Estudo descreve como o atual modelo de proteção ambiental de priorizar a criação de reservas não irá resistir ao aumento da população e sugere que ações globais devem ser adotadas mesmo que alterem o modo de vida das pessoas.
O crescimento da população e do consumo irá criar uma pressão tão grande sobre os ecossistemas que as atuais políticas de proteção do meio ambiente através de reservas de conservação serão ineficientes para reduzir as perdas da biodiversidade.
Esta é a principal conclusão do estudo "Rethinking Global Biodiversity Strategies", produzido pela Agência de Análise Ambiental dos Países Baixos (Netherlands Environmental Assessment Agency - PBL) para ser apresentado durante a próxima Conferência das Partes (COP 10) da Convenção sobre Diversidade Biológica, que será realizada em Nagoya, no Japão, entre 18 e 29 de outubro.
Segundo a PBL a única maneira de frear de forma consistente a perda da biodiversidade é fazendo uma mudança estrutural no nosso modelo de produção e consumo, mesmo que para isso sejam necessárias leis severas limitando a pesca, a expansão da pecuária e determinando a alteração do uso da terra.
O estudo alerta que já teriam sido tentadas leis pontuais em alguns setores, mas que é necessário o trabalho conjunto dos governos para que normas internacionais possam ser adotadas nos mais diversos modelos de negócios. Com isso seria possível reduzir pela metade a perda da biodiversidade projetada para 2050.
Medidas
Boa parte das propostas da PBL passa pela modernização dos métodos de produção de alimentos, com os países mais ricos ajudando os mais pobres com financiamentos e transferência de tecnologia.
Para a agência existe um grande potencial em tornar mais eficientes as lavouras ao redor do mundo, o que evitaria a destruição de milhões de hectares de matas nativas para a expansão dessa atividade. O mesmo pode ser aplicado para a pesca.
Já para a pecuária, além da modernização, o estudo aconselha campanhas para reduzir o consumo de carne. Será um desastre ambiental se o crescimento populacional for acompanhado pelas atuais taxas de consumo e a única maneira de evitar isso seria começar desde já a mobilização pela mudança dos hábitos alimentares, afirma a PBL.
Existe também grande espaço para aprimoramentos na indústria madeireira, com a aplicação de melhores técnicas de plantio e aproveitamento. A consolidação de selos e certificados de procedência será apresentada na COP 10 como uma das melhores alternativas para o setor.
Finalmente, a PBL recomenda uma maior integração com as políticas climáticas e suas potenciais ferramentas. Unir a proteção da biodiversidade com o combate ao aquecimento global será fundamental para a sociedade superar os dois desafios.
O estudo possui 172 páginas com tabelas e gráficos detalhando cada uma das possibilidades e explicando as conseqüências que sofreremos se não fizermos nada para evitar a perda das espécies.
É a biodiversidade que nos garante solos férteis, água limpa e ar de qualidade. Esses serviços são hoje nos fornecidos gratuitamente, mas se continuarmos ignorando os danos que provocamos ao meio ambiente os prejuízos econômicos e sociais serão grandes demais para sequer serem calculados.
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FONTE : Fabiano Dávila (Envolverde/Carbono Brasil)
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