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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A hora da ação contra a mudança climática


O preço de salvar a Terra dos efeitos da mudança climática é ínfimo ou, em alguns casos, inexistente, disse Rajendra K. Pachauiri, presidente do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC), com a aparente intenção de convencer os países industrializados a aderirem ao esforço da comunidade internacional para deter o aquecimento global. “Agora precisamos nos concentrar em nossa responsabilidade, não em um contexto estreito e míope, mas no mundo em seu conjunto porque é totalmente claro que a mitigação dos consequências dos gases causadores do efeito estufa não é uma proposta cara, inclusive pode ser livre de custos”, afirmou o cientista.

O alerta foi dirigido aos delegados de países que integram a Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática que discutem até amanhã, em Barcelona, a sorte do Protocolo de Kyoto, um instrumento desse tratado que estabeleceu as porcentagens de redução das emissões dos gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. Em particular, interpretou-se que Pachauri interpelava os representantes das nações industriais, sobre as quais recai o compromisso de efetuar as maiores reduções e compensa o mundo em desenvolvimento pelos efeitos daninhos que lhes causa a deterioração ambiental, pela qual não é responsável.

Pachauri advertiu que é a ciência que deverá determinar as posições dos delegados quando decidirem o destino do Protocolo de Kyoto, durante as negociações de dezembro em Copenhague. A ciência é que deverá dizer que, para beneficio do planeta e de todas as espécies que o habitam, as conclusões do quarto informe de avaliação do IPCC são totalmente validas e deverão ser levadas em conta para se chegar a um bom acordo na capital dinamarquesa, ressaltou.

Dessa forma, o chefe do IPCC desaconselhou a intenção, atribuída aos países industrializados, de prescindir do Protocolo de Kyoto e propor em Copenhague um novo acordo que lhes exija menores reduções de emissões. Como um eco das palavras de Pachauri, a representante do Quênia, Grace Ukambu, comentou que quando perguntam às nações industriais por que não colocam na mesa seus números sobre redução de emissões, estas respondem que isso “é difícil econômica e politicamente”. Os países em desenvolvimento, em particular os do Grupo Africano, afirmaram esta semana em Barcelona, no começo das sessões, terem a convicção de que a União Européia pretende abandonar o Protocolo de Kyoto.

A queixa das nações do Sul não inclui os Estados Unidos, porque este país nunca ratificou o Protocolo, embora seja um dos membros da convenção da Organização das Nações Unidas sobre Mudança Climática. Os delegados africanos pressionaram para que as deliberações de Barcelona se concentrem em estabelecer acordos sobre os níveis de redução de emissões por parte das nações industrializadas. “Não lhes daremos um cheque em branco nos outros temas enquanto eles não se comprometerem com os valores individuais e agregados das reduções das emissões que farão”, disse o coordenador do Grupo Africano, Osman Jarju.

Em sua mensagem aos delegados, Pachauri ressaltou as vantagens de adotar os acordos de imediato. Os custos da mitigação dos efeitos do aquecimento global são muito baixos e, em alguns casos, até negativos. É como ter os frutos à mão, insistiu. Um compromisso na matéria daria maiores níveis de segurança energética, ar mais puro e seus benefícios associados à saúde, taxas maiores de emprego derivadas das oportunidades da mitigação, como a transferência para fontes de energias renováveis. O IPCC impulsionou o debate sobre mudança climática com a divulgação de seu quarto informe de avaliação em 2007, mesmo ano em que o Grupo recebeu o Nobel da Paz, compartilhado, por suas pesquisas na matéria.

Esse informe dizia que o aquecimento do sistema climático é inequívoco, de acordo com evidencias como o aumento global das temperaturas médias do ar e dos oceanos, o derretimento das neves e dos gelos e a elevação do nível global dos mares. Caso não sejam tomadas ações para estabilizar a concentração na atmosfera de gases de efeito estufa, no final deste século a temperatura média aumentará em qualquer parte do mundo entre 1,1 e 6,4 graus, embora uma estimativa mais apropriada fixe os dois extremos em 1,8 e quatro graus, segundo o informe do IPCC.

O IPCC prepara seu quinto informe, com a intenção de divulgar uma síntese em setembro de 2014. Durante a reunião de Barcelona, cientistas da organização adiantaram algumas conclusões obtidas nos últimos anos, que serão desenvolvidas no próximo estudo. Por exemplo, a combinação de observações e informações paleo-climáticas demonstram que no planeta houve mudanças sem precedentes no sistema climático, tanto em amplitude como em frequência de centenas a vários milhares de anos.

As mesmas fontes disseram que o derretimento amplamente estendido de margens de gelos se observa na Groenlândia e na Antártida, com efeitos no aumento do nível dos mares. As emissões de dióxido de carbono permanecem na atmosfera durante milhares de anos, causando mudanças irreversíveis no clima e na composição química dos oceanos, afirmaram. Pachauri ressaltou que por essa razão agora a ciência não nos deixa outra opção além da ação.
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FONTE : Gustavo Capdevila, da IPS (IPS/Envolverde)

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é James, os poderosos só se preocupam em ganhar dinheiro e não cuidam do planeta. Já ouvi comentários como: daqui a 20 ou 30 anos eu nem estarei mais aqui, então...pra que me preocupar?
Tenho conscientizado muita gente, sempre que posso.
Espero que as deliberações de Barcelona se concentrem em estabelecer acordos sobre os níveis de redução de emissões por parte das nações industrializadas.
Um abraço
Tania Velázquez