n14 300x202 EUA e China estabelecem cooperação para lidar com hidrofluorocarbonetos
Os presidentes Barack Obama e Xi Jinping durante o encontro na Califórnia . Foto: Casa Branca – Pete Souza
Os dois maiores emissores de gases do efeito estufa do planeta concordam em diminuir o uso de hidrofluorocarbonetos, uma decisão que pode evitar a liberação de 90 gigatoneladas de CO2 equivalente até 2050.
Já era esperado algum tipo de anúncio com relação à cooperação climática entre os Estados Unidos e China depois de o aquecimento global ser um dos temas centrais da semana de diálogo entre os presidentes Barack Obama e Xi Jinping, que terminou na Califórnia no sábado (8). Mas a decisão de reduzir o uso de hidrofluorocarbonetos (HFCs) é bem mais ambiciosa do que o tradicional discurso de boas intenções, que costuma ser o único resultado desse tipo de encontro.
A Casa Branca declarou que os dois países, que são os maiores produtores mundiais de HFCs, trabalharão em conjunto para evitar que esses gases continuem a ser uma grande fonte do aquecimento do planeta. O objetivo é evitar que 90 gigatoneladas de CO2 equivalente sejam emitidas até 2050.
Apesar de apenas responder por 2% das emissões mundiais, a atual expansão geométrica do uso dos HFCs promete fazer com que essa participação cresça para 20% até 2050. Esse tipo de gás é utilizado em sistemas de refrigeração, solventes e aerossóis, e é bem mais potente do que o CO2 e o metano para o aquecimento global.
A intenção dos dois países é trabalhar em conjunto com a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) e tentar fazer com que mais nações adotem medidas semelhantes.
Chineses e norte-americanos também desejam utilizar os mecanismos do Protocolo de Montreal para os HFCs. Esse tratado, criado em 1987 para proteger a camada de ozônio dos clorofluorocarbonetos (CFCs), é considerado pelas Nações Unidas como o mais bem sucedido já estabelecido.
O presidente do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA), Achim Steiner, declarou estar bastante contente com a nova posição das duas maiores potências do planeta.
“É um sinal importante que pode aumentar as chances de um acordo envolvendo todas as nações. Pode ser um novo capítulo da cooperação internacional sobre as mudanças climáticas”, afirmou.
Fred Krupp, presidente da ONG Environmental Defense Fund, disse que os dois países já reconhecem a realidade das mudanças climáticas e sabem que é do interesse dos seus cidadãos minimizar suas consequências.
“EUA e China são os dois maiores atores na arena climática internacional, e o fato de que eles estão dialogando sobre cooperação é de grande importância. Trata-se de apenas um passo à frente, mas um passo bastante positivo”, acrescentou ao portal BusinessGreen.
“Diminuir o uso de HFCs com a ajuda do Protocolo de Montreal é a melhor, mais rápida e mais barata forma de mitigação climática disponível no momento”, explicou Durwood Zaelke, presidente do Instituto para a Governança e Desenvolvimento Sustentável dos EUA, em entrevista ao jornal Washington Post.
“Para assegurar um tratado significante e manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2°C é preciso todo o tipo de ajuda – o que não podemos deixar de fazer é continuar nos preocupando com o principal gás do efeito estufa, o dióxido de carbono, nas negociações em andamento”, completou Steiner.
O presidente do PNUMA está se referindo à atual rodada de negociações em Bonn, na Alemanha, que está bastante complicada devido a um conflito envolvendo a Rússia e o resultado da última conferência do clima (COP 18).
Quem sabe a cooperação entre China e EUA possa ajudar a destravar os nós existentes.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.