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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Florestas no centro da luta contra a mudança climática


Se as florestas, que abrigam dois terços da biodiversidade terrestre, forem manejadas de forma sustentável se preservará o lar e o sustento de 1,6 bilhões de pessoas e se contribuirá para a luta contra a mudança climática. Este foi uma das principais mensagens do XII Congresso Florestal Mundial que terminou sexta-feira em Buenos Aires após seis dias de debates, fóruns e exposições, com participações de mais de 6.600 especialistas, empresários, estudantes, funcionários governamentais e membros de organizações não-governamentais.

O finlandês Jan Heino, diretor do Departamento Florestal da FAO, disse à IPS que “a mensagem principal deste congresso é que não poderemos resolver o grande problema da mudança climática sem ajuda das florestas”. A mudança climática “já chegou” a muitas florestas, disse, por sua vez, Avrim Lazar, diretor da Associação de Produtos Florestais do Canadá. Nesse país, o escaravelho do pinheiro de montanha (Dendroctonus ponderosae), uma praga que só se combate com o frio intenso do inverno, provocou graves perdas nos últimos anos que deixaram sem emprego cerca de 25 mil famílias, afirmou. Além das pestes em razão do aumento da temperatura, as florestas também são afetadas pelas secas que facilitam incêndios cada vez mais freqüentes.

A FAO afirma que a cada ano são desmatados 13 milhões de hectares de florestas no mundo, atividade que contribui com mais de 17% das emissões de gases causadores do efeito estufa, que aquecem a atmosfera. “Necessitamos um manejo sustentável das florestas como um contexto para resolver a mitigação e adaptação à mudança climática”, insistiu Heino, quando faltam menos de dois meses para a 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontecerá em dezembro na cidade de Copenhague.

No contexto do congresso, um Fórum de Florestas e Mudança Climática produziu um documento com recomendações para a conferência na capital da Dinamarca. Este foi o único assunto que exigiu um documento exclusivo. O restante das conclusões do congresso consta de outro documento apresentado sexta-feira com recomendações gerais para o setor. “Atualmente, as pressões mais graves sobre as florestas são exercidas desde fora do setor florestal, por exemplo, pelas mudanças no clima mundial, as condições econômicas e de população”, afirma esta declaração final. “Estas mudanças estão criando repercussões em todos os setores, que afetam tanto as florestas quanto o crescimento demográfico e a migração rural para as cidades ou os efeitos da mudança climática sobre a agricultura”, acrescenta.

Entre as recomendações, exorta-se comunidade internacional proteger a biodiversidade de florestas, selvas e povos que as habitam. Também se considerou necessário incorporar o conhecimento das comunidades locais, defender a perspectiva ampla das florestas como provedores de múltiplos serviços ambientais e destacar a necessidade “urgente” de desenvolver incentivos financeiros para que as populações locais adotem um manejo sustentável destes ecossistemas.

Os organizadores do congresso destacaram o papel das plantações florestais como contribuição à mitigação da mudança climática e à preservação da biodiversidade das florestas nativas, sempre que desenvolvidas em “um contexto de sustentabilidade”. Organizações não-governamentais rejeitam tratar a questão das florestas nativas junto com as monoculturas, por considerarem que estas alteram a biodiversidade e degradam o solo. Porém, delegados da FAO, técnicos e empresas insistiram que estas plantações, que representam 7% das existências de árvores no planeta, podem contribuir, com os devidos controles, para preservar florestas nativas que do contrário seriam cortadas para obter-se madeira, pasta de celulose ou biocombustíveis.

A reunião foi organizada pela Argentina com patrocínio da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que programa este encontro a cada seis anos. O próximo poderá acontecer na Índia ou na África do Sul, em 2015. o governo e o setor privado argentinos comemoraram que no contexto do Congressos também houve pela primeira vez uma rodada de negócios, que contou com a participação de mais de 200 empresários que expressaram sua vontade de investir no setor florestal em cerca de US$ 36 milhões.
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FONTE : Marcela Valente, da IPS (IPS/Envolverde)

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