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terça-feira, 15 de setembro de 2009
Como medir a felicidade
A Folha de S.Paulo é o primeiro grande jornal brasileiro a dar alguma importância ao conceito da "Felicidade Interna Bruta" (FIB), uma tese nascida no Butão, uma pequena monarquia encravada entre a China e a Índia, onde a televisão só chegou em 1999.
O FIB, indicador de felicidade de uma sociedade, vem sendo apresentado ao mundo pela psicóloga e monja iogue Susan Andrews, foi tema da revista Época há dois anos, mas até então era citado pela imprensa como mera curiosidade, coisa de alternativos.
A Folha traz o assunto para seu caderno de economia e negócios na edição de terça-feira (15/9), por conta de uma declaração do presidente da França, Nicolas Sarkozy, que lidera um movimento pela alteração dos padrões contábeis em todo o mundo. Sarkozy anunciou que o Instituto Nacional de Estatísticas da França vai incorporar às regras contábeis do país indicadores de bem-estar, como gozo de férias, sentimento de realização e outras expressões de felicidade.
Esforço de Obama
Longe de ser um exotismo, como já foi qualificado por economistas ortodoxos, o conceito tem sido estudado como uma forma de valorizar políticas sociais e ambientais e de justificar o chamado Estado do bem-estar social.
Se fosse adotado hoje internacionalmente em substituição ao PIB, Produto Interno Bruto, o FIB colocaria a França em melhor posição entre os países desenvolvidos, porque levaria em conta elementos do desenvolvimento como a alta qualidade do serviço de saúde, o sistema previdenciário francês e o direito a longas férias.
Por outro lado, os Estados Unidos perderiam posição, por conta justamente de políticas sociais opostas, baseadas na privatização da maioria dos serviços essenciais que asseguram qualidade de vida.
O esforço do presidente Barack Obama para mudar o sistema americano de saúde tem o sentido de aproximar os Estados Unidos do conceito de bem-estar europeu.
Ponto de inflexão
As conclusões a que chegou a comissão encarregada pelo governo francês de estudar as mudanças no sistema de cálculo do desenvolvimento são as mesmas que freqüentam o chamado jornalismo sócio-ambiental. Ou seja, há muito os jornalistas especializados em sustentabilidade afirmam que a imprensa utiliza indicadores antiquados para medir o desempenho econômico das sociedades.
O FIB, conforme foi elaborado no Butão, ainda é mais uma manifestação de desejo que uma ciência; mas, agregado a estudos oficiais de um país como a França, o conceito começa a chamar atenção da imprensa internacional.
O fato de a Folha de S.Paulo incluir o assunto em seu caderno "Dinheiro" pode marcar um momento importante de inflexão no jornalismo que até aqui só considerou o aspecto financeiro como indicador de desenvolvimento.
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FONTE : Luciano Martins Costa,comentário para o programa radiofônico do OI,do dia 15/9/2009. (Envolverde/Observatório da Imprensa)
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