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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

DINHEIRO VERDE : países buscam acordo sobre de onde viriam os recursos

Na Reserva do Juma, uma área de 400 mil hectares em meio à Amazônia, vivem cerca de mil agricultores e extrativistas. Pessoas simples e com renda que muitas vezes não chega a um salário mínimo, são o exemplo de gente que acaba desmatando por pura subsistência. Desde o ano passado, porém, quem desmata em Juma perde dinheiro. A reserva é um caso prático daquele que será um dos principais temas da COP15, na Dinamarca: o REDD, sigla para Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação.

A aprovação do REDD sempre foi considerada uma das poucas certezas desta COP15. No entanto, um acordo sobre o assunto, pelo menos para o governo brasileiro, depende de como será o financiamento da iniciativa. Em primeiro lugar, o país não quer que o dinheiro venha apenas da venda de créditos de carbono para nações ricas – que, assim, comprariam o direito de continuar poluindo. O envio de recursos precisa ser voluntário, acreditam os brasileiros. Outro receio é de que com tanta floresta disponível para entrar no mercado, os preços cairiam demais.

O governo exige que a verba para a conservação das florestas seja apenas um dos capítulos de um acordo maior, com mais dinheiro para os países em desenvolvimento.

– Não haverá um acerto de REDD sem um acerto global – afirmou o embaixador para Mudanças Climáticas do Brasil, Sérgio Serra.

A vegetação é considerada um grande cofre de carbono, e sua derrubada libera enormes quantidades de gases-estufa na atmosfera. Pelos acordos internacionais existentes, não há nenhuma previsão de recursos para as florestas. Para esta conferência, porém, estava prevista ajuda para o setor. Tendo em vista o tamanho da Amazônia, o Brasil seria o país com mais acesso aos recursos.

No caso da Reserva de Juma, o financiamento veio de uma parceria com empresas multinacionais. As famílias recebem um cartão de débito e US$ 30 (R$ 52) por mês caso as árvores permaneçam intocadas.

Ontem, o BNDES anunciou na COP15 cinco primeiros projetos de preservação que receberão dinheiro do Fundo Amazônia. Serão R$ 70 milhões a entidades que cuidam de áreas de mata no Amazonas, Pará, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Acre e Tocantins.

Como funciona?
A proposta de Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) tem sido apontada como uma opção eficaz, barata e rápida para combater o aquecimento global:
REDD propõe que países pobres e em desenvolvimento recebam incentivos financeiros para manter suas florestas em pé. Atualmente, o desmatamento representa cerca de 20% das emissões de gases-estufa no mundo.
Para que essa proposta avance na COP15, será essencial superar a controvérsia sobre a definição da fonte de recursos para viabilizar esse mecanismo.
A proposta de usar REDD para compensar emissões de países desenvolvidos é rejeitada pelo Brasil.
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FONTE : GUSTAVO BONATO, Diário Catarinense (Enviado Especial/Copenhague),10/12/2009.

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