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sábado, 15 de novembro de 2008
FLÁVIO LEWGOY
FOTO : F. Lewgoy fotografado por Claudio Viegas.
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O professor universitário aposentado Flávio Lewgoy, sucessor de José Lutzenberger na presidência da Agapan e atual conselheiro da entidade, aos 82 anos permanece como uma das principais vozes do ambientalismo gaúcho. O ativista acredita que a função dos militantes mudou, e o significado da luta ecológica não é o mesmo. Ele concedeu uma entrevista ao jornal Zero Hora, 12-04-2008.
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A inexistência de um grande expoente como José Lutzenberger está fazendo falta?
Nos últimos tempos, ele já estava mais dedicado a escrever, o tempo de ativismo havia passado. Mas era muito carismático. Hoje, nenhum de nós tem essa pretensão. A questão é que está todo mundo angustiado com as pressões econômicas, em manter seus empregos, isso dificulta a atuação.
Como fica essa atuação?
Está mais restrita à área judicial, como whistle blower, o sujeito que sopra o apito chamando a atenção. Fazemos intervenções para o Ministério Público, é a nossa principal atuação hoje, chamar a atenção, denunciar crimes ambientais. Nossa função agora é apagar incêndios. Hoje, na verdade, não há mais um movimento, são entidades que partilham de uma ideologia comum, com interpretações individuais. Aquela fase dos anos 70, 80 passou. A nossa vitória, em parte, foi a nossa derrota.
Como assim?
Não precisamos mais brigar para fazer lei, está tudo regulamentado, até na Constituição. Não é que tenhamos mudado, as circunstâncias mudaram.
Mas o movimento ainda é necessário?
Sim. Mas não tem o mesmo significado que já teve. Realmente atingimos nossos objetivos.
O resultado do debate sobre zoneamento ambiental leva a uma autocrítica?
Talvez. Há muito tempo estamos debatendo a necessidade de unificação pelo menos em nível federativo. Quer dizer, ninguém é obrigado a obedecer a ordens de ninguém, mas a gente tem de sentar, debater e ver o que é melhor.
Está faltando articulação?
Sim. É preciso mobilização, mas sempre com essa consciência: até podemos levantar cartazes, levantar a opinião pública, mas quando tem provas de crime ambiental. Quando há uma grave ameaça ao ambiente, como o plantio de eucaliptos no Pampa, o Consema tinha de rejeitar. A nossa representação no conselho é simbólica, apesar de termos autoridade derivada do nosso prestígio.
Depois desse episódio deve haver alguma mudança na forma de atuação?
Já recebi e-mails de grupos que tentam alguma coisa nesse sentido, defendendo uma reforma no Consema, buscando uma paridade, senão não tem como agir.
Quando se confronta a preservação ambiental com a possibilidade de crescimento...
(interrompendo)... É uma pena, uma coisa perigosa, porque a curto e médio prazo, eles se glorificam, mas depois as pessoas se dão conta do que está acontecendo. Tinha uma frase do Lutzenberger que eu não gostava muito, mas agora vejo que é verdade.
Qual?
"As nossas vitórias são provisórias, as derrotas são definitivas". Se os eucaliptos crescerem, não vai ter como reverter. Na verdade, não é que eu não gostasse da frase, é que ela me deixava angustiado. Mas eu sabia que era verdade.
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Um comentário:
alguem poderia me passar o link do curriculum lattes do Flavio Lewgoy?
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