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quarta-feira, 12 de novembro de 2008
ECÓPOLIS : UMA POSSIBILIDADE ?
A redução do aquecimento global requer, urgentemente, a mudança da relação de toda a sociedade com o planeta e não apenas atitudes individuais. O maior impacto é provocado pelas grandes cidades, responsáveis por 75% das emissões de dióxido de carbono na atmosfera. Somente medidas de grande impacto podem levar a tão almejada sustentabilidade - e muitas delas passam pela construção civil. No painel Ecopólis da EcoPower Conference, evento realizado em novembro, em Florianópolis, especialistas e governantes apontaram importantes possibilidades. E a Revista ÁREA esteve lá para conferir.
UTILIZAR TRANSPORTE PÚBLICO, ampliar a coleta seletiva de lixo, morar próximo ao local de trabalho, criar espaços multiuso para a população, revitalizar as áreas centrais das regiões metropolitanas e restaurar o patrimônio histórico. Essas foram as cinco medidas essenciais indicadas pelo arquiteto Jaime Lerner, mediador do painel Ecopólis, para que uma cidade evolua de maneira sustentável. Ex-governador do Paraná e prefeito de Curitiba por três gestões, ele admite que não se bastam simples mudanças. “A sustentabilidade nas cidades tem que tomar forma de equação: mais economia e menos desperdício”, resumiu. A preocupação com as mudanças climáticas e com a preservação dos recursos naturais e a construção dos chamados ‘prédios verdes’ não são suficientes. O futuro das cidades passa por um planejamento urbano eficiente e pelo engajamento de governantes, industriais, construtores, arquitetos e engenheiros na construção de uma autêntica ecopólis.
“O tempo de ação é muito mais curto do que imaginamos. Esta é uma crise enorme, de soluções difíceis, que envolvem grandes decisões. A humanidade está enfrentando um desafio como nunca”, falou o ex-deputado federal Fábio Feldman, autor da Lei da Mata Atlântica, a uma platéia lotada, formada por políticos, empresários, arquitetos e outros profissionais da construção civil. Ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Feldman considera ingenuidade pensar que as práticas apontadas na Agenda 21, elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Eco-92, seriam suficientes. “As reuniões da ONU não são suficientes para mudar o mundo”, avalia. E lançou um desafio: “se conseguirmos mudar o modelo mental da construção civil, desde o projeto, podemos ter o mesmo impacto do Protocolo de Kyoto”.
É preciso, entretanto, investir também em justiça social, na opinião do engenheiro civil Vanderley John, que realizou seu pós-douturado em Engenharia no Royal Institute of Technology da Suécia. “Com a tecnologia e o padrão de consumo que temos hoje, acabaremos com o planeta. Impossível arrumar a questão ambiental sem arrumar a social. É preciso reinventar o desenvolvimento”, alertou John, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Classificando a indústria da construção civil como “tecnologicamente conservadora”, defendeu, enfaticamente, um maior investimento do setor em pesquisa. Para ele, “excluído o desmatamento na Amazônia, a indústria cimenteira é responsável por 12% das emissões de gás carbônico no Brasil”, exemplificou, sugerindo a utilização de cimentos do tipo CP III e CP IV nas obras, por emitirem menos dióxido de carbono, que é responsável por 60% do aquecimento global. John destaca que, neste processo de transformação, toda a cadeia produtiva deve dedicar-se a reduzir o consumo de materiais, o desperdício, as perdas e melhorar a qualidade. “Talvez nossas prioridades em termos de construção sejam aumentar a durabilidade dos materiais, reduzir a área construída per capita, usar produtos cujo processo de fabricação seja menos poluente, preferir madeiras certificadas”, elencou. Aumentar a eficiência energética e utilizar aquecedores solar foram outras sugestões apontadas pelo professor para as “ilhas de calor”, onde os prédios respondem por quase 50% da energia total consumida nas cidades.
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AUTOR : Arq. Jaime Lerner (Mediador do Painel).
OBS. - Leia o resto dessa matéria na versão impressa da Revista Área - Edição de janeiro de 2008.
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