No mesmo dia que a presidente da Conferência das Partes das Nações Unidas para mudanças climáticas em Copenhague, Connie Hedegaard, renunciou ao cargo, a segurança do evento mostrou-se bastante confusa, agressiva e no mínimo pouco eficiente.
As verdadeiras razões são desconhecidas para a renúncia da presidente. Difícil aceitar a sua alegação de que, em virtude de muitos chefes de estado estarem chegando para as negociações, o melhor seria deixar a direção da COP-15 a cargo do primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen que já começou a trabalhar. Isso significaria que ela não deveria ter aceitado a presidência definida em votação na primeira semana do encontro.
Mais estranhas ainda devem ser as razões da segurança da conferência para, após protestos no interior do Bella Center, impedir a entrada de credenciados por mais de duas horas. O Prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, também impedido de entrar, perdeu a coletiva de imprensa quando falaria sobre a sua presença na COP e sobre a importância da participação dos governos locais aqui em Copenhague.
O jornalista Washington Novaes, da TV Cultura e do Estadão, passou por maus bocados e pensou que seria agredido pelos seguranças, pois tentava sair do tumulto e não conseguia. Agora ninguém precisa se preocupar, o Washington está bem e são e salvo dentro do pavilhão.
Um dos principais negociadores brasileiros, o embaixador Luis Figueiredo, por incrível que pareça, passou pelos mesmos inconvenientes e prometeu demonstrar seu descontentamento com o tumulto que se formou debaixo de frio, chuva e neve, sem que fossem prestadas quaisquer informações. Inclusive, muita gente indignada foi embora.
Logo depois de cruzar a severa segurança, havia um grupo de ativistas sentados no chão e isolados por seguranças. Todos que passavam por ali eram orientados a não tirar fotos. Fui um dos que não seguiu a determinação que, no meu entender, é totalmente descabida.
Claramente, a segurança da COP demonstra seu temor quanto a algo que saia do controle. O excesso de zelo e a tensão dos agentes só contribui para acirrar os ânimos dos ativistas que, aí sim, poderiam deslanchar por atos de violência.
E o ambiente interno da conferência não demonstrou ser muito mais harmônico. Os problemas das negociações continuam do mesmo tamanho: indefinição de metas, de aportes financeiros... resumindo, a questão continua sendo a mesma desde muito antes dessa conferência começar, ou seja, ninguém quer pagar a conta.
Como afirmou Rubens Born, do Vitae Civilis, temos que ter paciência até o último minuto da conferência ou além. Ele lembrou que o Protoco de Kyoto foi assinado na manhã seguinte ao encerramento da convenção.
A esperança deve ser mantida apesar dos fatos em contrário. Mas o que com certeza devemos aguardar é o aumento progressivo dos protestos organizados por aqueles que não pretendem ficar apenas na torcida e exigem um real posicionamento das lideranças mundiais, além de reuniões a portas fechadas.
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FONTE : Material produzido e editado pela Envolverde/Mercado Ético/Carbono Brasil/Rebia/Campanha Tic-Tac/EcoAgência, e distribuído para reprodução livre com o apoio da Fundação Amazonas Sustentável.(Agência Envolverde).
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