dias de calor intenso • A história de Azalea, a chimpanzé que fumava 40 cigarros por dia • Aves são resgatadas no Peru após derramamento de óleo atribuído a vulcão • Polícia investiga morte de cachorra enforcada e agredida com socos em SP • Égua cai em piscina e precisa ser resgatada por bombeiros em Trindade (GO) • Animal resgatado por adolescentes após briga em recinto de zoo morre Não deixem de compartilhar nossas publicações. Abração a todos e obrigado pelo carinho com nosso trabalho. sheila moura

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Governo abre caminho para destruição de cavernas

Novo decreto permite que empreendimentos causem “impactos negativos irreversíveis” em cavernas de “relevância máxima”, o que era proibido Autor: Herton Escobar/Jornal da USP Arte: Guilherme Castro/Jornal da USP Ecossistemas subterrâneos que a natureza levou milhares de anos para esculpir na rocha poderão ser destruídos num piscar de olhos para a construção de estradas, hidrelétricas, obras de saneamento básico e outros empreendimentos considerados de “utilidade pública” — incluindo atividades de mineração —, mesmo que as formações geológicas ou as espécies que existem dentro delas sejam consideradas de “relevância máxima” para conservação. Esse poderá ser o legado — em muitos casos, irreversível — do novo decreto federal que flexibiliza as regras de proteção a cavernas no Brasil, segundo especialistas da USP e de outras instituições. Publicado em 12 de janeiro, o novo regramento (Decreto 10.935) cria uma brecha para que mesmo cavernas classificadas como de “relevância máxima” para conservação sejam sujeitas a “impactos negativos irreversíveis”, o que não era permitido até agora. Pelo decreto anterior, que vigorava desde novembro de 2008, apenas as cavidades de relevância baixa, média e alta poderiam sofrer esse tipo de impacto, que pode envolver desde desabamentos pontuais até a morte de animais, contaminação de habitats aquáticos ou a destruição total de uma caverna. Cientistas e ambientalistas criticaram duramente o decreto, interpretado por muitos como mais uma “boiada” passada pelo governo federal atual para pisotear as leis de proteção ambiental do País. A Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), que representa a comunidade científica que trabalha com cavernas, classificou o decreto como “inconstitucional” e alertou que ele carrega “vários retrocessos” em relação à regulamentação vigente. “O Decreto Federal número 10.935/2022 foi produzido a portas fechadas, sem diálogo com a comunidade espeleológica e, claramente, mostra a interferência direta dos Ministérios de Estado de Minas e Energia e de Infraestrutura em uma matéria que é de interesse ambiental. Esta interferência visa à facilitação de licenciamento de obras e atividades potencialmente lesivas ao patrimônio espeleológico nacional e que, geralmente, estão associadas a atividades de alto impacto social”, escreveu a SBE, em uma nota pública divulgada no dia 13. “Se tudo isso for implementado, é uma clara ameaça a essas cavernas de relevância máxima”, diz ao Jornal da USP o geólogo Francisco William da Cruz Junior, professor do Instituto de Geociências da USP e especialista em paleoclimatologia — o estudo de climas passados por meio de evidências geológicas, físicas e químicas que ficam preservadas nas cavernas. “Realmente, estamos diante de um retrocesso ambiental sem precedentes”, completa ele, destacando que as cavernas de relevância máxima eram as únicas que contavam, ainda, com alguma garantia de proteção integral. O novo decreto tem, inclusive, efeito retroativo, permitindo que empreendedores solicitem a revisão de processos de licenciamento já concluídos com base nas novas regras. Ou seja, projetos que não foram autorizados no passado para a proteção de alguma caverna poderão vir a ser autorizados agora, ou ter suas medidas de compensação aliviadas. Anteriormente, para causar danos irreversíveis a uma caverna de relevância alta, por exemplo, o empreendedor precisava proteger duas cavernas semelhantes em outro lugar. Agora, basta uma. “Estas alterações são extremamente questionáveis, e gerarão impactos enormes e irreparáveis”, afirmou, também em nota, a Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros (SBEQ), que representa os pesquisadores de morcegos — animais de grande importância ecológica e que utilizam as cavernas como seu hábitat principal de descanso e reprodução. “Literalmente, milhares de espécies que vivem em cavernas, incluindo espécies criticamente ameaçadas de extinção e espécies hiperendêmicas (com ocorrência em uma única caverna, por exemplo), estão em risco mais elevado com a publicação do Decreto 10.935.” Em defesa do decreto, a Secretaria-Geral da Presidência da República publicou nota dizendo que o texto “aprimora a legislação de cavidades, permitindo a exploração responsável e garantindo a preservação ambiental”. “O novo texto abre caminho para investimentos em projetos estruturantes fundamentais, geradores de emprego e renda, como a construção de rodovias, ferrovias, linhas de transmissão, dentre outros, garantindo, ao mesmo tempo, a proteção de cavidades consideradas relevantes”, diz a nota do governo. O presidente Jair Bolsonaro disse no dia 19 que a mudança era necessária para “o Brasil poder crescer”, já que, segundo ele, o decreto anterior impedia a construção de estradas e outras obras de infraestrutura “no Brasil inteiro” — o que não é verdade. Para serem autorizados, além de passarem pelo processo de licenciamento e ser considerados de utilidade pública, os empreendimentos terão de comprovar a “inexistência de alternativa técnica e locacional viável” e garantir a preservação de outra cavidade “com atributos ambientais similares àquela que sofreu o impacto”. É uma exigência que faz pouco sentido para os especialistas, já que a condição para uma caverna ser considerada de relevância máxima é, justamente, o fato de ela conter atributos únicos, que dificilmente poderão ser replicados em outras cavidades. As formações geológicas e as informações paleoambientais e paleoclimáticas preservadas nos espeleotemas de uma caverna, por exemplo, são específicas da região e do ambiente na qual ela se formou. “Não existe medida compensatória para a destruição de uma caverna de relevância máxima”, sentencia Cruz Junior. O mesmo pode ser dito de sítios arqueológicos e paleontológicos, que preservam vestígios de populações humanas e da biodiversidade do passado. “Em qualquer lugar do mundo, as descobertas mais relevantes da arqueologia e da paleontologia foram feitas em cavernas”, diz o arqueólogo André Strauss, professor do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) e coordenador do Laboratório de Arqueologia e Antropologia Ambiental e Evolutiva (LAAAE) da USP. “No Brasil não é diferente”, completa ele. Grande parte das informações que temos sobre o povoamento da América do Sul nos últimos 12 mil anos, por exemplo, vem de sítios arqueológicos encontrados em cavernas como as de Lagoa Santa, em Minas Gerais, onde viveu o chamado Povo de Luzia, considerado o mais antigo do Brasil. “Basicamente, toda a história humana está documentada em cavernas”, diz Strauss. “Dito isso, qualquer lei que vá contra a preservação desse patrimônio é uma lei de lesa-humanidade.” Para Strauss, “chega a ser ridículo” o discurso usado pelo governo para justificar o decreto, buscando ressuscitar um falso dilema de “conservação versus desenvolvimento”. “É uma bobagem total, dizer que não se pode fazer estradas no Brasil por causa de cavernas”, diz o arqueólogo. Ele cita a própria região de Lagoa Santa, onde trabalha, como exemplo: é uma região que abriga milhares de cavernas e, nem por isso, deixa de ter estradas, condomínios, ou mesmo empreendimentos agrícolas e de mineração — porque apenas algumas dessas cavernas, consideradas de relevância máxima, é que são integralmente protegidas. Mundo subterrâneo As cavernas — também chamadas de grutas, lapas, tocas, buracos e outros nomes — são cavidades subterrâneas formadas por processos naturais, como a dissolução de rochas pela ação da chuva e de lençóis freáticos, no decorrer de milhares ou até milhões de anos. Há mais 20 mil delas oficialmente mapeadas no Brasil, segundo o mais recente Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro, produzido pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); mas pesquisadores estimam que o número “real” possa passar de 300 mil, considerando a enorme quantidade de relevos propícios à formação de cavernas que ainda não foram explorados cientificamente no País. A Constituição Federal de 1989 define todas as “cavidades naturais subterrâneas” como bens da União. Localização das cavernas e das regiões de carste (formações geológicas favoráveis à ocorrência de cavernas) no Brasil Localização das cavernas e das regiões de carste (formações geológicas favoráveis à ocorrência de cavernas) no Brasil Fonte: Cecav/ICMBio – Anuário Estatístico 2019 As cavernas consideradas de “relevância máxima” são aquelas que apresentam alguma característica particularmente única, seja do ponto de vista geológico, biológico ou social. Por exemplo, que contêm algum tipo específico de espeleotema (formações geológicas internas, como as estalactites e estalagmites), que abrigam alguma espécie rara de troglóbio (como são chamados os animais que vivem dentro de cavernas), ou que possuem “destacada relevância histórico-cultural ou religiosa”. Não há um registro oficial de quantas cavernas desse tipo existem no Brasil, pois a classificação só costuma ser feita por necessidade comercial, quando um empreendedor contrata uma consultoria especializada para fazer essa avaliação, dentro de um processo de licenciamento ambiental. Foi justamente para isso que a classificação foi criada em 2008, pelo Decreto 6.640 (agora revogado): estabelecer critérios para determinar quais cavernas podem ser impactadas (ou até mesmo destruídas), quais precisam ser integralmente protegidas e quais as medidas compensatórias que devem ser implementadas em caso de impacto. “As cavernas sempre foram vistas como uma pedra no caminho de vários setores”, diz a bióloga Maria Elina Bichuette, professora do Laboratório de Estudos Subterrâneos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e orientadora de cursos de pós-graduação na USP em Ribeirão Preto. Principalmente da mineração — já que as cavernas costumam ocorrer em áreas propícias à exploração de minérios —, mas também dos setores de energia e agricultura, que também podem trazer impactos significativos a essas cavidades e à biodiversidade que se abriga nelas. Ameaças externas Apesar de fazerem parte do mundo subterrâneo, as cavernas não estão alheias ao que acontece na superfície — pelo contrário, são muito influenciadas pelo que se passa fora delas. (Por isso o licenciamento é exigido não só para atividades que ocorrem no interior das cavernas, mas também na área externa de influência delas.) Projetos de irrigação, por exemplo, podem drenar os cursos d’água que “alimentam” a caverna ou contaminá-los com resíduos de agrotóxicos e fertilizantes. A vibração gerada pelo tráfego de caminhões em estradas pode causar desabamentos, destruindo espeleotemas ou até bloqueando partes das cavernas. Muitas das cavernas que se encaixam nas categorias de relevância alta ou máxima estão dentro de unidades de conservação — mas não todas, ressalta Bichuette. Por exemplo, a Toca da Boa Vista, maior caverna da América do Sul, com 114 quilômetros de extensão, no município de Campo Formoso, na Bahia. “É uma caverna que a gente tinha certeza que nunca seria mexida. Agora, não sei mais”, diz a pesquisadora ao Jornal da USP. Outro exemplo são as cavidades do sistema João Rodrigues, em São Desidério, também no sertão da Bahia, que inclui o maior lago subterrâneo da América do Sul (o Buraco do Inferno da Lagoa do Cemitério), e por onde passa a BR-135. Uma notícia publicada pela Casa Civil diz que o novo decreto permitirá asfaltar um trecho dessa rodovia (entre São Desidério e Correntina). “Linhas de transmissão e projetos de geração de energia limpa também vão poder ser viabilizados com a nova lei. Outro grande impacto que a medida traz é na área de mineração”, diz o texto do governo. A preocupação não para por aí. Mesmo cavernas que se encontram em unidades de conservação podem ser colocadas em risco por empreendimentos realizados no seu entorno, aponta Cruz Junior. Por exemplo, no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), em São Paulo, que abriga centenas de cavernas — várias delas de relevância máxima. “Toda a área em volta do parque já está requerida para mineração”, diz o pesquisador da USP. Outras regiões que poderão sofrer impactos importantes são as do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, e da Serra de Carajás, no Pará. Elas abrigam cavernas em formações ferríferas (ricas em minério de ferro) que possuem uma “morfologia única no mundo”, segundo Cruz Junior, e são vizinhas de algumas das maiores indústrias de mineração do Brasil. “Se você abre a possibilidade de lavrar esse minério, está ameaçando destruir uma série de cavernas sem igual no mundo”, alerta o geólogo. As regras previstas no decreto ainda serão complementadas por uma instrução normativa, detalhando critérios para a classificação de cavernas, definição de atributos similares e outras formas de compensação. Uma oitiva para elaboração dessas normas deverá ser realizada no prazo de 90 dias, com participação do Ibama e do ICMBio. “Sem a participação da comunidade científica com expertise na área, a normativa poderá ser ainda pior que o decreto”, diz um manifesto do Fórum das Sociedades Científicas da Área de Zoologia. in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/01/2022

EcoDebate - Edição 3.806 de 24 / janeiro / 2022

Desejamos a todos(as) um bom dia e uma boa leitura Poluição química ultrapassa a quinta Fronteira Planetária Sustentabilidade de Marketing na Indústria de Artigos Esportivos Produção agrícola brasileira está concentrada em poucas culturas Mudança climática deve aumentar a média anual de raios no Brasil Governo abre caminho para destruição de cavernas Ecocídio, entenda o que é e suas consequências

EcoDebate - Edição 3.805 de 21 / janeiro / 2022

Desejamos a todos(as) um bom dia e uma boa leitura Reciclagem, Reutilização e Economia Circular O negacionismo nuclear Três anos de Brumadinho: o mar de lamas que soterrou vidas e sonhos Aumento do calor nos oceanos sobrecarrega os sistemas climáticos Eventos climáticos extremos assolam o país e não há normalidade nisso USP oferece curso gratuito de meliponicultura que estimula preservação de abelhas e polinização de plantas Grandes empresas não agem contra o desmatamento, denuncia estudo

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Saiba as vantagens da energia solar nas residências

O alto custo da energia elétrica no Brasil tem levado muitas pessoas a buscar soluções que diminuam o valor da conta de luz. Uma alternativa interessante para as residências pode ser a energia solar que, segundo especialista consultado pela Agência Brasil, é “boa para o bolso, para o país e para o mundo”. O potencial de geração de energia solar no Brasil é imenso, mas ainda subaproveitado, principalmente em residências. Isso se explica pelo fato de muitas pessoas não terem noção do que é necessário para transformar tetos ou áreas abertas em pequenas geradoras de energia por meio de placas solares. Algo que, de acordo com o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Amaral Shayani, é mais simples do que parece, e cujos benefícios vão além de uma conta de luz menos onerosa. “A energia solar de uso residencial, que é chamada de geração de distribuída, é boa para o bolso do consumidor. Mas também é boa para o país porque o Brasil é um país em desenvolvimento que vai precisar de muita energia para crescer; e para o mundo, porque protege o meio ambiente, já que não emite gases de efeito estufa”, destaca o engenheiro eletricista em entrevista à Agência Brasil. Boa para o bolso A energia solar pode resultar em diminuição significativa dos gastos com a conta de luz. Segundo Shayani , um investimento entre R$ 12 mil e 15 mil pode reduzir em até 90% a conta de energia. “A pessoa, então, passa a pagar apenas a parcela mínima, que é o consumo mínimo, uma tarifa de disponibilidade do serviço”. O engenheiro diz diz que o investimento é recuperado em cerca de cinco anos e que o sistema dura de 20 a 25 anos. Boa para o país A energia solar é também boa para o país, para lidar com a expectativa de crescimento da demanda de energia, conforme o aumento do número de fábricas e indústrias previsto para os próximos anos. “A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê que até 2050 o Brasil vá triplicar o consumo de eletricidade, até em função do aumento populacional e das consequências disso para o setor produtivo, já que acarretará em mais uso de eletrodomésticos”, afirma Shayani. Boa para o planeta “Quando a energia é gerada no telhado da sua casa, você não está queimando gás natural para gerar eletricidade. Você reduz a necessidade de hidrelétricas, que alagam florestas, ou de carvão ou gás queimados para a geração de energia por usinas térmicas. Portanto, é uma forma muito boa de contribuir para proteger o meio ambiente”, complementa o professor. Para Shayani, um dos grandes desafios mundiais é gerar mais eletricidade e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “Nesse sentido, a energia solar vem como solução. Quanto mais pessoas a adotarem, mais energia o país produzirá, e menos energias fosseis precisarão ser usadas”, enfatiza o professor, que indica também o uso de aquecimento solar por meio de tubos de plástico para, com o calor do Sol, esquentar a água do chuveiro. Placas fotovoltaicas A grande vantagem do uso de placas fotovoltaicas, segundo Shayani, é a possibilidade de “devolver” parte da energia consumida para a rede de energia fornecida pela distribuidora local. Para “devolver” energia à rede fornecedora, é necessário ter, além do painel solar, um inversor, já que a energia solar gera tensão contínua, e as tomadas das residências usam energia alternada. “Você liga seu sistema de energia solar a uma rede elétrica da distribuidora que atende à cidade. Ou seja, instala o sistema no telhado e ligao no mesmo disjuntor que a companhia elétrica tem na sua casa. É o sistema mais barato porque não depende de baterias que armazenem a energia”. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) há, no Brasil, 775.972 sistemas solares desse tipo já instalados. Chuvas e tempo nublado Interligar as placas à rede distribuidora de energia é também solução para evitar falta de energia em dias de chuva, tempo nublado, ou mesmo à noite, quando não há sol. “É como se o relógio medidor de energia rodasse para trás quando é dia e o consumo é menor. À noite, então, quando não há sol, você vai pegar de volta essa energia, usando a energia das hidrelétricas brasileiras. Aí o relógio vai para a frente”. No fim do mês, se a energia fornecida de dia for igual à recebida nos períodos sem luz solar, é como se o relógio que marca o consumo ficasse no zero. “O nome oficial disso é Sistema de Compensação de Energia. Gera-se mais energia de dia para compensar o uso à noite, quando não tem energia solar. É uma coisa interessante porque não precisa de baterias para armazenamento, que são muito caras e altamente poluentes.” Baterias Em geral esse equipamento com baterias é usado em regiões isoladas, onde não há fornecimento de energia por companhias elétricas. É o caso de algumas comunidades do interior da Amazônia, na floresta. “Além de caras e danosas ao meio ambiente, essas baterias são como as de carro: estragam-se muito rápido e precisam ser trocadas a cada três ou quatro anos. O custo adicional delas faz o sistema [de captação e geração de energia] quase dobrar de preço”, estima o professor. Como funcionam A energia solar é´uma inovação tecnológica que difere das outras formas de geração de eletricidade porque é um sistema eletrônico. É feita a partir de uma pedra de silício, substância que, depois do oxigênio, é a mais abundante na Terra. “A crosta terrestre é feita de silício, material usado nos painéis solares. Quando a luz solar incide sobre ele, pula um elétron, o que acaba gerando energia. Essa corrente elétrica sai do telhado e entra nos equipamentos, energizando a casa”, detalha o especialista. Legislação Comunidade do Rio investe em energia solar Comunidade do Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro, começou a investir em energia solar em janeiro de 2016 – Divulgação A legislação da Aneel permite quatro modalidades de geração distribuída de energia. A primeira é a geração na própria unidade consumidora, quando a pessoa a instala no telhado da própria casa. A segunda é chamada autoconsumo remoto, que é quando a pessoa tem, por exemplo, duas residências em um mesmo estado. Ela pode colocar energia solar no telhado da casa e a energia que é gerada lá compensa o consumo da outra residência. “Existe, ainda, a modalidade de múltiplas unidades consumidoras. É o caso dos condomínios, que podem colocar placas nos telhados para abastecer a área comum. Há também a possibilidade de moradores dos apartamentos colocarem o equipamento em telhados, e a energia ser rateada entre as unidades que fizeram o investimento.” A quarta modalidade é a de geração compartilhada que, segundo o especialista, abrange “uma usina maior à qual as pessoas podem se associar para serem beneficiadas com abatimento na conta de energia”. Custo dos equipamentos O preço do sistema depende de dois fatores principais. O primeiro é saber quanto de energia a residência consome. “Para saber isso, basta olhar a fatura enviada pela concessionaria de energia todo mês. O consumo é calculado a partir da média mensal. No verão, gera-se mais eletricidade e, no inverno menos. Mas, na média do ano, a pessoa pode gerar toda energia da casa”, explica Rafael Shayani. “Depende também de quanto sol tem na região. O Brasil em geral é muito ensolarado. O local com menos sol no Brasil tem mais sol do que a Alemanha inteira, que é um dos líderes no uso de energia solar. Então, se você mora em um local com muito sol, seu sistema de geração pode ser menor, não sendo necessárias tantas placas”, acrescenta. Segundo o professor, o consumo típico de uma residência brasileira fica em torno de 10 quilowatts-hora por dia. “Normalmente, temos cinco horas de sol forte por dia. Considerando essa média como referência, precisamos então de um sistema de energia solar de mais ou menos 2 kw instalado no telhado da casa. Ele vai ocupar área pequena do telhado e gerar energia para, na média do ano, atender tudo.” O custo do equipamento varia de acordo com a cotação do dólar, que está na faixa de R$ 5,50. “Atualmente, esse equipamento deve custar entre R$ 12 mil e 15 mil, mas, com ele instalado, a conta de luz pode cair para o valor mínimo cobrado pela concessionária. O investimento é recuperado nos primeiros três ou cinco anos. Depois, fica 20 anos pagando só a tarifa mínima de energia elétrica, que é cobrada para a manutenção da rede.” O equipamento deve ser instalado por uma empresa específica, porque é necessário registro no Conselho de Engenharia, de forma a comprovar que a instalação é segura e atende às regras de segurança da distribuidora de energia. “O primeiro passo é contatar, na sua cidade, uma empresa de equipamentos para geração de energia solar, um ramo que cresceu muito nos últimos anos. Tem milhares de empresas no Brasil. Peça a eles um orçamento. Eles instalam o equipamento, entram em contato com a distribuidora que, depois, fiscaliza a instalação para ver se tudo está adequado para, enfim, ligar o sistema. Isso tudo pode ser feito em até 30 dias”, afirma o engenheiro. Por Pedro Peduzzi, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/01/2022

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 17.01.2022

Queridos leitores do Blog "O Grito do Bicho” Publicamos matérias superinteressantes e selecionadas que levam vocês a terem conhecimento das questões ligadas aos animais e meio ambiente no mundo todo. Podem ler no nosso blog www.ogritodobicho3.com ou diretamente nos títulos abaixo. • Vídeo mostra cães sendo atropelados por ônibus no Pará • Revoltado com descaso público, protetor entrega caixa com cães abandonados a prefeito • Locutora defende fogos com estampido e sugere que animais usem tapa-ouvidos • Peru devolve mais de 2 mil animais silvestres à natureza • Cadela é atropelada e jogada viva em lixeira de Toledo (PR) • Nova lei espanhola institui guarda compartilhada de animais em caso de divórcio • Justiça obriga Gol a fazer buscas por cadela desaparecida em aeroporto • Nascem os dois primeiros filhotes de búfalas resgatadas em Brotas • Família adota cadela abandonada com ração e bilhete em portão de casa • Cachorros podem reconhecer idiomas diferentes e palavras sem sentido, diz estudo • Papa lamenta que famílias substituam filhos por animais domésticos • Cão se assusta com fogos mas é carinhosamente amparado por casal de turistas • 'Um verdadeiro milagre': cão ajuda a salvar alpinista ferido e encalhado nas montanhas • Polícia Ambiental investiga morte de onça grávida completamente carbonizada em Roraima • Câmera flagra mulher abandonando dois cachorros no bairro Buritis, em BH Não deixem de compartilhar nossas publicações. Abração a todos e obrigado pelo carinho com nosso trabalho. sheila moura

Crise climática é a maior ameaça de longo prazo que a humanidade enfrenta

Os principais riscos são a crise climática, as crescentes divisões sociais, o aumento dos riscos cibernéticos e uma recuperação global desigual, à medida que a pandemia persiste Uma pesquisa global de especialistas descobre que apenas 1 em cada 6 estão otimistas e apenas 1 em cada 10 acreditam que a recuperação global se acelerará Para resolver essas questões sistêmicas, os líderes globais devem adotar uma resposta coordenada de múltiplas partes interessadas, mesmo que o espaço para cooperação diminua Os riscos climáticos dominam as preocupações globais à medida que o mundo entra no terceiro ano da pandemia. De acordo com o Global Risks Report 2022, enquanto os principais riscos de longo prazo se relacionam ao clima, as principais preocupações globais de curto prazo incluem divisões sociais, crises de subsistência e deterioração da saúde mental. Além disso, a maioria dos especialistas acredita que uma recuperação econômica global será volátil e desigual nos próximos três anos. Agora, em sua 17ª edição, o relatório encoraja os líderes a pensarem fora do ciclo de relatórios trimestrais e a criar políticas que gerenciem riscos e moldem a agenda para os próximos anos. Ele explora quatro áreas de riscos emergentes: cibersegurança; competição no espaço; uma transição climática desordenada; e pressões migratórias, cada uma exigindo coordenação global para uma gestão bem-sucedida. “As disrupções econômicas e de saúde estão agravando as divisões sociais. Isso está criando tensões em um momento em que a colaboração dentro das sociedades e entre a comunidade internacional será fundamental para garantir uma recuperação global mais uniforme e rápida. Os líderes globais devem se unir e adotar uma abordagem coordenada de múltiplas partes interessadas para enfrentar os desafios globais implacáveis ??e construir resiliência antes da próxima crise”, disse Saadia Zahidi, Managing Director do Fórum Econômico Mundial. Carolina Klint, Risk Management Leader, Continental Europe da Marsh, disse: “À medida que as empresas se recuperam da pandemia, elas estão aprimorando o foco na resiliência organizacional e nas credenciais ESG. Com as ameaças cibernéticas agora crescendo mais rápido do que nossa capacidade de erradicá-las permanentemente, está claro que nem a resiliência nem a governança são possíveis sem planos de gerenciamento de risco cibernético sofisticados e confiáveis. Da mesma forma, as organizações precisam começar a entender seus riscos espaciais, especialmente o risco para os satélites, dos quais nos tornamos cada vez mais dependentes, dado o aumento das ambições e tensões geopolíticas”. Peter Giger, Group Chief Risk Officer do Zurich Insurance Group, disse: “A crise climática continua sendo a maior ameaça de longo prazo que a humanidade enfrenta. A omissão de ação sobre as mudanças climáticas pode reduzir o PIB global em um sexto e os compromissos assumidos na COP26 ainda não são suficientes para atingir a meta de 1,5 C. Não é tarde demais para governos e empresas agirem sobre os riscos que enfrentam e conduzirem uma transição inovadora, determinada e inclusiva que proteja as economias e as pessoas”. O relatório se encerra com reflexões sobre o segundo ano da pandemia de COVID-19, produzindo novos insights sobre a resiliência a nível nacional. O capítulo também se baseia nas comunidades de especialistas em risco do Fórum Econômico Mundial — a Chief Risk Officers Community and Global Future Council on Frontier Risks — para oferecer conselhos práticos na implementação da resiliência para as organizações. O Global Risk Report 2022 foi desenvolvido com o apoio do Global Risks Advisory Board do Fórum Econômico Mundial. Ele também se beneficia da colaboração contínua com seus parceiros estratégicos, Marsh McLennan, SK Group e Zurich Insurance Group, e seus consultores acadêmicos na Oxford Martin School (Universidade de Oxford), na National University of Singapore e no Wharton Risk Management and Decision Processes Center (Universidade da Pensilvânia). riscos globais de curto prazo riscos globais de curto prazo riscos globais de longo prazo principais riscos globais Leia mais sobre o Global Risks Report 2022 em https://www.weforum.org/reports/global-risks-report-2022 Fonte: World Economic Forum in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/01/2022

Saiba as vantagens da energia solar nas residências

O alto custo da energia elétrica no Brasil tem levado muitas pessoas a buscar soluções que diminuam o valor da conta de luz. Uma alternativa interessante para as residências pode ser a energia solar O alto custo da energia elétrica no Brasil tem levado muitas pessoas a buscar soluções que diminuam o valor da conta de luz. Uma alternativa interessante para as residências pode ser a energia solar que, segundo especialista consultado pela Agência Brasil, é “boa para o bolso, para o país e para o mundo”. O potencial de geração de energia solar no Brasil é imenso, mas ainda subaproveitado, principalmente em residências. Isso se explica pelo fato de muitas pessoas não terem noção do que é necessário para transformar tetos ou áreas abertas em pequenas geradoras de energia por meio de placas solares. Algo que, de acordo com o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Amaral Shayani, é mais simples do que parece, e cujos benefícios vão além de uma conta de luz menos onerosa. “A energia solar de uso residencial, que é chamada de geração de distribuída, é boa para o bolso do consumidor. Mas também é boa para o país porque o Brasil é um país em desenvolvimento que vai precisar de muita energia para crescer; e para o mundo, porque protege o meio ambiente, já que não emite gases de efeito estufa”, destaca o engenheiro eletricista em entrevista à Agência Brasil. Boa para o bolso A energia solar pode resultar em diminuição significativa dos gastos com a conta de luz. Segundo Shayani , um investimento entre R$ 12 mil e 15 mil pode reduzir em até 90% a conta de energia. “A pessoa, então, passa a pagar apenas a parcela mínima, que é o consumo mínimo, uma tarifa de disponibilidade do serviço”. O engenheiro diz diz que o investimento é recuperado em cerca de cinco anos e que o sistema dura de 20 a 25 anos. Boa para o país A energia solar é também boa para o país, para lidar com a expectativa de crescimento da demanda de energia, conforme o aumento do número de fábricas e indústrias previsto para os próximos anos. “A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê que até 2050 o Brasil vá triplicar o consumo de eletricidade, até em função do aumento populacional e das consequências disso para o setor produtivo, já que acarretará em mais uso de eletrodomésticos”, afirma Shayani. Boa para o planeta “Quando a energia é gerada no telhado da sua casa, você não está queimando gás natural para gerar eletricidade. Você reduz a necessidade de hidrelétricas, que alagam florestas, ou de carvão ou gás queimados para a geração de energia por usinas térmicas. Portanto, é uma forma muito boa de contribuir para proteger o meio ambiente”, complementa o professor. Para Shayani, um dos grandes desafios mundiais é gerar mais eletricidade e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “Nesse sentido, a energia solar vem como solução. Quanto mais pessoas a adotarem, mais energia o país produzirá, e menos energias fosseis precisarão ser usadas”, enfatiza o professor, que indica também o uso de aquecimento solar por meio de tubos de plástico para, com o calor do Sol, esquentar a água do chuveiro. Placas fotovoltaicas A grande vantagem do uso de placas fotovoltaicas, segundo Shayani, é a possibilidade de “devolver” parte da energia consumida para a rede de energia fornecida pela distribuidora local. Para “devolver” energia à rede fornecedora, é necessário ter, além do painel solar, um inversor, já que a energia solar gera tensão contínua, e as tomadas das residências usam energia alternada. “Você liga seu sistema de energia solar a uma rede elétrica da distribuidora que atende à cidade. Ou seja, instala o sistema no telhado e ligao no mesmo disjuntor que a companhia elétrica tem na sua casa. É o sistema mais barato porque não depende de baterias que armazenem a energia”. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) há, no Brasil, 775.972 sistemas solares desse tipo já instalados. Chuvas e tempo nublado Interligar as placas à rede distribuidora de energia é também solução para evitar falta de energia em dias de chuva, tempo nublado, ou mesmo à noite, quando não há sol. “É como se o relógio medidor de energia rodasse para trás quando é dia e o consumo é menor. À noite, então, quando não há sol, você vai pegar de volta essa energia, usando a energia das hidrelétricas brasileiras. Aí o relógio vai para a frente”. No fim do mês, se a energia fornecida de dia for igual à recebida nos períodos sem luz solar, é como se o relógio que marca o consumo ficasse no zero. “O nome oficial disso é Sistema de Compensação de Energia. Gera-se mais energia de dia para compensar o uso à noite, quando não tem energia solar. É uma coisa interessante porque não precisa de baterias para armazenamento, que são muito caras e altamente poluentes.” Baterias Em geral esse equipamento com baterias é usado em regiões isoladas, onde não há fornecimento de energia por companhias elétricas. É o caso de algumas comunidades do interior da Amazônia, na floresta. “Além de caras e danosas ao meio ambiente, essas baterias são como as de carro: estragam-se muito rápido e precisam ser trocadas a cada três ou quatro anos. O custo adicional delas faz o sistema [de captação e geração de energia] quase dobrar de preço”, estima o professor. Como funcionam A energia solar é´uma inovação tecnológica que difere das outras formas de geração de eletricidade porque é um sistema eletrônico. É feita a partir de uma pedra de silício, substância que, depois do oxigênio, é a mais abundante na Terra. “A crosta terrestre é feita de silício, material usado nos painéis solares. Quando a luz solar incide sobre ele, pula um elétron, o que acaba gerando energia. Essa corrente elétrica sai do telhado e entra nos equipamentos, energizando a casa”, detalha o especialista. Legislação Comunidade do Rio investe em energia solar Comunidade do Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro, começou a investir em energia solar em janeiro de 2016 – Divulgação A legislação da Aneel permite quatro modalidades de geração distribuída de energia. A primeira é a geração na própria unidade consumidora, quando a pessoa a instala no telhado da própria casa. A segunda é chamada autoconsumo remoto, que é quando a pessoa tem, por exemplo, duas residências em um mesmo estado. Ela pode colocar energia solar no telhado da casa e a energia que é gerada lá compensa o consumo da outra residência. “Existe, ainda, a modalidade de múltiplas unidades consumidoras. É o caso dos condomínios, que podem colocar placas nos telhados para abastecer a área comum. Há também a possibilidade de moradores dos apartamentos colocarem o equipamento em telhados, e a energia ser rateada entre as unidades que fizeram o investimento.” A quarta modalidade é a de geração compartilhada que, segundo o especialista, abrange “uma usina maior à qual as pessoas podem se associar para serem beneficiadas com abatimento na conta de energia”. Custo dos equipamentos O preço do sistema depende de dois fatores principais. O primeiro é saber quanto de energia a residência consome. “Para saber isso, basta olhar a fatura enviada pela concessionaria de energia todo mês. O consumo é calculado a partir da média mensal. No verão, gera-se mais eletricidade e, no inverno menos. Mas, na média do ano, a pessoa pode gerar toda energia da casa”, explica Rafael Shayani. “Depende também de quanto sol tem na região. O Brasil em geral é muito ensolarado. O local com menos sol no Brasil tem mais sol do que a Alemanha inteira, que é um dos líderes no uso de energia solar. Então, se você mora em um local com muito sol, seu sistema de geração pode ser menor, não sendo necessárias tantas placas”, acrescenta. Segundo o professor, o consumo típico de uma residência brasileira fica em torno de 10 quilowatts-hora por dia. “Normalmente, temos cinco horas de sol forte por dia. Considerando essa média como referência, precisamos então de um sistema de energia solar de mais ou menos 2 kw instalado no telhado da casa. Ele vai ocupar área pequena do telhado e gerar energia para, na média do ano, atender tudo.” O custo do equipamento varia de acordo com a cotação do dólar, que está na faixa de R$ 5,50. “Atualmente, esse equipamento deve custar entre R$ 12 mil e 15 mil, mas, com ele instalado, a conta de luz pode cair para o valor mínimo cobrado pela concessionária. O investimento é recuperado nos primeiros três ou cinco anos. Depois, fica 20 anos pagando só a tarifa mínima de energia elétrica, que é cobrada para a manutenção da rede.” O equipamento deve ser instalado por uma empresa específica, porque é necessário registro no Conselho de Engenharia, de forma a comprovar que a instalação é segura e atende às regras de segurança da distribuidora de energia. “O primeiro passo é contatar, na sua cidade, uma empresa de equipamentos para geração de energia solar, um ramo que cresceu muito nos últimos anos. Tem milhares de empresas no Brasil. Peça a eles um orçamento. Eles instalam o equipamento, entram em contato com a distribuidora que, depois, fiscaliza a instalação para ver se tudo está adequado para, enfim, ligar o sistema. Isso tudo pode ser feito em até 30 dias”, afirma o engenheiro. Por Pedro Peduzzi, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/01/2022

EcoDebate - Edição 3.803 de 17 / janeiro / 2022

Desejamos a todos(as) um bom dia e uma boa leitura Os 8 anos mais quentes do Antropoceno Tragédias geológicas: a indispensável punição dos responsáveis Decifre sua conta de energia elétrica e garanta seus direitos A Constituição da China e o Conceito de Civilização Ecológica Perda de espécies animais dispersoras de sementes impedem as plantas de se adaptar às mudanças climáticas Crise climática é a maior ameaça de longo prazo que a humanidade enfrenta Saiba as vantagens da energia solar nas residências

domingo, 16 de janeiro de 2022

"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 16.01.2022

Queridos leitores do Blog "O Grito do Bicho” Publicamos matérias superinteressantes e selecionadas que levam vocês a terem conhecimento das questões ligadas aos animais e meio ambiente no mundo todo. Podem ler no nosso blog www.ogritodobicho3.com ou diretamente nos títulos abaixo. • Após barragem transbordar na Grande BH, Ibama retira por segurança 400 animais do Centro de Reabilitação • Vídeo: morador de rua canta parabéns com cães, divide bolo e emociona • Homem é detido após abusar sexualmente de cães no Rio • Empresária de Araras transforma terreno particular em praça de lazer para cães • Suspeito de atropelar de propósito e causar a morte de dois cães é preso • Aula de agility em áreas públicas - RJ • Cachorro com vida é resgatado após asfalto ceder na Dutra (SP) • Gato ganha crachá de funcionário e vira 'atendente' do Poupatempo no interior de SP • Gato é pego após tentar roubar biscoitos de Natal em delegacia • Baleias-jubartes encalham em número recorde no litoral do Brasil • Vídeo: militares entram em prédio que desabou e salvam cão após latido • Disque denúncia do Rio aponta um crescimento nos casos de maus tratos contra os animais • Acupuntura ajuda cachorra atropelada por ônibus a recuperar movimentos das pernas no interior de SP • Mais de 20 animais são retirados da casa de protetor após denúncia de maus-tratos Não deixem de compartilhar nossas publicações. Abração a todos e obrigado pelo carinho com nosso trabalho. sheila moura

sábado, 15 de janeiro de 2022

"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 15.01.2022

Queridos leitores do Blog "O Grito do Bicho” Publicamos matérias superinteressantes e selecionadas que levam vocês a terem conhecimento das questões ligadas aos animais e meio ambiente no mundo todo. Podem ler no nosso blog www.ogritodobicho3.com ou diretamente nos títulos abaixo. • Projeto de castração do governo do RJ já atendeu 10 mil animais; veja como participar • Cachorro que percorria 3 km até lixão em busca de comida é adotado por casal de Mogi: 'Ganhamos mais do que eles' • Denúncia de maus-tratos na hospedagem do Hotel Cães Fantásticos - RJ • 'Maconha' do gato, Catnip ajuda a aliviar estresse dos bichinhos • Família de ambientalistas é executada no Sul do Pará • Gato alerta casal para fogo em residência e salva tutores de incêndio • Cão que percorria 3 km até lixão em busca de comida é adotado por casal • 16 bois são encontrados mortos em caminhões boiadeiros após ficarem sem água e alimento • Enxurrada atinge ONG que cuida de animais abandonados em Uberlândia (MG) • Homem entra em área isolada para resgatar animais presos em prédio que desabou no DF • Buscas pela cadela Pandora, perdida pela GOL, vão completar um mês • Protetora denuncia que homem vende carne de cachorro mentindo ser de bode • Carla Diaz participa de resgate de animais ao lado do namorado • Governador de SC sanciona lei que proíbe corridas de cães e abandono de animais Não deixem de compartilhar nossas publicações. Abração a todos e obrigado pelo carinho com nosso trabalho. sheila moura

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo de 14.01.2022

Queridos leitores do Blog "O Grito do Bicho” Publicamos matérias superinteressantes e selecionadas que levam vocês a terem conhecimento das questões ligadas aos animais e meio ambiente no mundo todo. Podem ler no nosso blog www.ogritodobicho3.com ou diretamente nos títulos abaixo. • Cachorro é resgatado após ficar ilhado por conta de cheia de rio no ES • Cães da Guarda Municipal do Rio podem ser adotados pela população • PM quebra vidro de carro de luxo para resgatar cachorro em Balneário Camboriú (SC) • Cachorro levado por correnteza de rio é resgatado em Campos (RJ) • Cães sobem em tábuas para se protegerem de alagamentos no Pantanal • OAB-RJ consegue vitória espetacular contra zoofilia • Uma veterinária chamada Daniela Almeida • Bombeiro resgata cachorro com mergulho em lama de enchente em MG • Vídeo mostra médico suspeito de agredir cachorro até a morte tentando reanimar o animal • Tigre-de-bengala, que passou por cirurgia inédita no país, está de volta ao Bioparque • Cão tem focinho decepado por foice e é sacrificado no Tocantins • Dono constrói rampa para cachorro Fubá não perder as fofocas da rua • Morre Magawa, rata farejadora de minas terrestres premiada por bravura animal • Concessionária encontra família dona de cachorra resgatada de escombros de desabamento na Via Dutra, na Grande SP Não deixem de compartilhar nossas publicações. Abração a todos e obrigado pelo carinho com nosso trabalho. sheila moura

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

As consequências da crise climática já chegaram

IHU Os sintomas estão se tornando cada vez mais evidentes. Estamos perdendo a Terra. As consequências do aquecimento global se tornaram irrefutáveis. Os alertas científicos do passado se consolidam com os fatos do presente, os ecossistemas se retorcem e a inação afasta a humanidade de um cenário otimista. Este verão que se encerra [na Europa] ficará para a história devido à trágica pandemia, mas também devido ao calor global, degelo, incêndios e furacões. É que os meses de julho e agosto de 2020 lançaram muitas certezas sobre a crise climática. A reportagem é de Alejandro Tena, publicada por Público, 09-09-2020. A tradução é do Cepat. O nível que marca o mercúrio do termômetro revela que o calor do verão está significativamente acima da média. Tanto é que o Serviço Europeu de Mudanças Climáticas Copernicus registrou um agosto muito mais quente que o normal, com temperaturas 0,44 grau acima da média, que o tornam o quarto mais quente desde que há registros. Longe de ser anedótico, é um número que faz parte de uma tendência climática preocupante com o aumento das temperaturas. O mês de agosto, de 2015 a 2020, foi mais quente globalmente do que qualquer agosto antes desses seis anos. Desta forma, temperaturas sem precedentes de 55 graus foram registradas no Vale da Morte, na Califórnia. A Sibéria, por sua vez, confirmou que o aquecimento global está sendo mais severo na região ártica do planeta, como explica ao Público a física e meteorologista do Eltiempo.es Irene Santa. “Já foram registrados 38 graus nessa região, quando o normal para essa fase do ano seria 20 graus. Estamos falando de uma anomalia de 18 graus”, explica. “Já sabíamos que o planeta está esquentando, mas isso corrobora que no Ártico chega ao dobro. E não só no verão, as temperaturas médias de janeiro a maio no centro e norte da Sibéria este ano têm sido de 8 graus acima do normal”. Os termômetros não enganam e as consequências desse calor que perdura nos últimos anos estão deixando consequências diretas nos ecossistemas. Um deles é o derretimento das calotas polares. Nesse sentido, este verão ficará para a história depois que as geleiras da Groenlândia, a segunda maior massa de gelo do mundo, forem reduzidas a um ponto sem volta, conforme noticiado na revista Nature. “O gelo que é descarregado no oceano excede em muito a neve que se acumula na superfície da camada de gelo”, explicam os autores da pesquisa, que mostra que a superfície congelada só aumentaria sua massa de gelo em um de cada cem anos. As consequências do aumento constante das temperaturas também foram evidenciadas no gelo do Mar de Bering, onde dados de satélite coletados em uma publicação da revista Science Advance revelam que o manto de gelo já atingiu o nível mais baixo de todos os tempos. Algo semelhante acontece com a geleira Reina de los Dolomitas, que já perdeu mais de 80% de seu volume e, segundo informações do The Guardian, pode desaparecer em 15 anos, caso a tendência das altas temperaturas continue. É que o calor – não só no verão de 2020, mas nos últimos anos – fez com que os lagos que são alimentados pela água das geleiras aumentassem em 50% seu tamanho devido ao degelo. A queda gradativa do gelo confirma os alertas dos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU a respeito da elevação do nível do mar. Em seu último relatório, publicado há apenas um ano, eles já relataram que o degelo havia se acelerado a taxas até 2,5 vezes maiores do que a média do século anterior, o que levará, no melhor dos casos, a que os oceanos aumentem o nível em um metro até o final do século. A Sibéria queima Termômetros com números altos na Sibéria deixaram um ecossistema muito mais seco do que o normal, o que permitiu que essa região se tornasse o cenário ideal para o início de um incêndio. Tanto é que esta área da Rússia tem registado um dos maiores megaincêndios do verão, com mais de 300 fontes ativas e cerca de 9,26 milhões de hectares queimados, mais do que a área que Portugal ocupa no mapa, segundo estimativas do Greenpeace. O fogo nessas áreas do planeta tem consequências mais problemáticas do que em qualquer outro lugar. Por um lado, o fogo queima a turfa, um componente pastoso da planta cujo pavio libera grande quantidade de CO2 na atmosfera. E, por outro lado, o calor das chamas contribui para o derretimento do permafrost – a camada de solo que permanece congelada – e o metano armazenado no subsolo há milhares de anos é liberado. Dessa forma, os incêndios tornam-se consequência e causa da crise climática, pois contribuem para a emissão de toneladas de poluentes que aceleram o aquecimento global. Além do atípico megaincêndio siberiano, o verão de 2020 deixa outros focos importantes como o atual incêndio da Califórnia – o segundo maior da história do Estado norte-americano – e os incêndios na Amazônia, que estão a caminho de ser os piores registrados em um agosto, há dez anos, segundo especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil. A crise climática é capaz de desencadear ao mesmo tempo fenômenos opostos. Assim, enquanto a Califórnia e a Sibéria ardem, a costa atlântica foi atingida por uma temporada de furacões cuja chegada estava prevista para julho, quando a tempestade Isaías colocou a República Dominicana em xeque e deixou seis mortos nos Estados Unidos. O motivo de esta zona do Atlântico ter sido marcada por grandes tempestades durante o mês de agosto tem a ver com o aumento da temperatura do mar, o que favorece o desenvolvimento deste tipo de fenômeno. Dessa forma, as repercussões da crise climática parecem ir além do calor e visam tornar o planeta um lugar incômodo, onde enchentes, chuvas torrenciais e incêndios são cada vez mais comuns. (EcoDebate, 14/09/2020) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação. [IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

Em 36 meses, governo promoveu retrocessos de 30 anos na agenda socioambiental

Em três anos de mandato, Bolsonaro avançou significativamente com sua política de desprezo ao meio ambiente. Ao longo deste período, o atual governo foi na contramão de qualquer medida de proteção ambiental e colecionou marcos negativos na agenda climática: bateu recordes de desmatamento na Amazônia, enfraqueceu órgãos ambientais, paralisou a fiscalização ambiental, liberou agrotóxicos e incentivou a exploração ilegal de madeira e garimpo. Em ano de eleições presidenciais, uma breve retrospectiva sobre estes principais acontecimentos se faz necessária. Para alcançar os altos índices de desmatamento em três anos de governo, Bolsonaro iniciou o seu mandato em 2019 com uma série de desmontes no Ministério do Meio Ambiente (MMA) e no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O governo enfraqueceu órgãos como o Ibama e ICMBio, demitiu funcionários com conhecimento técnico para nomear militares e ruralistas sem experiência e acabou com comitês e conselhos que garantiam a participação da sociedade civil na governança ambiental do país. A fiscalização ambiental deixou de ser comandada pelo Ibama e, no lugar, o governo implantou uma operação militar que levou mais 3.400 militares para a Amazônia a um elevado custo aos cofres públicos (cerca de R$ 550 milhões) e que foi incapaz de coibir os crimes ambientais na região: uma verdadeira maquiagem verde. Como resultado, o país bateu recordes de desmatamento na Amazônia, registrando em 2021 o equivalente a quase nove vezes o município de São Paulo, o maior índice na região desde 2006. Ao afirmar diversas vezes que não há crescimento econômico sem exploração ambiental, Bolsonaro fez o Brasil vivenciar uma explosão de casos de garimpo ilegal, a exemplo do mais recente acontecimento no Rio Madeira, no Amazonas, que reuniu centenas de balsas no munícipio de Autazes promovendo a destruição socioambiental. Os territórios de Munduruku e Sai Cinza, no Pará, tiveram também mais de 600 quilômetros de corpos d’água contaminados por conta do garimpo ilegal neste mesmo ano. Retrocessos seguem para 2022 Com o respaldo no Congresso Nacional, ruralistas e a base aliada de Bolsonaro avançaram com projetos de lei que colocam em risco o meio ambiente e a vida dos povos e comunidades tradicionais no país. É o caso do “PL da Grilagem”, que visa premiar grileiros que desmataram terras públicas, e do “PL da Boiada”, que pode acabar com o licenciamento ambiental que protege o meio ambiente e populações afetadas por diversos tipos de obras e empreendimentos como construções de hidrelétricas, barragens e rodovias. Ambos foram aprovados na Câmara dos Deputados e tramitam no Senado Federal, podendo ser votados no início deste ano. A liberação de agrotóxicos também bateu recordes na gestão Bolsonaro. Mais de 30% de todos os registros de novos agrotóxicos foram feitos durante o seu governo, totalizando mais de 1.500 novos produtos autorizados. Além disso, ao longo de todo o ano de 2021 houve tentativas de avanço com a aprovação do chamado “Pacote do Veneno” (PL 6.299/2002), que pretende flexibilizar ainda mais a aprovação de agrotóxicos no país e que pode voltar à pauta no início de fevereiro. Também ficou para 2022 o julgamento da tese do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal, que defende que as demarcações de terras indígenas só valem após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Na Câmara dos Deputados, o PL 490/2007 que, dentre outros aspectos, também trata do Marco Temporal, segue como uma ameaça. Para Thais Bannwart, porta-voz de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, 2022 é um ano decisivo para a agenda ambiental brasileira. “A destruição ambiental e a violência contra povos e comunidades tradicionais produzidos pelo governo Bolsonaro precisa acabar para sempre. A maior parte da sociedade brasileira é contra esses absurdos e precisamos levar isso em consideração na hora de escolher nossos candidatos. Um modelo de destruição como o de Bolsonaro já está nos custando muito caro e temos um caminho árduo pela frente, que demandará muita vontade política e da sociedade para ser revertido, mas nós temos toda a capacidade para trilhar esse caminho.” 2022 é ano de eleições presidenciais. Após 36 meses de desmonte ambiental, mais do que nunca o meio ambiente deve ser uma das pautas centrais do debate eleitoral. Afinal, ao contrário do que prega o atual presidente da república, a valorização da biodiversidade e dos saberes da floresta é a chave para o Brasil prosperar. Veja aqui as ações antiambientais efetivadas desde a posse de Bolsonaro. Fonte: Greenpeace Brasil in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/01/2022

EcoDebate - Edição 3.801 de 12 / janeiro / 2022

Desejamos a todos(as) um bom dia e uma boa leitura Cidades fluminenses com decrescimento populacional em 2021 A tragédia em Capitólio, qual seria a melhor solução? Despejar famílias de área segura por grandes interesses econômicos? O calor acumulado nos oceanos está em níveis recordes Degelo do permafrost acelera a erosão costeira no Ártico As consequências da crise climática já chegaram Restaurar florestas degradadas recupera serviços ecossistêmicos e armazena carbono Em 36 meses, governo promoveu retrocessos de 30 anos na agenda socioambiental

domingo, 9 de janeiro de 2022

Fonte solar fotovoltaica atinge marca de 13 gigawatts no Brasil

Por Thiago Nassa O Brasil acaba de ultrapassar a marca histórica de 13 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica em sistemas de médio e pequeno portes instalados em telhados, fachadas e terrenos e em grandes usinas centralizadas De acordo com a entidade, a fonte solar já trouxe ao Brasil mais de R$ 66,3 bilhões em novos investimentos, R$ 17,1 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 390 mil empregos acumulados desde 2012. Com isso, também evitou a emissão de 14,7 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade. Para o CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, o avanço da energia solar no País, via grandes usinas e pela geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil. A fonte ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do País, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz da população. “As usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores”, comenta. “Graças à versatilidade e agilidade da tecnologia solar, basta um dia de instalação para transformar uma residência ou empresa em uma pequena usina geradora de eletricidade limpa, renovável e acessível. Já para uma usina solar de grande porte, são menos de 18 meses desde a emissão do ato de outorga até o início da geração de energia elétrica. Assim, a solar é reconhecidamente campeã na rapidez de novas usinas de geração”, acrescenta Sauaia. O Brasil possui 4,6 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte, o equivalente a 2,4% da matriz elétrica do País. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao Brasil mais de R$ 23,9 bilhões em novos investimentos e mais de 138 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação de R$ 6,5 bilhões aos cofres públicos. Atualmente, as usinas solares de grande porte são a sexta maior fonte de geração do Brasil, com empreendimentos em operação em nove estados brasileiros, nas regiões Nordeste (Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte), Sudeste (Minas Gerais e São Paulo) e Centro-Oeste (Tocantins). No segmento de geração própria de energia, são 8,4 GW de potência instalada da fonte solar. Isso equivale a mais de R$ 42,4 bilhões em investimentos, R$ 10,6 bilhões em arrecadação e mais de 251 mil empregos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões do Brasil. A tecnologia solar é utilizada atualmente em 99,9% de todas as conexões de geração própria no País, liderando com folga o segmento. Ao somar as capacidades instaladas das grandes usinas e da geração própria de energia solar, a fonte solar ocupa, agora, o quinto lugar na matriz elétrica brasileira. A fonte solar já ultrapassou a potência instalada de termelétricas movidas a petróleo e outros fósseis, que representam 9,1 GW da matriz elétrica brasileira. Para o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, além de competitiva e acessível, a energia solar é rápida de instalar e ajuda a aliviar o bolso dos consumidores, reduzindo em até 90% seus gastos com energia elétrica. “Energia elétrica competitiva e limpa é fundamental para o País recuperar a sua economia e conseguir crescer. A fonte solar é parte desta solução e um verdadeiro motor de geração de oportunidades e novos empregos”, conclui Koloszuk. in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 05/01/2022

Supressão vegetação nativa no bioma Cerrado no ano de 2021 foi de 8.531,44 km²

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), unidade vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), concluiu o mapeamento da supressão vegetação nativa no bioma Cerrado, atualizado pelo novo limite do bioma definido pelo IBGE em 2019. O valor mapeado foi de 8.531,44 km2 de corte raso no período de agosto de 2020 a julho de 2021. Esse valor representa um aumento de 7,9% em relação ao valor apurado pelo PRODES 2020 que foi de 7.905,16 km2 para o bioma Cerrado. Esse resultado foi alcançado através do projeto PRODES Cerrado, desenvolvido e operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) unidade do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovações – MCTI, sendo financiado pelo Programa de Investimento Florestal (FIP) do Banco Mundial. Para o mapeamento, o projeto utiliza 118 imagens do satélite Landsat ou similar para identificar, mapear e quantificar as áreas maiores que 1 hectare onde a vegetação nativa foi suprimida, independente da utilização subsequente dessas regiões. O valor de 2020 foi alterado em relação ao divulgado anteriormente (no ano passado) devido a aplicação dos novos limites dos Biomas Brasileiros. O atual limite do Bioma Cerrado contempla uma área de 1.984.502,21 km², enquanto o limite anterior era de 2.039.776,31 km². A diminuição da área total do bioma Cerrado reflete o balanço onde cerca de 129 mil km2 saíram do Cerrado para outros biomas e outros 65 mil km² de regiões que pertenciam anteriormente aos outros biomas, como Caatinga, Mata Atlântica, Amazônia e Pantanal passaram para o bioma Cerrado. Com a inclusão dessa nova área com mais de 65 mil km² fez se necessário o mapeamento do desmatamento ao longo da série histórica para essas regiões para os anos 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2010, 2013, 2014, 2016, 2018 e 2020, para complementar o mapeamento já existente no resto do Bioma. A Tabela 1 mostra a área de vegetação nativa suprimida no Bioma Cerrado no ano de 2021 para cada estado. O Estado do Maranhão foi o que apresentou a maior área de vegetação nativa suprimida com 2.281,72 km², seguido pelo Tocantins 1.710,55 km² e Bahia 925,11 km². Tabela 1 – Área de vegetação nativa suprimida no Bioma Cerrado em 2021 em cada estado. Estado PRODES 2021 (km²) Contribuição (%) Bahia 925,11 10,84 Distrito Federal 4,55 0,05 Goiás 920,45 10,79 Maranhão 2.281,72 26,74 Mato Grosso 803,30 9,42 Mato Grosso do Sul 287,65 3,37 Minas Gerais 802,63 9,41 Pará 192,18 2,25 Paraná 0,07 0,00 Piauí 583,73 6,84 Rondônia 18,21 0,21 São Paulo 1,28 0,02 Tocantins 1.710,55 20,05 TOTAL 8.531,44 100,00 A tabela 2 apresenta a área total de cada estado dentro do Bioma Cerrado no limite antigo e no novo. É possível observar os estados em que a área total dentro do bioma aumentou ou diminuiu, sendo que o estado do Piauí teve o maior acréscimo em área (39.432 km²), o estado da Bahia com a menor diminuição, e a inclusão do estado do Pará, que antes não fazia parte do Bioma e agora mais de 8 mil km² do estado está dentro do Limite do Cerrado. Tabela 2: Área total de cada Estado dentro do Limite do Bioma Cerrado (Antigo e o novo). Estados Limite Antigo (km²) Limite Novo (km²) Diferença (km²) Bahia 151.248,11 103.400,50 -47.847,61 Distrito Federal 5.780,00 5.780,00 0,00 Goiás 329.611,90 334.579,71 4.967,81 Maranhão 212.551,24 217.028,74 4.477,50 Mato Grosso 358.797,48 337.831,35 -20.966,13 Mato Grosso do Sul 216.363,84 222.246,04 5.882,20 Minas Gerais 333.716,25 317.139,09 -16.577,16 Pará 0,00 8.709,97 8.709,97 Paraná 3.740,98 3.124,07 -616,91 Piauí 93.447,62 132.880,54 39.432,92 Rondônia 488,01 2.535,50 2.047,49 São Paulo 81.135,96 46.142,00 -34.993,96 Tocantins 252.894,92 253.104,70 209,78 Total 2.039.776,31 1.984.502,21 -55.274,10 A Tabela 3 apresenta a variação da área de vegetação nativa suprimida entre os anos de 2020 e 2021 por estado. No total essa variação foi de 8% (, que representa um aumento de 626,28 km² na remoção da cobertura natural em relação a 2020. Tabela 3 – Valores absolutos e variação percentual para cada estado em km2. Estado PRODES 2020 PRODES 2021 Diferença Variação (%) Bahia 768,82 925,11 156,29 20% Distrito Federal 4,78 4,55 -0,23 -5% Goiás 733,54 920,45 186,92 25% Maranhão 1.898,80 2.281,72 382,92 20% Mato Grosso 770,11 803,30 33,19 4% Mato Grosso do Sul 299,33 287,65 -11,68 -4% Minas Gerais 621,70 802,63 180,93 29% Pará 312,58 192,18 -120,40 -39% Paraná 1,70 0,07 -1,63 -96% Piauí 880,01 583,73 -296,28 -34% Rondônia 23,53 18,21 -5,32 -23% São Paulo 5,57 1,28 -4,28 -77% Tocantins 1.584,71 1.710,55 125,85 8% TOTAL 7.905,16 8.531,44 626,28 8% A Tabela 4 apresenta os valores da supressão de vegetação nativa para cada ano, atualizados pelos novos limites do bioma Cerrado. O mapeamento do ano 2000 corresponde a todo o desmatamento já existente e identificável no mapeamento do ano de 2000. Tabela 4 – Incremento anual da área de vegetação nativa suprimida por estado (km2). ANO BA DF GO MA MT MS MG PA PR PI RO SP TO 2000 18.741 3.073 166.186 40.600 111.909 148.572 125.323 740 2.219 9.270 36 38.535 35.678 2002 2.415 26 13.340 4.670 9.416 5.428 10.360 188 57 1.732 7 191 5.842 2004 4.072 164 12.415 5.808 11.877 4.601 8.265 206 29 3.292 43 207 6.189 2006 2.472 55 4.958 4.841 4.889 3.020 4.921 216 39 2.660 18 187 5.278 2008 2.949 21 3.038 6.719 4.739 1.541 3.986 1.013 6 1.727 502 58 5.970 2010 1.782 25 2.943 3.468 1.961 956 2.519 112 40 2.258 11 78 3.669 2012 2.565 13 1.980 2.880 1.899 704 2.582 2 3 1.804 1 22 3.499 2013 1.049 11 1.531 1.703 1.870 480 1.873 170 3 1.879 8 24 2.881 2014 860 20 1.202 1.884 1.048 273 1.819 190 8 1.287 18 25 2.271 2015 1.081 5 1.235 1.673 1.615 587 1.054 1 6 779 2 10 3.081 2016 649 3 672 1.281 1.272 320 352 293 4 966 45 2 1.638 2017 659 6 863 1.502 1.029 265 499 2 3 566 1 2 1.722 2018 598 8 742 1.571 1.049 259 476 198 1 744 18 9 1.587 2019 715 3 668 1.341 884 256 476 4 0 426 8 4 1.533 2020 769 5 734 1.899 770 299 622 313 2 880 24 6 1.585 2021 925 5 920 2.282 803 288 803 192 0 584 18 1 1.711 Total 42.302 3.441 213.426 84.121 157.028 167.848 165.929 3.839 2.420 30.854 761 39.359 84.134 A Figura 1 mostra uma comparação gráfica entre a extensão da área de vegetação nativa suprimida no período de 2001 a 2021. Gráfico do desmatamento no Bioma Cerrado por ano Figura 1 – Gráfico do desmatamento no Bioma Cerrado por ano. A figura 2 apresenta de maneira espacialmente explicita a ocorrência de supressão de vegetação nativa no período agosto/2020 a julho/2021. Cerrado - ocorrência de supressão de vegetação Figura 2 – ocorrência de supressão de vegetação nativa no período agosto/2020 a julho/2021. Além das tabelas que consolidam os valores de área de vegetação natural suprimida apresentadas nessa nota, o INPE também disponibiliza os dados espacializados, que podem ser visualizados através de portal internet no endereço < http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/>. Esse portal também apresenta um ambiente de consultas prontas sobre esses dados, para serem consumidas no ambiente da internet, permitindo ainda o download dos mapas e dos dados tabulares. Fonte: PRODES/INPE in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 04/01/2022

Desmatamento impulsiona malária na Amazônia

Por Fabiana Mariz, Jornal da USP Dois estudos liderados pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP ajudam a entender como as ações antrópicas interferem no comportamento e na distribuição de mosquitos transmissores de malária na região amazônica. O primeiro é o doutorado do biólogo Leonardo Suveges Moreira Chaves. Em um dos resultados, Chaves mostrou que as mudanças causadas pelo homem na vegetação da Floresta Amazônica diminuíram a biodiversidade de mosquitos e levaram o anopheles (Nyssorhynchus) darlingi a se tornar o principal vetor da malária na Amazônia, aumentando o risco de transmissão da doença. Outro achado importante foi que ambientes florestais fragmentados, habitados por pessoas vulneráveis em casas precárias, são as fontes dessa espécie, enquanto habitats de florestas contínuas ou completamente desmatados, sumidouro. “Fomos a assentamentos rurais em que havia ocorrência de malária e vimos essa relação: conforme o homem muda a paisagem, a comunidade de mosquitos também sofre alterações, favorecendo a dominância do Ny. darlingi”, explica Chaves. O trabalho deu origem a um artigo publicado em 2021 na revista Plos One. O segundo estudo faz parte do também biólogo Gabriel Laporta, pesquisador do Centro Universitário FMABC. Para o trabalho, que foi publicado também no início de 2021 na Scientific Reports, Laporta analisou dados de mosquitos anophelinos capturados anteriormente e os utilizou para investigar o quanto o desmatamento impulsiona a ocorrência de malária em paisagens rurais. O maior risco da doença ocorre em locais onde o desmatamento acumulado atingiu cerca 50% da cobertura vegetal fragmentada. O primeiro pico ocorre após dez anos do início do assentamento, e o segundo, 35 anos depois. “Decidimos partir de uma teoria já descrita anteriormente – a malária de fronteira – e colhemos dados in loco das comunidades”, ressalta Laporta. Esse é um conceito que diz que a ocorrência de malária é consequência não só da presença do vetor, mas também das condições socioeconômicas de uma comunidade.” As investigações de Chaves e Laporta fazem parte de um projeto maior, coordenado por Maria Anice Sallum, bióloga e professora do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. Uma equipe de cientistas viajou, entre janeiro de 2015 a novembro de 2017, para 12 municípios da Amazônia brasileira, e conseguiram capturar mais de 25 mil espécimes de mosquitos, de 173 espécies em 17 gêneros diferentes. Com esse grande número de insetos em mãos, foi possível montar um banco de dados, atualmente disponível para outros cientistas. “A gente não consegue entender a doença, o que acontece, quais são os determinantes da malária se você não vai a campo”, descreve Maria Anice. “É importante, também, observar a situação do ambiente físico, biológico e social.” As principais causas do aumento do risco de malária em países endêmicos, incluindo o Brasil, são o desmatamento, mudanças nas comunidades de mosquitos, perdas de biodiversidade ligadas à agricultura, projetos de desenvolvimento de infraestruturas como usinas hidrelétricas, piscicultura, atividades de mineração, além da urbanização e invasão de terras indígenas para extração ilegal de madeira e mineração. “O Brasil já foi modelo no controle de vetores e da própria malária”, afirma Maria Anice. De fato, para proteger e promover a conservação da floresta amazônica, o Brasil desenvolveu um sistema avançado de vigilância ambiental para monitorar incêndios e o desmatamento, por meio de mapas baseados em imagens de satélite. As políticas de expansão de terras indígenas em áreas protegidas e áreas desabitadas foram bem-sucedidas ao longo dos anos. “Mas, desde 2019, o garimpo ilegal e o desmatamento cresceram muito na região”, relata Chaves. Desenhando o estudo Para desenvolver sua pesquisa, Chaves selecionou os mosquitos capturados em 79 unidades de coleta – assentamentos rurais que compreendiam, principalmente, fazendas de subsistência – em 12 municípios nos Estados da Amazônia brasileira do Acre (Acrelândia, Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves), Amazonas (Itacoatiara, Guajará, Humaitá, Lábrea, São Gabriel do Pará), ( Pacajá), e Rondônia (Machadinho D’Oeste). Cada unidade correspondia a uma residência com um habitat chamado de peridomicílio (área externa, distante cerca de 5 metros da entrada da residência), que se separavam umas das outras por aproximadamente 2,25 km (correspondente ao raio de voo do anopheles darlingi). ciclo de coleta O círculo maior (vermelho) representa a área de amostra, e o círculo menor (azul), os pontos de coleta. A: habitat peridoméstico; B: habitat na orla da floresta – Foto: Reprodução/Plos One “Em cada ponto amostral, escolhemos três tipos de paisagem: uma muito preservada, outra com certo grau de desmatamento (que variava entre 40% a 60% de cobertura florestal remanescente) e por último, uma área em que a porcentagem de floresta era inferior a 40%”, explica Maria Anice. “Além disso, era primordial ter presença de malária no local.” Foram utilizadas três técnicas para prender os insetos. A primeira, chamada de humano protegido, foi feita próxima da residência. Os cientistas, devidamente paramentados, aguardavam os mosquitos que se aproximavam para se alimentar deles. A segunda foi feita com armadilha de Shannon, usando luz e atração humana, e instalada na borda da mata. Os pesquisadores simulavam barracas muito simples – um quadrado de pano branco com um telhadinho, de acordo com Maria Anice – e penduravam uma lâmpada que atraía os insetos. Por último, para observar o comportamento alimentar dos mosquitos, foi colocada uma rede entre o criadouro (margem da floresta) e a casa. A tela, que tocava o chão, foi dimensionada para que mais insetos caíssem na armadilha. De acordo com Maria Anice, a quantidade de mosquitos com sangue e infectados com plasmódio surpreendeu a todos. “Se eles estavam contaminados, significa que se alimentaram de alguém antes. Conseguimos capturá-los antes que transmitissem a malária”, explica a professora. De hora em hora, os lotes de mosquitos eram fechados. Todo o material coletado (25.323 mosquitos) veio para São Paulo para ser devidamente identificado. Depois das análise e tabulação dos dados, as espécies mais abundantes encontradas foram aquelas da subfamília Anophelinae (56%), com Ny. darlingi representando 83% do total de coleções de Anophelinae no peridomicílio. Outros, como a tribo Mansoniini (19%), Culicini 19% e Aedini 4%, também foram identificados. Mosquitos das tribos Aedeomyiini, Uranotaeniini e Sabethini representaram 1% do total coletado. “No campo presenciamos várias ações relacionadas ao desmatamento, como forno de carvão, caminhões com toras de madeira circulando madrugada adentro, áreas recém-desflorestadas etc.”, comenta Chaves. Malária de fronteira A principal pergunta que Laporta queria responder era em quais configurações uma floresta tropical apresentaria um maior risco de transmissão da malária. Para iniciar as investigações, Laporta partiu de uma teoria conhecida como “Malária de Fronteira”, descrita nas zonas de divisa com a Amazônia. Esse padrão está principalmente associado à ocupação de terras para expansão do agronegócio e da pecuária. Num primeiro estágio, as áreas recém-desmatadas são fortemente impactadas pela rápida intensificação da transmissão da doença, seguida de uma estabilização. Após vários anos, essa incidência diminui. Os mecanismos subjacentes associados a esse estágio de transmissão são fatores ecológicos (desmatamento e perda de biodiversidade), que favorecem o aumento na abundância do vetor da malária e na taxa de infecção por Plasmodium. Fatores sociais, como habitações humanas melhoradas e melhor acesso a produtos para tratar malária levam a uma diminuição das taxas de infecção humana e de mosquito. Gráfico de associação entre cobertura florestal (ou desmatamento acumulado) e incidência de malária Gráfico de associação entre cobertura florestal (ou desmatamento acumulado) e incidência de malária – Foto: Reprodução/Scientific Reports A grande novidade da tese de Laporta é que ele se baseou na coleta de dados realizada em assentamentos rurais. Esse desenho fornece informações detalhadas da escala da paisagem local e da incidência da malária. Dados de 21.242 espécimes de anofelinos pertencentes a 37 espécimes, coletados em 80 locais de 5 km2, em 12 municípios e quatro Estados da Amazônia entre 2015 e 2017, foram analisados. Laporta também usou imagens de satélite, importantes para dar uma “visão geral” do que vem acontecendo na Amazônia ao longo dos anos. A Malária de Fronteira diz que há dois picos de transmissão da malária – dez e 35 anos após o início de um assentamento, seguida de uma desaceleração da incidência da doença depois do décimo ano, possivelmente devido à diminuição dos níveis de desmatamento, à melhoria do ambiente socioeconômico e melhor acesso a diagnóstico e tratamento. Por outro lado, a patogenicidade do local em termos de vulnerabilidade e receptividade à transmissão do Plasmodium permanece. Um segundo pico de malária é observado 35 anos após o início de um assentamento e está associado a uma segunda onda de colonização, expansão das fronteiras locais de desmatamento, aumento da população humana resultante do crescimento das famílias e migração de colonos de outras áreas endêmicas de malária para uma área recém-colonizada. Diferentemente do preconizado pela teoria anterior, os resultados das investigações de Laporta estimaram dois picos para a ocorrência de vetores. O primeiro ocorreu entre dez e 12 anos depois do início da organização de um assentamento por P. vivax, N. darlingi ou por vetores locais de malária. O segundo ocorreu entre 36 e 38 anos depois do início do assentamento por P. vivax – Ny. darlingi, quando os vetores secundários estavam ausentes. assentamento agrícola de Pentecostes, no município de Mâncio Lima, Estado do Acre Duas amostras de 5 km² são ilustradas como exemplos. Estão no assentamento agrícola de Pentecostes, no município de Mâncio Lima, Estado do Acre. Dentro de cada unidade, os pontos geográficos exatos de coleta do mosquito no peridomicílio ambiente e na orla da floresta – Foto: Reprodução “O que queremos dizer é que as duas dimensões – temporal e espacial- são essenciais para entender a dinâmica da doença na Amazônia”, diz Laporta. Problema grave de saúde pública A malária é considerada uma das doenças de maior impacto na mortalidade e morbidade em populações de países tropicais e subtropicais. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em 2019, 229 milhões de novos casos da doença foram notificados no mundo, além do registro de mais de 409 mil óbitos. Já o Ministério da Saúde relata que em 2020 foram registrados 145 mil casos da doença em todo o País – mais de 99% deles somente na região Amazônica brasileira. A malária, também conhecida como sezão, paludismo, maleita, febre terçã e febre quartã, é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida pela picada da fêmea do mosquito anopheles infectada por protozoários do gênero Plasmodium. No Brasil, três espécies estão associadas à malária em seres humanos: P. vivax, P. falciparum e P. malariae. Os sintomas mais comuns são calafrios, febre alta, taquicardia, dores de cabeça e musculares, entre outros. Geralmente, a infecção por P. falciparum costuma ser mais grave – há um risco maior de se desenvolver a malária cerebral, responsável por cerca de 80% das mortes pela doença. Ocorre, na grande maioria das vezes, em populações pobres e marginalizadas. “Quando viajamos para as regiões de estudo, presenciamos todos os processos de degradação acontecendo ali, na nossa frente”, relata Chaves. “Percebemos que as pessoas estão, na verdade, em busca de uma renda para sobreviver.” ciclo de transmissão da malária Arte por Rebeca Alencar com imagens de Flaticon Como prevenção, são aplicadas medidas individuais e coletivas. Cada pessoa pode usar mosquiteiros impregnados com inseticidas, roupas que protegem pernas e braços, telas em portas de janelas, além do uso de repelentes. Já a prevenção coletiva inclui a eliminação dos criadouros do vetor, limpeza das margens dos criadouros, melhoria das moradias, uso racional da terra, entre outras. Legado Como Maria Anice contou ao Jornal da USP, as análises também conseguiram identificar o horário de pico da infecção dos mosquitos. “Acontece durante toda a madrugada, mas se acentua entre meia-noite e 3 da manhã”, relata. “Esse é um fato importante e nos mostra que o uso de mosquiteiro impregnado com inseticida tem um efeito positivo.” A transmissão fora do domicílio também merece atenção, pois as medidas de controle devem ser diferentes. “Tem um grande número de insetos voando fora da casa e, por isso, a população precisa se proteger enquanto cozinha ou toma banho, por exemplo”, alerta a professora. Maria Anice relata, ainda, que alguns locais da Amazônia apresentaram índices de transmissão tão altos que podem ser comparados aos da África subsaariana. “Em Machadinho D’Oeste (RO), por exemplo, uma pessoa infectada gera 58 novos casos de malária”, conta. “Claro que nem todos os locais são assim, mas Lábrea (AM), Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima (AC) também tiveram o mesmo comportamento. A novidade do nosso trabalho é que conseguimos quantificar esse índice, conhecido como R0.” Novos projetos continuam em desenvolvimento no grupo de pesquisa de Maria Anice. Um deles está sendo feito em parceria com o Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos. “Trabalharemos com técnicas de sequenciamento do genoma para ver se há mutações na população de Anopheles Darlingi que indiquem adaptação deles a novas condições ambientais”, conta Maria Anice. in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/01/2022