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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Manchetes Socioambientais - 9/jan/2013
Pouca chuva, poucas obras
Um descompasso entre o ritmo de obras no setor elétrico e aquilo que seria necessário para mantê-lo a pleno vapor foi verificado pelo governo há mais de um mês, ou seja, antes de surgir o temor, entre empresários e especialistas, de que o país tenha que fazer um racionamento de energia. No dia 22 de novembro, em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) - que hoje debaterá opções para reduzir o risco de um apagão a médio prazo -, constatou-se que mais da metade dos empreendimentos em construção do setor tinha atraso. A situação é mais grave na área de transmissão, com menos de um quarto das obras em dia. O governo, por ora, nega um possível racionamento, mas, com os atrasos das obras e a escassez de chuvas dos últimos meses, terá de adotar medidas práticas para eliminar o risco - O Globo, 9/1, Economia, p.19.
Atraso em linhas de transmissão piora cenário
O atraso na construção de linhas de transmissão contribui para o complicado cenário do setor elétrico do Brasil. A Hidrelétrica Santo Antônio, em Porto Velho (RO), por exemplo, encerrou 2012 com 9 das 27 turbinas funcionando, mas sem autorização para a entrada em operação da linha que vai levar a energia gerada na usina para o Sistema Interligado Nacional. Desse modo, o mercado deixa de receber 644 megawatts (MW) de eletricidade. Atualmente, 57% dos empreendimentos de transmissão estão com atraso no cronograma. São 238 linhas e subestações com problemas ambientais e outros questionamentos. A usina de Santo Antônio, assim como a de Jirau, acabou se transformando num símbolo da chegada das hidrelétricas à Amazônia. A licença ambiental para os dois empreendimentos causou a demissão da então ministra Marina Silva - OESP, 9/1, Economia, p.B3.
Itaipu é a única das grandes usinas com reserva perto do ideal
Das dez usinas hidrelétricas mais potentes em operação no país, apenas Itaipu opera com reservatório em situação próxima da ideal: 79% da capacidade de armazenamento de água. Levantamento feito com base em relatórios do ONS (Operador Nacional do Sistema) mostra que seis usinas estão com suas reservas abaixo da metade, entra elas Tucuruí (no Pará, a maior totalmente em território brasileiro), com armazenamento próximo a 26% do volume total. Em situação semelhante estão São Simão (GO) e Foz do Areia (PR), que precisam praticamente quadruplicar seus níveis atuais para chegar à capacidade máxima. Enquanto a chuva não é suficiente para elevar os níveis dos reservatórios, as usinas de Itumbiara (GO) e Porto Primavera (SP), por exemplo, estão gerando energia com água abaixo dos 10% - FSP, 9/1, Mercado, p.B3.
Custo de térmicas já ultrapassa R$ 1 bi e ameaça redução de tarifa
O uso das usinas térmicas para poupar os reservatórios das hidrelétricas já custou R$ 1 bilhão ao sistema e a conta pode superar R$ 1,6 bilhão em janeiro, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema). O custo a mais será dividido por todos os consumidores e será sentido pelos residenciais ao longo de 2013, conforme forem sendo feitos os reajustes anuais de tarifa. Até lá, o custo a mais será assumido pelas distribuidoras. O período de pedidos de reajuste começa em 3 de fevereiro e o percentual depende do aval da Aneel. O custo da energia gerada pelas térmicas é maior por causa do combustível usado. Elas podem funcionar a gás natural, óleo diesel, óleo combustível, carvão, lenha, urânio e bagaço de cana - FSP, 9/1, Mercado, p.B1.
País ainda dispõe de mil megawatts em térmicas
O Brasil ainda tem disponíveis no curto prazo mais mil megawatts de capacidade instalada em térmicas que podem ser acionadas em caso de emergência, afirmou ontem o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim. Ele descartou que a possibilidade de racionamento, mesmo "branco" - redução de consumo programada da indústria mediante compensação - esteja na mesa do governo. Entre 2001 e 2012 a capacidade instalada de geração de energia cresceu 75% no País. Já a capacidade instalada de termoelétricas a gás, carvão e óleo cresceu 155% no período (sem considerar nuclear e biomassa) e a capacidade instalada de transmissão cresceu 68%, informa a EPE - OESP, 9/1, Economia, p.B1.
Falta motivo para investir em carro elétrico no Brasil
O desenvolvimento de veículos elétricos constitui um dos grandes desafios da indústria automobilística global e o Brasil, sem incentivar a produção desse tipo de automóvel, pode ficar para trás na corrida tecnológica. Porém, tirando isso, o país tem hoje poucos motivos para investir nessa tecnologia, segundo estudo da Maksen, feito em parceria com o Insper e o Lisbon MBA. De acordo com a consultoria, o Brasil encontra motivações reduzidas para o desenvolvimento de carros elétricos do ponto de vista ambiental e de mercado, assim como da diversificação na matriz energética. Mesmo com a redução nos custos de produção, os motores elétricos seguirão, até 2020, duas vezes mais caros do que os tradicionais sistemas de propulsão alimentados por gasolina. Do ponto de vista ambiental, o Brasil já tem uma matriz de consumo energético altamente renovável e está longe dos grandes poluidores do mundo - Valor Econômico, 9/1, Empresas, p.B4.
Na China a geração de energia solar deve dobrar
O governo da China anunciou ontem que pretende mais do que duplicar a capacidade instalada de geração de energia solar neste ano. Em discurso na conferência anual de trabalho sobre energia, o vice-diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reformas, Liu Tienan, disse que a China vai elevar a capacidade instalada de geração de energia solar em 10 gigawatts neste ano. Segundo Liu, a capacidade chinesa de gerar energia solar elevou-se a 7 gigawatts em 2012. Em 2011, a capacidade era de apenas 3 gigawatts - OESP, 9/1, Economia, p.B2.
Quadro energético
"Muita coisa poderia ter sido feita nesse período entre o governo Fernando Henrique e o atual. Uma delas seria ter aperfeiçoado o seguro anticrise com mais geração de energia limpa. Hoje, o Brasil está usando energia gerada por térmicas a carvão e óleo combustível, que são sujas e caras. O Brasil tem um sistema muito dependente de fonte hídrica em tempo de mudanças climáticas, em que se prevê muito estresse hídrico. Novos eventos de secas fortes vão ocorrer com mais frequência. Por isso, é fundamental apostar nas novas energias renováveis para complementar a matriz. Tomara que a reunião de hoje não seja mais uma em que o governo tentará tapar o sol com a peneira. A melhor forma de evitar uma crise é admitir o risco para evitar que ele ocorra", artigo de Míriam Leitão - O Globo, 9/1, Economia, p.20.
Reservatórios insuficientes e risco na energia
"Não se constroem mais hidrelétricas com reservatórios no Brasil por restrições ambientais. Os lagos capazes de formar reservatórios geralmente inundam áreas extensas que podem obrigar o reassentamento de núcleos urbanos ou o abandono de produção agropecuária, além de afetar o habitat de diversas espécies animais e vegetais. No quadro atual, a curto prazo, só resta aos brasileiros rezar para que chova o esperado nos próximos meses. Se isso não ocorrer, as empresas consumidoras serão obrigadas a reduzir sua demanda em função do inevitável aumento do custo da energia. E para o futuro fica a lição: mesmo reduzindo ao mínimo os impactos ambientais, o Brasil não pode abrir mão de hidrelétricas com reservatórios. O país tem ainda muitos investimentos a realizar no setor, que não pode ser descapitalizado por iniciativas de ordem meramente política", editorial - O Globo, 9/1, Opinião, p.16.
Poluição do Ar
A inspeção veicular salva vidas
"A regulagem adequada de veículos com motores a explosão é imprescindível para garantir a qualidade do ar em regiões metropolitanas como a de São Paulo, onde milhões de automóveis, motocicletas, ônibus e caminhões circulam sem parar. Em vez de tornar ainda mais rigorosas as exigências, a fim de melhorar a qualidade do ar, o novo prefeito de São Paulo decidiu retroceder, reduzindo a abrangência e a importância do programa em vigência. Mais de 1.500 vidas seriam poupadas na Grande São Paulo por ano se a inspeção mantivesse padrão. Uma visão de curto prazo, demagógica e populista pode prejudicar todo o esforço por uma gestão ambiental moderna na maior área urbana brasileira. Por isso estamos estudando juridicamente a viabilidade de barrar na Justiça a flexibilização da inspeção veicular", artigo de Gilberto Natalini - FSP, 9/1, Opinião, p.A3.
Pela contramão
"Seria razoável que o novo prefeito de São Paulo ao assumir buscasse fortalecer o programa de inspeção veicular para reduzir a absurda alta taxa de 20% dos veículos reprovados. Em vez disso, o prefeito Fernando Haddad ao assumir propôs como uma das primeiras medidas rever o programa tornando-o bianual, subsidiado pela prefeitura e isentando os carros com até 5 anos. O uso transporte individual beneficia basicamente os seus usuários diretos, mas os custos de seus impactos decorrentes no trânsito, manutenção de vias, saúde, entre outros, recaem sobre toda a sociedade. Ainda é tempo de o novo prefeito esquecer este infeliz início e focar nas políticas de mobilidade urbana para ampliar a oferta, qualidade e eficiência e estimular o uso do transporte público e restringir, limitar e desestimular o transporte motorizado individual. Enfim, sair da contramão", artigo de Tasso Azevedo - O Globo, 9/1, Opinião, p.17.
Geral
Após refúgio, bispo retorna para região de conflito de MT
O bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT), dom Pedro Casaldáliga, retornou a Mato Grosso após três semanas escondido em Goiás devido a ameaças de morte. O bispo defende o direito de posse dos índios xavante sobre a terra indígena Marãiwatsédé, no nordeste do Estado. Por isso, estava sendo ameaçado por posseiros. Os não índios foram obrigados pela Justiça, em novembro, a desocupar a área de 165 mil hectares em que viviam desde 1992. A volta de Casaldáliga foi discutida com representantes do governo. A decisão levou em conta o apaziguamento da situação na região. Fundador da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, o bispo ganhou notoriedade internacional ao denunciar atos de madeireiros, policiais e grandes proprietários rurais no regime militar, época em que os xavantes foram expulsos de suas terras - FSP, 9/1, Poder, p.A8.
Construção de ferrovia causa rombo de R$ 2 bi, diz TCU
Um rombo de R$ 2 bilhões. Esse é o tamanho aproximado do estrago que será causado aos cofres públicos por conta de falta de planejamento e de uma enxurrada de falhas cometidas na execução de dois megaprojetos de infraestrutura na Bahia: a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul, complexo portuário previsto para ser erguido em Ilhéus. A origem desse prejuízo bilionário está no cronograma dos estudos e das obras dos dois empreendimentos, ações que foram realizadas sem nenhum tipo de integração. A conclusão do complexo Porto Sul deverá ocorrer daqui a 54 meses. Isso significa que a Fiol, depois de concluída, ficará sem utilização - ou com nível de operação desprezível - por um período entre três anos e meio e quatro anos. O Ibama só concedeu a licença prévia ambiental ao Porto Sul em novembro. A expectativa é que a licença de instalação saia nos próximos seis meses - Valor Econômico, 9/1, Brasil, p.A3.
2012 foi o ano mais quente já registrado nos EUA
Com média de 13"C, o ano de 2012 foi o mais quente já registrado na área contígua dos Estados Unidos, de acordo com o Centro Nacional de Dados Climáticos (NCDC, na sigla em inglês) do país. O recorde anterior, de 1998, foi batido por 1 grau Fahrenheit (pouco mais de 0,5"C), um valor considerado altíssimo pelos cientistas - normalmente, a diferença de temperatura média entre os anos é de frações de 1 grau. Cientistas afirmaram que variações naturais provavelmente influíram no calor e na seca que o país enfrentou durante o ano passado, mas muitos ressaltaram que um recorde de calor tão grande como este dificilmente poderia ter sido atingido sem que houvesse um quadro de aquecimento global causado pelo lançamento na atmosfera de gases-estufa, produtos da ação humana - OESP, 9/1, Vida, p.A12.
Política
"É importante esclarecer que o Programa Cidades Sustentáveis é uma iniciativa de uma rede de organizações da sociedade, como o Instituto Ethos e a Rede Nossa São Paulo. Está disponível para toda a sociedade na internet. Tenho a felicidade de conhecer o excelente trabalho que vem sendo realizado e algumas das pessoas envolvidas. Portanto a afirmação feita na coluna Painel ('Poder', 7/1) de que usarei "a agenda das 'cidades sustentáveis' para buscar, já em 2013, protagonismo" é totalmente inapropriada. Quem fez essa afirmação à coluna não tinha minha delegação para fazê-lo e não falou em meu nome. Também já repeti, em diferentes ocasiões, que não defendo ou avalio a hipótese de fusão com qualquer partido", carta de Marina Silva - FSP, 9/1, Opinião, p.A3.
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FONTE : Manchetes Socioambientais, Boletim de 9/jan/2013.
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