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quinta-feira, 31 de março de 2022
"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 30.03.2022
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"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 31.03.2022
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quarta-feira, 30 de março de 2022
De pandemia para endemia: mudar o nome muda o que?
De pandemia para endemia: mudar o nome muda o que? artigo de Felix Christian Guimarães Santos
Este artigo visa fornecer informações sobre as autoridades envolvidas, os processos de decisão e as regulamentações internacionais que regem o processo de declaração do estado de pandemia
Em 3 de Março passado, o presidente Bolsonaro declarou que o ministro da saúde Marcelo Queiroga estudaria a transformação do estado de pandemia em estado de endemia no Brasil. Muitos especialistas ficaram estarrecidos com a falta de compreensão, por parte do governo federal, de como uma epidemia é avaliada para que possa vir a ser considerada uma pandemia.
Bolsonaro nem mesmo mostrou ter conhecimento de qual seria a autoridade responsável para declarar o estado de pandemia. Este artigo visa fornecer informações sobre as autoridades envolvidas nesta declaração, os processos de decisão e as regulamentações internacionais que regem o processo de declaração do estado de pandemia.
A imensa complexidade e intensidade dos trânsitos de pessoas e materiais entre os países fazem surgir a necessidade de tratados, que buscam estabelecer e regular padrões comuns de conduta, tanto para os procedimentos mais corriqueiros, quanto para a solução de crises e conflitos. A área de saúde pública há mais de um século vem passando por um processo de desenvolvimento de uma governança global, envolvendo um número muito grande de países, interessados na regulamentação de um grande conjunto de atividades de coleta de informações, estudos científicos, organização de sistemas de saúde pública e de gerenciamento de possíveis crises de interesse internacional e que tenham potencial para afetar todas as relações comerciais e econômicas entre os países. É neste contexto que entra a Organização Mundial de Saúde e suas regulamentações internacionais.
Em 1969 – e revisadas em 2005 – 196 países assinaram a IHR (sigla inglesa de Regulamentações da Saúde Internacional) no âmbito da Organização Mundial de Saúde e aceitaram que estas normas tivessem força de lei, vinculando os países signatários à determinadas obrigações. Esta nova revisão da IHR, que entrou completamente em vigor em 2007, foi feita objetivando três eixos no gerenciamento de eventos críticos de saúde: (i) evitar que medidas unilaterais de alguns países pudessem prejudicar desnecessariamente o tráfego e comércio internacionais de outros durante eventos críticos de saúde pública; (ii) orientar para que todas as ações sejam realizadas seguindo bases científicas de conhecimento e (iii) evitar que direitos humanos sejam violados pelo isolamento econômico ou social ou pela falta de atendimento básico e de insumos. Uma nova revisão foi feita em 2009, definindo o que seria uma pandemia e as fases que levariam à sua declaração.
Desta forma, a IHR é um tratado destinado a produzir um sistema de governança global na área de saúde, que reafirma a OMS como autoridade pública internacional (IPA, sigla do termo em inglês), para atuar em várias situações, particularmente, nas emergências de saúde pública de interesse internacional (PHEIC, sigla do termo em inglês). Para atuar nestas situações e chegar a declarar um estado de PHEIC, o diretor-geral da OMS considera um conjunto de fatores, incluindo a avaliação e opinião do Comitê de Emergência. Este comitê é composto por especialistas nomeados pelo pelo próprio diretor geral para atuar em um evento específico, como uma PHEIC.
Para avaliar um evento de saúde, a OMS emprega uma matriz de decisão com seis níveis, para estabelecer o seu estado de criticidade e intensidade. O último destes níveis é o que estabelece os critérios para se declarar uma PHEIC (estado de maior gravidade): além da satisfação dos cinco primeiros níveis, deve haver contágio comunitário confirmado e sustentado em mais de um país. Baseado na extensão deste quadro, a OMS, através do seu diretor geral pode vir a declarar uma PHEIC como um estado de pandemia. Por exemplo, a declaração da pandemia provocada pelo SARS -CoV-2 foi feita em 11 de Março de 2020, quando já havia a presença de contágio comunitário em 118 países.
Esta declaração foi precedida pela consideração desta epidemia como PHEIC em 30 de Janeiro de 2020. Antes desta data, a OMS já havia declarado estado de pandemia inúmeras vezes, como em 2009, durante a epidemia do virus H1N1.
Portanto, a declaração do estado de pandemia não diz respeito a um país somente. Trata-se de uma avaliação basicamente técnica e muito complexa, envolvendo regulamentações internacionais reconhecidas por um grande número de países, assim como cientistas de várias regiões do globo. A autoridade pública internacional reconhecida para declarar este estado é a OMS, através do seu diretor geral. Tanto a declaração de pandemia, quanto a do seu término, são atribuições do diretor geral da OMS, considerada como a IPA legitimamente constituída para tal.
Apesar destas considerações, alguns países signatários do IHR, além do Brasil, estão atuando para rebaixar (dentro dos seus países) a epidemia (não de pandemia) de covid-19 para o estado de endemia. De uma forma simplista, endemia é a ocorrência frequente, dentro de determinados padrões, de uma doença em determinada região. Esta atitude não é bem vista por cientistas em geral, porque é baseada mais em aspectos políticos do que científicos. Na maioria dos casos, isto significa a simples definição de um nível de intensidade de casos e óbitos, que a sociedade estaria disposta a aceitar.. A declaração de um governo rebaixando esta epidemia para endemia não pode forçar, por si só, este fenômeno natural (a epidemia de covid-19) a se transformar em uma endemia, ou seja, com sua incidência dentro de determinados níveis de intensidade e letalidade. Isto não é uma questão de vontade, mas de avaliação baseada em conhecimento científico reconhecido, levada a cabo pela autoridade internacional legitima, que é a OMS.
Além destes aspectos mais evidentes, é preciso entender que, enquanto a OMS mantiver a declaração de PHEIC para a covid-19, uma série de obrigações entre os países signatários ainda permanecem. Estas obrigações só terminam quando aquel declaração for retirada pelo diretor geral da OMS. Tais obrigações dos estados signatários da IHR são um conjunto muito grande e complexo de atividades, que vão desde a obrigação de coletar e fornecer publicamente os dados da epidemia, até a participação em iniciativas como o desenvolvimento e distribuição de vacinas para prevenção e drogas para tratamento da covid-19. Enquanto há países que conseguem arcar com as despesas do desenvolvimento, produção e distribuição destas vacinas e drogas, muitos outros dependem das iniciativas da OMS para implementar o enfrentamento da pandemia.
Concluindo, a declaração de Bolsonaro é inócua do ponto de vista da pandemia, mas pode impactar fortemente as iniciativas que o governo brasileiro estará disposto a realizar, como, por exemplo, a coleta de informações e a vigilância sanitária adequada; investimentos no programa de vacinação e as recomendações e restrições que se fizerem necessárias para conter um novo surto de grandes proporções do SARS-CoV-2, fato este ainda provável e não descartado pelos especialistas.
Como se não bastasse todo o descaso do governo Bolsonaro durante esta pandemia, que fez do Brasil campeão mundial na incidência de óbitos, suas últimas declarações ainda podem levar os cidadãos a eliminarem todo o cuidado com a prevenção, expondo-os, mais uma vez, aos riscos associados à infecção pelo SARS-CoV-2.
Felix Christian Guimarães Santos
Professor associado da Universidade Federal de Pernambuco
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/03/2022
Soluções climáticas baseadas na natureza podem mitigar o aquecimento global
Investir na proteção e restauração da natureza oferece benefícios sociais e ambientais para comunidades locais e indígenas, além de armazenar carbono para mitigar as mudanças climáticas
Um novo estudo descobriu que a remoção temporária de carbono baseada na natureza pode diminuir os níveis de aquecimento global, mas somente se complementada por ambiciosas reduções de emissões de combustíveis fósseis.
Simon Fraser University*
As soluções climáticas baseadas na natureza visam preservar e melhorar o armazenamento de carbono em ecossistemas terrestres ou aquáticos e podem ser um potencial contribuinte para a estratégia de mitigação das mudanças climáticas. “No entanto, o risco é que o carbono armazenado nos ecossistemas possa ser perdido de volta para a atmosfera como resultado de incêndios florestais, surtos de insetos, desmatamento ou outras atividades humanas”, diz Kirsten Zickfeld, professor de ciência climática no Departamento de Ciências da Universidade Simon Fraser.
Os pesquisadores usaram um modelo climático global para simular a mudança de temperatura por meio de dois cenários que variam de reduções de emissões de gases de efeito estufa fracas a ambiciosas. No cenário de redução de emissões relativamente fraco, as emissões de carbono continuam até 2100. No cenário ambicioso, as emissões de carbono atingem zero líquido até 2050.
Para cumprir as metas climáticas do Acordo de Paris, o mundo precisará atingir emissões líquidas zero de CO2 por volta ou antes de meados do século, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas.
Em ambos os cenários, assume-se que o armazenamento de carbono por meio de soluções climáticas baseadas na natureza é temporário, pois as florestas são vulneráveis a distúrbios naturais e humanos. Portanto, espera-se que as soluções climáticas baseadas na natureza retirem carbono da atmosfera nos próximos 30 anos e depois liberem lentamente o carbono durante a segunda metade do século.
A equipe descobriu que, em um cenário com emissões de carbono diminuindo rapidamente para zero líquido, o armazenamento temporário de carbono baseado na natureza pode diminuir o nível de pico de aquecimento. No entanto, em um cenário com emissões contínuas de carbono, o armazenamento temporário de carbono baseado na natureza serviria apenas para retardar o aumento da temperatura.
“Nosso estudo mostra que o armazenamento de carbono baseado na natureza, mesmo que temporário, pode ter benefícios climáticos tangíveis, mas somente se implementado juntamente com uma rápida transição para zero emissões de combustíveis fósseis”, diz Zickfeld.
Os resultados foram publicados na Communications Earth & Environment .
Zickfeld também é o principal autor da recente contribuição do Grupo de Trabalho I do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas para o Sexto Relatório de Avaliação lançado no verão de 2021 e do relatório especial de 2018 do IPCC sobre o aquecimento global de 1,5 graus.
Os pesquisadores também observam que investir na proteção e restauração da natureza oferece benefícios sociais e ambientais para comunidades locais e indígenas, além de armazenar carbono para mitigar as mudanças climáticas.
Eles acrescentam que a biodiversidade, a qualidade da água e do ar são inerentemente valiosas e que os esforços para melhorá-las também podem ajudar a aumentar a resiliência da comunidade às mudanças climáticas.
Padrão espacial da resposta climática ao sequestro de carbono e mudanças no albedo da superfície resultantes de cenários de reflorestamento temporário
Padrão espacial da resposta climática ao sequestro de carbono e mudanças no albedo da superfície resultantes de cenários de reflorestamento temporário. In ‘Temporary nature-based carbon removal can lower peak warming in a well-below 2 °C scenario’
Referência:
Matthews, H.D., Zickfeld, K., Dickau, M. et al. Temporary nature-based carbon removal can lower peak warming in a well-below 2 °C scenario. Commun Earth Environ 3, 65 (2022). https://doi.org/10.1038/s43247-022-00391-z
Article has an altmetric score of 204
Henrique Cortez *, tradução e edição.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/03/2022
terça-feira, 29 de março de 2022
"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 29.03.2022
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Jornalista é vítima de racismo e agressão em agência do BB de Manaus
Por Gabriel Ferreira para o Amazônia Real –
“Foi constrangedor, humilhante. É como se eu não fosse alguém.” Mais de 24 horas se passaram desde que o jornalista Cley Medeiros foi vítima de racismo e agressão física, mas as cenas continuam vivas e doloridas. No minuto em que pisou em uma agência do Banco do Brasil (BB), no bairro Adrianópolis, na zona Sul de Manaus, ele passou a ser monitorado por um segurança da empresa Amazon Security. Antes de ser atendido, e em questão de segundos, foi agredido por esse segurança enquanto estava sentado e seu celular foi parar a alguns metros de distância, quebrado.
Medeiros é negro e há dez anos adotou o cabelo Black Power, em homenagem ao pai que usava o mesmo corte. Há 10 anos, o jornalista frequenta a agência bancária de Adrianópolis, mas foi a primeira vez que sofreu esse tipo de violência. Em pelo menos outras seis ocasiões, foi vítima de racismo em outros bancos de Manaus.
Na última terça-feira (22), por volta das 10h20, chegou à agência do BB. Tinha pressa e uma ansiedade boa para efetuar um pagamento. Não era uma conta qualquer para pagar, mas um boleto de passaporte. Na segunda quinzena de fevereiro, Medeiros foi selecionado para um programa de intercâmbio internacional.
Ainda do lado de fora da agência, descobriu que estava na fila errada. As 5 ou 6 pessoas à sua frente esperavam pelo pagamento do Pasep. Um primeiro segurança se aproximou e pediu que entrasse na agência para retirar uma senha numa máquina. Lá dentro, a perseguição se iniciou, praticada por um outro segurança. Este o impediu de tirar a senha.
“Mais uma vez fui perguntado sobre qual era o motivo de eu estar lá. Expliquei que só queria pagar um boleto. Ele então colocou a mão na arma e com a outra me entregou uma senha”, lembra. A cena incomum para muitos clientes já foi vivida por Medeiros outras vezes. No ano passado, o jornalista amazonense foi selecionado no programa de bolsas para repórteres negros da agência de jornalismo Intercept Brasil, e atualmente produz uma reportagem referente à temática.
Prudente, o jornalista não fez nada a não ser procurar um lugar para sentar e esperar sua vez. A agência estava completamente vazia. Podia, assim, escolher um dos muitos lugares desocupados dentro do banco. Foi a partir desse momento que as cenas explícitas de racismo aconteceram. Ele foi novamente impedido de sentar onde queria pelo mesmo segurança que o atendeu na retirada da senha.
“Com a mão na arma, apontou para que eu sentasse em outro lugar, próximo a uma área onde os seguranças ficam. Nesse momento, percebi que estava sofrendo racismo”, diz o jornalista. À Amazônia Real, ainda tentando buscar algum sentido à agressão que sofreu, Medeiros lembrou-se de um episódio em que se sentiu perseguido dessa forma.
O segurança que praticou o ato racista contra o jornalista
(Reprodução Instagram @Cleymedeiros)
Era o último ano da faculdade de jornalismo, em 2019, quando Cley Medeiros foi impedido de entrar no prédio por um segurança. A máquina de biometria estava quebrada e, por não estar com seu documento de identificação, foi barrado na portaria. Enquanto tentava convencer a ter acesso à sua própria escola, uma aluna branca passou pela catraca. Ela também estava sem a identidade. “Questionei o segurança e ele disse: ‘preto abusado’. Eu fiquei surpreso e comuniquei à direção, que buscou minimizar a situação. Nesse dia eu chorei por horas no serviço de atendimento ao aluno, que conta com um psicólogo, que também buscou minimizar (o episódio)”, lembra.
‘O meu celular caiu no chão’
O jornalista Cley Medeiros (Foto Reprodução Facebook)
Desta vez na agência do BB, Medeiros não chorou diante de mais um ato arbitrário vindo de um segurança. Decidiu não obedecer “a ordem que me pareceu nula, já que um segurança de um banco não deve dizer onde alguém deve ou não sentar. Isso é discriminação, preconceito. Na prática é crime racial”.
Logo depois de se sentar, o jornalista foi pegar o seu aparelho celular para conferir os dados para pagamento do boleto. “Posicionei (o celular) em frente ao documento que estava sobre a minha perna e nesse momento fui agredido pelo segurança, que derrubou o celular”, relata. O segurança falou algo sobre ser proibido o uso do celular no banco, mas parecia que essa regra só valia para homens negros. “Todos estavam usando celulares. O meu celular caiu no chão, quebrou a tela e a parte traseira.”
O gerente do BB viu a cena de agressão ao jornalista e foi até ele. “Quase não consegui escutar o pedido de desculpas enquanto ele mesmo pegava o meu celular do chão. Eu perguntei: ‘o segurança faz isso sempre, ou é só com negros?’”, recorda. O pior naquela situação foi ver o segurança esboçando um sorriso por detrás da máscara após agredi-lo e cometer racismo. “O olhar de tranquilidade que ele tinha me deu medo. Alguns clientes foram solidários, disseram que era pra processar o banco, que aquilo não podia acontecer.”
Cley Medeiros conseguiu pagar o boleto, mas decidiu procurar o gerente da agência. Explicou, didaticamente, que o que havia acontecido com ele era um crime de racismo e que situações como aquela não poderiam acontecer, e em última instância deveria haver um protocolo sobre como os funcionários do banco deveriam agir. “Ele se queixou que não tinha certeza do que poderia fazer, já que o segurança era de uma empresa terceirizada, então pediu desculpas”, diz.
Ao procurar o Serviço de Atendimento ao Cliente do BB, Medeiros descobriu que terá uma resposta em cinco dias sobre a sua demanda imediata: ele precisa de um novo celular para trabalhar. “Sobre os danos imateriais e morais, eu decidi entrar com um processo judicial contra a empresa Amazon Security e o Banco do Brasil, à título pedagógico, pois minha luta é diária, muito além de um processo que pode ter fim”, completa. Ele registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Virtual do Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas nada consegue reduzir o sentimento “de revolta”.
Dia contra a discriminação racial
Christian Rocha do INAO (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)
É irônico que o 21 de março, um dia antes do caso de racismo contra o jornalista Cley Medeiros, é o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. O jurista, presidente do Instituto Nacional Afro Origem no Amazonas (Inaô) e secretário nacional do movimento, Christian Rocha, disse que fica com medo dessas datas hoje em dia, mas que elas precisam ser lembradas. Ele comentou o caso de Cley Medeiros a pedido da Amazônia Real.
“Infelizmente, falamos sobre o Dia Internacional sobre a Luta contra o Racismo e no dia seguinte acontece isso no nosso Amazonas. O Amazonas é racista, é preconceituoso, e ele não respeita ninguém. Eu sempre digo aos amigos que são negros, poderosos, que não tem pra onde correr. Você pode ter o que dinheiro que for, você é negro, você tem que abraçar a causa, de forma voluntária, de conscientização”, desabafa.
O movimento negro enfrenta uma longa luta para derrubar todas as formas de racismo e violência. Ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Rocha afirma que já foram enviados ofícios solicitando a realização de mutirão de processos sobre violência contra a mulher negra. Também pediu pressa à Delegada-Geral de Polícia Civil do Estado do Amazonas, Emília Ferraz, em relação aos boletins de ocorrência de racismo. “Já cobrei publicamente celeridade dos processos sobre racismo e muitas das vezes nós não somos atendidos. Nós vamos continuar reivindicando, vamos continuar cobrando a Justiça, para que a Justiça seja feita”, declara.
Para a Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) e a Câmara Municipal de Manaus (CMM), Christian Rocha informou que vai enviar ofícios propondo uma lei que exija que em todos os órgãos públicos seja obrigatório afixar um aviso sobre a Lei 7.716/89, que prevê o Crime de Racismo. A proposta é baseada na lei de desacato ao funcionário público presente no Art. 331 do Código Penal Brasileiro.
“É importante a sociedade debater mais sobre isso, as faculdades, as escolas, e principalmente também aplicar uma lei nas escolas, nas faculdades, que não é só matéria da África, mas sobre a lei acerca do racismo”, diz o presidente do Inaô no Amazonas.
Em 2021, foram registrados somente sete casos de racismo em Manaus, segundo dados apresentados pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas. Mas, na prática, esse número deve ser bem maior. “No ano que ele falou que ele registrou sete casos, em três meses eu ouvi quatro casos. As pessoas não procuram mais a justiça porque elas perderam a credibilidade e a confiança na justiça. Porquê a falta de celeridade nos processos judiciais envolvendo racismo, eles demoram bastante e isso gera uma insegurança em querer denunciar”, disse Christian Rocha.
O que dizem a empresa de segurança e o BB
Agência Adrianópolis do banco do Brasil (Foto Google Street View)
A reportagem da Amazônia Real procurou a ouvidoria da empresa Amazon Security que, por email, enviou uma nota. A empresa garantiu que “qualquer notícia de ofensa a terceiros ocorrida durante a prestação de serviços de segurança será devidamente apurada” e que sanções serão aplicadas ao funcionário se ficar comprovada a denúncia de Cley Medeiros, inclusive “o devido encaminhamento às autoridades competentes”.
A Amazon Security afirmou ainda que em dezembro de 2021 realizou campanhas internas contra qualquer tipo de discriminação, inclusive distribuindo a cartilha “Segurança Sem Preconceito”, da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores”. “A empresa sempre prezou pelo respeito e igualdade de tratamento entre todos os seus colaboradores e o público em geral, independentemente de origem, cor da pele, credo, orientação sexual ou gênero”, acrescentou.
Por email, a Assessoria de Comunicação do Banco do Brasil enviou a seguinte nota: “O Banco do Brasil informa que apura a ocorrência na agência Adrianópolis. A prestadora de serviço de vigilância afastou o funcionário envolvido no episódio até a conclusão da apuração dos fatos. O BB tem como princípio, o respeito e a diversidade e à pessoa humana, e trata com as medidas cabíveis, toda prática contrária a esses princípios éticos”.
*Crédito da imagem destacada: Cley Medeiros foi perseguido e teve seu celular jogado no chão por um segurança; ele queria pagar um boleto para tirar o passaporte, já que ganhou uma bolsa para estudar nos Estados Unidos. (Foto Google Street View)
#Envolverde
Pesquisa revela a desconhecida diversidade de insetos da copa das árvores da Amazônia
Por Suzana Camargo para o Fauna News –
Pequenos, muitas vezes imperceptíveis ao olhar humano, os insetos têm papel essencial no meio ambiente.
“Eles surgiram mais de 400 milhões de anos antes dos humanos”, explica Dalton de Souza Amorim, pesquisador da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (SP). “Participaram da evolução dos ambientes naturais e são fundamentais nos processos de reciclagem e manutenção dos ecossistemas, controlando populações de outros animais e plantas, polinizando e servindo de alimento para outras espécies. Não haveria vida como conhecemos hoje nos ambientes terrestres sem os insetos. E não haverá ambientes naturais sem eles também.”
Por isso o estudo dessas minúsculas criaturas se faz tão importante. Todavia, em geral, por razões óbvias, pesquisas de campo sobre os insetos são feitas, com mais frequência, próximas do solo ou em baixas altitudes. Mas um levantamento realizado a 32 metros de altura, no meio das copas das árvores em plena floresta amazônica, resultou numa descoberta incrível: cerca de 60% da densidade dos insetos da região está no dossel, acima de oito metros de altura. E a maioria das espécies, e até alguns gêneros, sequer foram descritos até hoje pela Ciência.
Imagem das copas das árvores vista do alto.Dossel na floresta amazônica – Foto: jpc.raleigh/CC BY-NC 2.0
Esses achados fazem parte de um esforço conjunto de pesquisadores de diversas instituições brasileiras e também do Museu de História Natural do Condado de Los Angeles (EUA), em um projeto que começou em 2017, quando foram instaladas “armadilhas de interceptação de voo” para a coleta de insetos na Estação Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), uma torre metálica de mais de 50 metros de altura, instalada numa área de floresta primária, conservada para estudos científicos, a cerca de 40 quilômetros ao norte de Manaus.
Foram montadas cinco grandes redes, no mesmo eixo vertical, aproveitando as plataformas da torre, desde o nível do solo e a partir daí, a cada oito metros, com a última a 32 metros do chão, quase quatro metros acima do dossel das árvores naquele local. “Os insetos que caíam nas armadilhas ficavam armazenados em recipientes contendo álcool, que servia para preservá-los. Esse material foi retirado dali a cada 15 dias e cada estrato foi devidamente identificado”, revela José Albertino Rafael, pesquisador do Inpa.
O mesmo processo foi feito durante 13 meses. Entretanto, apenas na primeira amostra foram coletados quase 38 mil exemplares de insetos. Levados para laboratório e com ajuda de microscópios, eles foram separados pelas suas ordens. A mais abundante foi a Diptera, grupo de moscas e mosquitos, com quase 17 mil indivíduos. Os insetos foram enviados então para 35 especialistas do Brasil e do exterior, que identificaram cada espécie.
“Nosso método surpreendeu porque nos alertou que os estudos tradicionais, realizados quase sempre no nível do solo, nos dão, até hoje, uma subestimativa da verdadeira riqueza das nossas florestas”, destaca o pesquisador do Inpa e autor sênior do estudo.
As abelhas são muito numerosas e diversas na floresta tropical, assim como as flores que visitam. Este espécime de cor cobre foi coletado no alto da torre, a 24 metros de altura – Foto: Brian Brown/Museu de História Natural do Condado de Los Angeles
Diversidade nas alturas
Desde o começo do século passado, sabia-se que a copa das árvores tinha uma fauna bastante diversa. Mas eram informações muito fragmentadas. Na década de 1980, alguns estudos começaram a mostrar de maneira mais sistemática como havia espécies de insetos desconhecidas e mais raras no dossel. Há 40 anos, no início da carreira científica, José Albertino Rafael já fazia experimentos com redes suspensas na Amazônia, mas sabia que eram necessárias armadilhas maiores e mais eficientes.
Agora, prestes a se aposentar, o pesquisador celebra o resultado do trabalho, em parceria com uma grande equipe de entomólogos. Mas ressalta que ainda há muito o que ser descoberto. “Nossa diversidade de insetos ainda é muito pouco conhecida, face à riqueza imensa desconhecida vivendo no dossel”.
“Nosso estudo mostrou que não apenas a quantidade de espécies é enorme: a complexidade do ambiente é absurdamente alta”, concorda Amorim, o autor principal do artigo.
Ele cita, por exemplo, que foram observadas espécies de insetos predadores, com números diferentes em cada estrato da floresta. Há ainda espécies de insetos que são parasitas de outros insetos, também com abundância muito maior acima da copa do que no nível do solo, assim como espécies cujas larvas comem cogumelos — mais de 30% dos exemplares foram coletados nas copas, onde, curiosamente, não há cogumelos.
Segundo o especialista, cada um desses grupos tem uma distribuição distinta de suas espécies nos vários níveis da floresta.
Em alguns grupos particulares, os resultados obtidos são considerados impressionantes. Para a família Lauxaniidae, cerca de 70% das espécies só foram registradas acima do nível do solo. Já os insetos da família Phoridae geraram uma enorme surpresa para Brian Brown, curador de Entomologia do Museu de História Natural do Condado de Los Angeles. “Por causa de sua aparência, os gêneros coletados na torre são espécimes que não parecem pertencer a nenhum dos gêneros já descritos [pela Ciência]”.
Da família Anthribidae, esse besouro fungívoro está associado com árvores em decomposição em florestas tropicais maduras. Os adultos se alimentam de fungos, enquanto as larvas ficam nos troncos das árvores mortas – Foto: Brian Brown/Museu de História Natural do Condado de Los Angeles
Conservação depende de conhecimento
O trabalho publicado em fevereiro na Scientific Reports contém somente a análise do material coletado nas duas primeiras semanas do projeto. Isso significa que ainda há uma quantidade enorme de amostras e dados a serem avaliados.
“Essa primeira parte levou seis meses para separar ordens e famílias de Diptera e, depois, quase dois anos para ser analisada pelos especialistas de cada família, com um ano mais para fazer as finalizações e preparar o artigo. É um longo trabalho para gerar conhecimento novo sobre a biodiversidade com estudos massivos”, salienta Amorim.
O cientista acredita que os resultados obtidos com a investigação feita no topo das árvores amazônicas servirá de base para florestas do mundo todo. “Como ainda há poucas pesquisas sobre a diversidade vertical da fauna de insetos, ainda temos muito a aprender”.
Por isso, a nova etapa do projeto deve envolver mais de 400 pesquisadores do Brasil e de diversos países, em três localidades diferentes da Amazônia. A ideia é que sejam respondidas perguntas como, por exemplo, quantas espécies de insetos vivem em uma única área de floresta tropical ou qual é a porcentagem de espécies de cada ordem de insetos em uma fauna local de floresta tropical.
Muito se fala atualmente sobre a conservação da biodiversidade, entretanto, parece que ainda há pouco conhecimento sobre quantas espécies há em uma floresta, como a amazônica.
Este inseto é parte de um grupo próximo às cigarrinhas (Membracidae), que se alimenta de plantas. Usa a forma e a cor do corpo como camuflagem contra seus predadores – Foto: Brian Brown/Museu de História Natural do Condado de Los Angeles
E é só a partir do momento em que soubermos exatamente quem são, como agem e como se relacionam os habitantes da floresta — dos insetos aos grandes mamíferos, além da própria vegetação —, que conseguiremos traçar estratégias eficazes de conservação.
“Considerando que os resultados estão restritos a um ponto na Amazônia, quando extrapolamos isso para todo o bioma fica evidente a enormidade de espécies a serem descritas. Ainda não conhecemos a totalidade dos organismos com os quais convivemos na natureza, mas gastamos bilhões para descobrir espécies em outros planetas. O que é mais importante para o homem?”, questiona José Albertino Rafael.
*Crédito da imagem destacada: Pesquisadores em torre que permite acessar as copas das árvores – Foto: Dalton Amorim
#Envolverde
segunda-feira, 28 de março de 2022
"O GRITO DO BICHO" - Boletim Informativo do dia 28.01.2022
Queridos leitores do Blog "O Grito do Bicho”
Publicamos matérias superinteressantes e selecionadas que levam vocês a terem conhecimento das questões ligadas aos animais e meio ambiente no mundo todo. Podem ler no nosso blog www.ogritodobicho3.com ou diretamente nos títulos abaixo.
• Homem é preso após estuprar égua em Arapiraca (AL)
• Gatinha de rua agradece mulher que lhe deu ração e vídeo viraliza no TikTok
• Deputado Romero Albuquerque agride homem que teria maltratado animal
• Polícia investiga dono de restaurante suspeito de ter matado cachorro a chutes
• Família oferece recompensa de R$ 10 mil para quem encontrar o gato Tomás
• STF mantém preventiva de fazendeiro acusado de maus-tratos a búfalos em SP
• Motorista protege cães de rua no ônibus durante chuva forte
• Presidente de ONG afirma que animais agredidos por dono em SP foram torturados
• Sob ameaça de extinção, onças-pintadas são monitoradas com chips no Pantanal
• ONG ajuda ucranianos a deixar o país levando seus animais de estimação
• Canalhice, genocídio e falta de vergonha na cara: Bolsonaro recebe medalha do mérito indigenista
• Cientistas encontram microplásticos na corrente sanguínea humana
• Polícia Civil investiga perfil em rede social que exibe animais ao lado de fuzis
Não deixem de compartilhar nossas publicações.
Abração a todos e obrigado pelo carinho com nosso trabalho.
sheila moura
domingo, 27 de março de 2022
Relatório aponta 263.765 focos de incêndio na Amazônia Legal na última década
Só em 2021 foram 20.955 focos de incêndio, conforme estudo que aponta desmatamento e avanço da agricultura como principais causas
As Unidades de Conservação e as Terras Indígenas situadas na chamada Amazônia Legal correm risco de incêndio, considerando-se o alto índice de focos de incêndio detectados nos últimos anos. Somente em 2021, 20.955 focos de calor foram identificados na região conforme aponta o recém-lançado relatório da consultoria socioambiental Synergia. Presente na Amazônia há mais de 10 anos, a consultoria passa a reportar os dados de focos de incêndio na região com boletins trimestrais.
De acordo com Marcos Vinicius Quizadas de Lima, coordenador de geoprocessamento na Synergia e responsável pela análise, foram selecionadas 10 áreas protegidas (sendo 5 Unidades de Conservação e 5 Terras Indígenas) que possuem uma quantidade maior de focos de calor identificados nos últimos 3 anos. “Ao se elaborar a cartografia dessas áreas, vê-se que todas estão localizadas na porção centro-sul, na área que coincide principalmente com regiões que têm forte avanço da fronteira agrícola, áreas de cerrado e regiões com conflitos fundiários”, explica.
O relatório mostra que o terceiro trimestre é sempre o período com maior índice de focos de incêndio em todas as áreas monitoradas, daí a importância de medidas preventivas serem pensadas agora. “É no terceiro trimestre que ocorre a redução do volume de chuva. Na maior parte das áreas protegidas analisadas, por se tratar de áreas compostas por floresta úmidas e regiões alagadas, onde historicamente o fogo não se inicia de maneira espontânea, concluímos que os focos surgem por uma interação entre clima e atividades humanas. Normalmente essas interações acontecem como método para limpeza de terrenos, para renovação da vegetação e início de temporada de plantio, mas não devem ser essas as causas de incêndio no recorte específico desse estudo, já que essas áreas protegidas abrigam grande biodiversidade, riquíssima cultura e importantes contextos sociais. O desmatamento que as coloca em risco de incêndio pode ter outras origens, como o garimpo ilegal, a criação de bovinocultura extensiva e a extração de madeira “, destaca Lima.
Queimadas na Amazônia impactam clima do país
Ainda de acordo com Lima, os reflexos desse descaso e falta de fiscalização em áreas protegidas da Amazônia Legal, tão importantes na regulação climática do planeta, podem explicar alguns fenômenos atuais, como: a falta de chuva nas regiões centro-oeste e sudeste, que vem prejudicando a produção de alimentos e atingindo grandes centros comerciais; a chuva de cor escura que tomou conta da cidade de São Paulo em 2021; o aumento da emissão de gases contribuintes do efeito estufa; a elevação da temperatura média de muitas cidades do interior; a redução da capacidade das florestas na transformação do dióxido de carbono já existente na atmosfera; entre outros.
Região mais afetada
A área protegida que mais apresentou focos de calor na soma dos 3 últimos anos foi a APA Triunfo do Xingu, que fica entre os municípios de Altamira e São Félix do Xingu, no Pará, com 8.503 focos e destaque para os identificados em 2021 (1.797). A região é também, de longe, a área protegida que mais apresentou desmatamento nos últimos 3 anos no cenário nacional. Segundo o PRODES, com mais de 1.400 km² de desmatamento entre 2019 e 2021 (equivalente à área do município de São Paulo) essa UC registrou 531 km² de desmatamento só no último ano.
“O que pode ser visto nesta Unidade de Conservação é que o avanço dos focos está intrinsicamente ligado com a ação de desmatamento. Nos últimos anos, essa UC tem sido palco de atividades ligadas ao garimpo ilegal, pecuária extensiva e desflorestamento”, explica Lima.
O estudo completo traz informações mais detalhadas das 5 UCs e 5 TIs, expondo a fragilidade de cada uma, dentro de uma região que é vital para o equilíbrio climático de todo o planeta. A próxima edição do estudo trará o panorama do primeiro trimestre de 2022, provendo informações relevantes para a sociedade, iniciativa privada e esferas públicas.
Sobre a Synergia (https://www.synergiaconsultoria.com.br/)
Fundada em 2005 por Maria Albuquerque, a Synergia é uma consultoria socioambiental que atende os setores público e privado, oferecendo soluções em gestão e prevenção de crises, desenvolvimento social, relações territoriais e gestão de conhecimento. Atua em todo o território nacional, atendendo às demandas dos segmentos de mineração, siderurgia, indústria petroquímica, gestão pública, agronegócio, agroindústria, saneamento, energia e gestão hídrica.
A consultoria possui o certificado internacional de qualidade ISO:9001, conquistado em 2013, graças à sua capacidade de planejamento, elaboração e execução de programas sociais, urbanos e ambientais. Já atuou em mais de 127 projetos no Brasil e em Moçambique, envolvendo mais de 1.2 milhão de pessoas. É associada ao Instituto Ethos e membra na modalidade participante do Pacto Global das Nações Unidas.
Confira o relatório completo em: https://we.tl/t-eRzYfR8CUC
#Envolverde
IPÊ completa 30 anos dedicados à biodiversidade brasileira e ao desenvolvimento sustentável
A história do IPÊ está intimamente ligada à história de conservação do mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), espécie símbolo do estado de São Paulo e que só existe no oeste paulista. Foi ali que o instituto começou seu primeiro projeto de pesquisa científica para salvar a espécie da extinção, ainda no final dos anos 80, e expandiu seus estudos complementares para o desenvolvimento sustentável na região, com reflorestamento, educação ambiental e geração de renda para a população. Liderando esse movimento estavam Claudio e Suzana Padua, que junto com estudantes e jovens profissionais, fundaram oficialmente o instituto em 1992.
O instituto que começou com menos de 10 pesquisadores conta atualmente com 30 projetos/ano realizados por cerca de 100 profissionais em quatro biomas. Como organização não governamental brasileira, completar três décadas está repleto de significados e, mesmo diante de tantos desafios, o IPÊ reforça os princípios e valores que norteiam todas as ações desde o início. Todos os estudos do IPÊ são desenvolvidos em campo, em busca de soluções para desafios da sociedade, em especial de produtores rurais, comunidades tradicionais e indígenas, com benefícios que vão além dos limites dos territórios em que atuamos.
Para o instituto, desde o início, ficou evidente que para conservar a biodiversidade era preciso mobilizar comunidades, estudantes, lideranças locais, o poder público e despertar o interesse de potenciais apoiadores e financiadores. Nessa direção, o IPÊ estabeleceu um modelo que tem na Educação Ambiental e no estabelecimento de Parcerias aliados da pesquisa científica de aplicação prática. Todos os anos o IPÊ beneficia 12 mil pessoas diretamente com nossas ações na Mata Atlântica, no Cerrado, no Pantanal e na Amazônia.
Confira os destaques entre os resultados
Mata Atlântica no Oeste paulista:
– 5,4 milhões de mudas de árvores plantadas da Mata Atlântica, incluindo o maior corredor já restaurado no bioma
– a mudança na categoria do mico-leão-preto de “criticamente ameaçado” para “ameaçado”
– o maior banco de dados da anta brasileira (Tapirus terrestris), que é sentinela da saúde das florestas
– trabalhos para geração de renda da população, que beneficiam mais de 200 famílias.
– adoção do programa de educação ambiental pelas escolas da cidade de Teodoro Sampaio (SP), com cursos para professores e estudantes da rede pública.
No Pontal do Paranapanema, o Mapa dos Sonhos desenvolvido em conjunto por produtores rurais, órgãos públicos, demais instituições que também atuam na região e pesquisadores do IPÊ identificou as áreas prioritárias para restauração. Como forma de conciliar conservação da biodiversidade com diversidade de alimentos e geração de renda para produtores rurais, o Mapa incluiu entre as estratégias a implementação de SAFs – Sistemas Agroflorestais nas pequenas propriedades e a criação de viveiros comunitários.
Hoje são nove viveiros comunitários localizados na região do Pontal do Paranapanema, acompanhados de perto pelo IPÊ, sendo cinco liderados por mulheres. Eles evidenciam o potencial do desenvolvimento sustentável. Em 2020, esses viveiros produziram aproximadamente 800 mil mudas e beneficiaram 26 famílias. O potencial de produção, entretanto, é quase o dobro e, visto que o passivo ambiental do Oeste Paulista é de 77 mil hectares, a tendência é de crescimento na produção dos viveiros.
Ivone Ribeiro Campos Félix, proprietária do Viveiro Floresta há quatro anos, revela os avanços do negócio e os próximos passos. “Comecei produzindo 17.600 mudas por ano. Em 2020, o viveiro produziu 150 mil mudas e o plano é ampliar a produção”.
Com a renda do viveiro, Ivone garante o ensino universitário das duas filhas. “Paz, contribuição com meio ambiente, realização da graduação das filhas são os resultados que colho com meu viveiro”, pontua.
Mata Atlântica do Sistema Cantareira
Entre as ações desenvolvidas pelo IPÊ na região que conta com um dos maiores sistemas de abastecimento de água do mundo está a restauração florestal com quase 400 mil mudas da Mata Atlântica já plantadas, em especial nas proximidades de cursos d’água de um dos maiores sistemas de abastecimento de água no mundo, que abastece 7,6 milhões de pessoas da região metropolitana de São Paulo. O incentivo à implementação de sistemas produtivos sustentáveis em propriedades rurais também é uma estratégia com potencial de contribuir com o aumento da resiliência do Sistema Cantareira.
Na região do Sistema Cantareira, priorizar mudanças tendo em vista o melhor uso do solo garante benefícios não apenas a quem vive na área rural, como é o caso dos produtores rurais, mas também à população que recebe a água e que está muitas vezes a cerca de 100 km de distância. “O melhor uso do solo e a restauração florestal são os reguladores da quantidade e da qualidade da água, mas também da produtividade no campo e da biodiversidade”, esclarece Alexandre Uezu, pesquisador e coordenador do Projeto Semeando Água, uma realização do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal.
Cerrado e Pantanal
O maior banco de dados da anta brasileira – espécies sentinela que alerta sobre as ameaças reais no ambiente, como os agrotóxicos no Cerrado do Mato Grosso do Sul, tanto para os recursos naturais, fauna, quanto para os seres humanos está entre os resultados práticos obtidos pelos pesquisadores do IPÊ.
A INCAB – Iniciativa Nacional para Conservação da Anta Brasileira, com base em dados substanciais (e, muitas vezes, alarmantes), busca influenciar o processo de tomada de decisões junto ao poder público para combater as ameaças atuantes e evitar a extinção da anta e de seus habitats remanescentes.
“Já está claro que a agricultura em grande escala no Cerrado brasileiro está resultando em pesticidas e exposição a metais em concentrações que excedem a segurança ambiental e pode causar efeitos adversos à saúde das antas e, talvez, de outros animais. Precisamos olhar com mais seriedade para essa questão que afeta os animais silvestres e as vidas humanas. É inadmissível a utilização de agrotóxicos sem critérios e sem fiscalização”, destaca Patricia Medici, pesquisadora e coordenadora da INCAB/IPÊ. O projeto também conta com frentes de atuação na Mata Atlântica e na Amazônia.
O Projeto Tatu-Canastra (Priodontes maximus), uma parceria entre o IPÊ e o ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres no Pantanal, realizado na Mata Atlântica e no Cerrado, há mais de 10 anos desenvolve ações para conservar o maior entre as 20 espécies de tatu, também conhecido como engenheiros do ecossistema. “Com as mudanças climáticas e a tendência de aumento das temperaturas, as tocas de tatu-canastra podem ajudar as espécies a sobreviver a essas mudanças e temperaturas extremas”, explica Arnaud Desbiez, coordenador do Projeto Tatu-Canastra. Entre os resultados obtidos pelo projeto está o fato de a espécie integrar a lista de mamíferos usados para nortear a criação de áreas protegidas e corredores de conservação no Mato Grosso do Sul.
Amazônia
Mais de 20 anos dedicados à conservação da biodiversidade em território amazônico. Todos os projetos realizados na região integram a frente Soluções Integradas para a conservação da Amazônia que reúne iniciativas voltadas ao fortalecimento das comunidades e das áreas protegidas do bioma.
As Soluções Integradas são formadas por quatro projetos:
Navegando Educação Empreendedora na Amazônia (desde 2000) realizado na região do Baixo Rio Negro. Em dezembro de 2021, o Instituto iniciou o novo ciclo do projeto. A equipe percorre as comunidades realizando levantamentos sobre negócios e seus empreendedores para traçar estratégias que possam dar impulso a esses trabalhos. Tudo acontece com suporte do barco escola Maíra I, que navega as águas dos rios para alcançar os moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga-Conquista. O projeto conta com o apoio do projeto LIRA/IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica e parceria do LinkedIn, a maior rede social profissional do mundo.
Na década de 2010, o IPÊ apoiou a formalização e fortalecimento das organizações locais, com documentação para acesso a políticas públicas voltadas aos agricultores familiares e artesãos, e contribuiu com infraestrutura de negócios. O artesão Célio Arago, por exemplo, está entre os beneficiados pela atuação do IPÊ. Oficinas, cursos e intercâmbios fizeram com que ele desenvolvesse ainda mais suas habilidades como artesão, ofício que aprendeu com o pai. Da comunidade Nova Esperança, as peças de Célio ganharam o mundo e foram indicadas a prêmios. Após o projeto, Célio hoje compartilha o que aprendeu com os jovens. “O aprendizado que tive com o IPÊ me abriu muitas portas. Agora eu ensino jovens na minha comunidade para que tenham a mesma chance que eu.”
MOSUC – Motivação e Sucesso na Gestão de Unidades de Conservação realizado desde 2012, em parceria com o ICMBio e apoio da Gordon and Betty Moore Foundation. Uma frente-chave de atuação é a reestruturação nacional do Programa de Voluntariado do ICMBio, que que contou com o apoio do IPÊ de diversas formas, desde a comunicação visual até a reestruturação digital do cadastro de voluntários.
Desde 2012, o IPÊ apoia o fortalecimento do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, incentivando o compartilhamento de boas práticas de gestão, fomentando arranjos que ampliem o capital humano para apoio à gestão, e construindo plataformas que disseminam informação e conhecimento sobre as UCs.
MPB – Monitoramento Participativo da Biodiversidade que monitora a biodiversidade desde 2013 atua no monitoramento da biodiversidade em 18 unidades de Conservação (12 milhões de hectares) na Amazônia com a contribuição de comunidades locais.
Esse processo é fundamental para entender e moderar a extensão de mudanças que possam levar à perda de biodiversidade local, subsidiar o manejo adequado dos recursos naturais e promover a manutenção do modo de vida das comunidades locais. O Projeto MPB é parte da iniciativa para implementação do Programa de Monitoramento da Biodiversidade – Monitora do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). USAID, Gordon and Betty Moore Foundation e Programa ARPA são parceiros do MPB.
LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica, a partir de 2019, as ações foram ampliadas com o projeto que tem como foco o aumento da efetividade na gestão de 86 áreas protegidas (Unidades de Conservação de Terras Indígenas), com trabalho integrado e em rede na Amazônia. O projeto abrange 34% das áreas protegidas da Amazônia, considerando 20 UCs Federais, 23 UCs Estaduais e 43 Terras Indígenas, nas regiões do Alto Rio Negro, Baixo Rio Negro, Norte do Pará, Xingu, Madeira-Purus e Rondônia-Acre. O LIRA é uma iniciativa idealizada pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, parceiros financiadores do projeto.
Confira os principais destaques das Soluções Integradas na Amazônia:
320 famílias beneficiadas no projeto do Baixo Rio Negro
+ de 4 mil pessoas beneficiados com o Monitoramento Participativo da Biodiversidade
+ de 30 mil pessoas inscritas no cadastro nacional de voluntários do ICMBio
Atuamos em rede
Temos muito orgulho de nossa rede, afinal não fazemos nada sozinhos. Doadores, financiadores, apoiadores, conselheiros, instituições pares e comunidades sempre foram e são fundamentais nesse processo que envolve crescimento, evolução e resultados. Parceria na história do IPÊ – com órgãos públicos, universidades, terceiro setor e com a iniciativa privada – é uma questão central para o ganho de escala com resultados que beneficiam a todos, afinal, compartilhamos com a biodiversidade um só planeta.
Com a iniciativa privada, contamos com cerca de 20 parcerias. Em 18 anos, lançamos junto com as Havaianas 17 coleções de adulto e 04 voltadas ao público infantil que valorizam a biodiversidade brasileira. Até o momento, 57 espécies da fauna brasileira foram retratadas. Iniciativas como essa reforçam nossas ações e levam a mensagem de como é estratégico conservar a nossa biodiversidade para um público cada vez mais amplo.
Nossa trajetória e os próximos passos
Como forma de contribuir com o ganho de escala de ações na área da sustentabilidade no Brasil e no exterior, o IPÊ criou a ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade com cursos curtos, de pós-graduação e mestrado profissional (conceito 4, CAPES, 4-5). Foi a primeira ONG a ter um Mestrado na área de conservação da biodiversidade, em 2008. Mais de 7.000 profissionais já se formaram nos cursos da ESCAS.
Os 50 prêmios entre nacionais e internacionais conquistados pelos pesquisadores e pelo instituto – entre eles Whitley Gold Award (2020, 2015, 2008), Empreendedor Social Folha SP e Schwab Foundation (2009), UBS Visionaris Global (2019), Prêmio Ford (2009) Melhores ONGs para se Doar (2017) – reforçam que estamos no caminho.
Próximos passos
Diante dos resultados obtidos até o momento ampliamos nossa meta, confira os resultados que esperamos atingir em 5 anos: 20 mil pessoas diretamente beneficiadas/ano, alcançar os 9 mil profissionais capacitados pela ESCAS, beneficiar 380 famílias/ano, formar 300 mestres.
Nossos grandes objetivos são também tirar todas as espécies com as quais atuamos diretamente da lista vermelha de ameaçadas de extinção ou melhorar a sua classificação nessa lista. Além disso, em 30 anos, queremos alcançar a marca de 150 milhões de árvores plantadas.
Restauração de florestas, proteção de cursos d’água, conservação de espécies e desenvolvimento sustentável são todas medidas que somam esforços no combate às mudanças climáticas e contribuem com o equilíbrio do planeta; o que ficou ainda mais evidente no contexto da pandemia de Covid-19.
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Planeta Lolla coloca sustentabilidade em foco no Lollapalooza Brasil
Além do espaço que foca na sustentabilidade, festival terá Rock and Recycle by Braskem explicando a importância do descarte correto
O Lollapalooza Brasil se preocupa em montar um line-up para ninguém botar defeitos. Assim como a música é pensada nos mínimos detalhes, as ações de sustentabilidade também fazem parte da programação do festival. Com isso, o evento volta a montar o Planeta Lolla, área destinada a organizações empenhadas em causas sociais e ambientais, levando para dentro do Lolla BR ações engajadoras. Nos dias 25, 26 e 27 de março, todos os presentes no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, terão a oportunidade de conhecer as causas de organizações como ACTC – Casa do Coração, AMPARA Animal, CABELEGRIA, Greenpeace, Instituto PROA e TETO.
Outra frente que soma a sustentabilidade do festival é a Braskem, que será responsável pela conscientização sobre a importância do descarte correto e da reciclagem durante o festival. Ao se dirigir aos estandes do Rock and Recycle by Braskem para entregar os seus resíduos plásticos, o público poderá acumular pontos e trocar itens descartados por brindes na Rock and Recycle Store. São brindes relacionados à música, como fones de ouvido, palhetas de guitarra e discos de vinil, além de itens como viseiras, capas de chuva e até pares de ingressos para os dias restantes do evento. A expectativa da Braskem é coletar um montante superior às 46 toneladas de resíduos coletadas em 2019, quando foi realizada a última edição do festival. Iniciativas como as do Lollapalooza Brasil reforçam os esforços da Braskem pela sustentabilidade e a economia circular.
Durante os três dias de Lollapalooza Brasil, o público poderá saber no Planeta Lolla mais sobre a ACTC – Casa do Coração, que atende crianças e adolescentes que apresentam quadro clínico de cardiopatia grave, oferecendo hospedagem, alimentação e atendimento interdisciplinar para pacientes não residentes na cidade de São Paulo, beneficiárias do Sistema Único de Saúde, em tratamento nos principais centros médicos que atendem casos de alta complexidade.
Outra parceira presente será a AMPARA, que é a maior organização de proteção animal do Brasil e tem a missão de transformar a sociedade através de ações preventivas focadas em educação, controle populacional e adoção de cães e gatos. Combater as mais variadas formas de violência contra a fauna, com foco em conservação ao reabilitar espécies silvestres para que possam ser devolvidas à natureza e também oferecer bem-estar aos animais condenados ao cativeiro.
Com o objetivo de criar oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional para jovens de baixa renda de escolas públicas, ajudando-os a se tornarem protagonistas de suas próprias histórias e ingressarem no mercado de trabalho, o Instituto PROA apresentará os seus principais projetos durante o Lolla BR.
Uma das organizações mais conhecidas, o Greenpeace também estará no festival explicando como atua na defesa do meio ambiente de maneira independente, promovendo conhecimento, conscientização pública, mobilização social e articulação política na área socioambiental.
A TETO também trabalha pela construção de um país justo e sem pobreza. A associação mobiliza voluntários para atuar lado a lado de moradoras e moradores em comunidades precárias de diferentes Estados. Juntos, constroem soluções concretas e emergenciais que proporcionam melhorias nas condições de moradia e habitat destes territórios.
Quem completa o Planeta Lolla é a CABELEGRIA, ONG que arrecada cabelos, confecciona e distribui perucas para pacientes com câncer via Correios e por meio de Bancos de Perucas (itinerante e fixos).
Importante ressaltar que a segurança dos fãs, dos artistas e do staff é a principal prioridade do Lollapalooza Brasil, por isso o festival tem uma equipe 100% dedicada em estabelecer os cuidados e em colocar em prática os protocolos necessários. Já é sabido que para acessar o Lollapalooza Brasil, o público precisará apresentar o comprovante de vacinação (físico ou virtual) com, no mínimo, duas doses da vacina contra a Covid-19. Também será recomendado o uso de máscara no Autódromo de Interlagos. O Lollapalooza Brasil está em contato constante com os órgãos oficiais de saúde e de segurança pública e seguirá as recomendações vigentes no momento de sua realização.
Produzido por Perry Farrell, William Morris Endeavor Entertainment (WME), TIME FOR FUN e C3 Presents, o Lollapalooza Brasil conta com patrocínio master da Budweiser, Chevrolet Onix, adidas, DORITOS® e Vivo, patrocínio de Coca-Cola, McDonald’s, apoio de Tanqueray, Johnnie Walker, NewOn, Sadia, Samsung, Braskem e SPTuris. O Instagram é o social media partner e os serviços médicos são fornecidos pelo Hospital Sancta Maggiore. Globo, Multishow, 89 FM – A Rádio Rock, Rádio Mix – 106.3 e Rádio Mix RJ são media partners.
Confira a programação completa do Lollapalooza Brasil 2022:
25 de março, sexta-feira
The Strokes, Doja Cat, Machine Gun Kelly, Alan Walker, Chris Lake, Jack Harlow, Marina, LP, Turnstile, Caribou, The Wombats, Pabllo Vittar, Ashnikko, Matuê, 070 Shake, Jetlag, VINNE, jxdn, Beowülf, Detonautas, Edgar, Meca, Barja
26 de março, sábado
Miley Cyrus, A$AP Rocky, A Day To Remember, Alok, Alexisonfire, Alessia Cara, Deorro, Emicida, Two Feet, Remi Wolf, Silva, Jão, Boombox Cartel, Chemical Surf, Terno Rei, DJ Marky, Victor Lou, Clarice Falcão, Jup do Bairro, MC Tha, Lamparina, Ashibah, Fatnotronic, WC no Beat and Kevin o Chris + Haikaiss + PK + Felp 22 + MC TH + Hyperanhas
27 de março, domingo
Foo Fighters, Martin Garrix, Alesso, The Libertines, Black Pumas, Kaytranada, IDLES, Kehlani, Goldfish, Gloria Groove, Djonga, Cat Dealers, Rashid, Fresno, Marina Sena, Planta & Raiz, Lagum, Evokings, Aliados, Fancy Inc, MALIFOO, menores atos, FractaLL x Rocksted
Lollapalooza Brasil
Dias 25, 26 e 27 de março de 2022
Local: Autódromo de Interlagos, Av. Sen. Teotônio Vilela, 261 – Interlagos, São Paulo
Informações: https://www.lollapaloozabr.com/
Siga nas redes: @lollapaloozabr
Sobre o Lollapalooza Brasil
O Lollapalooza coleciona grandes feitos e inovações que marcam a maneira como o entretenimento ao vivo é feito mundo afora. Com a chegada do festival no Brasil, em 2012, ele revolucionou (e renovou) esse setor por aqui e não demorou muito para que se tornasse um dos mais relevantes da América Latina. Em constante evolução e aprimoramento da experiência, o Lollapalooza Brasil passou a ser realizado no Autódromo de Interlagos (São Paulo), em uma área de 600 mil metros quadrados, em 2014, mesmo ano em que passou a ser um evento neutro em carbono. A neutralização das emissões foi feita a partir da alocação definitiva de créditos de carbono originados em um projeto ambiental certificado pela ONU. Com apresentações divididas entre quatro palcos simultâneos, o Lolla passou a ter três dias de festival em 2018, quando bateu um público recorde, gerando um impacto de mais de R$ 152 milhões na economia da cidade de São Paulo, com gastos em hospedagem, alimentação, transporte e lazer, de acordo com levantamento inédito da Prefeitura. Em 2019, o evento reuniu mais de 246 mil pessoas no Autódromo de Interlagos e mais de 4,5 milhões de pessoas acompanharam as 67 atrações pela televisão. Agora, em um momento de retomada do setor de entretenimento, o festival prepara um reencontro com o seu público com uma edição à altura da saudade que todos estão dos shows presenciais.
Sobre o Lollapalooza
Criado por Perry Farrell, em 1991, como um festival itinerante, o Lollapalooza continua a ser inovador na cena dos festivais após 25 anos desde sua criação. Ao longo da sua história ele foi o “primeiro” em muitas ocasiões: foi o primeiro a reunir artistas de vários gêneros no mesmo evento; a viajar; se estender para vários dias; a ter um segundo palco; a ter um segundo dia; a misturar arte e ativismo; a compensar suas emissões de gás carbônico; a colocar artistas de música eletrônica no palco principal; a criar uma programação familiar; a se instalar em um centro urbano; a se expandir internacionalmente. Ao se estabelecer em Chicago, virou um renomado festival e exportou a sua excelência para outros países, como Chile, Brasil, Argentina, Alemanha, França e Suécia, tornando-se um dos principais destinos para amantes de música nos Estados Unidos e no exterior. Para comemorar o seu 25º aniversário, o Lollapalooza Chicago se estendeu para 4 dias, em 2016, com mais de 170 artistas se apresentando em 8 palcos.
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sábado, 26 de março de 2022
Como a permacultura pode ser aplicado em uma escola
Por Renata G. Ferreira –
A história começa com Maria Claúdia, coordenadora, e Flávia Rodrigues, diretora da EMEI Capitão Alberto Mendes Júnior. Juntas, elas iniciaram um trabalho de encantamento e acolhimento na escola, através do alinhamento dos profissionais, crianças e famílias.
Mas algo a mais precisava ser feito. O lado externo da escola não representava toda a transformação humana que elas buscavam. Uma área em particular gerava incômodo: um pedaço de terra dura, que só produzia bagunça e muita lama quando chovia. Um espaço que estava ali, parado e sem vida.
Em busca de uma solução, elas procuraram especialistas e ouviam sempre: “coloque cimento!”. Entendendo a necessidade de trazer mais vida para o espaço, tentaram fazer uma horta tradicional que não teve um bom resultado, e o desconforto continuava. Até que depois de tanto buscarem elas encontraram a permacultura.
Foi por iniciativa da Maria Claúdia e da Flávia Rodrigues que profissionais de permacultura começaram a visitar o espaço. Casando perfeitamente com o que elas buscavam, uma relação de harmonia, com o benefício de trazer soluções práticas, que podiam ser implementadas ali.
Muito além do espaço físico
Quando falamos de permacultura, estamos olhando para as relações humanas e não humanas. Portanto, o intuito não é apenas encontrar fórmulas prontas para resolver problemas. A base de tudo é partir do questionamento: porque estamos fazendo isso? Como pode ser melhorado?
Os problemas na vida escolar tradicional
Maria Claudia compartilhou que as pessoas acreditam que o trabalho com sustentabilidade é plantar e coletar o lixo corretamente, porém, vai muito além disso. Entendendo esse aspecto amplo, que envolve relações humanas da sustentabilidade, elas encontraram alguns pontos de estresse na escola que deveriam ser trabalhados:
Relação tóxica com as crianças – baseada no adultocentrismo, repleta de julgamentos.
Alimentação – uma dinâmica não saudável tanto pelo tempo para comer, quanto pela escolha dos alimentos, que tem como principal oferta os ultraprocessados.
Consumo desenfreado – sem reflexão, influenciado pela mídia (o desejo de consumir marcas), usando datas comemorativas descartando a diversidade étnica. Tudo isso refletindo também na geração de resíduos.
É importante lembrar que esse não é um problema apenas daquela EMEI, nem sequer somente das EMEI ou da educação pública em geral. Nossa educação tradicional ainda se depara com esses problemas quase como via de regra.
A educação infantil muitas vezes está pautada – mesmo que inconscientemente – na extrema obediência. As crianças estão ali para serem moldadas para o mundo adulto de consumo, sendo, desde cedo, reféns de uma indústria lucrativa de alimentos e produtos.
As soluções que a permacultura pode trazer para a escola
Quando falamos de aplicação da permacultura no âmbito escolar, é possível trabalhar muito além do espaço físico. Como vimos acima, existiam muitos nós na escola que precisam ser desatados, sem isso de nada adianta ter ações pontuais, como a coleta seletiva ou ter uma horta, porque acabamos esbarrando na cultura do local.
Por isso, uma das primeiras iniciativas da Maria Cláudia e da Flávia, foi começar a trabalhar a cultura escolar com os pais e colaboradores da escola. Os eventos que acontecem ali são uma maneira de exemplificar o que está sendo feito no ambiente de forma geral.
Veja como acontece as festas colaborativas e sem lixo na escola:
Relação de respeito com as crianças – ali a criança é responsável por ajudar a montar e desmontar a festa, mas ela não faz isso sozinha, todos os adultos (pais e colaboradores) estão fazendo a sua parte.
Alimentação saudável e afetiva – nenhum alimento que entra na escola pode ser prejudicial para a criança. Nas festas não há salgadinho, doce ou refrigerante. As comidas são feitas de forma colaborativa, cada mãe leva um prato, sendo assim, todos podem se servir do que quiserem, sem precisar comprar nada com fichas na escola.
Muito além do consumo – não existem prendas nas festas, incentivando a brincadeira apenas pelo prazer de brincar.
Escola sem lixo – as festinhas que recebem mais de 1.000 pessoas não geram nenhum descartável. Todos levam suas canecas e o que for necessário para comer, caso alguém não tenha levado, a escola empresta. Cada pessoa higieniza o que usou.
Colaboração – a ideia é que ninguém saia de uma festa sentindo-se extremamente cansado, por isso, tudo é construído coletivamente, distribuindo tarefas e possibilitando a autonomia.
As professoras garantem que as crianças e a família se divertem na festa. A coordenadora Maria Claúdia ainda destaca que é importante nos questionarmos de onde vem a ideia de que festa é apenas com doce e presente. Na volta para o simples abre-se o espaço para relações mais equilibradas e profundas.
Todas essas ações não ficam limitadas apenas a um dia, elas são o reflexo de toda a mudança que foi feita na rotina da escola: comida mais saudável, menos lixo, colaboração.
Os desafios da mudança
A mudança realmente não é simples, ela mexe em crenças profundas que às vezes carregamos por toda a vida, coisas que são parte de nós e nos fazem sentir que temos uma identidade.
Na EMEI Capitão Alberto Mendes Júnior um dos maiores desafios é com o engajamento das professoras. O currículo de uma EMEI já é pautado em vários métodos de ensino modernos e afetuosos, mas que muitas vezes não é realizado por falta de preparo da equipe.
Isso é algo normal e esperado, já que a formação de professores, em grande parte, ainda é feita pelos métodos tradicionais. Mesmo que exista um incômodo com esse formato pelos profissionais, mudar nem sempre é fácil.
Por outro lado, para essa escola em particular, o trato com os pais foi muito mais fácil. Apresentar soluções práticas, simples e baratas, faz com que exista um engajamento maior destes.
Para esses desafios a escola usou como base organizações e profissionais que estão na vanguarda do estudo sobre a infância e a pedagogia. Para além da permacultura, o Instituto Alana, Cidade Escola Ayni, a educadora Ana Paula Zatta, e métodos como a sociocracia, Dragon Dreaming, mediação de conflito, Comunicação Não Violenta (CNV), foram algumas das principais fontes de inspiração e apoio nessa transição.
Trazer as informações de forma simples, atrelada com as práticas do dia a dia facilita muito nesse processo. É também essencial a escuta e o acolhimento, onde surgirão soluções realmente viáveis para aquele ambiente e pessoas, o que cria bases sólidas para a mudança.
Como crescer com os conflitos
Um dos principais passos para trazer uma cultura regenerativa e positiva para a escola foi olhar para os conflitos. Lembra do exemplo que dei da caixa de problemas? Maria Cláudia e Flávia abriram o livro de reclamação da escola e durante dois anos ficaram estudando as queixas que estavam ali.
Elas aprenderam que não adiantava buscar soluções fora, que todas as questões e problemas partiam de dentro da escola. Com essa abertura e observação intencional a escola foi aprendendo com os conflitos como tomar rotas diferentes, chegando a soluções coletivas.
As crianças também estão incluídas nessa dinâmica. É extremamente importante considerá-las como participantes da rotina escolar. Então, tudo o que acontece na escola está aberto para elas, como as reformas que são feitas no período de aula, mães voluntárias que costuram em espaço coletivo e liberdade para entrar em todos os espaços seguros e ouvir todas as conversas dos adultos.
Os conflitos, se forem vistos de maneira formativa, são um ótimo modo de sabermos onde precisamos começar as transformações.
Profissionais de permacultura precisam se profissionalizar
A coordenadora e diretora da escola revelam uma percepção que é importante para quem é profissional da permacultura. Muita mão de obra não podia ser contratada pela falta de CNPJ, emissão de Nota Fiscal e forma de pagamento. É essencial que as pessoas interessadas nessa área comecem a se regularizar, a fim de chegar em mais lugares com uma metodologia tão importante.
Outro ponto interessante é destacar que, apesar de ser um projeto lindo e que traz transformações positivas, não é livre de problemas. Discussão entre equipes, discordância de que caminhos devem ser tomados e outros conflitos surgiram na EMEI Capitão Alberto Mendes Júnior e poderão surgir em qualquer escola.
Alinhe bem os objetivos, levando em consideração as necessidades e realidade da escola. O importante não é que tudo saia perfeito, mas que possamos crescer e evoluir em todo esse processo. Se puder ser de uma forma leve, melhor ainda!
Transformando a estrutura escolar com base na permacultura
Depois de decidirem chamar profissionais da permacultura para a escola, não só a horta foi modificada, como vários espaços ganharam novas estruturas para um fluxo mais livre e ordenado das crianças.
O que foi feito na estrutura externa:
Captação de água.
Composteira onde as próprias crianças podem colocar os resíduos.
Anfiteatro feito com pneus e acabamento de barro.
Quiosque com telhado de palha.
Ambiente para a fogueira – que as crianças adoram.
Estrutura de barro e tinta natural no parquinho para brincar.
Quiosque com telhado verde e captação de água.
Área verde com plantas, telhas de barro e corrimão de bambu, que ajudam a delimitar o espaço, cuidando da segurança da criança e mantendo uma boa circulação.
O que foi feito na sala de aula com base na permacultura e disciplina positiva:
Maior uso de brinquedos de madeira e elementos naturais.
Saída da tradicional lousa.
Saída de grande parte das mesas e cadeiras, deixando mais espaço livre.
Salas que são divididas em ambientes, facilitando a livre escolha, a brincadeira e a construção de narrativa.
Colocação de piso de madeira para as crianças brincarem mais no chão.
Divisão de grupos para ir até o refeitório. Cada sala libera um pequeno grupo de uma vez, fazendo com que crianças de sala diferentes possam interagir.
Como reflete nas crianças:
Elas estão mais participativas e responsáveis pelos cuidados na escola.
São guardiãs do jardim e regam as plantas.
Estabeleceram uma relação de respeito com os animais, protegendo-os.
Circulam de forma mais organizada, ao mesmo tempo que estão mais livres e têm mais elementos para brincar.
Estão mais investigativos com a Natureza, tornando o intervalo um momento de aprendizado.
Fazem feira de troca de brinquedos, ajudando na capacidade de negociação e cooperação
A EMEI Capitão Alberto Mendes Júnior, que hoje recebe 600 crianças divididas em dois turnos (crianças de 4 e 5 anos), sonha que um dia possam estar mais abertos para as visitações e para semear sementinhas em outras escolas.
Uma coisa que me deixou um profundo ensinamento foi quando Maria Cláudia se referiu às crianças, dizendo que quer ensinar que elas têm a escolha e a liberdade, mas também a responsabilidade consigo mesma e com o outro.
Que possamos tomar este ensinamento para nós e sermos mais responsáveis e positivos neste mundo!
#Envolverde
Razer celebra 1 milhão de árvores salvas e anuncia nova meta de proteção florestal
Com objetivo inicial alcançado, Razer amplia seus esforços de sustentabilidade para proteger dez milhões de árvores em parceria com a Conservation International
A Razer, marca líder mundial em estilo de vida para gamers, comemora o objetivo alcançado de um milhão de árvores protegidas, um marco estabelecido como parte de uma campanha de sustentabilidade realizada em parceria com a ONG Conservation International. Para celebrar o feito, a Razer anuncia o lançamento do aguardado moletom do mascote Sneki Snek e revela uma meta ainda mais ambiciosa, a de salvar dez milhões de árvores.
A parceria entre a Razer e a Conservation International faz parte do #GoGreenWithRazer, um plano de sustentabilidade de dez anos desenvolvido pela empresa com o intuito de preservar a natureza e proteger o meio ambiente. Junto com a comunidade de usuários Razer, as organizações vêm ajudando a conservar cerca de 1600 hectares de floresta, o que corresponde a aproximadamente três mil campos de futebol. A campanha tem sido impulsionada pelo sucesso do mascote de sustentabilidade da Razer, o Sneki Snek, que tem mobilizado os fãs da marca em prol da conservação das árvores. O personagem, que foi criado a partir de um esboço feito por um dos designers da Razer, já viralizou em inúmeros memes, virou tatuagens reais e até ganhou uma fanpage criada pela comunidade. Para cada produto Sneki Snek vendido, a Razer doa uma parte dos lucros para apoiar o trabalho da Conservation International pela proteção das florestas em todo o planeta.
“Não conseguiríamos alcançar este incrível resultado sem o apoio da nossa comunidade apaixonada”, diz Addie Tan, diretora associada de Desenvolvimento de Negócios da Razer. “Na verdade, nosso objetivo inicial era salvar 100.000 árvores, mas junto com os fãs da Razer atingimos esse objetivo em questão de semanas e então percebemos que, juntos, poderíamos realizar muito mais. Agora que ajudamos a salvar um milhão de árvores, estamos empolgados com o que está por vir e nos preparando para o próximo desafio: salvar dez vezes mais.”
Diante do novo desafio, a a Razer manterá a tradição de celebrar marcos importantes com o lançamento de produtos exclusivos do Sneki Snek, que chegarão para os fãs a cada 250 mil novas árvores salvas. Com parte dos lucros direcionados à Conservation International, o impacto ambiental previsto para a nova fase da campanha deve representar a conservação de mais de 16.000 hectares de floresta e a preservação de diversas espécies ameaçadas de extinção que dependem desse ecossistema para sobreviver.
“Proteger a natureza é uma das coisas mais importantes que podemos fazer para lidar com as mudanças climáticas e apoiar a biodiversidade”, disse Sarah Cragg, diretora de Marketing e Parcerias para a região da Ásia-Pacífico da Conservation International. “O esforço da Razer está ajudando a aumentar a conscientização sobre os desafios enfrentados pelo nosso planeta e dá para as pessoas uma oportunidade de agir. Estamos profundamente gratos pelo engajamento da comunidade e empolgados em levar esse desafio para o próximo nível.”
Como parte das iniciativas da campanha #GoGreenWithRazer, mais do que empoderar a comunidade, a Razer busca oferecer um caminho para os fãs fazerem a diferença e contribuirem com causas verdes, além de espalhar conhecimento. Ano passado, a Razer lançou uma série de desenhos animados do Sneki Snek justamente com o objetivo de ensinar a comunidade sobre os desafios ambientais que ameaçam nosso planeta e o que pode ser feito para ajudar. O primeiro episódio foi sobre Desmatamento e destacou a importância de se preservar o habitat de tantas espécies de animais.
Para mais informações sobre os esforços de sustentabilidade da Razer, clique aqui.
Para ajudar a Razer e a Conservation International a salvar árvores, clique aqui.
Sobre a Razer
A Razer é a marca líder mundial em estilo de vida para gamers e seu logotipo, uma cobra de três cabeças, é um dos mais reconhecidos símbolos entre a comunidade global de jogadores e profissionais de e-Sports. Com uma base de fãs presente em todos os continentes, a empresa projetou e construiu o maior ecossistema de hardware, software e serviços para gamers do mundo.
A premiada linha de produtos da Razer vai de periféricos gamer de alto desempenho (para PC e consoles) aos poderosos laptops Razer Blade. Já a plataforma de software da Razer, que tem mais de 150 milhões de usuários, inclui o Razer Synapse (um sistema gratuito para configuração de recursos de seus produtos), o Razer Chroma (tecnologia proprietária de retroiluminação RGB) e o Razer Cortex (software desenvolvido para melhorar o desempenho de games e que atua no centro de toda a experiência do jogador).
Entre os serviços oferecidos pela Razer está o Razer Gold, um dos principais créditos virtuais unificados do mundo para gamers, e a Razer Fintech, uma das maiores redes de pagamento digital no Sudeste Asiático. Fundada em 2005 com sedes em Irvine, (California) e Cingapura, além de sedes regionais em Hamburgo e Shangai, a Razer tem 18 escritórios em todo o mundo e é reconhecida como a marca líder para jogadores nos EUA, Europa e China. A Razer está listada na bolsa de valores de Hong Kong.
#Envolverde
Peça de teatro provoca discussão sobre meio ambiente em escolas de MG
Com organização da Cia. Candongas, o “Circuito Copasa de Meio Ambiente” circulará com a fábula infantil por escolas públicas mineiras em dois turnos a partir da próxima segunda-feira, começando por Timóteo, no Vale do Aço
Na próxima segunda-feira (28), o espetáculo “O Monstro do Lixo”, organizado e produzido pela Cia. Candongas e patrocinado pela Copasa, circulará por sete cidades mineiras e visitará nove escolas públicas, municipais e estaduais, do Vale do Aço e Região Sudoeste. Serão 18 apresentações ao todo, começando por Timóteo e passando também por Coronel Fabriciano, Caratinga, Guaranésia, São Sebastião do Paraíso, Itaú de Minas e Cássia.
Com o intuito de alcançar o maior número de crianças possível, a fábula infantojuvenil será apresentada duas vezes em cada instituição, contemplando os turnos da manhã e da tarde.
“’O Monstro do Lixo’ foi inspirado em festas e folguedos populares de Minas Gerais e com linguagem poética, ludicidade e músicas animadas, o espetáculo propõe uma reflexão sobre a forma que cuidamos do nosso meio ambiente, tratamos o nosso lixo e nos preocupamos com a manutenção da vida em nosso planeta. O foco é o consumo e a produção desenfreada de rejeitos”, afirma a organização do espetáculo.
Na história, Guarda Mor e Bastião são marujos que narram o sofrimento da Mãe Terra quando as matas são devastadas, os bichos fogem e os rios morrem. A Mãe Terra alerta que todo o seu sofrimento vem dos rejeitos do Monstro do Lixo — grande serpente inspirada em dragões chineses e confeccionada com materiais reciclados. À medida que a narrativa se desenvolve, os marujos percebem que o Monstro não é o causador do sofrimento da Mãe Terra. Os grandes vilões da história são a compra e a produção desordenada, o desperdício e falta de reciclagem e reutilização do lixo.
“O Monstro do Lixo” tem direção e dramaturgia de Guilherme Théo e produção de Juliana Ribas. O elenco é composto por Cláudia Henrique, Guilherme Théo e Gustavo Bartolozzi. Ainda, todos os adereços e figurinos, bem como os instrumentos musicais utilizados na peça são confeccionados com materiais reciclados e/ou reutilizados e são assinados pelo artista plástico, Adriano Borges da Cruz.
A turnê “O monstro do lixo” conta com o patrocínio da Copasa, que abraçou a causa por meio dos projetos e processos de educação ambiental da empresa, seguindo sua premissa de sensibilizar e conscientizar as pessoas a respeito da importância da água para a vida. “Buscamos sistematicamente contribuir para a formação de cidadãos aptos à ação proativa, bem como a identificação e solução de problemas socioambientais do cotidiano.”
“Justamente por isso, e acreditar em trazer o que há de melhor, nós, por meio de projetos, procuramos estar sempre atentos e preparados, seja cuidando da água ou estimulando e patrocinando a cultura e a identidade da alma mineira. Assim, é com grande alegria e orgulho que patrocinamos, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, o projeto Cia Candongas e mais essa turnê incrível”, afirma a Copasa.
Confira a programação completa:
Circuito Vale do Aço:
Timóteo (28 e 29 de março)
Escola Municipal Maria Aparecida Martins Prado, localizada na avenida Pinheiro, 2001 — Alphaville, e Escola Municipal de Timóteo, localizada na rua Rio São Francisco, 140 — Alvorada.
Coronel Fabriciano (30 e 31 de março):
Escola Municipal Maria das Graças Ferreira, localizada na rua Áustria, 692 – Corrego Alto, e Escola Municipal Otávio Cupertino dos Reis, localizada na rua Padre Camilo Didone, Bairro – Jardim Primavera
Caratinga (1 de abril):
Ginásio Dário da Anunciação Grossi, localizado na avenida Moacyr de Matos, 49 — Centro
Circuito Sudoeste de Minas:
Guaranésia (25 de abril):
Escola Municipal Olavo Vilas Boas, localizada na rua Bartolomeu Lauria, 60.
São Sebastião do Paraíso (26 de abril):
Escola Municipal Ibrantina Amaral, localizada na rua Antônio Ananias, 690.
Itaú de Minas (27 de abril):
Escola Municipal Monsenhor Ernesto Cavicchioli, localizada na rua José Taliberti Sobrinho, 401.
Cássia (28 de abril):
Escola Municipal Allan Kardec, localizada na rua Silene Farah, 22.
A ação será realizada no âmbito da Lei Federal de Incentivo à Cultura celebrado entre a Companhia Candongas e Outras Firulas e a União, por intermédio do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e Secretaria da Economia Criativa. Além disso, conta com o patrocínio do Governo Federal e da Copasa e o apoio do Governo de Minas Gerais, Pessoa Comunicação, Café Pingado e Lab Front.
Serviço:
Turnê “O Monstro do Lixo”
Local: Timóteo, Coronel Fabriciano, Caratinga, Guaranésia, São Sebastião, Itaú de Minas e Cássia
Data: De 28 de março a 28 de abril
Organização: Cia. Candongas
Patrocínio: Copasa
#Envolverde
Entenda os motivos das mulheres serem tão impactadas pela emergência climática
Por Tatiane Matheus (*) para o ClimaInfo –
As consequências da emergência climática refletem, entre muitos exemplos, em uma maior incidência de pandemias, enchentes, deslizamentos, furacões, enfim, eventos extremos da natureza. As mulheres estão entre os grupos mais vulneráveis à crise climática em diferentes aspectos. Também são as responsáveis pelas tarefas de reprodução e de cuidados da vida. Deixando claro que isso não tem a ver com gênero, mas sim com a estrutura da nossa sociedade.
Diante disso, os mais excluídos são mais vulneráveis e tudo isso reflete em quem está nesse trabalho de cuidado. Ou seja, as mulheres. Aproximadamente 80% das pessoas deslocadas pelas mudanças climáticas são mulheres, de acordo com o relatório Women in Finance Climate Action Group. As consequências podem ser devastadoras como ao que foi recentemente divulgado no ClimaInfo que, em comunidades agrícolas no Zimbábue, jovens mulheres e crianças estão entrando na prostituição depois que secas e enchentes destruíram suas plantações e sua subsistência. Não precisamos ir tão longe, vimos durante a pandemia mulheres, de todas as classes sociais, largando seu trabalho para cuidar dos filhos e idosos da família – refletindo a economia de cuidado (trabalho, majoritariamente feito por mulheres, de dedicação à sobrevivência, ao bem-estar e/ou à educação de pessoas).
Diante destes e de muitos outros exemplos, enxergar e querer trazer soluções sem levar essa desigualdade em conta é somente tratar o tema sem a seriedade que merece para trazer soluções, de fato, efetivas. Raça, etnia, classe social, região, religião, por exemplo, podem fazer com que esses impactos da emergência climática sejam vivenciados de formas e intensidades distintas (e até mais intensas) pelas mulheres. Na verdade, estamos falando de todas as mulheres, mas que por outros fatores têm percepções e sofrem desses impactos de maneiras e intensidades diferentes.
O machismo estrutural tira mulheres até mesmo dos empregos considerados verdes. Por exemplo, segundo a Agência Internacional para as Energias Renováveis, Irena, as mulheres ocupam apenas 32% dos empregos relacionados às energias renováveis no mundo. No Brasil, as mulheres também são a minoria. Entretanto, também falta paridade de gênero nas esferas de decisão.
Ao refletirmos sobre e sob o olhar de gênero e clima é fundamental acrescentar a esta análise o como o racismo institucional, estrutural e ambiental influenciam as decisões sobre licenças ambientais, as leis de proteção ambiental e até mesmo as permissões de uso da terra. No Brasil, ainda existem os reflexos e as consequências — na estrutura da nossa sociedade — da cultura escravocrata do período do Brasil colônia. O racismo ambiental também deve ser levado em conta na análise de gênero e clima. Como explica a filósofa e antropóloga brasileira Lélia Gonzalez, o lugar em que nos situamos determinará nossa interpretação sobre o duplo fenômeno do racismo e do sexismo.
O levantamento feito pelo Fórum de Mulheres para Economia e Sociedade (WFES) apontou que três em cada quatro mulheres adotaram um novo comportamento para preservar o meio ambiente. Este protagonismo em ações regenerativas da terra está também da forma a qual nossa sociedade está estruturada. E ainda reforça a ideia de que as mulheres na nossa sociedade são as responsáveis pelo trabalho de cuidado também e não remunerado (ou muito pouco), tanto quanto elas são as mais atingidas por estarem desempenhando essas tarefas.
Há várias ações que devem ser adotadas. Desde aumentar a participação das mulheres nas esferas de decisão relacionadas às ações que serão implementadas para combater à emergência climática, políticas públicas que levem as questões de gênero e as suas interseccionalidades para aí sim trazer essa equidade; pensar no âmbito econômico; levar em conta esses impactos desiguais nas ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
*Tatiane Matheus é jornalista e pesquisadora no Instituto ClimaInfo
#Envolverde
Mulher não dorme, cochila
Por Liliana Peixinho * –
Estatísticas, fatos, registros sobre desrespeito, violência, exploração, negação de direitos à mulher, são diários, constantes e históricos.
Firme, forte, sem desistir do seu papel agregador, a mulher segue na luta, em atuação permanente em todas as áreas da vida: na Academia, na ciência, na política, no esporte, nas artes, na pesquisa avançada, no intercâmbio entre países, nas residências, na agricultura, no artesanato, na moda, na culinária, nos cuidados e afetos.
Protagonismos x Retrocessos
A força interna da mulher canaliza energias que passam pelo cérebro, na razão do cuidado; vai para os músculos, na emergência em fazer tarefas, enfrentar desafios; e persiste, insiste, diante das necessidades do cuidar, proteger, realizar. E superar-se, a cada novo desafio.
Performances que, às vezes, no drible ao tempo, deixam marcas, cicatrizes expostas, dores, sofrimento, perdas irrecuperáveis.
Seja no céu, no mar ou na terra, a mulher, historicamente, mostra sua coragem e força em compromisso coletivo para o Bem-viver. São diversas as lutas históricas em desafios constantes.
Mães sem renda, com renca de filhos, pais desempregados, sem moradias decentes, amontoados uns sobre outros, exploração no trabalho, violências diversas, Brasil e mundo afora, nos chamam a atenção, diária e historicamente.
Que futuro pode ter a humanidade em cenários tão perversos?
Mães que se veem sem alternativas e saem ao raiar do sol de suas moradias, madrugadas insones, em via crucis de baldeação de transportes coletivos, para chegar até outro bairro, em residência alheia, para cuidar dos filhos de outras mães em troca de salário mínimo – remuneração insuficiente até para a mínima dignidade, como a garantia de uma alimentação saudável.
É foco das minhas pautas, como jornalista independente, no Movimento AMA- Amigos do Meio Ambiente e outros coletivos em que atuo, há mais de 20 anos, observar, retratar e compartilhar histórias de vida de mulheres/mães em seus entornos sociais. Dessas e outras experiências em Imersões Comunitárias escrevo o livro: “A 25a Hora”.
Entraves Sociais
Ao longo da pandemia Covid-19, até mesmo para receber o “Auxílio Emergencial” do governo, a luta é árdua. A burocracia, o descaso, o faz de conta dificultam o acesso aos sistemas de benefícios sociais lentos, ineficientes, perversos. Nesse cenário, as crianças ficam desprotegidas desde o início da vida: no aleitamento materno, na vacinação, nos afetos, na alfabetização, nas relações familiares e outras garantias educativas que sustentam histórias de vida, sem as garantias das retaguardas sociais.
Nos anos 1990, acompanhei os trabalhos de coletivos sociais Brasil afora na mudança do obsoleto Código de Menores para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A lei trazia como proposta o compromisso de garantir e avançar em direitos que sacudiriam o tripé: Família/Sociedade/Estado em suas responsabilidades conjuntas no cumprimento do dever de educar em ambientes integrados.
Os esforços foram diversos e continuam. Se olharmos com cuidado ao nosso redor, veremos o quanto estamos distantes da mínima garantia para a dignidade da vida.
Múltiplas Labutas
Dessa interação com diversas mulheres, na labuta diária, entre os seus múltiplos papéis –afazeres domésticos, cuidado com a família, trabalho fora de casa, plantões solidários de vidas – retratei em várias matérias a rotina de mulheres que não dormem, apenas cochilam no seu cotidiano de dias curtos e noites longas.
A mídia, movimentos sociais, coletivos diversos, reforçam o proativismo feminino em seus múltiplos papéis. O reconhecimento desse perfil da mulher, apesar de visível, não tem correspondência aos esforços históricos de lutas nas diversas frentes. A mulher não precisa mais dar provas de sua capacidade para encarar, realizar desafios. A proporção entre o tempo histórico para fortalecer e elevar esse perfil, e a garantia de estruturas sociais dignas do esforço, são injustas, não suprem as reais necessidades cotidianas. Chega a ser abusiva, exploradora.
Tempo para Si
Mas, a mulher, depois de tanta luta, estaria a pedir um tempo para si mesma?
O protagonismo feminino precisa ser traduzido em direitos, que continuam sendo negados. A desvalorização da mão de obra, do suor, da entrega ao trabalho, em todas suas múltiplas jornadas, tem elevado os níveis de dores ao insuportável.
O que ainda se vê é a submissão de mulheres, que se veem acuadas diante de provedores materiais. É uma escravidão, em agenda pesada na qual ela até tenta amenizar, mas, sem opções para priorizar-se, colocar-se no topo, antes de qualquer outra atividade. Antes dela, existem outros: a família, o patrão, os colegas de trabalho, a mãe, o pai, o neto, o sobrinho, a amiga, num ritmo de atenção e cuidados sem fim. A 25a hora é acionada, com frequência, em dias onde 24 horas não têm sido suficientes para tanta sobrecarga de atividades.
Ouço e leio por aí que a mulher moderna é aquela que se permite ser um pouco relapsa. Relapsa? Que luxo poderia ser! Mas não pode, ou ela não se permite. Precisa estar bela, e até escrava de alguns comportamentos, para atender padrões estéticos externos. O consolo é ver movimentos libertários dos padrões do culto à beleza, por meio da valorização do todo, onde a estética é apenas um detalhe dentre muitos outros aspectos importantes no cuidado integral à vida.
Em trabalho de Imersões Jornalísticas Comunitárias, Sertão adentro Brasil afora, observo por que mulheres não se permitem ser relapsas. Como se permitir, fazer de conta que não vê, sente, ouve, o que estão a necessitar filhos e filhos à sua frente?
Como deixar de lado famílias inteiras, numerosas, para educar, dar de comer, vestir, cuidar, promover a saúde, em ambientes de muita carência?
Como ser “relapsa” com determinadas demandas para pensar em si, vendo o companheiro desempregado, a despensa vazia, os filhos puxando a barra da saia, chorando de dor, de fome?
Drible no Tempo
A mulher, com essa natureza de resistir, alimenta forças invisíveis para se levantar e seguir nos desafios.
O que vejo são mulheres mãe solo, ou ao lado de maridos, filhos e parentes, lutando pela vida, aparentemente incansáveis.
Vejo mulheres que são mães, avós, filhas, netas, sobrinhas, esposas, em filas gigantes, em via crucis diárias para garantir direitos; vejo mulheres com pesos sobre a cabeça, andando quilômetros, em suor e cansaço; vejo mulheres com bacias cheias de roupas para lavar, esfregar, estender, pegar do varal, dobrar, guardar organizar; vejo mulheres sempre carregadas de peso nos ombros, nos quadris; vejo mulheres driblando a vida para amortecer dores. Mulheres, novas e idosas, sob o sol a pino à procura de feijão, farinha, frutas. Mulheres das roças, das cidades, das metrópoles.
Mulheres que criam, transformam, improvisam, inventam, tentam, conseguem e resistem às dores de perdas. Mulheres que tentam sair de perversos ciclos de negação de direitos.
E, nesse cenário, a realidade de trabalho da mulher nordestina, brasileira, africana, asiática e mundo afora, está a nos indignar em tanta desumanidade.
Depois de tanto correr, lutar, desafiar, se entregar inteira, na criação, cuidados com filhos e filhos, sobrinhos, netos, vizinhos, a guerreira, a que não pára, ainda não se permite dizer não.
Vôos Altos Pés no Chão
Aquelas que conseguiram ter acesso à informação de qualidade, que galgaram espaços de decisão em empresas, em instituições, na Ciência, na Política, no Esporte, na Cultura, não atuam em exclusividade. Estão, como outras, a desempenhar múltiplas funções, em sobrecargas de trabalho que estressam, adoecem, pela constante abnegação do seu tempo, a outrem.
Mulheres que carregam o peso de estar a encontrar tempo para promover o cuidado com a família e a carreira; em entrega ao acompanhamento da educação e afetos; mulheres que tentam driblar o tempo para a fundamental formação de valores que a família requer.
Parceria Harmonia
E quando observamos o comportamento de homens comprometidos, parceiros, lado a lado, desses desafios nas atividades domésticas, no trabalho externo, nas ruas, é tempo de alimentarmos a esperança de que a distribuição dos trabalhos independe de gênero, competência, tradição, e sim do compromisso e consciência coletiva das responsabilidades.
Legendas fotos:
01- Lucia Marisy Souza Ribeiro de Oliveira- Professora Dra-
Pro Reitora de Extensão da Univasf. Desenvolve diversos projetos ligados à Extensão Comunitária de valorização a Ecossistemas como Caatinga e Bacias do Rio São Francisco- Pernambuco e Bahia.
02- Luciana Chinaglia Quintão – Economista, fundadora e presidente da ONG Banco de Alimentos, há 23 anos na luta contra a fome e o desperdicio, em conceito transversal “Alimentar, Educar e Transformar”.
03- Alda Miller – Socióloga (pós graduada em economia e desenvolvimento sustentável), permacultora, especialista em questões de gênero, ex-candidata à prefeita de Porto Alegre, mãe, avó-cuidadora do neto, cidadã ativa, Ambientalista. Rio Grande do Sul
04- Karen Alejandra Calvo Díaz – Filóloga, pesquisadora mundo afora, professora, comunicadora, filha cuidadora da mãe. Costa Rica.
05- Iza Calbo -Jornalista, poeta, mãe, avó, amiga, cidadã, cuidadora do pai, equilibrista na vida. Salvador- Bahia
06- Dona Isaura- Anfitriã da histórica Greve de fome do bispo Dom Cappio, pela Revitalização do Rio São Francisco- Cabrobó -Pernambuco.( com Leticia Teixeira )
07- Edna Matos – jornalista e analista de sistemas. Pesquisadora em Tradução Literária, cultura escrita e humanidades digitais na Universidade de Salamanca- Espanha.
08-Marilene Brito Brito- Professora comunitária, artesã, bonequeirhla,
Criadora de bonecas terapêuticas ecológicas. Zona rural – Feira de Santana-Ba
09- Dona Iracema- 88 anos, artesã, cultivadora de plantas, mãe, viúva, bisavó, amiga, cidadã que não pára de se movimentar.
10- Julia- Agricultora familiar, mãe, esposa, avó, que levanta com o o raiar Sol na labuta diária. Bebedouro- Monte Santo- Bahia
11- Francineide Marques – advogada, Doutoranda em Difusão do Conhecimento, pesquisa em Filosofia África, mãe, avó, cidadã de luta por garantia de direitos! Salvador-BA
12- Elizabeth Oliveira -Jornalista, especializada em pautas socioambientais, mãe, cuidadora da mãe, cidadã de luta! Rio de Janeiro.
13- Gladys Barbosa – Assistente Administrativa, mãe, amiga, dona de casa, educadora, chefe de família. Cidadã lutadora desde a adolescência!
14- Cylene Dantas Da Gama – Boston University- Latin American History and Politics. Idealizadora do “Dia da Mulher do Campo” .Reconhecida como “A Mulher do Ano” por defesa de direitos. São Paulo.
15-Dona Zefa- Artesã, Agricultora, esposa, cozinheira, lavadeira, mãe, amiga. Lutadora incansável. Barreira do Tubarão- Hiliópolis-Bahia
*Crédito da imagem destacada: Alen Peixinho / Publicitário
* Liliana Peixinho – Jornalista, especialista em Jornalismo Científico e Tecnológico, Mídia, Meio Ambiente e Sustentabilidade. Ativista socioambiental. Fundadora de mídias independentes: Movimento AMA- Amigos do Meio Ambiente, Mídia Orgânica, REAJA, Catadora de
Sonhos, Cuidar do Cuidador, RAMA- Rede de Articulação e Mobilização Ambiental, O outro no Eu.
#Envolverde
Menos de 7% dos rios da Mata Atlântica apresentam água de boa qualidade
Levantamento da organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica revelou que somente 6,8% dos rios da Mata Atlântica do país apresentam água de boa qualidade.
A pesquisa não identificou corpos d’água com qualidade ótima. Mais de 20% dos pontos de rios analisados apresentam qualidade de água ruim ou péssima, ou seja, sem condições para usos na agricultura, na indústria ou para abastecimento humano, enquanto em 72,6% dos casos as amostras podem ser consideradas regulares.
Os dados constam da nova edição da pesquisa O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica, realizada pelo programa Observando os Rios da SOS Mata Atlântica. A entidade avalia que o Brasil ainda está distante de atingir o ideal de água em quantidade e qualidade para os diversos usos. O levantamento é divulgado no Dia Mundial da Água, comemorado nesta terça-feira (22).
“Os resultados de 2021 nos mostram que a gente continua numa situação de alerta em relação à água, aos nossos rios, já que menos da metade da população brasileira tem acesso ao serviço de esgotamento sanitário. E os rios vão nos contar o que está acontecendo”, disse o coordenador do programa Observando os Rios, Gustavo Veronesi.
Ele explicou que o retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica é um alerta para a condição ambiental da maioria dos rios nos estados do bioma. A inadequação da água para usos múltiplos e essenciais pode ser, segundo a entidade, consequência de fatores como a poluição, a degradação dos solos e das matas nativas, além das precárias condições de saneamento.
Veronesi acrescentou que as populações mais pobres são as mais afetadas pelas deficiências de estrutura de atendimento ao fundamental, que são água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos e manejo de águas de chuva, pilares do saneamento básico.
Os indicadores foram obtidos entre janeiro e dezembro de 2021 por 106 grupos voluntários de monitoramento da qualidade da água. Foram realizadas 615 análises em 146 pontos de coleta de 90 rios e corpos d’água de 65 municípios em 16 estados do bioma Mata Atlântica. Esses estados são Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
De acordo com a SOS Mata Atlântica, houve pouca alteração em relação aos resultados do período anterior de monitoramento, no ano passado, com alguns casos localizados. As análises comparativas dos anos de 2020 e 2021 consideram os indicadores aferidos em 116 pontos fixos de monitoramento. Em 2021, foram nove pontos com qualidade boa (em 2020 eram 12); 84 com qualidade regular (80 em 2020); 22, ruins (21 no ano anterior) e apenas uma péssima, enquanto em 2020 foram três.
Sobre o fato de não haver grandes avanços de um ano para outro, Veronesi ressaltou que o processo de recuperação é muito mais lento que a ocorrência da poluição. “Um serviço de saneamento é muito demorado para dar resultado, vide o projeto de despoluição do Rio Tietê, são 30 anos para a gente conseguir aferir melhoras em alguns pontos, em alguns rios das bacias do Alto e Médio Tietê.
“Sujar um rio é questão de segundos, é fácil. Agora limpar, despoluir, é muito mais demorado, porque depende do tempo de a natureza também se autodepurar e a gente parar também, a nossa natureza humana parar de sujar. O Rio não é sujo, quem suja somos nós. Somos os responsáveis pela sujeira e também pela limpeza, então é um esforço de toda a sociedade e, óbvio, o poder público tem papel central”.
Como exemplo positivo, a entidade destacou o Lago do Ibirapuera, localizado na capital paulista, onde a água passou de regular para boa, com relatos de aparecimento de peixes em sua foz. Outra evolução ocorreu no Tietê, em Santana do Parnaíba, saída da Grande São Paulo, que sempre recebeu muita carga de esgoto e lixo da região metropolitana e sempre vinha com qualidade péssima ou ruim ao longo do tempo. No entanto, este ano melhorou para qualidade regular, o que significa, segundo Veronesi, que as obras de saneamento estão fazendo efeito.
Por outro lado, uma situação que chamou a atenção da entidade foi a piora na qualidade dos rios em Mato Grosso do Sul, na região de Bonito. “Quando a gente fala dessa localidade, as pessoas logo pensam nas águas cristalinas que existem lá, principalmente o Rio Bonito. Houve piora em todos os pontos de monitoramento daquele estado. Os quatro pontos em que a gente podia fazer comparação em relação ao período anterior tiveram piora na média da qualidade.”
Segundo ele, este resultado mostra que a qualidade da água pode ser relacionada ao desmatamento, “porque também o Atlas da Mata Atlântica vem notando que essa é uma região que sofre bastante com desmatamento ilegal – isso vem acontecendo – e, quando você muda, tira a floresta, que é um filtro para a água e muda o uso do solo, isso causa impacto. O rio nos conta tudo, nos diz o que está acontecendo em uma bacia hidrográfica”, disse.
Para Veronesi, uma das soluções passa por conter o desmatamento ilegal. “Isso é uma questão que deveria ser de primeira ordem, de primeira necessidade, até por questões de emergência climática, e a Mata Atlântica é um dos biomas mais importantes para a gente conter o aquecimento global”, disse. Ele citou a necessidade de políticas públicas mais efetivas relacionadas ao reflorestamento, à preservação das áreas de proteção permanente e à restrição do uso de agrotóxicos.
Por Camila Boehm, Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/03/2022
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