Editorial
O Brasil arde muito além das queimadas da Floresta Amazônica e do Cerrado. A cara anônima da juventude urbana saiu para as ruas reivindicando severas mudanças na atual política nos três níveis de governo: Federal, Estadual e Municipal. A gigantesca onda urbana que ocupou as ruas das principais cidades do País foi semelhante a um Tsunami humano e sinalizou que o poder da nova geração será decisivo, já nas eleições do próximo ano. De nada adiantará tratar de impedir candidaturas como a de Marina Silva, que propõe um novo tipo de partido político sem os vícios dos atualmente existentes, tanto de direita quanto de esquerda. De nada adiantará tratar de barrar, no Congresso Nacional, a missão do Ministério Público de investigar os malfeitos dos ocupantes do poder. A tormenta que está se formando virá como um furacão de nível máximo varrendo abusos, injustiças e omissões. A juventude acordou para temas essenciais sobre os quais ainda não tinha se ocupado, como as mudanças já consumadas no Código Florestal e as que se avistam no horizonte relativas ao Código de Mineração e à política nuclear. As questões das mudanças climáticas já fazem parte do cotidiano dessa nova geração, que se comunica maciçamente pelas redes sociais, assim como a busca de um transporte público decente e respeitoso para com os usuários, educação e saúde de qualidade, uma alimentação sem agrotóxicos, uma agricultura diversificada, familiar, orgânica, sem transgênicos; tudo segundo o slogan das ruas: “padrão FIFA”. A máscara de Guy Fowkes perdeu seu tom pálido dominante em “V de Vingança” para virar “V de Verde”. As reivindicações dos indignados da Europa, África e do Oriente Médio, são completamente diferentes. No Brasil não se luta contra uma ditadura e diferentemente da época Collor, não se busca o impeachment da Presidenta. As ruas querem o fim da corrupção e do nonsense de nomear um anacrônico Feliciano na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ou de um questionável Renan para a presidência do Senado Federal. A escassez de água no Nordeste, as milhares de obras inacabadas, como a transposição do Rio São Francisco, a falta de justiça para com os índios, verdadeiros donos destas terras, são elementos que estarão na pauta política de agora em diante. Os ganhos dos ruralistas, os lucros dos banqueiros e a força repressora da polícia militar, serão pautas da nova geração. Não é por acaso que as recentes pesquisas de intenção de voto registram a intenção de, imediatamente depois da opção de votar em branco, a candidatura da Rede Sustentabilidade ser a que aparece no lugar de destaque, surpreendentemente acima de nomes consagrados nacionalmente e amplamente conhecidos. Este Junho de 2013 testemunhou uma Lua Cheia mais esplendorosa do que nunca, registrando um Inverno literalmente em chamas, com temperaturas sociais mais quentes do que o normal. A juventude nas ruas já mudou o País e continuará avançando, não por uma trilha sem sinalização, como foi a caminhada da Geração de 68, que hoje está no poder, mas por uma avenida controlada por radares e fartamente iluminada pelo conhecimento.
Índice
4 Leonardo Boff – Constitucionalismo ecológico na América Latina
5 Ban Ki-moon – Pensar. Comer. Conservar. “Diga não ao desperdício”
6 Patricia Fachin – Entrevista com André Lima sobre Código Florestal
9 Cassuça Benevides – ONGs criam Observatório do Código Florestal
10 Washington Novaes – Melhoramos no clima, mas ainda falta muito
12 Antonio Luiz M. C. Costa – A caminho de outro planeta
13 Fernando Eliezer Figueiredo – Risco climático e investimento
14 Denise Griesinger – Projeto reforça preservação da Mata Atlântica no Rio
18 Carlos Orsi – Lancaster, nos EUA, quer ser a “capital solar do mundo”
20 Heitor Scalambrini Costa – Estado da energia nuclear pós RIO+20
28 Bradnee Chambers – Matança de elefantes destrói o futuro da África
32 Romeu de Bruns – CAB é exemplo no Fórum Mundial de Meio Ambiente
34 Maria Alice Doria – Margem Equatorial Brasileira: conflitos ambientais
36 Frances Jones – Experiência na Amazônia vira modelo mundial
38 Maria Luiza Campos – Floresta com Araucárias será mais conservada
42 Elton Alisson – Pesticidas impactam a fronteira agrícola da Amazônia
44 Esther Vivas – Sem direito a comer
46 Fabíola Ortiz – Brasil acelera com o ônibus de trânsito rápido
48 Carlos Minc – Nosso lixo será sustentável
49 Ana Huara – Lixo no lixo, Rio no coração
50 Alessandro Azzoni – A Copa e a Política Nacional de Resíduos Sólidos
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