A COP 15 acabou com nossos sonhos de um Planeta descarbonizado e uma sociedade mais justa? Claro que não! Porque não acreditamos mais em ‘papais noéis’ e sabemos que o mundo melhor que a gente deseja depende de mudanças em várias direções e não apenas de cima para baixo! É sempre bom lembrar que este mundo melhor não precisa começar, necessariamente, no outro, mas em nós, claro, de acordo com a capacidade e a responsabilidade diferenciada de cada um.
Para quem já viu este filme antes, na ECO 92 e no Protocolo de Kioto, sabe muito bem que não deve esperar muito dos representantes dos países do mundo quando se trata de tomar decisões de interesse comum a toda a humanidade, pois não estão ali para representarem a si próprios, mais aos seus países, onde os interesses conservadores para que tudo permaneça como está são fortes e ocultos, irrigados por fartos dólares de setores da economia viciados em carbono. Não é por acaso que estes setores são também os maiores financiadores de campanhas eleitorais, não por que estejam preocupados com a Democracia e o interesse comum, mas com seus próprios interesses! Fazem uma escolha por corromper corações e mentes para prosseguirem usufruindo e poluído um meio ambiente que é de todos, doa a quem doer, na esperança de que serão capazes de se salvar no caso de um colapso planetário! Os líderes dos impérios Maia, Incas, Astecas, e do povo da Ilha de Páscoa tiveram atitude semelhante e agarraram-se às suas riquezas e poder, e tiveram o privilégio de serem extintos por último! Quando não aprendermos com as lições que a vida nos oferece, prosseguimos repetindo erros.
Saber das fragilidades da Democracia, onde cada voto tem peso diferente em função de cada país, deve servir para nos ajudar a não depositar nossas esperanças nesses encontros de líderes mundiais, embora sejam necessários por fazerem parte do processo de mudança. E como os EUA vem sendo de longe o maior beneficiário com o saque ao Planeta, qualquer acordo global para este país significará ter de pagar a conta pelo desastre e ainda ter de cortar na própria carne de sua economia viciada em carbono. Então, não devemos nos iludir achando que a mudança virá dos EUA. Não virá, a não ser que uma nova economia, de baixo carbono, lhe seja favorável economicamente. Então, não alimentemos ilusões e esperanças de que desse ‘mato sairá algum cachorro’, por que só sairão mais lobos para comerem os carneiros de sempre...
O que estamos assistindo nos últimos anos é um processo de ruptura, em que uma economia de mais de 250 anos baseada na queima de combustíveis fósseis e no desmatamento começa a ceder lugar a outra economia, das energias renováveis e da floresta em pé! Esta nova economia limpa ainda não é a dominante, mas a cada dia que passa se torna mais e mais visível, substituindo a outra suja, independente das mudanças de cima para baixo! Quando o MDL ( Mecanismos de Desenvolvimento Limpos ), medida proposta pelo Brasil no Protocolo de Kioto, entrou em vigor em 2005, quando a Rússia assinou o Protocolo, alcançando 55% dos países signatários, já encontrou um intenso mercado de créditos de carbono em andamento, o surgimento de novas tecnologias limpas, e indústrias em processo de gestão ambiental na busca da ecoeficiência no uso de materiais e na gestão de seus resíduos e negócios.
Talvez até consigamos com alguma dificuldade migrar definitivamente de uma economia suja e suicida para outra limpa e comprometida com a vida, mas a nossa mudança mais desafiadora está na capacidade de sermos mais generosos, solidários e menos egoístas, gananciosos e indiferentes com a dor e o sofrimento alheios, pois talvez até consigamos dar uma sobrevida à nossa espécie sobre o planeta, mas valerá a pena se perdermos a nossa humanidade?
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AUTOR : WILMAR BERNA, escritor e jornalista, editor da Revista e do Portal do Meio Ambiente. www.escritorvilmarberna.com.br (Envolverde/Rebia)
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