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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Na linha de frente dos efeitos do aquecimento global

Pequenos países insulares ganham destaque na Conferência do Clima e brigam por compromissos mais ambiciosos, entre eles o aumento de no máximo 1,5° C na temperatura média do planeta, para literalmente não sumirem do mapa.

Ao perguntar a Fiu Mata’esse Elisara’Laulu como seu país, a Samoa, sofreria com mudanças climáticas, a resposta veio rapidamente: “Você tem o dia todo para falarmos sobre isso?”

Elisara’Laulu é um dos diversos representantes de povos do Oceano Pacífico, ou o continente líquido como ele mesmo chama, que correm o risco de desaparecerem como resultado das mudanças climáticas.

Eles não têm grandes salas na COP, como os Estados Unidos que possui três no espaço de delegações, ou a União Européia, que tem um espaço com programação paralela durante todo o dia. Mas isto não faz diferença quando se trata de negociações climaticas no ambito das Nações Unidas. Seja rico e grande ou pequeno e pobre, qualquer país tem o poder de veto. E basta um único ‘não’ para o jogo climático parar.

O aumento no número de ciclones e do nível dos oceanos são as principais ameaças da elevação das temperaturas para estes países. Elisara’ Laulu diz que estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Atmosféricas e Hídrica da Nova Zelândia mostram que nove ciclones em media atingem o Pacifico atualmente. “Você só precisa de um ciclone para devastar sua economia”, afirma Elisara’Laulu.

Segundo ele, 76% da população da Samoa vive na costa, assim como 70% da infra-estrutura do país está próxima ao mar. “Até 1990, a freqüência de ciclones era um a cada 100 anos. Em 1991 fomos atingidos por um e, no ano seguinte, por outro.”

“Nosso desejo é que haja compromisso político porque a urgência está aí. E nós, países desenvolvimento, temos que trabalhar juntos para convencer os países ricos em agir”, defende Elisara’Laulu.

Tuvalu

E o rebuliço desta quarta-feira (9) veio justamente de um pequeno país insular do Pacífico, Tuvalu. Os manifestos e pedidos por cortes mais ambiciosos nos corredores apoiavam o que ocorria dentro da sala de negociações. Lá, a delegação de Tuvalu pedia reduções suficientes para garantir que a temperatura não subisse mais de 1,5° C (ao invés dos 2° C sobre o qual todos trabalham atualmente), mantendo a concentração de gases do efeito em no maximo 350ppm.

Isto exigiria mais cortes dos países em desenvolvimento. Porém, nações como a China, Venezuela, Arábia Saudita e Índia foram contrários a idéia de se criar um grupo para trabalhar este assunto e preferiram que o presidente da COP realizasse consultas informais sobre o assunto.

O resultado disso foi a suspensão das negociações, mas que, nas palavras do secretário-executivo da UNFCCC, Yvo de Boer, “foram suspensas para almoço”.

O movimento incitou os africanos a percorrerem os corredores algum tempo depois também pedindo 1,5º C de elevação máxima nos termômetros.

E Tuvalu recebeu no final do dia o prêmio Ray of the Day, entregue para o país que mais brilha nas negociações, uma brincadeira promovida pela Rede de Ação Climática.

No final do dia, a presidente da COP Connie Hedegaard disse que as consultas sobre esta questão continuariam, dando um retorno a plenária da conferencia na manhã desta quinta-feira.
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FONTE : Paula Scheidt, do CarbonoBrasil (ENVOLVERDE)

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