Serviços públicos de qualidade podem liberar bilhões de reais da classe média para o crescimento econômico ao invés de pagar por serviços privados de qualidade duvidosa.
As pautas levantadas nas ruas das cidades brasileiras têm muito mais a ver com sustentabilidade do que normalmente se imagina. Não há nenhuma demanda clara por temas ambientais, no entanto, os temas sociais estão em todas as reivindicações. A melhoria de qualidade dos serviços públicos afeta diretamente a vida de todos os brasileiros, mesmo aqueles que acreditam não ser usuários desses serviços, seja na área de transporte, educação, saúde ou outra qualquer. Seria muito interessante que escolas públicas de qualidade comecem a atrair todos os estudantes e não apenas aqueles que não podem pagar, que o Sistema Único de Saúde seja de tal maneira eficaz que ninguém mais esteja disposto a deixar uma parte importante da renda em planos de saúde que nem sempre são o que prega a publicidade. Ou que o transporte público seja rápido e confortável e as pessoas preferam não gastar tanto dinheiro comprando carros, pagando seguros e manutenção ou estacionamentos simplesmente para poder ir e vir.
Um cenário de serviços de qualidade é exatamente o que vem defendendo o movimento pela sustentabilidade nas últimas décadas: uma sociedade com qualidade de vida e padrões de conforto sem a necessidade de altos desembolsos por serviços privados de eficácia também duvidosa. É preciso fazer o calculo da quantidade de dinheiro que seria liberado para que as pessoas e as famílias possam investir em outras coisas, como lazer, cultura, consumo e outras necessidades que ficam sempre abafadas por demandas supostamente prioritárias na divisão dos salários.
Os desembolsos da classe média com serviços que se sobrepõem aos oferecidos pelo poder público, em seus diversos níveis, podem ser redirecionados para alimentar um surto de desenvolvimento e crescimento da economia sem que seja necessário nenhum tipo de renúncia fiscal por parte do governo.
A simples aplicação correta do dinheiro público nos serviços que o Estado já presta e a melhoria da qualidade desses serviços pode gerar um círculo virtuoso de desenvolvimento no Brasil, além de ter impactos importantes em outras áreas, como a ambiental: mais gente andando de transporte público significa menos emissões de CO² por carros nas cidades, maior fluidez no trânsito e menos desperdício de tempo. Há cálculos que buscam dimensionar as perdas econômicas dos congestionamentos, ou seja, muito dinheiro também será liberado para o crescimento econômico com a eficiência do transporte.
Escolas de qualidade, SUS de qualidade, transporte de qualidade podem ser o grande acelerador para a transição para uma sociedade mais sustentável. Depois há mais a ser feito, muito mais, mas esse é um ponto de partida com grande potencial. Outro efeito colateral será a possibilidade de ampliar a poupança interna, que nunca foi muito boa. Há efeitos colaterais para empresas de saúde e escolas privadas, mas investidores sempre encontram soluções para seus negócios. (Envolverde)
*Dal Marcondes é especialista em sustentabilidade e comunicação, diretor executivo da Envolverde.
(Agência Envolverde)
As pautas levantadas nas ruas das cidades brasileiras têm muito mais a ver com sustentabilidade do que normalmente se imagina. Não há nenhuma demanda clara por temas ambientais, no entanto, os temas sociais estão em todas as reivindicações. A melhoria de qualidade dos serviços públicos afeta diretamente a vida de todos os brasileiros, mesmo aqueles que acreditam não ser usuários desses serviços, seja na área de transporte, educação, saúde ou outra qualquer. Seria muito interessante que escolas públicas de qualidade comecem a atrair todos os estudantes e não apenas aqueles que não podem pagar, que o Sistema Único de Saúde seja de tal maneira eficaz que ninguém mais esteja disposto a deixar uma parte importante da renda em planos de saúde que nem sempre são o que prega a publicidade. Ou que o transporte público seja rápido e confortável e as pessoas preferam não gastar tanto dinheiro comprando carros, pagando seguros e manutenção ou estacionamentos simplesmente para poder ir e vir.
Um cenário de serviços de qualidade é exatamente o que vem defendendo o movimento pela sustentabilidade nas últimas décadas: uma sociedade com qualidade de vida e padrões de conforto sem a necessidade de altos desembolsos por serviços privados de eficácia também duvidosa. É preciso fazer o calculo da quantidade de dinheiro que seria liberado para que as pessoas e as famílias possam investir em outras coisas, como lazer, cultura, consumo e outras necessidades que ficam sempre abafadas por demandas supostamente prioritárias na divisão dos salários.
Os desembolsos da classe média com serviços que se sobrepõem aos oferecidos pelo poder público, em seus diversos níveis, podem ser redirecionados para alimentar um surto de desenvolvimento e crescimento da economia sem que seja necessário nenhum tipo de renúncia fiscal por parte do governo.
A simples aplicação correta do dinheiro público nos serviços que o Estado já presta e a melhoria da qualidade desses serviços pode gerar um círculo virtuoso de desenvolvimento no Brasil, além de ter impactos importantes em outras áreas, como a ambiental: mais gente andando de transporte público significa menos emissões de CO² por carros nas cidades, maior fluidez no trânsito e menos desperdício de tempo. Há cálculos que buscam dimensionar as perdas econômicas dos congestionamentos, ou seja, muito dinheiro também será liberado para o crescimento econômico com a eficiência do transporte.
Escolas de qualidade, SUS de qualidade, transporte de qualidade podem ser o grande acelerador para a transição para uma sociedade mais sustentável. Depois há mais a ser feito, muito mais, mas esse é um ponto de partida com grande potencial. Outro efeito colateral será a possibilidade de ampliar a poupança interna, que nunca foi muito boa. Há efeitos colaterais para empresas de saúde e escolas privadas, mas investidores sempre encontram soluções para seus negócios. (Envolverde)
*Dal Marcondes é especialista em sustentabilidade e comunicação, diretor executivo da Envolverde.
(Agência Envolverde)
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