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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Manchetes Socioambientais - 4/jan/2013

Faltam ações, sobram estragos
Dois anos depois da tragédia que matou mais de 900 pessoas na Região Serrana, a maior catástrofe natural já ocorrida no país, chuvas fortes voltaram a castigar o estado no mesmo mês de janeiro, provocando o transbordamento de pelo menos 9 rios de 3 regiões fluminenses, e deixando um morto, oito feridos e 1.845 desalojados ou desabrigados. Na opinião de especialistas, a falta de dragagem dos rios e de outras ações governamentais agravaram as consequências das já previsíveis chuvas de verão: durante todo o dia de ontem, o Sistema de Alerta de Cheias do Instituto do Ambiente (Inea) registrou risco de transbordamento em 14 rios da Baixada Fluminense. Outros 23 rios das regiões Sul Fluminense e Serrana estão em estágio de atenção. A morosidade das intervenções para controle de enchentes e recuperação ambiental de rios de Petrópolis, Teresópolis e Friburgo tem sido tema recorrente de reportagens - O Globo, 4/1, Rio, p.9; FSP, 4/1, Cotidiano, p.C3; OESP, 4/1, Metrópole, p.C3.

'Impactos podem ser minimizados com a recuperação dos rios'
Perguntado durante entrevista se a tragédia ao longo do Rio Capivari, em Duque de Caxias, podia ter sido evitada, o geógrafo Cláudio Egler, afirmou que de certa forma, se o rio estivesse limpo, os impactos seriam menores. "Xerém está na base da encosta, e o fenômeno natural que ocorreu - uma cabeça d'água - só poderia ser minimizado com uma conjunção de fatores. Primeiro, é preciso que a população esteja preparada para agir quando as sirenes soarem. Proteger os rios, evitar que as margens sejam ocupadas, obedecendo ao Código Florestal, também é fundamental. São necessárias obras de engenharia. Não é possível evitar a cabeça d'água, mas a mitigação dos impactos, é possível sim. Um dos caminhos é buscar ao máximo possibilitar renaturalizar os leitos do rios. As mudanças climáticas vão tornar fenômenos como a cabeça d'água mais frequentes e agressivos", disse o geógrafo - O Globo, 4/1, Rio, p.9.

Fim do drama das enchentes depende de ações de longo prazo
"Com a repetição anual do enredo, nem o mais demagogo dos políticos ousa dizer que acabará com as enchentes ou deslizamentos de terra em sua localidade. Mas será que esse longa-metragem de terror não tem mesmo fim? Com medidas estruturais de médio e longo prazo tem, mas falta vontade política. É crime ambiental, por exemplo, ocupar margens de rios ou encostas íngremes, zonas que deveriam estar totalmente preservadas. Qualquer político sério deveria começar a traçar um plano de desocupação dessas regiões. Talvez eles comecem a fazer isso quando forem julgados como criminosos ambientais. Mas há alguns avanços. Hoje, duas ações fundamentais, ao que parece, começam a ser levadas mais a sério pelo poder público -o monitoramento das chuvas e a organização da Defesa Civil", artigo de Eduardo Geraque - FSP, 4/1, Cotidiano, p.C3.

Aberta a temporada de tragédias de verão
"Angra dos Reis em 2010, Teresópolis, Friburgo e Petrópolis em 2011, e, agora, a Baixada Fluminense, com destaque para Xerém, distrito de Caxias, e reflexos na Serra e Angra. Onde e quando será a próxima calamidade? Seja onde for, reunirá características comuns a todas as tragédias provocadas por 'causas naturais', em qualquer ponto do país. A principal é a ocupação irregular dos espaços, em especial encostas e margens de rios. Aqui, unem-se a leniência com a demagogia para permitir a favelização, e até mesmo estimulá-la, em troca de votos. As tais comunidades preservadas por políticos mal intencionados costumam dar as maiores contribuições para as estatísticas das tragédias. Vide o Morro do Bumba, em Niterói, uma favela edificada sobre um lixão que se dissolveu num temporal", editorial - O Globo, 4/1, Opinião, p.18.


Energia

Obras de linha de energia atrasarão ainda mais em 2013
O atraso na construção de linhas de transmissão de energia impedirá que parques eólicos comecem a operar neste ano -como já ocorreu em 2012- e causará um prejuízo de cerca de cerca de R$ 600 milhões ao consumidor. A estimativa é da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). A entidade também calcula que 70% das linhas que deveriam ser entregues em 2013 não ficarão prontas dentro do cronograma. O atraso será de 15 meses, em média. Como as empresas responsáveis pelas usinas devem concluir as obras no prazo, elas terão direito de receber do governo mesmo sem os parques estarem operando - FSP, 4/1, Mercado, p.B2.

Chuva 'irregular' complica setor elétrico
As previsões de chuvas para os meses de janeiro e fevereiro não são muito positivas para o setor elétrico brasileiro. Segundo dados da Climatempo, nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste as chuvas continuarão sendo irregulares e insuficientes para a recuperação adequada dos reservatórios, que estão em níveis bastante reduzidos. As represas do Nordeste estão com 31,9% de armazenamento e as dos Sudeste/Centro-Oeste, com 28,9%. O meteorologista da Climatempo Alexandre Nascimento explica que o principal problema é que as pancadas mais fortes de chuva têm ocorrido em pontos pequenos. É o caso, por exemplo, da Baixada Fluminense. "Se você verificar uns 30 a 40 quilômetros dali, não tem chovido na mesma proporção", diz ele. "É mais ou menos isso que esperamos para o mês de janeiro. As chuvas intensas serão mais irregulares" - OESP, 4/1, Economia, p.B4.


Geral

Posseiros têm que desocupar área indígena no interior de MT até hoje
Posseiros do distrito de Posto da Mata (MT), principal foco de resistência à operação de retirada de não índios da terra indígena Marãiwatsédé, têm até hoje para deixar o local. Diante do ultimato da Justiça Federal, muitos estão desmontando casas e carregando caminhões para saírem da localidade, em Alto Boa Vista, nordeste de Mato Grosso. O distrito era o principal foco de tensão até a semana passada, quando forças federais de segurança tomaram o posto de combustível que serviu de base de resistência dos posseiros durante um mês. A área, que está sendo desocupada, tem 165 mil hectares e foi reconhecida em novembro passado como terra indígena xavante. Posseiros ocupam o local desde 1992. A terra indígena foi homologada em 1998 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso - FSP, 4/1, Poder, p.A7.

BNDES libera R$ 1,35 bi para despoluir Tietê
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou ontem o empréstimo de R$ 1,35 bilhão para financiar a terceira fase do Projeto Tietê. A previsão é de que nos próximos três anos o volume de tratamento do Rio Tietê chegue a 84% na Região Metropolitana de São Paulo. O programa de despoluição, iniciado em 1992, consumiu US$ 1,6 bilhão (pouco mais de R$ 3 bi) nas duas etapas anteriores, segundo a Sabesp. O valor anunciado pelo BNDES para esta etapa, que começou a ser implementada em 2009, servirá para cobrir o contrato da Sabesp com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além da ampliação do volume de tratamento dos dejetos despejados no rio, está previsto o aumento da cobertura dos serviços de coleta do esgoto - dos 84% atuais para 87%. A meta do Projeto Tietê é de que o rio esteja completamente despoluído até 2020 - OESP, 4/1, Vida, p.A16.

Torcer a favor
"Todos sabem que o PIB mede quantidade, e não qualidade da atividade econômica. Seu aumento não representa necessariamente melhoria em educação, saúde e outras dimensões relevantes da vida, pode até embutir uma degradação cujo efeito nefasto será sentido no futuro. Apostar apenas nele, contra ou a favor, é manter a ilusão do crescimento que impede a visão do desenvolvimento sustentável e da mudança civilizatória necessária para enfrentar a crise global. Desmatamento gera emprego e renda? Pois imaginemos a quantidade e a qualidade muito maior do trabalho e da riqueza gerados pelo sábio aproveitamento das florestas. Grandes usinas são necessárias à produção de energia para as indústrias? Imaginemos a energia limpa, abundante e distribuída para todos que pode ser gerada em pequenas unidades regionais de matrizes diversas: água, vento, sol e plantas, diminuindo a dependência dos combustíveis fósseis", artigo de Marina Silva - FSP, 4/1, Opinião, p.12.
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FONTE : Manchetes Socioambientais, Boletim de 4/jan/2013.

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