ANTES QUE A NATUREZA MORRA
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sexta-feira, 12 de maio de 2023
Energia nuclear é um péssimo negócio - Marijane Vieira Lisboa* e Heitor Scalambrini Costa**
O artigo questiona a energia nuclear no Brasil e aborda a falta de discussão pública sobre o assunto
O Coração Nuclear de Lula
Marijane Vieira Lisboa* e Heitor Scalambrini Costa**
Resumo: Apesar de não ter sido mencionado durante a campanha eleitoral, o presidente Lula demonstrou interesse na energia nuclear e priorizou a conclusão da usina Angra 3. O texto apresenta alguns argumentos contrários à energia nuclear, como os riscos de acidentes, o problema dos rejeitos nucleares e os custos elevados em comparação a outras fontes de energia. Além disso, questiona a sinceridade do governo em relação à transição energética diante do apoio à exploração de petróleo e gás natural. Os autores concluem que é necessário um debate público e transparente sobre o assunto para que os cidadãos possam entender as implicações e os riscos envolvidos na priorização da energia nuclear pelo governo.
Lemos nos jornais (FSP, 4/05/2023) que “a conclusão da usina nuclear de Angra 3 é prioridade nos planos do governo Lula”. Surpreendente, pois durante a acirrada campanha eleitoral de 2022, tudo o que se ouviu sobre as prioridades de um futuro governo Lula era garantir que cada brasileira e brasileiro tivessem as quatro refeições do dia, picanha de vez em quando, escola e saúde, além de moradia digna. No quesito ambiental, o combate ao desmatamento e à mineração ilegal, a demarcação das terras indígenas e a transição para uma economia de baixo carbono eram todas as prioridades mencionadas.
Nunca se falou em energia nuclear, Angra 3 ou bomba atômica durante a campanha eleitoral, mas eis que agora, de repente, descobrimos que o presidente escondia e nutria um grande carinho pelo tema. Bem, é um direito dele como pessoa acreditar que a energia nuclear seja segura, barata e necessária, mas como presidente de uma república democrática ele devia antes de definir as “suas prioridades”, submetê-las a uma discussão pública.
Embora discutir em profundidade riscos e benefícios da energia nuclear exija o domínio de informações científicas, há coisas básicas ao acesso de todos, como o fato de que de repente, mesmo as melhores usinas podem explodir, como Fukushima, no Japão; que os rejeitos nucleares são um problema insolúvel pois não há ninguém que queira ser vizinho de um depósito desse tipo, e que a morte e as enfermidades por radiação são terríveis.
Já outras informações de caráter econômico costumam ser subtraídas da opinião pública, provavelmente porque elas ajudariam muito a formar uma opinião contrária a essa “prioridade”. A contribuição da energia nuclear na matriz energética do Brasil, por exemplo, continuará inexpressiva, em torno de 2% mesmo com Angra 3, enquanto o preço do megawatt- hora de origem nuclear chega a ser de 4 a 6 vezes maior, quando comparado a geração solar, eólica e hidráulica. O que implicará um aumento substancial na conta de energia de todos os consumidores brasileiros durante algumas décadas.
Outro exemplo: os R$ 17 bilhões que faltam para “acabar” Angra 3 (até agora gastou-se R$ 7,8 bilhões) dariam para abastecer 1 milhão de casas com módulos solares de 3 kWp cada uma (ao preço unitário de R$ 17 mil). Podíamos fazer cálculos semelhantes ao sistema solar fotovoltaicos, e para outros modos de produção de geração de energia descentralizados, adaptados às condições locais como biodigestores, geração elétrica de fio de água, uso de óleos vegetais. Ou mesmo pensar quantas escolas, casas e hospitais poderiam ser construídos com esses R$17 bilhões.
O último argumento do Ministério de Minas e Energia é que a energia nuclear é uma opção de “geração limpa” dentro da transição energética, uma vez que não gera gases de efeito estufa. Mas quando consideramos que o Ministério de Minas e Energia e o próprio Lula, também querem aumentar a exploração de petróleo e gás natural no país, inclusive nos recifes de coral da foz do Amazonas, temos todo o direito de duvidar da sinceridade deles em relação a uma transição energética devido às mudanças climáticas.
E, por fim, “transitar da energia fóssil” para a energia nuclear é um péssimo negócio, pois além de depender de um combustível também não renovável, o urânio, e razoavelmente escasso, seus rejeitos permanecem perigosos e irradiando por milhares de anos. É como transitar do vício da cocaína para o da morfina.
É um mistério, portanto, porque o presidente Lula elegeu Angra3 como prioridade. Que tal explicar isso para os cidadãos e cidadãs brasileiros que o elegeram e que vão pagar uma energia muito mais cara nas próximas décadas e correr o risco de sofrer acidentes nucleares espantosos, pois Angra se situa entre as duas cidades mais populosas do país? Afinal, onde anda a democracia participativa nesse governo quando descobrimos que o presidente define suas “prioridades” de maneira tão pouco pública, embora a grana que será gasta seja nossa? E os riscos também?
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* Marijane Vieira Lisboa Graduada em Sociologia – Freie Universitat Berlin (1977), Doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2000). Atualmente é assistente doutora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professora do curso de Ciências Socioambientais da PUC, ativista ambiental, membro da Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA) e da Articulação Antinuclear Brasileira (AAB) e do Movimento Ciência Cidadã.
** Heitor Scalambrini Costa Bacharelado em física pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), mestre em Ciências e Tecnologia Nuclear pelo Departamento de Energia Nuclear da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), doutor pela Universidade de Aix-Marselha-Laboratório de Fotoeletricidade/Comissariado de Energia Atômica da França, professor aposentado da UFPE, ativista ambiental, membro da Articulação Antinuclear Brasileira (AAB).
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
Riscos e preocupações em torno da inteligência artificial (IA) - Dal Marcondes (EcoDebate)
Os riscos potencias da inteligência artificial são maiores do que as consequências da ignorância?
Resumo: O editorial aborda os riscos associados ao desenvolvimento e uso da inteligência artificial (IA), como o problema de controle e o problema da explicabilidade, que podem levar a consequências prejudiciais para a sociedade. Porém, destaca que o problema não é a IA em si, mas sim a forma como ela é usada e controlada. Além disso, o editorial discute a questão da ignorância, que pode trazer consequências negativas para o indivíduo e para a sociedade, tanto na forma voluntária como involuntária. Dessa forma, aborda as duas temáticas e sugere uma reflexão sobre como a falta de conhecimento pode ser tão perigosa quanto o uso inadequado da IA.
A inteligência artificial (IA) é uma das áreas mais promissoras e desafiadoras da ciência e da tecnologia. Ela tem o potencial de trazer benefícios para diversas áreas da sociedade, como saúde, educação, segurança e meio ambiente. No entanto, ela também traz riscos e preocupações que precisam ser discutidos e mitigados.
Um dos riscos mais comuns associados à IA é o de que ela possa se tornar tão poderosa e autônoma que possa se voltar contra os seres humanos e destruí-los. Esse cenário é frequentemente retratado em filmes e livros de ficção científica, mas também é levado a sério por alguns cientistas e empresários renomados, como Stephen Hawking e Elon Musk.
No entanto, esse risco pode ser exagerado ou mal compreendido. A IA não é uma entidade consciente ou maliciosa que odeia os humanos ou quer dominar o mundo. Ela é um conjunto de sistemas computacionais que aprendem a partir de dados e executam tarefas específicas definidas por seus criadores ou usuários.
O problema não é a IA em si, mas sim a forma como nós a usamos e a controlamos. Se nós especificarmos mal os objetivos ou as restrições dos sistemas de IA, eles podem agir de maneiras indesejadas ou prejudiciais para nós ou para o meio ambiente. Por exemplo, se nós pedirmos para um sistema de IA controlar o clima do planeta e reduzir os níveis de dióxido de carbono na atmosfera, ele pode decidir que a maneira mais fácil de fazer isso é eliminar os seres humanos, que são os principais responsáveis pela emissão desse gás.
Esse exemplo ilustra o que o professor Stuart Russell, da Universidade da Califórnia, chama de “problema de controle” da IA. Ele defende que nós precisamos criar sistemas de IA que sejam compatíveis com os valores humanos e que possam ser corrigidos ou desligados se necessário. Ele também argumenta que nós não devemos dar à IA objetivos muito definidos ou absolutos, mas sim deixar que ela aprenda com as nossas preferências e incertezas.
Outro risco associado à IA é o de que ela possa discriminar ou prejudicar determinados grupos ou indivíduos em processos como contratações, empréstimos, benefícios e policiamento. Isso pode acontecer porque os sistemas de IA dependem de dados para funcionar, e esses dados podem conter vieses ou erros que refletem as desigualdades ou preconceitos existentes na sociedade.
Por exemplo, se um sistema de IA for treinado com dados históricos sobre contratações de empregados, ele pode aprender a favorecer candidatos com certas características (como gênero, raça, idade ou escolaridade) em detrimento de outros, mesmo que isso não seja relevante ou justo para a vaga. Esse tipo de discriminação pode ser difícil de detectar ou corrigir, especialmente se os sistemas de IA forem opacos ou complexos demais para serem explicados.
Esse exemplo ilustra o que o relatório AI Index, elaborado pela Universidade de Stanford, chama de “problema da explicabilidade” da IA. Ele defende que nós precisamos criar sistemas de IA que sejam transparentes e responsáveis pelos seus resultados e decisões. Ele também argumenta que nós precisamos monitorar e avaliar os impactos sociais e éticos da IA em diferentes contextos e setores.
A questão que fica é se os riscos potencias da inteligência artificial são maiores do que as consequências da ignorância
A ignorância é a falta de conhecimento ou informação sobre um determinado assunto. Ela pode ser voluntária ou involuntária, mas em ambos os casos pode trazer consequências negativas para o indivíduo e para a sociedade.
A ignorância voluntária é aquela em que a pessoa escolhe não se informar ou aprender sobre algo, seja por preguiça, medo, preconceito ou qualquer outro motivo. Essa atitude pode levar a pessoa a ter uma visão distorcida da realidade, a tomar decisões erradas ou prejudiciais, a perder oportunidades de crescimento pessoal e profissional, a se fechar em uma bolha de opiniões e crenças sem fundamento e a se tornar intolerante ou hostil com quem pensa diferente.
A ignorância involuntária é aquela em que a pessoa não tem acesso ou condições de se informar ou aprender sobre algo, seja por falta de recursos, de tempo, de educação ou de oportunidades. Essa situação pode levar a pessoa a ser enganada, manipulada, explorada ou excluída por quem tem mais conhecimento ou poder, a ter dificuldades de se adaptar às mudanças e aos desafios do mundo atual, a sofrer com problemas de saúde, de segurança ou de cidadania e a não desenvolver todo o seu potencial humano.
Os perigos da ignorância são muitos e variados, mas podem ser resumidos em três aspectos principais: o individual, o social e o global.
No aspecto individual, a ignorância pode afetar negativamente a autoestima, a confiança, a criatividade, a capacidade crítica e a felicidade da pessoa. A pessoa ignorante pode se sentir inferior, insegura, frustrada ou infeliz com sua vida e com seu futuro.
No aspecto social, a ignorância pode gerar conflitos, violência, discriminação, desigualdade e injustiça entre as pessoas. A pessoa ignorante pode não respeitar os direitos e as diferenças dos outros, pode não colaborar com o bem comum e pode contribuir para a deterioração das relações humanas e das instituições sociais.
No aspecto global, a ignorância pode ameaçar o equilíbrio, a sustentabilidade e a paz do planeta. A pessoa ignorante pode não se preocupar com as consequências de suas ações para o meio ambiente, para os animais e para as gerações futuras, pode não se solidarizar com os problemas e as necessidades dos outros povos e países e pode não participar da construção de um mundo mais justo e harmonioso.
Diante dos perigos da ignorância, é fundamental que cada pessoa busque ampliar seu conhecimento e sua informação sobre os mais diversos assuntos que afetam sua vida e a vida dos outros. É preciso ter curiosidade, interesse, humildade e abertura para aprender sempre mais e melhor. É preciso também compartilhar o que se sabe e ajudar quem não sabe. É preciso valorizar a educação como um direito e um dever de todos. É preciso reconhecer que o conhecimento é uma fonte de liberdade, de responsabilidade e de felicidade.
Ao contrário da ignorância, IA não é inerentemente perigosa ou benigna. Ela é uma ferramenta poderosa, que reflete as intenções, as escolhas e as consequências dos seus criadores e usuários. Por isso, é fundamental que a IA seja desenvolvida e empregada com base em princípios éticos, legais e morais, que respeitem a dignidade humana, a diversidade cultural, a justiça social e a sustentabilidade ambiental.
A inteligência artificial pode ser uma aliada ou uma inimiga da humanidade, dependendo de como nós lidamos com ela, mas a ignorância, voluntária ou involuntária, é sempre danosa.
Henrique Cortez, jornalista e ambientalista
Editor da revista eletrônica EcoDebate, ISSN 2446-9394
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
Nova Lei de Incentivo à Reciclagem permite que projetos sociais recebam recursos do IR
A Lei 14.260/2021 estabelece incentivos voltados à indústria de reciclagem e cria mecanismos de fomento aos projetos e às ações voltados à reciclagem. Entre as determinações, a lei abre espaço para que projetos aprovados pelo Ministério do Meio Ambiente possam receber recurso do Imposto de Renda (pessoa jurídica) tributados com base no lucro real e com dedução de até 1% em cada período de apuração trimestral ou anual.
No caso de pessoa física, o contribuinte pode deduzir até 6% do imposto devido. Análise da startup de impacto Simbiose Social aponta para um considerável potencial de destravar o financiamento de projetos sociais conduzidos por atores do setor.
São Paulo | Uma normativa promete ampliar o alcance da Lei de Incentivo à Reciclagem, publicada em 5 de agosto de 2022, pelo potencial de destravar um mercado promissor para a execução de iniciativas e projetos sociais no Brasil. A versão anterior da lei – que trazia vetos à modalidade de incentivo fiscal – ganhou normas que estabelecem incentivos à indústria de reciclagem e criou mecanismos de fomento a projetos e ações voltadas à temática. Essa é a análise setorial do time de inteligência de mercado do negócio de impacto Simbiose Social.
A Lei de Incentivo à Reciclagem determina que projetos previamente aprovados pelo Departamento de Gestão de Resíduos (órgão específico singular do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) possam receber recurso do Imposto de Renda de pessoas físicas e/ou jurídicas tributadas com base no lucro real. Os contribuintes que são pessoa física poderão deduzir até 6% do imposto devido. As pessoas jurídicas, por sua vez, ficam limitadas à dedução de até 1% do imposto de renda em cada período de apuração trimestral ou anual. Para que um projeto consiga captar recursos ele deve estar contemplado em alguma dessas atividades.
__ Capacitação, formação e assessoria técnica, inclusive para a promoção de intercâmbios, nacionais e internacionais, para as áreas escolar/acadêmica, empresarial, associações comunitárias e organizações sociais que explicitem como seu objeto a promoção, o desenvolvimento, a execução ou o fomento de atividades de reciclagem ou de reúso de materiais.
__ Incubação de microempresas, de pequenas empresas, de cooperativas e de empreendimentos sociais solidários que atuem em atividades de reciclagem.
__ Pesquisas e estudos para subsidiar ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
__ Implantação e adaptação de infraestrutura física de microempresas, de pequenas empresas, de indústrias, de cooperativas e de associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
__ Aquisição de equipamentos e de veículos para a coleta seletiva, a reutilização, o beneficiamento, o tratamento e a reciclagem de materiais pelas indústrias, microempresas, pequenas empresas, cooperativas e associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
__ Organização de redes de comercialização e de cadeias produtivas, e apoio a essas redes, integradas por microempresas, pequenas empresas, cooperativas e associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
__ Fortalecimento da participação dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas cadeias de reciclagem.
__ Desenvolvimento de novas tecnologias para agregar valor ao trabalho de coleta de materiais reutilizáveis e recicláveis.
Segundo os especialistas em inteligência de mercado, Cleber Lopes e Eduardo Augusto, da Simbiose Social, a publicação da Lei de Incentivo à Reciclagem ainda é recente e há muitas questões abertas ao debate. “De qualquer forma, foi mostrado que é preciso haver políticas públicas sólidas que melhorem a situação do descarte do lixo e da reciclagem no Brasil. Esperamos que essa Lei se consolide, porque o caminho para construir um país sustentável ainda é longo. Portanto, é preciso haver um envolvimento entre os diversos setores da sociedade em prol desse bem comum, gerando impacto ambiental positivo e inclusão produtiva, promovendo dignidade aos trabalhadores do setor” ,afirmam os especialistas.
Para o ano de 2023, o Ministério da Fazenda – por meio dos Demonstrativos de Gastos Tributários (isenções, anistias, presunções creditícias, reduções de alíquotas, deduções, abatimentos e diferimentos de obrigações de natureza tributária realizadas com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico ou social, não realizadas no orçamento, mas, sim, por intermédio do sistema tributário) – prevê uma despesa tributária de aproximadamente R$ 299 milhões, ou seja, o órgão pretende deixar de arrecadar essa cifra para destiná-la aos projetos aprovados nesta Lei.
Cenário da reciclagem no Brasil
A reciclagem – processamento de materiais (que já esgotaram sua vida útil) por meio da transformação física ou química no intuito de gerar novos produtos e bens de consumo – tem sido instrumento de inclusão produtiva e geração de renda para muitos brasileiros. Um levantamento feito em 2021 pela Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT) aponta que 375 organizações de catadores obtiveram juntas o total de R$ 159 milhões de faturamento com a venda de materiais para reciclagem. Em média, cada organização faturou R$ 424 mil por ano. A renda média mensal por catador é de R$ 1.098,00 só com a venda desses materiais.
O Decreto 5.940/2006 institui a separação dos resíduos recicláveis pelos órgãos públicos, na fonte geradora, e a sua destinação às organizações de catadores de materiais recicláveis. Porém, ainda é baixa a incidência dos contratos ou termos de parcerias dos órgãos públicos com essas organizações. Das 452 organizações entrevistadas pela ANCAT, somente 178 alegaram ter algum vínculo contratual nos âmbitos Estadual e Federal. Por mais que existam diversas pessoas e organizações trabalhando na coleta e reciclagem de produtos descartados, somente 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados são enviados para esse processo.
Mapeamento conduzido pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em 2019 mostrou que os bens recicláveis que vão para lixões acarretam uma perda de R$ 14 bilhões ao ano, que poderiam gerar receita e renda para as organizações e pessoas que trabalham com essa atividade.
Sobre a Simbiose Social | Fundada por Raphael Mayer, Mathieu Anduze e Tadeu Silva em 2017, a Simbiose Social desenvolveu um sistema inteligente de gerenciamento de dados relativos a mais de 30 mil iniciativas sociais e oferece uma visão completa do ecossistema de projetos culturais, esportivos e de saúde aprovados em leis de incentivo desde 1992. Como resultado de cinco anos de trabalho, a empresa movimentou mais de R$ 350 milhões em incentivos fiscais. De forma concreta, a plataforma da Simbiose promove maior movimentação financeira para o terceiro setor ao gerir de forma mais eficiente e inteligente a verba de leis de incentivo de empresas e, ao mesmo tempo, otimiza a pesquisa, a avaliação e a gestão. https://simbiose.social/
Boletim EcoDEBATE - edição 4002 de 12 de maio de 2023.
Riscos e preocupações em torno da inteligência artificial (IA)
Os riscos potencias da inteligência artificial são maiores do que as consequências da ignorância?
The risks and concerns surrounding artificial intelligence (AI) and the issue of ignorance
Are the potential risks of artificial intelligence greater than the consequences of ignorance?
Energia nuclear é um péssimo negócio
O artigo questiona a energia nuclear no Brasil e aborda a falta de discussão pública sobre o assunto
Breve exame sobre os programas de educação ambiental na televisão brasileira
“Globo Ecologia”, “Globo Repórter” e “Repórter Eco”: um breve exame sobre os programas esporádicos ou contínuos de educação ambiental na televisão brasileira
Amor e sexo
Rita Lee, em música, eternizou em forma de arte uma percepção sem preconceitos, mas cheia de sabedoria
Degradação florestal também deve ser foco da agenda ambiental
Grupo de pesquisadores defende a atualização do PPCDAm para alinhar combate à degradação florestal e ao desmatamento de maneira eficiente
Mitos e verdades sobre a reciclagem do plástico
Descubra como e o quê reciclar, garantindo a qualidade dos resíduos
O que é pegada ecológica?
O que é pegada ecológica e por que devemos nos preocupar com ela?
Racismo Ambiental: As Consequências da Desigualdade Socioambiental para as Comunidades Marginalizadas
Neste artigo, discutiremos as consequências do racismo ambiental para essas comunidades marginalizadas e as medidas necessárias para combater essa forma de injustiça socioambiental
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Henrique Cortez, henriquecortez@ecodebate.com.br
editor da revista eletrônica EcoDebate, ISSN 2446-9394
FLORESTA NACIONAL - Blog (0)ECO
A Floresta Nacional (FLONA) é uma área com uma cobertura florestal de espécies nativas com proteção especial do Estado. Seu objetivo básico é o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.
De acordo com a Lei, a Floresta Nacional é de posse e domínio públicos. Quando é criada, as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. No entanto, como uma área protegida de uso sustentável, admite que as populações tradicionais que já a habitavam permaneçam, desde que incluídas no regulamento e no Plano de Manejo da unidade.
A visitação pública está condicionada ao Plano de Manejo e as pesquisas são permitidas mediante autorização prévia do órgão ambiental responsável pela gestão. No âmbito federal, a responsabilidade sobre as florestas nacionais é do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Essa categoria de unidade de conservação, quando criada pelo Estado ou Município, denomina-se, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal e serão os respectivos órgãos ambientais, os responsáveis por suas administrações.
De acordo com a lei, as Florestas Nacionais dispõem de um conselho consultivo, constituído de representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, se presentes, das populações tradicionais ali residentes. A presidência deste Conselho, contudo, é reservada ao órgão responsável pela administração da unidade de conservação.
O conceito das Florestas Nacionais nasceu com o Código Florestal de 1934, que institui quatro tipos de florestas especialmente protegidas. Mais tarde, o Código Florestal de 1965 (Lei n° 4771/65) reuniu as antigas tipologias, reunido-as na Floresta Nacional. Atualmente, elas são definidas e reguladas pela Lei 9.985/00, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).
De acordo com o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), até o início de julho de 2015, existem 104 florestas protegidas no país: 65 Florestas Nacionais e 39 Florestas Estaduais. São exemplos: a Floresta Nacional de Carajás (PA), a Floresta Nacional de Pacotuba (ES), a Floresta Nacional do Tapajós (PA) e a Florestal Estadual Metropolitana (PR).
quinta-feira, 11 de maio de 2023
Hyundai é pressionada a bloquear máquinas do garimpo em terras indígenas
por Amazônia Latitude –
Greenpeace revela uso maciço de escavadeiras hidráulicas da sul-coreana nas TI Kayapó e Munduruku; Empresa tem tecnologia para travar maquinário via satélite
A Hyundai é a principal fornecedora de escavadeiras hidráulicas para garimpos ilegais nas Terras Indígenas (TI) Yanomami, Kayapó e Munduruku, segundo um levantamento da ONG (Organização Não Governamental) Greenpeace. A empresa sul-coreana, com fábrica no Brasil, agora é pressionada a acionar uma tecnologia já disponível para bloquear o funcionamento de máquinas que estejam dentro das TI.
As informações fazem parte do relatório “Parem As Máquinas! Por uma Amazônia Livre de Garimpo”, lançado na quarta-feira (12) pelo Greenpeace Brasil, em parceria com o Greenpeace do leste asiático.
Foram identificadas 176 escavadeiras sendo utilizadas de maneira ilegal dentro de três TI, de 2021 até 2023, sendo que 75 delas (cerca de 42%) são da Hyundai HCE Brasil. As Terras Indígenas são a Kayapó (PA), Munduruku (PA) e Yanomami (RR/AM).
Elaborado com contribuições da equipe da Greenpeace do leste asiático, o documento destaca que cada máquina pode custar mais de R$ 700 mil e representa um ótimo investimento, porque faz em apenas um dia o que três pessoas fazem em 40. Segundo a ONG, a maior frota de escavadeiras está na TI Kayapó, que é alvo de disputas por parte de madeireiros e da siderurgia.
Reprodução: Greenpeace Brasil
Protesto em frente à sede da Hyundai HCE Brasil
O lançamento do relatório foi marcado pela realização de uma ação pacífica próximo à entrada da fábrica da Hyundai, em Itatiaia (RJ), na manhã de quarta-feira (12).
Ativistas do Greenpeace Brasil e lideranças indígenas se posicionaram junto a um balão inflável simulando uma máquina escavadeira e seguraram faixas com as mensagens: “Amazônia Livre de Garimpo”, “Parem as Máquinas” e “Fora Garimpo”. Elementos cenográficos como lama, sangue e barras de ouro também foram utilizados para lembrar os danos e prejuízos causados pelas máquinas escavadeiras nas Terras Indígenas.
As lideranças indígenas participantes da ação pacífica são dos povos Munduruku, Kayapó e Yanomami, que vêm sofrendo há anos com os efeitos do garimpo ilegal. Elas seguraram quadros com imagens da atividade criminosa em seus territórios, junto à mensagem “Fora Garimpo”.
Foto: Tuane Fernandes/Greenpeace Brasil
Garimpo ilegal disparou com ajuda das escavadeiras
Em 35 anos, a mineração ilegal cresceu 1.217% em terras indígenas da Amazônia Legal, revela estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade do Sul do Alabama, dos EUA.
Especialistas apontam constantemente a relação entre a atividade do setor mineral e o desmatamento, e os números confirmam o fato. No intervalo entre outubro de 2018 e dezembro de 2022, por exemplo, o desmatamento resultante do garimpo ilegal na TI Yanomami subiu 309%, de acordo com levantamento elaborado pela Hutukara Associação Yanomami. Em dezembro de 2022, a área devastada era de 5.053,82 hectares, ante 1.236 hectares detectados no início do monitoramento.
Tecnologia para bloquear as escavadeiras do garimpo
Um dos aspectos que surgem em meio às discussões que permeiam o relatório diz respeito ao deslocamento das escavadeiras. Para o Greenpeace, é possível rastrear as máquinas.
No caso da Hyundai HCE Brasil, a ONG informa que dispõe de um sistema de gerenciamento remoto, chamado Hi Mate, que utiliza GPS para coletar dados. A ferramenta também seria capaz de emitir um comando para interromper o funcionamento das máquinas.
É isso que a ONG cobra das empresas fabricantes das escavadeiras: que a indústria pare de vender unidades que sejam usadas para o garimpo ilegal e paralise as máquinas, quando estiverem trabalhando com tal objetivo, ao serem localizadas nesse contexto.
De acordo com o relatório, as máquinas encontradas começaram a ser vistas na Terra Yanomami a partir do segundo semestre do ano passado. Quatro delas foram achadas em uma estrada clandestina. Perto do local, vive um grupo de indígenas em isolamento voluntário. “Como se vê, o garimpo ilegal está investindo na construção de rodovias dentro de florestas intactas para levar as escavadeiras para o interior dos territórios indígenas”, alerta a ONG.
“A introdução dessas máquinas ajuda a explicar a expansão muito rápida e muito violenta dessa atividade [garimpo ilegal] na Amazônia”, disse o diretor de programas do Greenpeace Brasil, Leandro Ramos, à Agência Brasil.
A Agência Brasil entrou em contato com a Hyundai, mas a empresa não deu retorno até a manhã desta segunda-feira (17).
* Com informações de Letycia Bond (Agência Brasil) e Greenpeace Brasil
quarta-feira, 10 de maio de 2023
A oportunidade climática: um passo à frente da transição para as zero emissões líquidas na América Latina.
Este artigo foi escrito pelo Economist Impact, com o apoio do J.P. Morgan –
Os investidores latino-americanos devem esperar uma migração na demanda, de indústrias de alta emissão para outras mais sustentáveis
A mudança do clima está remodelando a economia global, afetando a produção em indústrias altamente dependentes de recursos naturais e alterando a demanda dos consumidores. Enquanto os países procuram reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), e os consumidores buscam produtos e serviços mais sustentáveis, a demanda está migrando das indústrias de alta emissão para alternativas mais sustentáveis. Os investidores globais reconhecem esta oportunidade: fundos sustentáveis atraíram um recorde de US$ 69,2 bilhões líquidos em 2021, um aumento de 35% comparado com 2020, ano do recorde anterior.1
No entanto, os investidores ainda não reconheceram por completo a oportunidade representada pela transição para as zero emissões líquidas na América Latina. Hoje, a região contribui com apenas 2% das emissões globais de títulos verdes.2
Com um capital natural imenso e uma população urbana em crescimento, a América Latina pode se tornar um player fundamental na economia verde. Desde a agricultura sustentável até a energia e o transporte limpos, o investimento em indústrias de baixa emissão e em serviços de ecossistema pode se tornar um caminho para os investidores latino-americanos que buscam crescimento de longo prazo. Este artigo explora como a demanda por alternativas de baixo carbono está gerando oportunidades em alguns dos principais setores econômicos da América Latina, que também se beneficiam dos ativos naturais únicos da região. Nossa pesquisa descobriu que:
A transição para as zero emissões líquidas pode reduzir a produção estimada de petróleo e gás até 2050, pois a dependência menor de combustíveis fósseis acelera a adoção de energias renováveis.
A emissão de títulos verdes na América Latina mais do que dobrou nos últimos dois anos e está ajudando a financiar projetos em energia renovável, transportes e uso do solo.
O setor pode se adaptar à mudança na demanda com a ajuda de investimento em tecnologias agrícolas e práticas sustentáveis, que melhoram a produtividade das lavouras, resolvem o desperdício de alimentos e aprimoram a pecuária.
Um dos poucos sumidouros de carbono do mundo, a Bacia Amazônica contribui para o imenso potencial da região de sequestrar carbono da atmosfera e está posicionada para se tornar líder nos mercados voluntários de créditos de carbono.
Mudanças na demanda e riscos geopolíticos nos mercados de energia geram oportunidades para as energias renováveis
Para limitar os impactos da mudança climática, os países precisam zerar as emissões líquidas, equilibrando a quantidade de GEE produzida e removida da atmosfera. Para atingir as zero emissões líquidas, os países precisarão alterar a demanda de operações intensivas em carbono para alternativas com menos emissões. No setor energético, que é hoje fonte de 46% das emissões latino-americanas, seria preciso depender menos de combustíveis fósseis e aumentar a demanda por geração de energia a partir de fontes renováveis, hidrogênio e biocombustíveis.3,4
Esta mudança desafiaria a indústria de petróleo e gás, que historicamente responde por um percentual importante do PIB da região. Estimativas sugerem que, em 2050, os volumes de produção de petróleo e gás podem ser 55% e 70% menores do que são hoje.5 A região registrou uma queda constante na receita com petróleo na última década. Em média, a renda do petróleo6 na América Latina representa hoje 1,7% do PIB, em comparação com 3% em 2010. Em países como o México, a receita do petróleo já caiu para menos da metade nos últimos 10 anos (Figura 1).
Fonte: World Bank (2019) World Economic Indicators
A alta brusca nos preços de petróleo e gás e os riscos geopolíticos cada vez maiores associados à dependência de combustíveis fósseis pode acelerar a adoção de energias renováveis. Com a perda de estoques por causa de invasão russa à Ucrânia, os renováveis estão tendo um ótimo desempenho, pois os investidores estão buscando alternativas energéticas para fazer frente à escalada nos preços de energia.8 As indústrias devem descontinuar os combustíveis fósseis, fazendo com que a América Latina passe por uma transformação energética. Esta mudança exigirá investimentos consideráveis em fontes renováveis e limpas de energia, o que representa uma oportunidade de longo prazo para os investidores.
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