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sábado, 5 de dezembro de 2009

O MUNDO EM COPENHAGUE : Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas - Parte 7

Por 11 dias, a partir desta segunda-feira (7/12/2009), a bela Copenhague, a cidade das bicicletas e da Pequena Sereia, será a capital do mundo. Sem exagero. Mais de cem presidentes ou primeiros-ministros já confirmaram que estarão por lá em algum momento desses 11 dias.Afinal, a ocasião que leva o mundo a Copenhague é nobre: a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP15, que, entre 7 e 18 de dezembro, decide o futuro da luta contra o aquecimento global.

A partir desta segunda-feira, o futuro da luta contra o aquecimento global começa a ser definido na capital dinamarquesa, Copenhague, que recebe até 18 de dezembro a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas

E o que eu, morador de Santa Catarina, a mais de 10 mil quilômetros de distância, tenho a ver com isso? Não se engane. Os efeitos das alterações no clima atingem a todos. Os temporais que vem causando destruição no Estado e no Rio Grande do Sul podem ser os primeiros impactos com status de catástrofe a nos atingir diretamente.

Nesse sentido, a atenção global ao evento é uma ótima notícia, dizem especialistas, um indicativo de que, talvez, os líderes mundiais deixem a conversa de lado e aprovem um acordo que finalmente limite as emissões de gases causadores do efeito estufa na atmosfera – que, em excesso, provocam o aquecimento da Terra.

– Copenhague extrapolou tudo o que a gente pensou até hoje. Kyoto foi um evento extremamente importante, mas ainda estava circunscrito às pessoas que trabalhavam com o assunto. Hoje em dia, Copenhague é um assunto que qualquer pessoa em qualquer lugar está falando. Assumiu uma dimensão completamente diferente – diz Branca Americano, diretora do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente.

Em 1997, o Protocolo de Kyoto definiu uma modesta meta de 5,2% de redução das emissões, com base nos níveis de 1990, apenas aos países desenvolvidos – os Estados Unidos, à época maior emissor, não se comprometeram. Nações em desenvolvimento, como Brasil e China, entraram como voluntários.

Para o diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, Sérgio Leitão, não havia toda a base de conhecimento científico acumulado que se tem hoje sobre o tema para escancarar a enorme gravidade do problema.

– Kyoto foi uma espécie de rito de transição, uma etapa necessária que foi vencida. Agora, vamos começar outra: a discussão dos melhores remédios para a solução do problema.

Às vésperas do início da conferência, os países começaram a divulgar as suas metas de redução de emissões. Na conferência, esses números valem muito mais como um sinal das boas intenções e do comprometimento com o problema. Teoricamente, são medidas que deverão ser assumidas independentemente de acordo em Copenhague. Ainda assim, o significado de cada proposta é difícil de ser compreendido. Leitão garante que o Greenpeace ainda tenta traduzir os números:

– Estamos saudando o fato de todos os países, ao contrário de todas as expectativas iniciais, estarem se colocando na mesa com propostas. Mas precisamos entender ainda, na mecânica das relações internacionais, quem está fazendo o quê.

Que tipo de acordo sairá de Copenhague ainda é incerto. Branca explica que as negociações seguem em dois trilhos: um que tem como base a Convenção do Clima, firmada na Eco-92, no Rio de Janeiro, e outro que segue Kyoto. A primeira ideia é defendida por países como Estados Unidos, e a segunda, a bandeira das nações em desenvolvimento.

– O que o Brasil tem defendido é continuar nos dois trilhos e entrar num acordo para um segundo período do protocolo de Kyoto e aumentar a implementação da Convenção.

A partir desta segunda, o DC contará com reportagens diretamente de Copenhague, com o enviado especial à conferência, Gustavo Bonato.

PRISCILA DE MARTINI
Os protagonistas da conferência
Países que devem assumir papel fundamental nas negociações:
ESTADOS UNIDOS
Sem os EUA, segundo maior poluidor do mundo, um acordo efetivo é impossível. Após oito anos de governo George W. Bush, que não aceitava qualquer comprometimento com metas de redução de emissões, as chances nunca foram tão grandes de os EUA assinarem um acordo do tipo. O presidente Barack Obama declarou-se comprometido com a luta contra as mudanças climáticas e promete agir com vigor.
UNIÃO EUROPEIA
Os 27 países da UE votam em bloco. Juntos, eles ficam em terceiro lugar no ranking dos maiores poluidores – por isso, é tão importante que se engajem. O fato de grande parte dos países da UE serem desenvolvidos também fará do bloco um dos principais protagonistas da COP15. Suas nações – especialmente França, Grã-Bretanha e Alemanha, mais comprometidos com a luta contra o aquecimento – poderão puxar os EUA para um acordo.
CHINA E ÍNDIA
Primeiro e quarto colocados entre os maiores emissores de CO2 do mundo, respectivamente, lideram o grupo dos 130 países em desenvolvimento que resistem em assumir metas obrigatórias de controle. Acreditam que o mundo desenvolvido deve acatar a sua responsabilidade histórica pela atual situação do planeta, deixando as outras nações continuarem a se desenvolver. A prioridade seria o combate à fome e à pobreza.
BRASIL
Também tem um papel significativo no grupo dos países em desenvolvimento, ao lado de China e Índia. Outro trunfo coloca o presidente Lula entre as principais vozes da conferência: a Amazônia.
O desmatamento é uma das maiores fontes de emissões de CO2. Entre os principais assuntos da COP15, estará o REDD (sigla em inglês para Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação).
POSSÍVEIS CENÁRIOS
Como podem terminar as discussões em Copenhague: EVENTOS EXTREMOS
FOGO NA AUSTRÁLIA
No Sul, o país viveu em 2009 a pior onda de calor dos últimos cem anos, com temperaturas de até 46°C, matando dezenas de pessoas. Pelo menos outras 180 morreram em graves incêndios no Estado de Victoria. No Nordeste, o problema são as inundações. De todo o território do Estado de Queensland, 60% chegaram a ser declarados zona catastrófica.
FRIO NA EUROPA
Uma onda de frio congelou a Europa e os Estados Unidos no início deste ano. Em fevereiro, Londres teve a mais forte nevasca dos últimos 18 anos. Na Alemanha, o inverno passado ficou entre os cinco ou 10 mais frios dos últimos cem anos, segundo o Serviço Alemão de Meteorologia, com temperatura de até -37°C. Nos Estados Unidos, a onda de frio causou dezenas de mortes.
ÁRTICO A PERIGO
O Ártico talvez seja alvo das previsões mais catastróficas dos pesquisadores quando o assunto é aquecimento global – e também dos impactos reais mais evidentes. Estudos mostram que as geleiras têm derretido a uma taxa assustadora. Em 20 ou 30 anos, a camada de gelo que cobre o Polo Norte poderá desaparecer completamente durante os meses de verão.
SECA NA ARGENTINA
Treze das 24 províncias argentinas estão em emergência agropecuária desde o início do mês devido à seca que atingiu boa parte do país neste ano. Segundo o Ministério da Agricultura da Argentina, a estiagem registrada até o mês passado foi a pior em sete décadas. Em outras regiões, a seca deu lugar a precipitações elevadas, causando novos problemas.
Países que devem assumir papel fundamental nas negociações:
ESTADOS UNIDOS
Sem os EUA, segundo maior poluidor do mundo, um acordo efetivo é impossível. Após oito anos de governo George W. Bush, que não aceitava qualquer comprometimento com metas de redução de emissões, as chances nunca foram tão grandes de os EUA assinarem um acordo do tipo. O presidente Barack Obama declarou-se comprometido com a luta contra as mudanças climáticas e promete agir com vigor.
UNIÃO EUROPEIA
Os 27 países da UE votam em bloco. Juntos, eles ficam em terceiro lugar no ranking dos maiores poluidores – por isso, é tão importante que se engajem. O fato de grande parte dos países da UE serem desenvolvidos também fará do bloco um dos principais protagonistas da COP15. Suas nações – especialmente França, Grã-Bretanha e Alemanha, mais comprometidos com a luta contra o aquecimento – poderão puxar os EUA para um acordo.
CHINA E ÍNDIA
Primeiro e quarto colocados entre os maiores emissores de CO2 do mundo, respectivamente, lideram o grupo dos 130 países em desenvolvimento que resistem em assumir metas obrigatórias de controle. Acreditam que o mundo desenvolvido deve acatar a sua responsabilidade histórica pela atual situação do planeta, deixando as outras nações continuarem a se desenvolver. A prioridade seria o combate à fome e à pobreza.
BRASIL
Também tem um papel significativo no grupo dos países em desenvolvimento, ao lado de China e Índia. Outro trunfo coloca o presidente Lula entre as principais vozes da conferência: a Amazônia.
O desmatamento é uma das maiores fontes de emissões de CO2. Entre os principais assuntos da COP15, estará o REDD (sigla em inglês para Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação).
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FONTE : DC - edição de 5/12/2009

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