Exposição ‘Olhares Cruzados’ traz diferentes perspectivas sobre os povos Guarani
por Redação do Pnud
Fortalecer identidades e valorizar a cultura e a tradição Guarani através do olhar e da perspectiva de crianças e jovens. Este é a proposta do projeto ‘Olhares Cruzados – Guarani Kaiowá – Pai Tavytera’, transformado em uma exposição que foi aberta ao público esta semana (17) na Câmara dos Deputados, em Brasília. A mostra contribui para a construção de uma visão positiva destes povos, ampliando a integração entre eles e a sociedade brasileira.
Dentre as diversas matizes dos povos Guarani, o trabalho traz um cruzamento de visões entre dois deles: os Guarani Kaiowá e os Pai Tavytera. Os Guarani Kaiowá são as populações que vivem no lado brasileiro, enquanto a comunidade Pai Tavytera está em território paraguaio. A integração destas duas etnias através da arte busca articular a luta pelos direitos para além das fronteiras geopolíticas.
A mostra é composta por 16 mosaicos de fotografias, desenhos e entrevistas produzidas pelas crianças e adolescentes indígenas de Panambizinho, Tey Kue, Kurusu Amba (Mato Grosso do Sul) e de Reko Pave (em Capitão Bado, Paraguai). As produções são fruto do projeto Olhares Cruzados, uma parceria entre a OSCIP ‘Imagem da Vida’, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o Conselho Aty Guasu, a ONG Nossa Tribo e o PNUD.
O ‘Olhares Cruzados’ desenvolveu nas aldeias oficinas de fotografia, redação e desenho. A exposição também conta com trabalhos dos renomados fotógrafos Rosa Gauditano e Christian Knepper, que documentaram as atividades realizadas com as crianças. O trabalho do projeto foi registrado em livro e em documentário (“Olhares Cruzados – Guarani Kaiowá Pai Tavytera”, com a direção de Nilton Pereira).
A cerimônia de inauguração da exposição (de 17 a 26/04), no Espaço do Servidor da Câmara dos Deputados, contou com a presença da Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, do representante residente do PNUD, Jorge Chediek, de lideranças indígenas, entidades de defesa dos diretos dos povos indígenas, parlamentares e demais autoridades.
A realização da mostra é fruto de um convênio com a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República. A parceria prevê também a realização de um Fórum entre jovens Guarani Kaiowá e representantes do Poder Público, no segundo semestre de 2013, visando a formulação de políticas que contemplem os direitos desta etnia.
A etnia Guarani, uma das maiores do continente sul-americano, contribuiu diretamente para a formação do povo brasileiro. Mesmo com toda a privação de direitos e territórios iniciada com a colonização, os Guarani Kaiowa ainda formam a mais populosa etnia indígena do Mato Grosso do Sul. Esta população ainda vive uma difícil situação no que se refere aos seus direitos humanos.
Olhares Cruzados
O projeto Olhares Cruzados, iniciado em 2004, possibilitou o conhecimento recíproco entre cerca de 1.500 crianças brasileiras de comunidades quilombolas e indígenas, latino-americanas, africanas e de países fruto da diáspora africana, através da troca de fotografias, cartas e objetos produzido por elas durante as oficinas. Esta atividade veio para fortalecer suas identidades e ampliar os seus universos culturais, por meio do reconhecimento da forma como se veem e querem ser vistas. Os resultados são publicados em livros, distribuídos nestas comunidades, em escolas e bibliotecas no Brasil e no exterior. Atualmente, já foram produzidos quatro documentários em vídeo, dez livros publicados e mais dois estão em fase de edição.
Onze países, para além do Brasil, foram englobados no projeto: Angola, Moçambique, Senegal, Haiti, Congo RDC, Mali, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Bolívia, Paraguai e Etiópia; No Brasil, as ações aconteceram nos seguintes estados: Amazonas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piaui, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande Do Sul e São Paulo.
Desde o seu início, o projeto Olhares Cruzados contou com grande reconhecimento da mídia e da sociedade em geral. Em 2010 a coordenadora do programa, Dirce Carrion, recebeu a comenda da Ordem do Rio Branco como reconhecimento da eficácia do projeto no tratamento das relações do Brasil com a África e países fruto da Diáspora Africana. Para Dirce, o projeto é uma forma eficiente de promover o autoconhecimento e o registro da história destes grupos, afinal, “o fato de se apresentar para o outro passa obrigatoriamente pelo ato de olhar para si mesmo, pelo reconhecimento do seu contexto, pela reflexão sobre os seus saberes e valores culturais e, principalmente, pela compreensão de pertencimento a uma comunidade”, afirma Dirce.
Este trabalho contou com o apoio institucional de diversas organizações sociais, órgãos do governo e embaixadas. Os principais financiadores foram: Ministério das Relações Exteriores, Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial – SEPPIR, Secretaria Especial de Direitos Humanos – SDH, UNICEF, Save the Children, PNUD, UNICEF, OEI, Instituto HSBC Solidariedade, entre outros.
* Publicado originalmente no site PnuD.
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