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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"LIMITE PARA ÁGUA É 2070"



“O limite para a água é o ano de 2070”. A afirmação é do presidente do Instituto Internacional de Ecologia, José Tundisi, que realizou a abertura do IV Seminário Internacional das Águas, cujo tema foi Cidadania para o Uso e Conservação dos Recursos Hídricos. O evento foi realizado em Curitiba, na semana passada. Todos os palestrantes, do Brasil e do exterior, condenaram o modo de vida atual e fizeram vários alertas sobre os perigos que os hábitos modernos acarretam para o futuro da vida na Terra.

Outro tema recorrente foi a privatização da água. “Quando se privatiza a água, estamos privatizando o acesso a todos os outros recursos naturais e até à produção de bens. É por isso que o mercado financeiro facilita tanto as negociações com países que aceitam privatizar a água”, disse a economista Amyra El Khalili, que falou sobre água como “commodity” ambiental. “Se abrirmos mão do direito à água, pelo que vamos lutar?”, questionou.

O engenheiro agrônomo do Departamento de Fiscalização Agropecuária, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Reinaldo Onofre Skalisz, falou sobre a contaminação das águas por agrotóxicos. Segundo ele, o problema está ligado à falta de cuidados, desde a rotulagem até a liberação do produto pelos Ministérios da Saúde e da Educação e pelo Ibama. “A Sanepar está fazendo sua parte, ao averiguar a qualidade da água, conforme os parâmetros estabelecidos pela legislação, antes de distribuir a água para a população. Mas os órgãos responsáveis por colocar os agrotóxicos no mercado precisavam ser mais rigorosos. Essa aplicação de agrotóxicos pode nos parecer ser fonte de riqueza hoje, mas temos que pensar no amanhã também”, disse.

Consumo sustentável - Apresentando-se como consumidor consciente, o professor Efraim Rodrigues, doutor em Ecologia pela Universidade de Harvard e professor da Universidade Estadual de Londrina, contou sua experiência com a reutilização de materiais orgânicos e inorgânicos em seu apartamento. Ele é autor do livro “Biologia da Conservação”, escrito em conjunto com Richard Primack, da Universidade de Boston. “Construí um pequeno jardim com mudas de tomates, jabuticabas, cebolinhas. Tudo dentro de saquinhos de leite e com adubo orgânico, que produzo com meu próprio lixo”, relatou.

De acordo com ele, consumir menos e apenas o suficiente é mais fácil e mais barato que tratar todo o lixo que produzimos. Efraim dá dicas sobre opções de que se pode fazer ao consumir uma bebida. “Entre um refrigerante em latinha não reciclável e um em uma latinha reciclável, a segunda opção é mais sustentável. Entre a latinha reciclável e a garrafa reutilizável, a última é mais sustentável”. Ele ainda diz que podemos optar pelo suco que, se feito em casa, a partir da fruta, é ainda melhor. Rodrigues diz que sempre deixa o carro em casa e anda de bicicleta para ir à Universidade de Londrina ou para fazer outras atividades. “Não só estou poluindo menos, como não tenho que me preocupar com estacionamento. E ainda faço atividade física.”

Segundo o Ministério Público do Estado do Paraná, um dos promotores do evento, o objetivo do Seminário foi abrir espaço para sociedade discutir seus direitos e deveres sobre o uso da água. O evento foi promovido também pela a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pelo o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), com o apoio da Sanepar e de outras instituições públicas.

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