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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Fracasso de Copenhague só servirá para redobrar nossos esforços.

Assistimos com perplexidade o fraco resultado da COP-15, isso após as intensas discussões que vinham ocorrendo há muitos meses e que foram intensificadas nas duas semanas de realização da conferência na Dinamarca. Não chegamos ao acordo “corajoso, ambicioso e com força de lei”, tal qual se ouvia por todos os cantos e representava o desejo da maioria presente ao Bella Center, palco central da convenção.

A falta de avanços concretos e, sobretudo a indefinição quanto à participação efetiva dos governos locais no âmbito dos processos decisórios no acordo climático, nos deixa mais apreensivos, principalmente quando se considera que é nas cidades, comunidades e rincões, como a pequena ilha de Tuvalu ou o isolado município do Manaquiri (AM), que os primeiros impactos do aquecimento global transforma moradores tradicionais em vítimas.

Mas independente desse encerramento pífio, engendrado principalmente pelos países desenvolvidos, já tínhamos consciência que o caminho ainda seria longo e que Copenhague representaria apenas mais uma etapa.

O trabalho de participação e valorização dos governos locais no âmbito das discussões sobre o presente e o futuro do bioma Amazônia foi iniciado há vários meses pela Prefeitura de Manaus por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas). O pioneirismo que foi empreendido na convocação da primeira Cúpula Amazônica de Governos Locais, atendida de pronto pelos nossos municipalistas da grande Amazônia internacional e os inúmeros países visitados, as diversas reuniões e encontros com dirigentes locais de todo o mundo, trouxeram importantes conquistas para Manaus e para a Amazônia.

Não foi por outra razão, que o Prefeito Amazonino Mendes esteve em Copenhague, não só representando a população da nossa cidade, mas também falando por todas as cidades da América Latina e Caribe afiliadas a CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos). A voz da nossa região pode ser ouvida por todos os países do mundo e terá de ser assim daqui em diante.

Será impensável não levar em conta, em qualquer projeto que envolva a Amazônia, as pessoas que residem nas cidades da região. Também não fará mais sentido pensar o bioma amazônico sem considerar a sua dimensão e presença nos 9 países da América do Sul. Qualquer ação proposta para a Amazônia deve ultrapassar as fronteiras nacionais e ser pensado como um todo.

Estamos muito conscientes dos desafios que teremos pela frente nessa etapa pós-Copenhague. São desafios que envolvem a busca por novas parcerias, a consolidação das já existentes e um olhar cada vez mais atento aos anseios da população de nossa cidade.

Manaus, capital da Amazônia aumenta sua responsabilidade com a COP-16, que na Cidade do México, no final de 2010, tem a responsabilidade de não trocar a fama pela vergonha, como vimos acontecer na COP15.

E aos pessimistas de plantão, deixo aqui um recado: É preciso destacar que o grande mérito e legado que Copenhague nos deixou não é a mesquinhez dos que estavam mais preocupados em saber quem iria pagar a conta para mitigar os altos custos que certamente as mudanças climáticas vão trazer. Copenhague deverá ser lembrada como a etapa em que, definitivamente, sustentabilidade e meio ambiente deixaram de ser assuntos apenas para ambientalistas militantes, mas passaram a ser temas que fazem parte da agenda mundial e que interessa a todos os habitantes em qualquer canto do planeta.
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FONTE :Marcelo Dutra, Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus (Envolverde/O autor)

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