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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

AGROTÓXICO DIZIMANDO ÁRVORES NO RS


FOTO : arquivo pessoal de Darci Bergman, meu ex-aluno do Curso de Agronomia, na UFSM, RS.
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Exóticas, nativas, frutíferas. Praticamente todas as variedades de árvores na região de São Borja, na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina, estão sendo atingidas por um mal que começa esbranquiçando as folhas (foto), depois os caules e termina por matar as plantas. O agrônomo Darci Bergmann afirma que é um agrotóxico, o Clomazone, vendido pela empresa FMC sob o nome comercial de Gamit, que está devastando os arvoredos na zona rural, nas imediações de lavouras, e até na cidade.

Presidente da Associação Sãoborjense de Proteção ao Ambiente Natural (Aspan), Bergmann encaminhou uma denúncia ao Ministério Público da cidade no ano passado, depois que perdeu 5 mil mudas de árvores do seu viveiro, na área urbana. Um vizinho dele borrifou com o agrotóxico o pátio a 50 metros de distância e, mesmo isoladas por uma barreira de árvores e um muro, as mudas foram atingidas e morreram.

O agrônomo não tem nenhuma dúvida de que a causa é o agrotóxico:

– De uns anos para cá começamos a observar uma mortandade muito grande de árvores, principalmente de cinamomos, que começam a apresentar sintomas de citotoxidade, com uma característica que é o branqueamento na folha, e o único produto que causa essa característica é o Clomazone – diz Bergmann.

Também estão morrendo canafístulas, timabaúvas, anjicos e frutíferas como o pé de ameixa da foto. A única árvore que parece resistir sem problemas é o eucalipto.

Um produtor de tomates, Marino Dani, perdeu 14 mil pés, toda a sua produção: o agrotóxico foi aplicado numa lavoura a 2 mil metros de distãncia e 13 dias depois todo o tomateiro estava morto.

Herbicida autorizado

O Clomazone tem aplicação autorizada pelo Ministério da Agricultura como hercibicida usado para combater os inços nas plantações de arroz, pulverizado principalmente por meio da aviação agrícola. Por coincidência, nos últimos anos este setor cresceu na fronteira, se antes havia dois ou três aviões em São Borja, hoje só uma das empresas de aviação agrícola do município tem 12 aeronaves operando, relata Bergmann.

Como o Clomazone é muito volátil, ele se desloca longe, indo atingir arvoredos distantes vários quilômetros das lavouras, especialmente nos meses mais quentes, que favorecem a evaporação e dispersão do produto, garante Bergmann, que mostrou à EcoAgência várias plantas atingidas e uma pilha de documentos, com registros, relatórios e fotos de diversas matas da região devastadas pela mortandade de árvores.

Segundo ele, a fiscalização da aviação agrícola feita pelo Ministério da Agricultura é frouxa, com base em relatórios preenchidos pelas próprias empresas. Muitas vezes os aviões soltam o agrotóxico em alturas acima das permitidas, ou antes ou depois dos limites das lavouras, pois é muito difícil ter a precisão necessária nos vôos.

Outra coincidência: as primeiras árvores a morrer nas proximidades de lavouras pulverizadas por Clomazone pelos aviões são sempre as mais altas.
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FONTE : Ulisses A. Nenê, para a EcoAgência

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