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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

11 milhões de carros da Volkswagen em todo o mundo tiveram sistema de emissão de gases adulterado; EUA abrem investigação criminal


Testes feitos em carros da Volkswagen para avaliar dispositivo de emissão de gases. Foto: EPA/Patrick Pleul/Agência Lusa/Direitos Reservados

O grupo alemão Volkswagen anunciou ontem (22) que mais de 11 milhões de carros a diesel em todo o mundo foram equipados com um tipo de motor que poderia distorcer os dados de emissão de gases.
Em comunicado, o grupo faz questão de esclarecer que “os veículos novos do grupo Volkswagen com motores diesel UE 6, atualmente disponíveis na União Europeia, estão em conformidade com os requisitos legais e as normas ambientais”, mas que os veículos “com motores tipo EA 189, envolvendo cerca de 11 milhões de automóveis em todo o mundo” poderão ter discrepâncias nos dados das emissões.
A Volkswagen acrescenta que trabalha “intensamente para eliminar as discrepâncias através de medidas técnicas”, e está em contato com as autoridades competentes, principalmente da KBA (Autoridade Federal Alemã de Transportes).
A Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA) dos Estados Unidos acusou, na sexta-feira (18), a empresa de adulterar o desempenho dos motores em termos de emissões de gases poluentes por meio de um software incorporado no veículo. A alteração pode resultar em multa de até US$ 18 bilhões (cerca de 15,9 bilhões de euros ao câmbio de hoje).
O presidente do grupo Volkswagen, Martin Winterkorn, reconheceu que a empresa adulterou os dados e lamentou no domingo (20) por ter “quebrado a confiança” dos clientes e do público em geral, depois das acusações das autoridades norte-americanas.
A marca suspendeu as vendas dos modelos dos carros envolvidos, que eram o foco dos esforços de Winterkorn para recuperar o mercado nos Estados Unidos. A estratégia da Volkswagen para o mercado norte-americano previa vender carros a diesel com motores poderosos e poucas emissões de gases – uma forma de ganhar cota, já que no ano passado as vendas nos Estados Unidos tinham caído 10%, para 366.970 unidades.
No entanto, a Volkswagen não especificou quantos modelos serão afetados pela decisão, mas alguns dos veículos que incluem esse motor são o Golf, Jetta, Beetle da Volkswagen e o Audi A3.
Alemanha
A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu nesta terça-feira à Volkswagen que garanta “transparência total” no caso. “Devido à situação difícil, é essencial agora garantir transparência total para esclarecer o assunto”, afirmou a chanceler em uma coletiva de imprensa em Berlim, ao acrescentar que o ministro dos Transportes alemão, Alexander Dobrindt, está em contato com a empresa. “Espero que os fatos sejam esclarecidos o mais rápido possível”, afirmou.
Coreia do Sul
Representantes da Volkswagen foram convocados pelo governo sul-coreano para discutir os testes de emissão de poluentes depois de a fabricante ter sido acusada de manipular os resultados. “Chamamos os representantes da Volkswagen e os seus engenheiros ao ministério para uma reunião na quarta-feira”, disse o vice-ministro, Park Pan-Kyu. “Vamos começar a fazer testes, o mais tardar, no próximo mês, e anunciar os resultados no final de novembro”, acrescentou.
Segundo Park, é ainda muito cedo para dizer que tipo de medidas punitivas o governo pode aplicar à empresa. Aproximadamente, 59 mil desses modelos circulam atualmente nas estradas sul-coreanas, informou Park.
EUA abrem investigação criminal para apurar alterações em carros da Volkswagen
Autoridades dos Estados Unidos abriram investigação criminal para apurar as alterações em veículos, fabricados pela Volkswagen, para reduzir a emissão de gases poluentes em cerca de meio milhão de carros a diesel vendidos no país.
A investigação será feita pela divisão do Departamento de Justiça responsável pelas questões relacionadas a recursos naturais.
A fabricante alemã, que admitiu ter um software nos carros que altera os testes de controle de poluição, já está sob a investigação dos Estados Unidos pela Agência Ambiental Federal (EPA), que poderá impor uma multa de até US$ 18 bilhões de dólares (cerca de 15,9 bilhões de euros).
A Agência de Proteção Ambiental da Califórnia também faz suas próprias investigações sobre a Volkswagen, que também está exposta às queixas coletivas de compradores que se considerarem enganados. Também foram abertas investigações na Alemanha e na Itália.
O escândalo, que causa polêmica na Europa, estará também “nas próximas semanas” no centro de uma audiência do Congresso dos Estados Unidos, de acordo com dois deputados da Subcomissão de Energia e Comércio da Casa dos Representantes.
Custos
O grupo Volkswagen anunciou nesta terça-feira que vai fazer uma provisão de 6,5 bilhões de euros no terceiro trimestre deste ano para cobrir custos potenciais por ter alterado as emissões de gases nos seus carros nos Estados Unidos.
Em comunicado, a fabricante alemã disse que, perante essa provisão, os resultados financeiros do terceiro trimestre “poderão estar sujeitos a avaliação”, sendo que a previsão de lucros para 2015 “poderá estar sujeita à reavaliação e ser ajustada em conformidade”.
Ações
O comunicado fez com que as ações da Volkswagen caíssem hoje mais de 20% na Bolsa de Frankfurt, depois de terem perdido 17% ontem (21).
Nessa segunda-feira, o grupo Volkswagen perdeu aproximadamente 15,6 bilhões de euros, quase um quarto da sua capitalização, depois de ter admitido as alterações nos veículos. As ações do grupo alemão fecharam a sessão em queda de 23%, para 125,40 euros, sendo que o presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, cuja renovação do mandato estava prevista para o ocorrer durante o Conselho de Supervisão de sexta-feira (25), vê o cargo em risco.
A Volkswagen não especificou quantos modelos foram alterados, mas alguns dos veículos que incluem o motor são o Golf, Jetta, Beetle da Volkswagen e o Audi A3.
Da Agência Brasil, com informações da Agência Lusa, in EcoDebate, 23/09/2015

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