Emater estima que existam 2 mil fornos no
RS Crédito: Tatiana Hentz / Divulgação / CP
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A fabricação de carvão vegetal, a partir da árvore de
acácia negra, é alternativa de renda para grande número de famílias no interior
de municípios da região Metropolitana. Segundo a Emater/RS, a atividade
carvoeira é muito forte nos vales do Sinos, do Caí, do Paranhana e do Taquari.
Estima-se a existência de cerca de 2 mil fornos de carvão nestas áreas, sendo
destaque os municípios de Salvador do Sul, com 600, e Brochier, com 450. As
cidades de Presidente Lucena, Lindolfo Collor e Ivoti têm, juntas, 132
equipamentos. Montenegro, Taquara e Sapiranga também registram número
considerável desses componentes.
A profissão carvoeira, porém, gera
preocupação entre alguns moradores dessas localidades. Conforme Nelson Baldasso,
supervisor regional da Emater/RS, muitos acreditam que a fumaça dos fornos é
tóxica para o trabalhador e o meio ambiente. Ele apontou como principal
dificuldade a falta de informação. “A atividade carvoeira é antiga. As cidades
foram crescendo em volta das fábricas e os moradores começaram a se incomodar
com a fumaça. Sempre que possível, explicamos que o resíduo, por ser de acácia,
não é tóxico”, disse o supervisor regional. Baldasso frisou que o carvoeiro faz
exames periódicos para controlar a inalação da fumaça.
Em Ivoti, a
prefeitura decidiu buscar melhorias para a prática da atividade. No total, 25
profissionais das localidades 48 Alta, 48 Baixa, Picada Feijão, Nova Vila e
Feitoria receberam instruções sobre o emprego de filtro nas chaminés.
Integrantes da Secretaria Municipal de Saneamento e Meio Ambiente e do
Departamento Municipal de Apoio à Agropecuária sugeriram uma estrutura formada
por dois tubos para chaminé e outro para entrada das madeiras, o que reduz em
até 70% a emissão de fumaça. A secretária de Saneamento e Meio Ambiente, Ninon
Frota, lembra que, em março, foi procurada por uma advogada contratada por
moradores incomodados pela fumaça. “Em nenhum momento eles quiseram a autuação
dos carvoeiros, apenas a solução da questão da fumaça”, explicou.
O
carvoeiro Delmar Becker trabalha há 42 anos e mantém, atualmente, nove fornos na
localidade Nova Vila. Ele aderiu à sugestão da prefeitura. “É uma tentativa boa
para diminuir a poluição. A fumaça não faz mal a ninguém. O problema é o cheiro
e o incômodo que gera”, disse. O projeto piloto em Ivoti custa cerca de R$
300,00 para instalação dos filtros. A ação é acompanhada por engenheiros da
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural.
Desde 2009, a Universidade
Feevale desenvolve projetos nos vales do Sinos e do Paranhana, a fim de trazer
melhorias para os profissionais, através do Grupo Temático do Carvão Vegetal,
criado por alunos e professores dos cursos de Química e Biologia. Já foi
desenvolvido um coletor de licor pirolenhoso, substância obtida através da
condensação da fumaça do carvão, adaptado à realidade regional de produção nas
propriedades rurais. Liderado pela professora Ângela Beatrice Dewes de Moura, o
projeto tem apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado. Os estudos
são feitos por acadêmicos. Foi constatada a aplicação do licor na adubação
orgânica de solos. A indústria alimentícia também usa o composto para aromatizar
produtos. “Com a condensação de fumaça, o produtor pode gerar outra fonte de
renda, atividade que caracteriza a agricultura familiar em pequenas
propriedades”, citou a professora.
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Fonte: Stephany Sander
/ Correio do Povo |
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