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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Projeto alerta para prejuízos da perda de ecossistemas


Pesquisas da ONU mostram que sistemas naturais, de corais de recifes a florestas, são os maiores aliados para enfrentar as mudanças ambientais, porém são eles que estão em maior risco devido ao aumento das emissões de CO2.

Resultados de um projeto do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) sobre as conseqüências econômicas da perda de biodiversidade divulgados nesta quarta-feira (02) em Berlim mostram que investir na restauração e manutenção de ecossistemas que valem trilhões de dólares para o Planeta pode ter um papel crucial na contenção das mudanças climáticas e da vulnerabilidade climática das economias.

O projeto “A economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade” (TEEB, na sigla em inglês) foi lançado em 2007 a partir de uma proposta dos ministros de meio ambiente do G8 5 (grupo dos países mais ricos, mais o Brasil, China, Índia, África do Sul e México) para calcular os custos das perdas de biodiversidade e ecossistemas e financiado pela Comissão Européia, pelo Ministério do Meio Ambiente da Alemanha e pelo Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais do Reino Unido.

“O que precisamos é um avanço notável em Copenhague. Nós já percebemos que melhorar a resiliência dos ecossistemas e manter a biodiversidade do planeta são partes centrais da agenda de mitigação e adaptação”, disse ministro de meio ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, que participou do lançamento.

Os integrantes do projeto destacam que um acordo sobre fundos para as florestas é deve ser uma prioridade para governos que irão participar da Conferência do Clima em Copenhague, em dezembro. Estimados cinco gigatoneladas, ou 15% das emissões de dióxido de carbono (CO2), estariam sendo absorvidos pelas florestas anualmente, as transformando em um “motor de mitigação” do mundo natural, dizem.

“As consequências econômicas são significantes, mas também são as sociais e humanitárias. Isto enfatiza que a simples análise de custo-benefício por si só irá falhar em capturar as dimensões éticas de decisões políticas internacionais sobre o clima agora e nas próximas décadas – especialmente em relação aos ecossistemas e ao ponto crítico do clima”, comentou o diretor-geral de Meio Ambiente da Comissão Européia, Karl Falkenberg, que também participou desta segunda fase de divulgação de dados do projeto.

Outra conclusão do TEEB é que investir em medidas para conservar ecossistemas como o mecanismo de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação (REDD) poderia não apenas ajudar a combater as mudanças climáticas, mas também seria uma chave para medidas de adaptação e anti-pobreza.

As florestas ainda fornecem serviços como água fresca, estabilização do solo, nutrientes para agricultura, oportunidades de eco-turismo, além é claro de alimentos, combustíveis e fibras – fatores essenciais para reduzir a vulnerabilidade das comunidade às mudanças climáticas.

O diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, questionou os investimentos atuais em projetos multibilionários de Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) e sugeriu que estes recursos fossem direcionados para a conservação de ecossistemas. “Talvez seja o momento de fazer uma análise de todos os custos e benefícios para ver se a opção tecnológica bate com a habilidade natural de captura e estocagem de carbono – um sistema natural que tem sido perfeito por milhões de anos com múltiplos benefícios adicionais, desde o suprimento de água até a reversão de perdas de biodiversidade”, comentou.

Os pesquisadores do TEEB sugerem a criação de um pacote financeiro para o carbono das florestas para maximizar os retornos de um acordo em Copenhague no futuro.

Apesar de ser incerto quanto seria necessário economicamente para manter o ciclo de estocagem de carbono das florestas e a adaptação de serviços ambientais em um mundo mais quente, as pesquisas do TEEB indicam que investir na infra-estrutura ecológica da Terra tem o potencial de oferecer uma excelente taxa de retorno.

Eles exemplificam dizendo que investir US$ 45 bilhões em áreas protegidas poderia assegurar o fornecimento de serviços ambientais que valem cerca de US$ 5 trilhões por ano.

Perdas irreversíveis

Ao mesmo tempo em que mostra a importância e os benefícios econômicos de investir em conservação ambiental, o projeto apresenta algumas conseqüências da falta de ação ou pouca ambição em um novo acordo climático global.

Cientistas envolvidos no TEEB mostram que os recifes de corais já estão sofrendo danos irreversíveis devido ao aquecimento global e acidez dos oceanos. Isto ocorre quando a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera ultrapassa 350 partes por milhão (ppm), nível já ultrapassado e que segue subindo.

Segundo os pesquisadores, promover uma redução de apenas 16% nas emissões de dióxido de carbono, ou manter os níveis de CO2 em até 450ppm, condenaria este crítico ecossistema à extinção, levando junto a subsistência de 500 milhões de pessoas em questão de décadas.

O líder do projeto, Pavan Sukhdev, um ex-banqueiro do Deutsche Bank, afirma que a perda dos recifes de corais iria arruinar um dos bens naturais mais produtivos do mundo e que tem um papel central na defesa das costas contra tempestades e outros eventos climáticos extremos, previstos para aumentarem devido ao aquecimento global.

“Os serviços ambientais dos recifes de corais – desde a defesa das costas até serem o berçário de peixes – valem até US$ 170 bilhões anualmente e mais de 25% das espécies de peixes marinhos dependem deles”, comentou.
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FONTE : Paula Scheidt, do CarbonoBrasil (Envolverde/CarbonoBrasil)

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