Debate nuclear se torna tóxico
por Thalif Deen, da IPS
Nações Unidas, 21/2/2013 – O clima político mundial fica nublado em torno da questão nuclear, com ameaças, acusações e o flagrante descumprimento de resoluções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A conferência internacional sobre Oriente Médio livre de armas atômicas, que se pretende realizar na Finlândia, ainda é dúvida. O mesmo ocorre com uma proposta de Convenção sobre Armas Nucleares em busca de sua eliminação.
A Coreia do Norte desafiou a ONU na semana passada, ao realizar seu terceiro teste nuclear, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, se reservou o direito de seu país possuir armas desse tipo, enquanto Israel conserva seu arsenal atômico com a benção implícita do mundo ocidental. “Cremos que devem ser eliminadas as armas nucleares; não queremos fabricá-las”, declarou Khamenei, mas, se o Irã for forçado a fazê-lo, “nenhuma potência poderá nos deter”, advertiu.
Enquanto o objetivo último de um mundo sem armas nucleares segue atrasado, o líder da organização não governamental budista Soka Gakkai International (SGI), com sede em Tóquio, lançou na semana passada uma campanha mundial para realizar uma cúpula mundial em 2015 com a finalidade de discutir essa problemática.
Daisaku Ikeda, presidente da SGI, disse que a reunião de governantes do Grupo dos Oito países mais poderosos, prevista para 2015, pode ser uma “cúpula expandida” que se centre em um mundo sem armas nucleares, quando completar o 70º aniversário do lançamento pelos Estados Unidos das devastadoras bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasaki. “Esta seria uma oportunidade adequada para essa cúpula nuclear”, ressaltou.
Tim Wright, da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares, disse à IPS que sua organização apoia a convocação de Ikeda e de outros para iniciar este ano um processo dirigido a conseguir um tratado que proíba estes arsenais. “Pedimos urgência a todas as nações, incluídas as que são parte de uma aliança nuclear, a participarem construtivamente desse processo”, afirmou.
Também será crucial a participação das organizações não governamentais, acrescentou Wright, “e uma proibição mundial das armas nucleares é viável, necessária e urgente. Enquanto estas armas existirem há uma possibilidade muito real de serem usadas, seja acidental ou deliberadamente. Qualquer desses casos terá consequências humanitárias e ambientais catastróficas”, destacou.
Em sua Proposta de Paz 2013, intitulada Compaixão, Wisdom and Courage: Building a Global Society of Peace and Creative Coexistence (Empatia, sabedoria e coragem: criando uma sociedade global de paz e coexistência criativa), divulgada na semana passada, Ikeda faz três propostas concretas.
Primeiro, converter o desarmamento em um tema prioritário da agenda econômica da ONU posterior a 2015, incluídos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Especificamente, propor reduzir pela metade os gastos militares em relação a 2010, e abolir as armas nucleares e todas as demais consideradas desumanas no contexto do direito internacional. Isto deveria ser incluído como objetivo a ser cumprido até 2030.
Segundo, iniciar o processo de negociação para uma Convenção sobre Armas Nucleares, com o objetivo de acordar um rascunho inicial para 2015. O Japão, como país que sofreu um ataque nuclear, deveria ter um papel de liderança na concretização do documento. Além disso, deveria assumir a classe de medidas de criação de confiança necessária para estabelecer uma Zona Livre de Armas Nucleares no nordeste da Ásia, bem como criar condições para a abolição mundial das armas nucleares.
“Para isto devemos participar de um debate ativo e multifacetário, centrado na natureza desumana das armas nucleares para moldar amplamente a opinião pública internacional”, disse Ikeda. “Se possível, Alemanha e Japão, que são os anfitriões do G-8 previstos para 2015 e 2016, respectivamente, deveriam acordar inverter essa ordem, permitindo a convocação desta reunião em Hiroxima ou Nagasaki”, acrescentou.
Terceiro, uma cúpula expandida do G-8 em 2015, que poderia se desdobrar em uma cúpula nuclear de líderes mundiais.
Em anteriores propostas de paz, Ikeda pediu que a Conferência 2015 de Avaliação do Tratado de Não Proliferação Nuclear aconteça em Hiroxima ou Nagasaki, como veículo para concretizar uma cúpula para a abolição nuclear. Porém, acrescentou, os assuntos logísticos sobre reunir os representantes de quase 190 países podem determinar que a reunião aconteça na sede da ONU em Nova York, como é costume.
“Nesse caso, a cúpula do G-8 prevista para acontecer vários meses depois da Conferência de Avaliação do Tratado de Não Proliferação Nuclear será uma oportunidade excelente para que um grupo expandido de líderes mundiais lide com este assunto crucial”, segundo Ikeda. Para ele, os esforços de sua organização para enfrentar o assunto das armas nucleares se baseiam no reconhecimento de que a própria existência destas armas representa a negação última da dignidade da vida.
“Ao mesmo tempo, as armas nucleares servem como prisma, através do qual é possível perceber novas perspectivas sobre integridade ecológica, desenvolvimento econômico e direitos humanos”, opinou Ikeda. Por outro lado, isto “nos ajuda a identificar os elementos que delinearão o contorno de uma sociedade nova e sustentável, em que todas as pessoas possam viver com dignidade”, enfatizou. Envolverde/IPS
A Coreia do Norte desafiou a ONU na semana passada, ao realizar seu terceiro teste nuclear, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, se reservou o direito de seu país possuir armas desse tipo, enquanto Israel conserva seu arsenal atômico com a benção implícita do mundo ocidental. “Cremos que devem ser eliminadas as armas nucleares; não queremos fabricá-las”, declarou Khamenei, mas, se o Irã for forçado a fazê-lo, “nenhuma potência poderá nos deter”, advertiu.
Enquanto o objetivo último de um mundo sem armas nucleares segue atrasado, o líder da organização não governamental budista Soka Gakkai International (SGI), com sede em Tóquio, lançou na semana passada uma campanha mundial para realizar uma cúpula mundial em 2015 com a finalidade de discutir essa problemática.
Daisaku Ikeda, presidente da SGI, disse que a reunião de governantes do Grupo dos Oito países mais poderosos, prevista para 2015, pode ser uma “cúpula expandida” que se centre em um mundo sem armas nucleares, quando completar o 70º aniversário do lançamento pelos Estados Unidos das devastadoras bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasaki. “Esta seria uma oportunidade adequada para essa cúpula nuclear”, ressaltou.
Tim Wright, da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares, disse à IPS que sua organização apoia a convocação de Ikeda e de outros para iniciar este ano um processo dirigido a conseguir um tratado que proíba estes arsenais. “Pedimos urgência a todas as nações, incluídas as que são parte de uma aliança nuclear, a participarem construtivamente desse processo”, afirmou.
Também será crucial a participação das organizações não governamentais, acrescentou Wright, “e uma proibição mundial das armas nucleares é viável, necessária e urgente. Enquanto estas armas existirem há uma possibilidade muito real de serem usadas, seja acidental ou deliberadamente. Qualquer desses casos terá consequências humanitárias e ambientais catastróficas”, destacou.
Em sua Proposta de Paz 2013, intitulada Compaixão, Wisdom and Courage: Building a Global Society of Peace and Creative Coexistence (Empatia, sabedoria e coragem: criando uma sociedade global de paz e coexistência criativa), divulgada na semana passada, Ikeda faz três propostas concretas.
Primeiro, converter o desarmamento em um tema prioritário da agenda econômica da ONU posterior a 2015, incluídos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Especificamente, propor reduzir pela metade os gastos militares em relação a 2010, e abolir as armas nucleares e todas as demais consideradas desumanas no contexto do direito internacional. Isto deveria ser incluído como objetivo a ser cumprido até 2030.
Segundo, iniciar o processo de negociação para uma Convenção sobre Armas Nucleares, com o objetivo de acordar um rascunho inicial para 2015. O Japão, como país que sofreu um ataque nuclear, deveria ter um papel de liderança na concretização do documento. Além disso, deveria assumir a classe de medidas de criação de confiança necessária para estabelecer uma Zona Livre de Armas Nucleares no nordeste da Ásia, bem como criar condições para a abolição mundial das armas nucleares.
“Para isto devemos participar de um debate ativo e multifacetário, centrado na natureza desumana das armas nucleares para moldar amplamente a opinião pública internacional”, disse Ikeda. “Se possível, Alemanha e Japão, que são os anfitriões do G-8 previstos para 2015 e 2016, respectivamente, deveriam acordar inverter essa ordem, permitindo a convocação desta reunião em Hiroxima ou Nagasaki”, acrescentou.
Terceiro, uma cúpula expandida do G-8 em 2015, que poderia se desdobrar em uma cúpula nuclear de líderes mundiais.
Em anteriores propostas de paz, Ikeda pediu que a Conferência 2015 de Avaliação do Tratado de Não Proliferação Nuclear aconteça em Hiroxima ou Nagasaki, como veículo para concretizar uma cúpula para a abolição nuclear. Porém, acrescentou, os assuntos logísticos sobre reunir os representantes de quase 190 países podem determinar que a reunião aconteça na sede da ONU em Nova York, como é costume.
“Nesse caso, a cúpula do G-8 prevista para acontecer vários meses depois da Conferência de Avaliação do Tratado de Não Proliferação Nuclear será uma oportunidade excelente para que um grupo expandido de líderes mundiais lide com este assunto crucial”, segundo Ikeda. Para ele, os esforços de sua organização para enfrentar o assunto das armas nucleares se baseiam no reconhecimento de que a própria existência destas armas representa a negação última da dignidade da vida.
“Ao mesmo tempo, as armas nucleares servem como prisma, através do qual é possível perceber novas perspectivas sobre integridade ecológica, desenvolvimento econômico e direitos humanos”, opinou Ikeda. Por outro lado, isto “nos ajuda a identificar os elementos que delinearão o contorno de uma sociedade nova e sustentável, em que todas as pessoas possam viver com dignidade”, enfatizou. Envolverde/IPS
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