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sábado, 15 de novembro de 2008

CAIO LUSTOSA, UM PIONEIRO DO ECOLOGISMO


Ex-secretário Caio Lustosa lançou obra sobre primórdios da luta ambiental
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Quando erguem faixas, fazem passeatas e protestam contra ameaças ambientais, os porto-alegrenses vivem um novo capítulo de uma luta que começou entre as décadas de 70 e 80. Entre os pioneiros dessa batalha, está o ex-vereador e ex-secretário de Meio Ambiente Caio Lustosa.

Procurador aposentado do Estado, ele resolveu contar experiências daquela época, lançando no domingo, na Feira do Livro da Capital, a obra Luta Ambiental e Cidadania – Da Borregaard a outros Episódios, pela editora Livraria Palmarinca (R$ 30). Uma das batalhas mais marcantes foi a travada, ao lado de outros ambientalistas, com a empresa Borregaard, fabricante de celulose que se instalou em Guaíba. A produção gerava um odor insuportável, que empestava Porto Alegre.

Quando jovem, Lustosa gritou: “O Petróleo é Nosso”, o que acabou gerando problemas com a polícia. Depois de se formar em Direito, em 1960, tentou ser promotor, mas não o deixaram fazer o concurso por causa do histórico de manifestações. Em seguida, foi aprovado como advogado de ofício, o que mais tarde seria procurador do Estado. Além de Direito, também estudou Jornalismo.

Hoje, Lustosa prefere ficar mais tempo em casa. Acorda cedo, pinta e lê muito. Mostra um escritório abarrotado de livros. Continua na política, como filiado do PSol. Ao longo da vida, passou pelo PTB, PSB, PMDB, PSDB e PT. Foi secretário municipal do Meio Ambiente de 1989 até 1992. Na Câmara de Vereadores, cumpriu mandato de 1982 até 1988.

Relatou à CPI que investigou o Projeto Rio Guaíba, que pretendia despoluir as águas. No final da CPI, o projeto já deveria ter finalizado, mas só 10% do prometido foi cumprido. Segundo Lustosa, o projeto tinha gasto três vezes mais do que o orçado no início.

– Estamos há 40 e tantos anos falando em despoluir o Guaíba – afirma o ambientalista.

Trechos do livro
O CASO BORREGAARD
“Não demorou muito para que Porto Alegre e região fossem invadidas por um mau cheiro nunca antes visto com tanta intensidade e em uma área tão grande. Era um cheiro de ovo podre insuportável que atormentava a população dia e noite. O fedor era conseqüência do gás sulfídrico, mercaptanos e dióxido de enxofre exalados pela chaminé da Borregaard. Dependendo da direção do vento a situação agravava-se causando tonturas, irritação das mucosas, náuseas e vômitos.”
PROJETO RIO GUAÍBA
“Teve como mérito unir as oposições. Vivíamos as primeiras luzes do pluripartidarismo, cada partido com assento na Câmara Municipal empenhava-se em delinear seus espaços, mas diante da expropriação do município representada pela encampação do Dmae pela Corsan, os partidos que se opunham ao regime militar – PMDB, PDT e PT – falaram em uníssono na defesa de Porto Alegre.”
RIO GRAVATAÍ
“O Banhado Grande, zona da nascente do Rio Gravataí, vinha sendo drenado por proprietários circunvizinhos para o aumento do terreno de pastagens e/ou plantio. Essa prática chegou a atingir dois terços do Banhado Grande, acarretando conseqüências desastrosas para o Rio Gravataí, para a vida silvestre e para os usuários da água, moradores e indústrias da Região Metropolitana de Porto Alegre.”
ITAPUÃ
“A área foi desapropriada, foram feitos projetos incríveis, sofisticados, caros e só. Dez anos depois, a situação era calamitosa: os antigos proprietários ainda não tinham sido indenizados, nem tinha sido marcada a data para isso; caçadores agiam sem problemas, dizimando a rica fauna; coletores ilegais de flores silvestres retiravam as belíssimas orquídeas sem serem incomodados, a não ser pelo barulho das explosões das pedreiras que, criminosamente, lá instalaram-se...”
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FONTE :ZERO HORA,04 de novembro de 2008 | N° 15779

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