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sexta-feira, 14 de novembro de 2008
LUTZENBERGER, O ECOLOGISTA MOVIDO A CONFRONTOS
O ecologista movido a confrontos
O ambientalista José Lutzenberger volta a provocar polêmicas, apesar da saúde abalada pela asma.
por Moisés Mendes, publicada no caderno Donna, de Zero Hora, domingo, dia 14/04/2002 - enviado por João Batista Santafé Aguiar, jornalista do AgirAzul - jbsa@pobox.com
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Os lambaris correm para a superfície do lago atrás da ração jogada do trapiche. Na disputa pelo farelo, ficam expostos aos ataques das traíras que se intrometem no banquete para aproveitar a aglomeração e engolir os peixes pequenos. Lutz joga a ração e admira aquilo com complacência. Oferecer comida aos lambaris é a única concessão como interferência na vida do lago do Rincão Gaia, onde ninguém pesca. Uma traíra engole um peixinho. Lutz continua impassível.
Quem conhece de longe o agrônomo José Antonio Lutzenberger guardou a imagem pública que associa seu rosto grave à eloqüência e a gestos nervosos a serviço de idéias cortantes. Quem chega mais perto é perturbado pelo estranhamento. Está quieto, contemplativo, faz movimentos suaves. Lutz vasculha o lago, os peixes e o que há em volta com os olhos de quem vê a natureza como poucos conseguirão enxergá-la. A água aparentemente parada no que já foi uma pedreira, a traíra que engole o lambari, a paisagem quase intocada – tudo é assim porque assim deve ser. E Lutz compreende tudo.
A tarde é abafada, ele puxa o ar com dificuldade. O rincão, no interior de Pantano Grande, é um santuário, mas o homem de 75 anos que joga comida aos peixes está ofegante. Entende tanto de equilíbrio, é reconhecido como o maior ambientalista brasileiro, briga tanto por ar puro – e não consegue capturar o que circula ali em abundância. Perdeu o fôlego para uma asma que se apresentou de repente, sem causas determinadas, há uns cinco anos.
Na interrogação sobre o que não compreende e nem a medicina decifra, Lutz oferece mais um paradoxo. Asmáticos em crise aquietam-se para que não se afoguem nas próprias palavras. Ele decide então combater a asfixia com a excitação da fala. Quando se entusiasma e amontoa frases, assopra a falta de ar, oxigena-se com a retórica que invariavelmente desencadeia polêmica. É o que tem feito desde o final do ano passado com sua mais nova obsessão, a defesa das fazendas da Campanha gaúcha ameaçadas pelo fracionamento da reforma agrária.
– O fazendeiro mereceria apoio como gestor do ambiente, e o Incra, que só fez barbaridades, deveria desaparecer.
O progressista combatente dos grandes grupos mundiais, da tecnologia apresentada como neutra que desagrega a natureza e provoca problemas sociais, armou-se de defensor do latifúndio?
– Dizem que eu me vendi para os fazendeiros. Defendo apenas que se preserve um ecossistema intacto.
O gerente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Estado, Rodney Ritter Morgado, vê Lutz como um purista e sonhador capaz de defender a eliminação dos combustíveis fósseis, os derivados do petróleo. Mas admite: alguns assentamentos são feitos em áreas inapropriadas do ponto de vista de quem preserva o ambiente. Na defesa do agrônomo, articula o argumento do confronto:
– Se existe o pedrador radical, talvez deva existir o contraponto no mesmo nível para que se chegue ao meio-termo.
O contraponto que mais agrada a Lutz é o ataque à ciência e à técnica que prometem progresso e desenvolvimento para todos. As abordagens nem sempre são as esperadas, mas enviesadas, controversas. No caso das fazendas, gostariam que ele visse o econômico e o social para defender a reforma agrária no campo. Lutz se apega ao ambiental. No caso das sementes transgênicas, os críticos alardeiam os riscos ambientais e para a saúde humana. Lutz põe de lado essas desculpas e ataca pelo econômico:
– Não tenho medo dos transgênicos, que são proteínas como qualquer outra. O problema é político, do monopólio da indústria de sementes controlada pela indústria de agrotóxicos.
O superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Estado, Janio Guedes Silveira, escapou do debate sobre as fazendas com uma pedrada. Não comentaria o assunto "em respeito ao passado do ambientalista". É uma pecha usual, geralmente apenas cochichada, para atingir quem valeria muito pelo que foi e pouco pelo que é ou pensa ser.
Pioneiros, que o acompanham desde 1971, quando da criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), como Augusto Carneiro, Mozart Pereira Filho e Magda Renner, conhecem de cor o truque da exaltação do passado para desqualificar o presente. Mas é um jovem, o biólogo Rafael José Altenhofen, 27 anos, secretário executivo da União Protetora do Ambiente Natural (Upan), quem melhor explica por que põem caduquices na cabeça de Lutz e assim fogem do duelo:
– Quando ele reaparece, sempre dizem que está loqueando de novo, mas são poucos os que vão deixá-lo sem argumentos. Ele tem opiniões de vanguarda até hoje porque devora informações sobre ambiente, atualiza-se, domina o que diz.
No ano passado, Altenhofen assistiu a uma aula de Lutz na Unisinos. O ambientalista falou de astrofísica.
– Ele deixou os professores de física de boca aberta.
Lutz fala de estrelas, poluição, cáctus, energia nuclear, transgênicos, gás natural, economia, animais. Godofredo, um dos mais de 10 gatos do Rincão Gaia, espreguiça-se no chão. Seu dono suspira:
– Os gatos têm sentimentos muito profundos.
Assim como sacrifica o que seria politicamente correto – como a defesa da reforma agrária no latifúndio, por exemplo – para fazer valer seu ponto de vista de ambientalista, também inverte abordagens quando fala do gás natural importado da Bolívia. É uma fonte limpa de energia, mas aí a angulação volta a ser econômica:
– O gás é uma besteira. Vamos gastar divisas e ficar dependentes.
Discorda do modo como se calcula o Produto Interno Bruto (PIB), o tamanho da economia do país. E, disparando uma idéia atrás da outra, ataca a tática de guerra antiterrorismo americana:
– Se muita gente sente ódio de mim, ataco com mais ódio ou me pergunto sobre os motivos de tanto ódio?
Depois, mostra enternecido as fotografias que ele mesmo fez de cáctus do rincão. Exalta as cores, as formas. Mas qual é, afinal, a função de plantas tão espinhentas?
– E precisa ter uma função?
Basta que os cáctus existam e sejam o que são e pronto. Como palpita sobre tudo, parece um chutador. Os incomodados queriam vê-lo como o idiota superespecializado na enciplopédia da minhoca parda, mas incapaz de refletir sobre o que se passa ao redor. Lutz dedica-se a devastar conceitos. Sem sua radicalidade, muita gente continuaria a ver o homem como centro de tudo, autorizado a dispor como bem entendesse da natureza, como manda a chamada visão antropocêntrica. Não é bem assim: o homem é um ser vivo como qualquer outro.
Discursador, construiu a imagem de mal-humorado, irritadiço, o que considera uma injustiça.
– Uso a emoção, e se alguma coisa me excita, falo excitado. Se me agridem, passo a agredir. Mas não sinto raiva ou ressentimento.
O professor Mozart Pereira Filho, 87 anos, com quem Lutz estudou agronomia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem a lembrança de um aluno com curiosidade acima da média, que queria saber tudo das plantas carnívoras e entender por que o sol determina a intensidade da vegetação nos morros de Porto Alegre. Mozart defende o Lutz iracundo:
– Se ele não se atirasse apaixonadamente às suas idéias, nada teria conseguido. Os homens que fizeram alguma coisa na vida o fizeram com amor e intensidade. Os agressivos são os que realizam.
Com forte formação católica, o ambientalista deixou de lado há muito tempo as explicações religiosas para a criação do universo.
– O criador seria um masoquista, ou não criaria tanta barbaridade.
Assim, desistiu também de acreditar em eternidade:
– Não preciso de uma promessa de recompensa depois da morte para me comportar decentemente.
Prefere tentar entender o que acionou a asma que o impede de andar cem metros e o submete ao constrangimento de ser empurrado em cadeira de rodas pelos corredores de aeroportos "cada vez mais desumanos". Em abril de 1978, sentiu falta de ar e teve um acesso de tosse ao visitar a praia do Hermenegildo, sul do Estado, onde um gás venenoso matou peixes, mariscos, cavalos e cachorros. A explicação oficial para o que teria sido um monumental acidente ecológico – a maré vermelha, provocada pela proliferação de algas – nunca o convenceu. Lutz volta a falar de um navio com inseticidas que teria encalhado e sido explodido no mar. O gás poderia ter acionado a asma.
Mas ele, que nunca fumou, continuou subindo morros e cometendo ousadias, algumas de alto risco para sua imagem, como a passagem como ministro do Meio Ambiente do governo Collor, de março de 1990 a abril de 1992. Foi um arranhão sério na reputação do agrônomo que, a partir de 1957, trabalhou por 13 anos para a Basf, morou na Alemanha, na Venezuela e no Marrocos, e em 1971 retornou a Porto Alegre disposto a combater os agrotóxicos, as usinas nucleares, a destruição das matas e a matança de animais silvestres.
– A Basf vendia adubos, mas estava se transformando em empresa de agrotóxicos. Me dei conta de que iria me prostituir. E entrei na luta ambiental por desespero, porque vi que o Estado estava sendo arrasado.
Foi ele quem sugeriu ao advogado Augusto Carneiro que criasse a Agapan, surgida em abril de 1971. Envolveu-se em tudo o que tivesse ecologia. É dele o projeto de preservação do Parque da Guarita, em Torres, e dezenas de outros de preservação de rios, áreas verdes, morros. Mas foi como combatente que ganhou fama internacional, ao liderar a campanha que provocou o fechamento da indústria de celulose Borregard, de Guaíba. A fábrica – hoje Riocell – espalhava fedor pela Grande Porto Alegre e ficou fechada de 7 dezembro de 1973 a 13 de março de 1974.
– Ele estava certo, porque pensava centenas de anos a nossa frente – reconhece hoje o engenheiro de produção aposentado Aldo Sani, 72 anos, superintendente da indústria na época e então desafeto de Lutz na briga contra a poluição.
A guerra contra a Borregard, num tempo em que chaminé ainda era sinônimo de progresso, pôs a correr os donos noruegueses e, para surpresa de alguns ambientalistas, Lutz se transformou em consultor da empresa. Decidiu ajudar no projeto de controle da poluição. Criou uma empresa, a hoje Vida Desenvolvimento Ecológico, que usa os resíduos sólidos para fazer adubo.
– Transformamos porcaria em mercadoria. A Riocell é hoje a fábrica de celulose mais limpa do mundo.
O Lutz catastrofista do início da Agapan, que anunciava o fim do mundo pela destruição da natureza, entende que é possível aliar-se aos poluidores arrependidos ou pressionados.
– Ele se corrigiu. Hoje, sabemos que é possível empurrar com a barriga, protelar, endireitar aqui e acolá – diz Augusto Carneiro, 79 anos.
Foi para tentar endireitar que se meteu em outra confusão em 1997. Assessorou por um ano e meio o governo do Amazonas num controvertido projeto de exploração racional e sustentável da Amazônia. Mas o maior incômodo foi a passagem pelo governo Collor, quando se sentiu usado pelo presidente a quem chamava de Fernando e de quem não se despediu quando foi demitido, dois meses antes da grandiosa Eco 92, o maior evento ambientalista já realizado no Brasil.
Collor e Brasília o abalaram. Lutz relembra seus esbarrões na burocracia, na incompetência e na ladroagem e investiga os gases desse lixão como a segunda provável causa para sua asma. Quatro anos antes, havia recebido em Estocolmo o The Right Livelihood Award, o valorizado Nobel Alternativo. Guardava comendas, títulos de professor honoris causa de universidades, prêmios internacionais. E se metera num governo corrupto. Em entrevista a ZH, em novembro de 1992, duas semanas antes de completar 66 anos, lamuriava-se:
– Perdi mais da metade da saúde que me restava. Tinha saúde para ir aos 95 anos. Agora acho que não vou mais aos 75.
Lutz chegou aos 75 anos no dia 17 de dezembro último. Está só, depois de namorar por 10 anos, até 1993, a enfermeira Elisabeth Paula Renck, 44 anos. Conheceram-se em 1982 numa feira de flores. Um ano antes, ele perdera a mulher, Annemarie Wilm. Beth, filha de agricultores de Taquara, alarmada com a degradação e o empobrecimento do meio rural, interessada por ecologismo, aproximou-se do mito. Virou voluntária da Fundação Gaia, que mantém a área de Pantano Grande, e acabou conquistando-o.
– O meu respeito por este homem é uma coisa muito forte. Admiro-o demais. Ele é meu mestre – diz ela, que coordena as atividades no rincão.
Beth, que ainda se encarrega de levar os remédios e o copo com água para que Lutz se medique na hora certa, define o mestre como um racional abarrotado de afetos que nem sempre manifesta. Lutz teve duas filhas com Annemarie, ambas biólogas por influência do pai: Lilly, 40 anos, sua secretária, e Lara, 32, vice-presidente da Gaia. Lilly relembra que ele sempre assustou a família ao dirigir olhando para os lados.
– Parava na estrada para observar os animais e as plantas. Via o que ninguém enxergava.
Lilly é mãe das netas de Lutz, Heloísa, 10 anos, e Helena, oito. Em março, o avô andava desconsolado porque Helena caíra e quebrara dois dentes da frente. No dia em que voltou do dentista, a menina entrou correndo no casarão da Rua Jacinto Gomes, onde ele mora sozinho. Subiu as escadas chamando pelo avô. Queria mostrar os dentes consertados a um Lutz emocionado.
As netas aprendem alemão e espanhol com o avô, que também as ensinou a banharem-se nuas no lago do rincão. O agrônomo é adepto do naturismo. Quem visita a área de 30 hectares, geralmente para cursos sobre agricultura regenerativa e educação ambiental, banha-se como quiser. Segundo Beth, muita gente adere ao nudismo na hora, no impulso:
– Certa vez, recebemos uma delegação de 30 pessoas. A maioria aderiu, inclusive uma senhora de 80 anos.
Lutz escandalizava assessores com seu nudismo na casa de campo em que morava em Brasília na época em que foi ministro. A ex-presidente da Agapan Magda Renner, 75 anos, prefere que o Lutz da radicalidade como ambientalista seja mais admirado que o Lutz considerado exótico. Magda relembra quando assistiu à primeira palestra do agrônomo na Sociedade de Agronomia, nos anos 70:
– Foi como se da minha casa se abrissem quatro janelas e eu visse todo o mundo lá fora de uma nova perspectiva. Ele despertou a consciência ecológica no Brasil e também no mundo.
O amigo Augusto Carneiro garante:
– Ele foi o mais brilhante e o mais profundo da sua geração.
O jovem Rafael José Altenhofen, da Upam, elogia:
– Ele se preocupa com as questões éticas.
A filha Lilly observa que falta hoje ao pai a vitalidade física de quem se metia em boeiros poluídos, afundava-se em pântanos e subia os morros que sempre o encantaram:
– Entristece ver como um homem que parecia ter um motor não consegue andar alguns passos.
Atrás das causas para a asma, ele pensa na terceira hipótese: os gases liberados por uma lâmpada que usou durante anos na cabeceira da cama. Suspeita que a lamparina fosse de PVC e tenha liberado a temida e venenosa dioxina. Quem sabe?
Pouco antes de sentar-se à beira do lago, ofegante, reflete sobre o horror de uma morte por afogamento, "uma das piores que existem", porque a asfixia pode durar até cinco minutos. Diz que todas as crianças deveriam aprender a nadar na escola.
Depois, sereno, observa as traíras atrás dos lambaris. Ali está uma manifestação de equilíbrio. Lutz diz que aprendeu com o pai, o arquiteto e artista plástico José Lutzenberger, a valorizar o que é harmônico. E aplica o que aprendeu na observação da natureza e das artes. A asma que lhe tira o ar é desequilíbrio, desarmonia?
Beth murmura:
– O Lutzenberger ambientalista não consegue entender o que se passa com o ecossistema Lutzenberger.
O QUE ELE PENSA
• Me interesso muito pouco pela minha pessoa. Olho sempre para a frente. Custo a entender que estou com 75 anos.
• Na hora, digo o que penso, boto para fora. Uso a emoção. Se alguma coisa me excita, falo excitado. Se me agridem, passo a agredir. Mas não sinto raiva ou ressentimento.
• Em Brasília, todos são cínicos e não entendem como você não possa ser (sobre sua passagem como ministro do governo Collor).
• A Alemanha fez penitência pelo holocausto. Mas o Brasil ainda deve a sua pelo que fez com os índios e os negros.
• Os aviários se transformaram em campo de concentração de galinhas. Vem aí a galinha louca.
• Capitalismo e comunismo são na verdade duas seitas da mesma coisa, que é o industrialismo.
• A sociedade de consumo é no fundo uma religião fanática, um fundamentalismo pior do que o do Bin Laden. Está arrasando o planeta.
• Há um governo mundial tecnoditatorial dos grandes grupos. O governo mundial é privado.
• Li Marx de ponta a ponta no original, em alemão. Ele é tão tecnocrata quanto os capitalistas.
• Hitler e Mussolini também diziam ser socialistas, como Fidel. Essa palavra e ser de esquerda não significam mais nada.
• O livre mercado não resolve tudo, até porque é manipulado. O mercado só vê demanda, não vê necessidades. Os mercados são cegos para as gerações futuras.
• Os padres são mais safados que os comunistas. Oferecem o paraíso para depois da morte, quando já não é possível cobrar nada deles.
(nota do PECO) - convivi com o professor Lutz nos anos de 76/77 quando da Comissão de Defesa do Patrimônio da Comunidade, em S.Paulo. Lutzenberger veiu lançar o seu famoso "Manifesto Ecológico" na CDPC que lutava para preservar Caucaia do Alto - o governo do Estado (gov. Paulo Egydio Martins) queria fazer no lugar dessa reserva florestal e de água um aeroporto internacional. Só a terraplanagem sairia por US$ 600 milhões. O lugar se chama Pedra Grande, em Caucaia do Alto. Isso é lugar para aeroporto, numa "pedra grande" e numa "caucaia do alto"?.
Como secretário da Comissão e disponível à época, fui uma espécie de escudeiro do Lutz. Fomos várias vezes a Piracicaba aonde tem a Escola Luiz de Queiroz de Agronomia. Acho que a mais importante do país. Ele fazia palestras para estudantes (com casa lotada - as vezes mais de 400 estudantes) que o aplaudiam como se fosse um astro pop. Emocionante. Aproveitava para vender os boletins do Pensamento Ecológico - o N. 3 do PECO é sobre ele - peça-o pelo formulário na página principal..
Acho que foi a pessoa mais ética que tive a oportunidade de conhecer. Muita dignidade
Luiz Carlos de Barros - editor do PECO
Os lambaris correm para a superfície do lago atrás da ração jogada do trapiche. Na disputa pelo farelo, ficam expostos aos ataques das traíras que se intrometem no banquete para aproveitar a aglomeração e engolir os peixes pequenos. Lutz joga a ração e admira aquilo com complacência. Oferecer comida aos lambaris é a única concessão como interferência na vida do lago do Rincão Gaia, onde ninguém pesca. Uma traíra engole um peixinho. Lutz continua impassível.
Quem conhece de longe o agrônomo José Antonio Lutzenberger guardou a imagem pública que associa seu rosto grave à eloqüência e a gestos nervosos a serviço de idéias cortantes. Quem chega mais perto é perturbado pelo estranhamento. Está quieto, contemplativo, faz movimentos suaves. Lutz vasculha o lago, os peixes e o que há em volta com os olhos de quem vê a natureza como poucos conseguirão enxergá-la. A água aparentemente parada no que já foi uma pedreira, a traíra que engole o lambari, a paisagem quase intocada – tudo é assim porque assim deve ser. E Lutz compreende tudo.
A tarde é abafada, ele puxa o ar com dificuldade. O rincão, no interior de Pantano Grande, é um santuário, mas o homem de 75 anos que joga comida aos peixes está ofegante. Entende tanto de equilíbrio, é reconhecido como o maior ambientalista brasileiro, briga tanto por ar puro – e não consegue capturar o que circula ali em abundância. Perdeu o fôlego para uma asma que se apresentou de repente, sem causas determinadas, há uns cinco anos.
Na interrogação sobre o que não compreende e nem a medicina decifra, Lutz oferece mais um paradoxo. Asmáticos em crise aquietam-se para que não se afoguem nas próprias palavras. Ele decide então combater a asfixia com a excitação da fala. Quando se entusiasma e amontoa frases, assopra a falta de ar, oxigena-se com a retórica que invariavelmente desencadeia polêmica. É o que tem feito desde o final do ano passado com sua mais nova obsessão, a defesa das fazendas da Campanha gaúcha ameaçadas pelo fracionamento da reforma agrária.
– O fazendeiro mereceria apoio como gestor do ambiente, e o Incra, que só fez barbaridades, deveria desaparecer.
O progressista combatente dos grandes grupos mundiais, da tecnologia apresentada como neutra que desagrega a natureza e provoca problemas sociais, armou-se de defensor do latifúndio?
– Dizem que eu me vendi para os fazendeiros. Defendo apenas que se preserve um ecossistema intacto.
O gerente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Estado, Rodney Ritter Morgado, vê Lutz como um purista e sonhador capaz de defender a eliminação dos combustíveis fósseis, os derivados do petróleo. Mas admite: alguns assentamentos são feitos em áreas inapropriadas do ponto de vista de quem preserva o ambiente. Na defesa do agrônomo, articula o argumento do confronto:
– Se existe o pedrador radical, talvez deva existir o contraponto no mesmo nível para que se chegue ao meio-termo.
O contraponto que mais agrada a Lutz é o ataque à ciência e à técnica que prometem progresso e desenvolvimento para todos. As abordagens nem sempre são as esperadas, mas enviesadas, controversas. No caso das fazendas, gostariam que ele visse o econômico e o social para defender a reforma agrária no campo. Lutz se apega ao ambiental. No caso das sementes transgênicas, os críticos alardeiam os riscos ambientais e para a saúde humana. Lutz põe de lado essas desculpas e ataca pelo econômico:
– Não tenho medo dos transgênicos, que são proteínas como qualquer outra. O problema é político, do monopólio da indústria de sementes controlada pela indústria de agrotóxicos.
O superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Estado, Janio Guedes Silveira, escapou do debate sobre as fazendas com uma pedrada. Não comentaria o assunto "em respeito ao passado do ambientalista". É uma pecha usual, geralmente apenas cochichada, para atingir quem valeria muito pelo que foi e pouco pelo que é ou pensa ser.
Pioneiros, que o acompanham desde 1971, quando da criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), como Augusto Carneiro, Mozart Pereira Filho e Magda Renner, conhecem de cor o truque da exaltação do passado para desqualificar o presente. Mas é um jovem, o biólogo Rafael José Altenhofen, 27 anos, secretário executivo da União Protetora do Ambiente Natural (Upan), quem melhor explica por que põem caduquices na cabeça de Lutz e assim fogem do duelo:
– Quando ele reaparece, sempre dizem que está loqueando de novo, mas são poucos os que vão deixá-lo sem argumentos. Ele tem opiniões de vanguarda até hoje porque devora informações sobre ambiente, atualiza-se, domina o que diz.
No ano passado, Altenhofen assistiu a uma aula de Lutz na Unisinos. O ambientalista falou de astrofísica.
– Ele deixou os professores de física de boca aberta.
Lutz fala de estrelas, poluição, cáctus, energia nuclear, transgênicos, gás natural, economia, animais. Godofredo, um dos mais de 10 gatos do Rincão Gaia, espreguiça-se no chão. Seu dono suspira:
– Os gatos têm sentimentos muito profundos.
Assim como sacrifica o que seria politicamente correto – como a defesa da reforma agrária no latifúndio, por exemplo – para fazer valer seu ponto de vista de ambientalista, também inverte abordagens quando fala do gás natural importado da Bolívia. É uma fonte limpa de energia, mas aí a angulação volta a ser econômica:
– O gás é uma besteira. Vamos gastar divisas e ficar dependentes.
Discorda do modo como se calcula o Produto Interno Bruto (PIB), o tamanho da economia do país. E, disparando uma idéia atrás da outra, ataca a tática de guerra antiterrorismo americana:
– Se muita gente sente ódio de mim, ataco com mais ódio ou me pergunto sobre os motivos de tanto ódio?
Depois, mostra enternecido as fotografias que ele mesmo fez de cáctus do rincão. Exalta as cores, as formas. Mas qual é, afinal, a função de plantas tão espinhentas?
– E precisa ter uma função?
Basta que os cáctus existam e sejam o que são e pronto. Como palpita sobre tudo, parece um chutador. Os incomodados queriam vê-lo como o idiota superespecializado na enciplopédia da minhoca parda, mas incapaz de refletir sobre o que se passa ao redor. Lutz dedica-se a devastar conceitos. Sem sua radicalidade, muita gente continuaria a ver o homem como centro de tudo, autorizado a dispor como bem entendesse da natureza, como manda a chamada visão antropocêntrica. Não é bem assim: o homem é um ser vivo como qualquer outro.
Discursador, construiu a imagem de mal-humorado, irritadiço, o que considera uma injustiça.
– Uso a emoção, e se alguma coisa me excita, falo excitado. Se me agridem, passo a agredir. Mas não sinto raiva ou ressentimento.
O professor Mozart Pereira Filho, 87 anos, com quem Lutz estudou agronomia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem a lembrança de um aluno com curiosidade acima da média, que queria saber tudo das plantas carnívoras e entender por que o sol determina a intensidade da vegetação nos morros de Porto Alegre. Mozart defende o Lutz iracundo:
– Se ele não se atirasse apaixonadamente às suas idéias, nada teria conseguido. Os homens que fizeram alguma coisa na vida o fizeram com amor e intensidade. Os agressivos são os que realizam.
Com forte formação católica, o ambientalista deixou de lado há muito tempo as explicações religiosas para a criação do universo.
– O criador seria um masoquista, ou não criaria tanta barbaridade.
Assim, desistiu também de acreditar em eternidade:
– Não preciso de uma promessa de recompensa depois da morte para me comportar decentemente.
Prefere tentar entender o que acionou a asma que o impede de andar cem metros e o submete ao constrangimento de ser empurrado em cadeira de rodas pelos corredores de aeroportos "cada vez mais desumanos". Em abril de 1978, sentiu falta de ar e teve um acesso de tosse ao visitar a praia do Hermenegildo, sul do Estado, onde um gás venenoso matou peixes, mariscos, cavalos e cachorros. A explicação oficial para o que teria sido um monumental acidente ecológico – a maré vermelha, provocada pela proliferação de algas – nunca o convenceu. Lutz volta a falar de um navio com inseticidas que teria encalhado e sido explodido no mar. O gás poderia ter acionado a asma.
Mas ele, que nunca fumou, continuou subindo morros e cometendo ousadias, algumas de alto risco para sua imagem, como a passagem como ministro do Meio Ambiente do governo Collor, de março de 1990 a abril de 1992. Foi um arranhão sério na reputação do agrônomo que, a partir de 1957, trabalhou por 13 anos para a Basf, morou na Alemanha, na Venezuela e no Marrocos, e em 1971 retornou a Porto Alegre disposto a combater os agrotóxicos, as usinas nucleares, a destruição das matas e a matança de animais silvestres.
– A Basf vendia adubos, mas estava se transformando em empresa de agrotóxicos. Me dei conta de que iria me prostituir. E entrei na luta ambiental por desespero, porque vi que o Estado estava sendo arrasado.
Foi ele quem sugeriu ao advogado Augusto Carneiro que criasse a Agapan, surgida em abril de 1971. Envolveu-se em tudo o que tivesse ecologia. É dele o projeto de preservação do Parque da Guarita, em Torres, e dezenas de outros de preservação de rios, áreas verdes, morros. Mas foi como combatente que ganhou fama internacional, ao liderar a campanha que provocou o fechamento da indústria de celulose Borregard, de Guaíba. A fábrica – hoje Riocell – espalhava fedor pela Grande Porto Alegre e ficou fechada de 7 dezembro de 1973 a 13 de março de 1974.
– Ele estava certo, porque pensava centenas de anos a nossa frente – reconhece hoje o engenheiro de produção aposentado Aldo Sani, 72 anos, superintendente da indústria na época e então desafeto de Lutz na briga contra a poluição.
A guerra contra a Borregard, num tempo em que chaminé ainda era sinônimo de progresso, pôs a correr os donos noruegueses e, para surpresa de alguns ambientalistas, Lutz se transformou em consultor da empresa. Decidiu ajudar no projeto de controle da poluição. Criou uma empresa, a hoje Vida Desenvolvimento Ecológico, que usa os resíduos sólidos para fazer adubo.
– Transformamos porcaria em mercadoria. A Riocell é hoje a fábrica de celulose mais limpa do mundo.
O Lutz catastrofista do início da Agapan, que anunciava o fim do mundo pela destruição da natureza, entende que é possível aliar-se aos poluidores arrependidos ou pressionados.
– Ele se corrigiu. Hoje, sabemos que é possível empurrar com a barriga, protelar, endireitar aqui e acolá – diz Augusto Carneiro, 79 anos.
Foi para tentar endireitar que se meteu em outra confusão em 1997. Assessorou por um ano e meio o governo do Amazonas num controvertido projeto de exploração racional e sustentável da Amazônia. Mas o maior incômodo foi a passagem pelo governo Collor, quando se sentiu usado pelo presidente a quem chamava de Fernando e de quem não se despediu quando foi demitido, dois meses antes da grandiosa Eco 92, o maior evento ambientalista já realizado no Brasil.
Collor e Brasília o abalaram. Lutz relembra seus esbarrões na burocracia, na incompetência e na ladroagem e investiga os gases desse lixão como a segunda provável causa para sua asma. Quatro anos antes, havia recebido em Estocolmo o The Right Livelihood Award, o valorizado Nobel Alternativo. Guardava comendas, títulos de professor honoris causa de universidades, prêmios internacionais. E se metera num governo corrupto. Em entrevista a ZH, em novembro de 1992, duas semanas antes de completar 66 anos, lamuriava-se:
– Perdi mais da metade da saúde que me restava. Tinha saúde para ir aos 95 anos. Agora acho que não vou mais aos 75.
Lutz chegou aos 75 anos no dia 17 de dezembro último. Está só, depois de namorar por 10 anos, até 1993, a enfermeira Elisabeth Paula Renck, 44 anos. Conheceram-se em 1982 numa feira de flores. Um ano antes, ele perdera a mulher, Annemarie Wilm. Beth, filha de agricultores de Taquara, alarmada com a degradação e o empobrecimento do meio rural, interessada por ecologismo, aproximou-se do mito. Virou voluntária da Fundação Gaia, que mantém a área de Pantano Grande, e acabou conquistando-o.
– O meu respeito por este homem é uma coisa muito forte. Admiro-o demais. Ele é meu mestre – diz ela, que coordena as atividades no rincão.
Beth, que ainda se encarrega de levar os remédios e o copo com água para que Lutz se medique na hora certa, define o mestre como um racional abarrotado de afetos que nem sempre manifesta. Lutz teve duas filhas com Annemarie, ambas biólogas por influência do pai: Lilly, 40 anos, sua secretária, e Lara, 32, vice-presidente da Gaia. Lilly relembra que ele sempre assustou a família ao dirigir olhando para os lados.
– Parava na estrada para observar os animais e as plantas. Via o que ninguém enxergava.
Lilly é mãe das netas de Lutz, Heloísa, 10 anos, e Helena, oito. Em março, o avô andava desconsolado porque Helena caíra e quebrara dois dentes da frente. No dia em que voltou do dentista, a menina entrou correndo no casarão da Rua Jacinto Gomes, onde ele mora sozinho. Subiu as escadas chamando pelo avô. Queria mostrar os dentes consertados a um Lutz emocionado.
As netas aprendem alemão e espanhol com o avô, que também as ensinou a banharem-se nuas no lago do rincão. O agrônomo é adepto do naturismo. Quem visita a área de 30 hectares, geralmente para cursos sobre agricultura regenerativa e educação ambiental, banha-se como quiser. Segundo Beth, muita gente adere ao nudismo na hora, no impulso:
– Certa vez, recebemos uma delegação de 30 pessoas. A maioria aderiu, inclusive uma senhora de 80 anos.
Lutz escandalizava assessores com seu nudismo na casa de campo em que morava em Brasília na época em que foi ministro. A ex-presidente da Agapan Magda Renner, 75 anos, prefere que o Lutz da radicalidade como ambientalista seja mais admirado que o Lutz considerado exótico. Magda relembra quando assistiu à primeira palestra do agrônomo na Sociedade de Agronomia, nos anos 70:
– Foi como se da minha casa se abrissem quatro janelas e eu visse todo o mundo lá fora de uma nova perspectiva. Ele despertou a consciência ecológica no Brasil e também no mundo.
O amigo Augusto Carneiro garante:
– Ele foi o mais brilhante e o mais profundo da sua geração.
O jovem Rafael José Altenhofen, da Upam, elogia:
– Ele se preocupa com as questões éticas.
A filha Lilly observa que falta hoje ao pai a vitalidade física de quem se metia em boeiros poluídos, afundava-se em pântanos e subia os morros que sempre o encantaram:
– Entristece ver como um homem que parecia ter um motor não consegue andar alguns passos.
Atrás das causas para a asma, ele pensa na terceira hipótese: os gases liberados por uma lâmpada que usou durante anos na cabeceira da cama. Suspeita que a lamparina fosse de PVC e tenha liberado a temida e venenosa dioxina. Quem sabe?
Pouco antes de sentar-se à beira do lago, ofegante, reflete sobre o horror de uma morte por afogamento, "uma das piores que existem", porque a asfixia pode durar até cinco minutos. Diz que todas as crianças deveriam aprender a nadar na escola.
Depois, sereno, observa as traíras atrás dos lambaris. Ali está uma manifestação de equilíbrio. Lutz diz que aprendeu com o pai, o arquiteto e artista plástico José Lutzenberger, a valorizar o que é harmônico. E aplica o que aprendeu na observação da natureza e das artes. A asma que lhe tira o ar é desequilíbrio, desarmonia?
Beth murmura:
– O Lutzenberger ambientalista não consegue entender o que se passa com o ecossistema Lutzenberger.
O QUE ELE PENSA
• Me interesso muito pouco pela minha pessoa. Olho sempre para a frente. Custo a entender que estou com 75 anos.
• Na hora, digo o que penso, boto para fora. Uso a emoção. Se alguma coisa me excita, falo excitado. Se me agridem, passo a agredir. Mas não sinto raiva ou ressentimento.
• Em Brasília, todos são cínicos e não entendem como você não possa ser (sobre sua passagem como ministro do governo Collor).
• A Alemanha fez penitência pelo holocausto. Mas o Brasil ainda deve a sua pelo que fez com os índios e os negros.
• Os aviários se transformaram em campo de concentração de galinhas. Vem aí a galinha louca.
• Capitalismo e comunismo são na verdade duas seitas da mesma coisa, que é o industrialismo.
• A sociedade de consumo é no fundo uma religião fanática, um fundamentalismo pior do que o do Bin Laden. Está arrasando o planeta.
• Há um governo mundial tecnoditatorial dos grandes grupos. O governo mundial é privado.
• Li Marx de ponta a ponta no original, em alemão. Ele é tão tecnocrata quanto os capitalistas.
• Hitler e Mussolini também diziam ser socialistas, como Fidel. Essa palavra e ser de esquerda não significam mais nada.
• O livre mercado não resolve tudo, até porque é manipulado. O mercado só vê demanda, não vê necessidades. Os mercados são cegos para as gerações futuras.
• Os padres são mais safados que os comunistas. Oferecem o paraíso para depois da morte, quando já não é possível cobrar nada deles.
(nota do PECO) - convivi com o professor Lutz nos anos de 76/77 quando da Comissão de Defesa do Patrimônio da Comunidade, em S.Paulo. Lutzenberger veiu lançar o seu famoso "Manifesto Ecológico" na CDPC que lutava para preservar Caucaia do Alto - o governo do Estado (gov. Paulo Egydio Martins) queria fazer no lugar dessa reserva florestal e de água um aeroporto internacional. Só a terraplanagem sairia por US$ 600 milhões. O lugar se chama Pedra Grande, em Caucaia do Alto. Isso é lugar para aeroporto, numa "pedra grande" e numa "caucaia do alto"?.
Como secretário da Comissão e disponível à época, fui uma espécie de escudeiro do Lutz. Fomos várias vezes a Piracicaba aonde tem a Escola Luiz de Queiroz de Agronomia. Acho que a mais importante do país. Ele fazia palestras para estudantes (com casa lotada - as vezes mais de 400 estudantes) que o aplaudiam como se fosse um astro pop. Emocionante. Aproveitava para vender os boletins do Pensamento Ecológico - o N. 3 do PECO é sobre ele - peça-o pelo formulário na página principal..
Acho que foi a pessoa mais ética que tive a oportunidade de conhecer. Muita dignidade
Luiz Carlos de Barros - editor do PECO
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Um comentário:
Olá! Saudações!
- Descobri o teu blog por acaso, atrás de uma informação sobre minhocas.
- É bom saber que temos pessoas como você que se preocupa com o destino do nosso planeta. Isto cria mais energia para uma luta, na qual a guerra está quase perdida, pela insanidade avassaladora da ignorância capitalista. Basta ver o antro de misérias e de desgraças ambientais em que estão se tornando as grandes cidades do Brasil e do mundo.
- Conheci o Dr. Lutzemberger a muitos anos atrás, quando ainda era adolescente. A figura desse iminente homem me marcou para sempre e me ajudou a desenvolver um pensamento ambiental mais sutil.
- Sou gaúcho, mas estou residindo em Boa Vista/RR. Aqui ainda temos água pura, ar puro, boa parte dos produtos agrícolas estão sem agrotóxicos.
- Infelizmente à medida que a cidade cresce, cresce também a miséria, a destruição ambiental. Córregos que, a pouco tempo, eram cheios de vida, agora já não passam de esgotos fétidos.
- A cidade está começando a adoecer, graças a uma mentalidade predadora, aumentada pela ideologia capitalista na forma de uma globalização desvairada.
- Gostaria que você lesse alguns artigos colocados em meu blog: http://vincit3.blogspot.com/, ou http://vincit3.wordpress.com/ tais como: DO CAOS PARA O CAMINHO DO MEIO. AINDA TEMOS TEMPO?, OU MUDAMOS OU NÃO TEREMOS O AMANHÃ (reproduzo um texto muito importante do Lutzemberger), FLORES DE LÓTUS E A PODRIDÃO DA MAIORIA, SOMENTE A EDUCAÇÃO PODE IMPEDIR O FIM DA ESPERANÇA DE SE TER UMA JUSTA MEDIDA PARA AS CIDADES, A TODAS AS PESSOAS SENSÍVEIS QUE AINDA ACREDITAM EM UM MUNDO MELHOR.
- Olha conterrâneo, se você olhar pelo lado da sociedade criminológica, lá estarão as causas de todos os desastres sociais e ambientais. O problema é que os hipócritas capitalistas combatem apenas os efeitos. Nesse sentido fiz um artigo postado no blog: SOCIEDADE CRIMINÓGENA II.
- Somos testemunhas oculares da destruição do planeta e a nossa única esperança e fazermos o papel de beija-flor e tentarmos mudar a atual ideologia capitalista neoliberal globalizada.
- Estando tudo justo, desejo a você muito sucesso nesta árdua luta.
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