Enquanto parecem não existir mais dúvidas sobre a ocorrência de mudanças climáticas, o impasse sobre os cortes nas emissões de carbono continua entre os países desenvolvidos.
As nações emergentes ainda falham em construir diferenças decisivas em questões urgentes, como o estabelecimento de metas concretas para redução, transferência de tecnologia e suporte financeiro.
Desenvolvimento
Como emissores de crescimento mais rápido, países em desenvolvimento como Brasil, China ou Índia deveriam liderar o caminho para um futuro com baixo teor de carbono?
Ou as nações industrializadas deveriam pagar a conta das alterações climáticas por sua histórica responsabilidade cumulativa?
Em mais um programa de uma série sobre o assunto, a Rádio ONU analisa os desafios e esperanças do mundo em desenvolvimento na abordagem sobre esta crise global.
Mercado de maderia
Como o país mais populoso do mundo, a taxa absoluta de expansão econômica da China, abastecida principalmente por carvão poluente, assegura que não irá perder logo o lugar como um dos maiores emissores.
Suas políticas e estratégias em combater o aquecimento global se tornaram foco de crescente escrutínio.
Entretanto, na corrida para a Conferência da ONU sobre Mudança Climática em Copenhague, a China tem sido chamada para exercer papel de liderança no combate às alterações e agora está na frente como um 'modelo' para os países em desenvolvimento.
O professor Zou Ji, especialista em políticas da Universidade Renmin, tem servido como membro da delegação chinesa para os debates sobre o clima desde 2000. Ele disse à Rádio ONU que países industrializados tem explorado os benefícios de emissões irrestritas nos últimos 200 anos.
Atmosfera
Zou Ji afirma que os direitos de viver são universais e iguais. Ele pergunta se os americanos podem lançar mais gases de efeito estufa na atmosfera e os chineses não?
De acordo com o Banco Mundial, mais de 250 milhões de pessoas na China vivem com menos de U$ 1,25 por dia. O professor ressalta que a prioridade chinesa agora é estimular a economia, erradicar a pobreza e melhorar as condições de vida da população. Mudanças climáticas estão no final da lista.
Urumqi é a capital da Região Autônoma Xinjiang Uyghur, na parte mais oeste da China. É uma palavra mongól, que significa 'belas pastagens'. De acordo com o Guiness, o Livro dos Recordes, é a cidade do mundo considerada mais afastada de qualquer mar.
Água é uma fonte preciosa para a população local. O pastor Aibulyhan, de 58 anos, pertence a um dos 13 grupos étnicos que habitam a região. Ele diz que não entende o significado das mudanças climáticas. Mas está claro que o tempo está ficando seco, as terras estão diminuindo e tornando-se menos férteis.
Seca Sazonal
Aibulyhan afirma que tem 15 cabeças de gado, 20 cavalos e 50 cabras e que a primavera é mais difícil devido à seca sazonal.
Mas o que grandes países emergentes como a China e o Brasil estão fazendo para combater o problema e liderar os debates para a confiança internacional.
Em entrevista à Rádio ONU em julho, o Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon pediu aos países em desenvolvimento para injetarem ânimo sobre o impasse diante das discussões sobre o clima.
Ban Ki-moon disse que o crescimento verde e a economia verde podem criar mais empregos e uma recuperação mais rápida diante da crise financeira global.
Para o diretor-técnico da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, Eneas Salati, essa recuperação depende da posição da China e dos Estados Unidos.
Redução de emissões
Ele afirmou que a China e os Estados Unidos, juntos, representam praticamente 50% das emissões do planeta. E que a solução para a redução dessas emissões é muito ampla.
"São várias as situações. Em primeiro lugar é a matriz energética do planeta. Mudança na matriz energética é uma coisa fundamental, isto é, você ter energias alternativas e uma série de tecnologias já disponíveis e que nem sempre são utilizadas, são utilizadas por alguns países e não por outros", afirmou.
A solução para o Brasil, segundo Eneas Salati, está na Amazônia.
"À medida que se desmata, que se queima, você está emitindo gases de efeito estufa. No Brasil praticamente a maior parte, quase 70% da responsabilidade brasileira vem exatamente do desmatamento da Amazônia".
A uma semana da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, com o relógio correndo para Copenhague, será que os líderes mundiais irão alcançar um acordo histórico e selar um consenso?
É preciso mais tempo para encontrar todas as respostas que o mundo está buscando. Mas uma coisa é certa: os seres humanos tem as ferramentas e podem agora mover a sociedade longe do aquecimento global.
Apresentação: Daniela Traldi
Produção: Hao Cheng
Produção Executiva: Donn Bobb
Direção: Michelle DuBach
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FONTE : (Envolverde/Rádio ONU)
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