Obama não traz os "sinais de esperança" que todos aguardavam ao falar pela primeira vez em Copenhague e o presidente do Brasil enfatiza que por trás das negociações climáticas estão debates sobre o desenvolvimento de cada nação.
O silêncio tomou conta da imensa sala de imprensa no Bella Center quanto o presidente Barack Obama começou a discursar na plenária da Conferencia das Nações Unidas de Mudanças Climáticas (COP-15). Todos aguardavam ansiosos pelas suas palavras em Copenhague, sobre o qual se depositavam esperança de algum anúncio de ação ambiciosa para o fechamento de um acordo climático nesta sexta-feira (18/12).
Foi então que veio a decepção. Nenhuma novidade. Obama repetiu expressões já usadas antes, como “acabou o tempo de falar, é hora de agir”, e manteve a meta de redução de gases do efeito estufa (GEE) anunciada antes do início da COP 15, de cortar em 17% as emissões em 2020 (com base em 2005) e 80% em 2050.
“Mitigação, transparência e finanças são a formula para um acordo. Estamos correndo contra o tempo e a pergunta agora é se vamos mover juntos ou nos separar”, afirmou.
A mensagem foi direcionada à China que deixou claro que não aceitará medidas de verificação e monitoramento dos compromissos de redução de emissões feitas por instituições internacionais ou outros países.
“Nossa meta é voluntária, mas não fizemos nenhuma exigência em troca para assumi-la e nem a ligamos a ação de outros países. E seja qual for o resultado desta conferência, nós vamos atingir ou até exceder esta meta”, afirmou também na plenária o primeiro-ministro da China, Hu Jintao, pouco antes de Obama.
Lula
A decepção com Obama foi grande principalmente porque ele discursou depois do presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, que fez um discurso emocionado e que mereceu aplausos no Bella Center. Suas primeiras palavras foram dizer que estava se sentindo "frustrado". “Há muito tempo discutimos o clima e cada vez constatamos mais que o problema é mais grave do que imaginávamos”, afirmou.
Lula enfatizando que faltou responsabilidade dos países de lidarem com o problema do aquecimento global antes e que as discussões em Copenhague não eram apenas sobre o clima, mas também sobre desenvolvimento.
“Não me esqueço nunca que quando tomei posse em 2003, meu compromisso era que todo brasileiro tivesse algo que comer no café da manhã, almoço e janta. Para a África, alguns países da América Latina e muitos da Ásia isso é coisa do futuro. E é isso que estamos fazendo aqui, não é discutir só clima, mas desenvolvimento e oportunidades para todos os países”, disse.
Lula disse que o Brasil não estava em Copenhague para barganhar e, para mostrar isso, usaria seus próprios recursos para atingir a meta de redução de emissões anunciada alguns dias antes da COP-15 e, além disso, o país estaria disposto a contribuir com um fundo global climático.
“Dinheiro não é problema. Não resolveu no passado, não resolverá no presente, e não resolverá no futuro. É importante que nós, países em desenvolvimento e ricos, quando pensarmos no dinheiro não pensemos que estamos fazendo um favor, dando uma esmola, porque é o dinheiro que será colocado na mesa é o pagamento pela emissão do efeito estufa feito durante dois séculos por quem teve o privilegio de se industrializar primeiro”, afirmou, rasgando aplausos da plenária.
Segundo Lula, o Brasil irá gastar US$ 166 bilhões até 2020 para reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões de GEE. “Não é tarefa fácil, mas foi necessário tomar esta medida, porque sabíamos que com meias palavras e barganha a gente não encontraria uma solução nesta Conferência de Copenhague”, disse.
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FONTE : Paula Scheidt, do CarbonoBrasil (Envolverde/Carbono Brasil)
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