O WWF-Brasil e o Sindicato do Comércio Atacadista de Madeira de São Paulo (Sindimasp), parceiros nas ações desenvolvidas dentro do programa “Madeira é Legal”, realizaram um workshop com representantes do setor madeireiro em Bogotá, na Colômbia, com o objetivo de trocar experiências e discutir o conceito de “madeira legal”.
O encontro reuniu cerca de 30 pessoas, representantes de organizações não governamentais, órgãos públicos, comerciantes, produtores e associações de classe colombianas. A programação durou dois dias e foi composta de apresentações de trabalhos, palestras e mesas-redondas.
Um dos grandes propósitos da reunião foi refletir sobre o processo de produção do recurso madeireiro na Amazônia e pensar em maneiras de tornar essa produção mais justa e sustentável.
De acordo com o analista de conservação do WWF-Brasil Ricardo Russo, o conceito de “madeira legal” não é tão ‘automático’ quanto a maioria das pessoas imagina.
“Trabalhamos geralmente com o conceito de madeira certificada, mas não sabemos, por exemplo, se toda madeira certificada é produzida de modo sustentável”, explicou. Por isso, contou o especialista, é importante pensar não só no documento final – como hoje ocorre com o Documento de Origem Florestal (DOF) – mas também no processo envolvido na exploração e comercialização deste recurso.
Executivo do Sindimasp e um dos participantes da comitiva brasileira que foi a Bogotá, Rafik Saab Júnior contou que, para defender a bandeira da legalidade, é preciso conhecer muito bem como funcionam todos os setores da economia da madeira. “Precisamos discutir a legalidade em todos os níveis, sejam eles distritais, regionais, municipais, estaduais e federais. Também precisamos montar um conceito de ‘madeira legal’ que seja viável do ponto de vista econômico, social e ambiental”, disse.
Rafik comentou ainda que, ao contrário do que possa parecer, São Paulo e Bogotá possuem problemas muito similares no que diz respeito ao comando, controle e legalidade do recurso madeireiro.
Outro grande objetivo da reunião foi a apresentação do programa “Madeira é Legal” aos players colombianos. As conversas realizadas na ocasião abriram oportunidades de trabalho conjunto entre os governos e polícias de São Paulo e Bogotá. “Tivemos ótimas discussões com os responsáveis pelo programa de Governança Florestal da Colômbia, que são Ruben Dario Orjuela e Jose Miguel Orozco Muñoz. Ficamos lisonjeados e honrados e apresentar o trabalho que estamos fazendo”, declarou.
Em 2013, os colombianos que participaram do encontro virão ao Brasil para conhecer as experiências de manejo sustentável desenvolvidas em São Paulo (SP).
Ação integrada
O programa Madeira Legal foi lançado em março de 2009 e tem como objetivo promover ações que garantam o uso de madeira legal e certificada no Estado e Município de São Paulo.
A iniciativa é conduzida por uma série de instituições, como o WWF-Brasil, o Sindimasp e representantes do setor da construção civil de São Paulo, como produtores e distribuidores de madeira.
Entre as ações desenvolvidas no âmbito do projeto estão a promoção de mecanismos de controle como a exigência da apresentação do DOF; o incentivo ao uso da madeira certificada nos departamentos de compras do setor público e privado; a identificação e monitoramento da madeira comprada por atores sociais relevantes; e a viabilização de pesquisas e criação de produtos mais sustentáveis voltados à construção civil.
Como parte desta iniciativa, o WWF-Brasil e Sindimasp já lançaram publicações como o Seja Legal, que dá instruções de como as empresas e o setor público podem deixar de consumir madeira ilegal da Amazônia; e o Madeira – Uso Sustentável na Construção Civil, que orienta representantes do setor no consumo e uso de madeira certificada.
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FONTE : * Publicado originalmente no site CicloVivo.
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