A última semana da conferência do clima começa com ânimos acirrados.
Hoje a COP entra na sua semana decisiva, sob a pressão da contagem regressiva, para culminar com a assinatura de um acordo que seja considerado satisfatório por todos. E as primeiras ações observadas aqui no Bella Center, em Copenhague, não prometem dias de consenso. Os países africanos decidiram suspender a participação em vários grupos de discussão e foram apoiados por outros países em desenvolvimento. Os africanos acusam os países desenvolvidos de enfraquecer, atrasar as discussões e trabalhar pela “morte do protocolo de Kyoto”.
Os comentários sobre a decisão africana também eram acompanhados de reclamações pelas enormes filas que se formaram hoje pela manhã do lado de fora do pavilhão. No mesmo dia que diversas autoridades começaram a chegar foi possível observar uma entrada bem mais lenta que na primeira semana. As pessoas chegaram a esperar uma hora, com um frio abaixo de zero e ameaça de neve. Isso para os credenciados. Quem chegava ao centro de convenções ainda sem o cadastro, esperou bem mais. Algumas autoridades brasileiras já estão em Copenhague, entre elas, governadores, como José Serra, de São Paulo. prefeitos, como o de Manaus, Amazonino Mendes (representando América Latina e Caribe no encontro de Governos Locais) e, claro, a chefe da delegação brasileira nas negociações do acordo de mudanças climáticas, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef.
Alguns eventos chegaram a atrasar por mais de uma hora. A exposição do governador de Mato Grosso no espaço do ICLEI, Governos Locais pela Sustentabilidade, foi um desses casos. Blairo Maggi, mesmo credenciado, aguardou na fila a sua hora de entrar e, embora com atraso, defender o seu Estado, “como o mais preparado no país para receber recursos do REDD”. Segundo ele, o Mato Grosso possui processos bastante adiantados no que se refere ao monitoramento por satélite, licenciamento e legislação ambiental e tem procurado aumentar a sua produtividade para que não seja mais necessário qualquer processo de desmatamento. “Estamos melhorando a produtividade da pecuária, triplicando a produção agrícola, na mesma área já existente”. O governador, que anos atrás recebeu o Prêmio Moto-Serra, hoje se mostra contrário a mudanças no Código Florestal.
Outro evento que sofreu atraso foi o do IPAM – Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia – que contou com a presença da Senadora Marina Silva. Na sala lotada para discutir o tema Transformando o REDD numa realidade de Múltiplas Escalas.
Segundo os dados divulgados pelo IPAM, as áreas indígenas amazônicas possuem 47 bilhões de toneladas de carbono estocadas e as áreas protegidas outras 15 bilhões de toneladas de carbono correspondentes a 8 Kyotos.
A visão do instituto amazônico é de que os estados da região adotem metas de redução do desmatamento de maneira integrada, consistente e de acordo com metas nacionais. “Se todos os estados adotarem a mesma metodologia de alcance das metas poderemos obter bons resultados no âmbito do Plano Nacional de Mudanças Climáticas”, afirmou Paulo Moutinho, presidente do IPAM.
Marina Silva, que já está em seu segundo compromisso após participar do encontro dos partidos verdes, ontem à noite, no centro de Copenhague, disse que qualquer proposta que saia da conferência em relação ao REDD deve levar em conta os interesses dos povos tradicionais e a preservação do seu modo de vida. “Espero que a adoção da REDD não seja apenas uma ferramenta econômica, mas que atenda às expectativas de um novo modelo de desenvolvimento”, concluiu a senadora do Acre.
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FONTE : Material produzido e editado pela Envolverde/Mercado Ético/Carbono Brasil/Rebia/Campanha Tic-Tac/EcoAgência, e distribuído para reprodução livre com o apoio da Fundação Amazonas Sustentável.(Agência Envolverde).
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