polo2 Pólos: cadê o gelo que estava aqui?
Foto: Ansilta Grizes

Dois estudos internacionais publicados essa semana revelam que há motivos de sobra para nos preocuparmos com o degelo nos pólos do planeta. Enquanto na Antártida o ritmo do derretimento no verão é 10 vezes mais rápido do que há seis séculos, segundo um estudo publicado na revista Nature Geoscience no dia 14 de abril, daqui a meros sete anos o Ártico poderá estar completamente sem gelo durante a estação mais quente do ano. A conclusão é de uma pesquisa divulgada na segunda-feira, 15 de abril, no periódico Geophysical Research Letters.
James Overland e Muyin Wang, cientistas da agência estadunidense National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), usaram três abordagens diferentes para prever o derretimento completo do gelo no Ártico, por meio da extrapolação de dados de volume de gelo do mar e as projeções de modelos climáticos.
Independentemente do modelo utilizado, a evidência sugere que o gelo marinho no verão pode desaparecer dentro de algumas décadas. Mais pessimista, o primeiro modelo indica que o gelo do mar pode desaparecer até 2020, antecipando em algumas décadas degelo exposto no último modelo, datado na década de 2040.
No estudo, Overland declarou que “a perda rápida de gelo marinho no Ártico é provavelmente o indicador mais visível da mudança climática global, que levará a alterações nos ecossistemas e na economia e, potencialmente, impactos climáticos em todo o hemisfério norte”.
Pólo Sul
De olho no que vem acontecendo nos últimos séculos, a equipe de cientistas liderada por Nerilie Abram, do British Antarctic Survey de Cambridge, detectou que o degelo na Antártida está com o pé no acelerador nos últimos 50 anos. Eles perfuraram 364 metros de uma geleira na ilha de James Ross para medir as temperaturas inscritas nas camadas sucessivas de gelo ao longo dos séculos.
De acordo com Abram, eles constataram que, há 600 anos, as condições mais frias na península antártica geraram uma menor quantidade de gelo derretido, em uma velocidade dez vezes menor do que o derretimento anual registrado atualmente.
* Publicado originalmente no site EcoD.