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sábado, 3 de outubro de 2009
Quelônios da Amazônia: 34 anos de muitas conquistas
Com o luar cintilante no céu estrelado e a brisa gelada no rosto, lá vão os “praieiros”, mais uma vez, movimentando-se cuidadosamente pela trilha da mata, tomando imenso cuidado com o barulho para não espantar os tracajás e as tartarugas que abrem covas para depositar os ovos. A incursão tem o objetivo de observar, à distância, para proteger as fêmeas de possíveis predadores, que aproveitam esses momentos de fragilidade para se alimentar – assim, afinal, é a natureza.
O projeto “Quelônios da Amazônia”, da Superintendência do Ibama de Rondônia, que foi iniciado na década de setenta, comemora sua trigésima quarta temporada. Andando pelas praias limpas, percebe-se o respeito e o zelo que esses valorosos soldados têm pela natureza. Não são encontrados vestígios da passagem humana por lá ou qualquer espécie de lixo, seja plástico ou outro artefato. Por ser monitorado, esse santuário ecológico é um verdadeiro paraíso. O que impressiona é que são terras devolutas da união, sem nenhuma espécie de proteção ambiental, um local privilegiado no qual o homem, com a ajuda do projeto, aprendeu a viver em simbiose com o meio. Um local em que ainda é possível ser parte, sem ter posse.
No flutuante, que serve de base operativa para o projeto, são encontradas pessoas imbuídas da tarefa preservacionista: praieiros, técnicos e estudantes, além de um simpático mascote carinhosamente batizado de Roberto Carlos - um jacaré de aproximadamente três metros de comprimento, que monta guarda próximo ao barco e eventualmente se alimenta de sobras dos peixes utilizados nas refeições.
Caminhando pela praia, um dos técnicos mostra a forma de controle adotada: os ninhos são marcados com estacas que têm a data de deposição dos ovos e a respectiva espécie. Com uma breve olhada na praia se observam centenas de estacas, cada uma demarcando dezenas de ovos.
Em uma delas havia finos buracos na areia, e foi o praieiro Gelson, mais conhecido como “Negão”, que alertou: “aqui bateu um fura-ovos”. Em seguida, retirando a areia com as mãos, ele encontrou diversos ovos furados. Em outro ninho, havia muitos ovos quebrados, com gemas espalhadas pelo chão - esses foram atacados por urubus.
Mais tarde, em outra praia, inúmeras gaivotas davam vôos rasantes sobre as cabeças dos visitantes inesperados. O seu objetivo era proteger seus ovos e filhotes, ambos sobre a areia contando apenas com a proteção dos pais. Gelson informou que nessa praia, os ovos dos tracajás e das tartarugas estão mais protegidos, pois os predadores são facilmente afugentados pelas aves. A equipe saiu logo dali para dar sossego aos cuidadosos pais, que não paravam de piar e rodopiar sobre ela.
Dos predadores, o homem é o pior. Por inúmeras vezes, cidadãos “mal informados” ou “analfabetos” são abordados pelos heróicos defensores da natureza e aconselhados a devolver para a natureza o fruto de sua pilhagem. Carregam de tudo, desde ovos a pequenas tartarugas e tracajás, por que acham “bonitinhos” e parecem desconhecer as leis ambientais, ou talvez lhes falte memória, visto que se esquecem facilmente do conselho anterior e voltam a predar.
Felizmente, e devido ao grande esforço empregado pelos praieiros, técnicos, pesquisadores e coordenadores do projeto, a situação vem melhorando consideravelmente, e são poucos os que conseguem burlar a lei nos locais monitorados.
Para a técnica Maria de Fátima Gomes e Souza, que atua no Quelônios da Amazônia desde 1985, o projeto está garantindo a diversidade de fauna na área protegida, sendo utilizada como ferramenta principal a educação ambiental. Ela acrescenta que muitos praieiros são recrutados ano após ano, mas outros se integram ao perceberem a importância e a riqueza únicas do ambiente.
Para o superintendente do Ibama, Cesar Guimarães, esse é um projeto estratégico, pois trás inúmeros benefícios ao meio ambiente ao monitorar e controlar uma extensa área a um baixo custo, tendo o apoio da comunidade local.
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FONTE : (Envolverde/Ibama)
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