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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Os polímeros (plásticos) e a reciclagem, artigo de Juliano Martins Barbosa

Os polímeros são considerados os grandes vilões ambientais, pois podem demorar séculos para se degradarem e ocupam grande parte do volume dos aterros sanitários Os polímeros, popularmente chamados de plásticos, são macromoléculas com longas cadeias moleculares, possuindo unidades químicas ligadas covalentemente e que se repetem ao longo da cadeia. Eles podem ser naturais, como seda, celulose e fibras de algodão; ou sintéticos: polipropileno, poli (tereftalato de etileno), polietileno, poli (cloreto de vinila). Tais materiais possuem propriedades interessantes para inúmeras aplicações, e, devido a isso, seu consumo cresce ano a ano, chegando a 367 milhões de toneladas em 2021. O Brasil representa 2% desse consumo (7,3 Mt), segundo Perfil da ABIPLAST. Apesar da existência de uma grande variedade de polímeros, apenas cinco deles (PE, PP, PS, PVC e PET) representam cerca de 90% do consumo nacional, sendo utilizados em embalagens primárias (31%), descartáveis (22%), construção civil (14%), entre outras aplicações. De modo geral, as indústrias que estão mais interessadas em reciclar seus resíduos são as que fazem parte do segmento de embalagens e do setor automotivo, contribuindo com um índice de reciclagem global de 23,1% de todo plástico consumido. Mesmo assim, por ano, mais de 2,9 Mt de resíduos plásticos acabam em aterros. Visando a redução desse material, é conveniente que o descarte seja feito em aplicações de longa vida útil, como pavimentação, madeira plástica, construção civil, plasticultura, indústria automobilística e eletroeletrônica, entre outras. Quando o material é rejeitado, deve ser destinado à reciclagem. O reuso dos polímeros compreende um processo que pode ser classificado em quatro categorias: Primária: consiste na utilização dos resíduos industriais em produtos com características equivalentes àquelas dos produtos originais, sobretudo os que são feitos a partir de polímeros virgens, por exemplo, aparas, nome dado para resíduos e sobras de papéis oriundos do comércio, da indústria ou mesmo doméstico, que são novamente introduzidas no processamento; Secundária: utilização do Resíduo Sólido Urbano (RSU), por um processo ou uma combinação de processos em produtos que tenham menor exigência do que o produto obtido com polímero virgem, por exemplo, reciclagem de embalagens de PP para obtenção de sacos de lixo; Terciária: processo de produção de insumos químicos ou combustíveis a partir de resíduos poliméricos, processo conhecido como reciclagem química; Quaternária: recuperação energética do resíduo por incineração controlada. As reciclagens primária e secundária são conhecidas como mecânica ou física. O que diferencia uma da outra é que a primeira utiliza o polímero pós-industrial, já a secundária, o pós-consumo. A terciária pode ser chamada de química, enquanto a quaternária também é conhecida como energética. O ciclo de vida dos polímeros é ilustrado na Figura 01. Avaliação do Ciclo de Vida dos Polímeros Figura 01 — Avaliação do Ciclo de Vida dos Polímeros. Fonte: Link A reciclagem mecânica é o método mais utilizado no processo de regeneração dos plásticos, e pode ser viabilizada através do reprocessamento por extrusão, injeção e termoformagem. Para esse fim, são necessários alguns procedimentos que incluem as seguintes etapas: separação do resíduo polimérico, moagem, lavagem, secagem, reprocessamento e, finalmente, a transformação do polímero em produto acabado, como ilustrado na Figura 02. Esquema de Reciclagem mecânica dos polímeros Figura 02 — Esquema de Reciclagem mecânica dos polímeros. Fonte: Link Os esforços atuais estão direcionados no sentido de obter-se um produto reciclado que possua propriedades mais próximas possíveis do polímero virgem, o que poderia indicar o uso na confecção de materiais com aplicações mais nobres. Os polímeros são considerados os grandes vilões ambientais, pois podem demorar séculos para se degradarem e ocupam grande parte do volume dos aterros sanitários, interferindo de forma negativa nos processos de compostagem e de estabilização biológica. Além disso, quando descartados em lugares inadequados, como lixões, rios ou encostas, causam uma interferência ainda maior no meio ambiente. Portanto, a reciclagem de forma sistemática é uma das soluções mais viáveis para minimizar tal impacto. Vários aspectos motivam a reciclagem: economia de energia, preservação de fontes esgotáveis de matéria-prima, a redução de custos com disposição final do resíduo, economia com a recuperação de áreas impactadas, aumento na vida útil dos aterros sanitários, redução de gastos com a limpeza, a saúde pública e a geração de emprego e renda. Para garantir o sucesso da reciclagem dos polímeros, é imprescindível a implementação de coleta seletiva e a correta destinação dos mesmos aos locais que executam o reprocessamento dos materiais, além da conscientização da população e o investimento em pesquisas na área de reciclagem de polímeros. Referências: Spinace, A. A. S; De Paoli, M. A.; A tecnologia da reciclagem de polímeros; Quim. Nova, Vol. 28, No. 1, 65-72, 2005 Juliano Martins Barbosa é professor de Engenharia de Produção na Escola de Engenharia (EE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). [ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ] in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Impactos dos plásticos nos oceanos

Atingindo a fauna marinha, o plástico acaba invadindo de maneira drástica o homem por meio da alimentação A palavra plástico deriva do grego plastikos, “próprio para ser moldado ou modelado”, elemento que surgiu com o objetivo de substituir materiais de origem animal pouco flexíveis e não moldáveis, como o marfim dos elefantes. Nesse contexto, em meados de 1900, surge a baquelite, o primeiro plástico sintético, material que ganhou o mercado e é usado até hoje em uma série de processos industriais, pois possui aspecto leve, resistente e versátil. Graças as suas qualidades, o plástico modificou e melhorou muito a vida do homem, que passou a utilizá-lo em diversos segmentos. Práticos, duráveis e relativamente baratos, eles se tornaram parte do nosso dia a dia. Todas as coisas com as quais temos contato em nosso cotidiano, exceto comida, água e ar, contêm plástico na sua constituição. Observe bem: hoje em dia, quase tudo é embalado em plástico, no entanto, ao serem descartados, esses materiais se tornam um problema muito grande por conta de uma das suas maiores virtudes: a durabilidade. Esses materiais são, em sua maioria, resistentes à decomposição por micro-organismos, isso devido a uma série de fatores: dureza, absorção limitada de água e tipo de estrutura química. Os plásticos são polímeros, ou seja, moléculas grandes, formadas pela ligação química de milhares de moléculas menores, os monômeros. Ainda que os polímeros usados comercialmente possuam componentes como plastificantes, pigmentos, antioxidantes e lubrificantes, que deixam o material suscetível ao ataque microbiano, a decomposição que ocorre é irrelevante. O que se constata é que, depois de descartado, o plástico permanece sem se degradar durante décadas, ou mesmo séculos, agravando o problema do descarte de lixo, uma das mais sérias complicações da sociedade atual. Quando descartados incorretamente, os materiais plásticos causam grandes impactos no meio ambiente, especialmente no marinho. Como esses produtos demoram muito para se decompor, eles são inicialmente descartados no continente e acabam sendo direcionados aos rios e mares. A quantidade de plástico gerada é enorme, cerca de 8 milhões de toneladas entram nos oceanos por ano. Estudos apontam que, se continuarmos a produzir materiais plásticos no ritmo atual, em 2050, haverá mais plástico nos oceanos do que peixes. Acumulados em determinados pontos dos oceanos e mares, em regiões conhecidas como “ilhas de plástico”, o material é levado por conta da ação das correntes marítimas, resultantes dos ventos e do movimento de rotação da Terra. Atualmente, existem cinco principais pontos em que ocorrem o acúmulo desses detritos: Atlântico Norte, Atlântico Sul, Índico, Pacífico Norte e Pacífico Sul. Essa montanha de plástico provoca o desequilíbrio de ecossistemas marinhos e compromete a sobrevivência de animais marinhos, já que esses seres consomem produtos plásticos, pois os confundem com alimentos. Esses produtos, além de tóxicos, não são digeridos e acumulam-se no estômago desses animais, o que pode impedir a ingestão de comida, perfurar a parede do estômago e causar a morte. Atingindo a fauna marinha, o plástico acaba invadindo de maneira drástica o homem por meio da alimentação. Nesse sentido, o microplástico tem grande responsabilidade, pois é ingerido por peixes, moluscos e outros animais marinhos e entram na cadeia alimentar até chegarem ao consumidor final, os humanos. Uma vez que eles chegam ao intestino, liberam toxinas e aditivos químicos causadores de doenças graves, como o câncer. A passagem de microplásticos nessa cadeia alimentar tem mais um agravante: a biomagnificação, processo em que ocorre o aumento na concentração de um contaminante (ou seja, microplásticos ou aditivos) em um organismo em comparação com a concentração em seu consumidor. Assim, nós, predadores, possuímos maiores concentrações de microplásticos no organismo do que os peixes, por exemplo. Para minimizar as diversas formas de agressão causadas pelo descarte de plásticos ao meio ambiente, os materiais biodegradáveis se apresentam como uma proposta interessante, pois, ao contrário dos plásticos sintéticos derivados do petróleo, os biodegradáveis deterioram-se com relativa facilidade, integrando-se totalmente à natureza. Além dos plásticos biodegradáveis, a reciclagem tem sido uma alternativa muito utilizada, embora tenha enfrentado resistência do próprio ser humano por conta de fatores como dificuldade de separação dos materiais e alto custo, que gera baixo interesse de empresas no processo de reciclagem de seus resíduos. Preservar o meio ambiente é algo que deve estar sempre em prioridade na visão do homem moderno, não apenas pelo apelo ao bem-estar das gerações futuras, mas, sim, pela manutenção da vida, que é o nosso bem mais precioso e que está sendo descartado sem precedentes quando jogamos fora uma embalagem plástica apenas porque seu tamanho não serve aos nossos propósitos corriqueiros. Filippo Mario Nazareno Gomes Fogaccia é professor de Química do Colégio Presbiteriano Mackenzie — Higienópolis, coordenador de Vestibulares e professor do Curso MackVest. [ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. 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‘Racismo ambiental deveria ser tipificado como crime’

Por Tatiane Matheus* para o ClimaInfo – Para a economista Rita Maria da Silva Passos – que trabalha há 20 anos na área socioambiental – a hegemonia de um ambientalismo branco faz com que impactos ao meio ambiente não estejam sendo racializados. “A gente fala de mudanças climáticas, e alguém diz: ‘viu o que aconteceu na Inglaterra?’. Por que não fala ‘viu o que acontece há anos na África, na Ásia, no Brasil’? Falar de racismo ambiental é politizar o meio ambiente para racializar a questão”, afirma a especialista em sociologia urbana e doutoranda em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ). Em entrevista para a série Racismo Ambiental Brasileiro, do ClimaInfo, Rita destaca a importância da criação de uma jurisprudência para tipificar como ‘crime de racismo ambiental’ o impacto ambiental desproporcional de uma atividade econômica a povos não-brancos. Ela ressalta também que é preciso cobrar das instâncias públicas projetos de reparação de dano ambiental com base nessa perspectiva. ClimaInfo: O que é o racismo ambiental brasileiro? Rita Maria da Silva Passos: O racismo ambiental brasileiro é marcado pela nossa colonialidade e pelo processo de modernidade. Os grandes conflitos socioambientais têm a ver com o nosso processo de desenvolvimento econômico, que é marcado pelas mesmas atividades econômicas do período colonial: a agricultura, hoje representada pelo agronegócio, e a mineração. O processo é marcado por essa colonialidade que chega ao Brasil pelos homens brancos portugueses para desapropriação de recursos naturais e de corpos não-brancos. Ela perdura até hoje e se confunde com o racismo estrutural pelos danos ao meio ambiente. ClimaInfo: Discute-se muito sobre apropriação cultural, mas também poderíamos falar de captura de saberes tecnológicos das populações escravizadas? Rita: A vinda dos negros escravizados para o Brasil não se deu pela força (física) deles, mas pela expertise na agropecuária e na mineração. Eram atividades econômicas já desenvolvidas por eles (na África) e com tecnologias de detecção e extração de ouro. As técnicas de plantio também. Até mesmo a localização da casa grande e da senzala (nas fazendas) é uma expertise não-branca. Tem-se a ideia de que esses já eram espaços dados quando os negros chegaram. Não. Tudo foi construído por eles. Isso tinha a ver com onde seriam a plantação e o lugar de extração. Existia todo um processo de engenharia da construção daquele espaço feito por negros e indígenas escravizados. ClimaInfo: Como podemos enxergar o racismo ambiental vigente no planejamento das cidades? Os processos migratórios ocorridos também refletem essa questão? Rita: Se pensarmos o êxodo rural, houve um processo de modernização conservadora que levou a tecnologia para o campo, e as pessoas (que trabalhavam nele) foram obrigadas a vir para a cidade por não serem detentoras da terra e foram para os piores espaços. A lei de terras, de 1850, foi uma das primeiras leis de zoneamento e planejamento, e limitou o acesso às terras apenas aos homens brancos. Esse processo nunca foi questionado. Os baianos, em São Paulo, e os paraibanos, no Rio de Janeiro, foram as primeiras correntes de fluxo migratório fugindo das secas e dessas dificuldades socioambientais. Na perspectiva regional e do planejamento urbano, em geral, os planos diretores, de uso e ocupação do solo e as leis orçamentárias escutam um grupo privilegiado dentro dessas políticas que tendem a dificultar as condições de moradia das populações não-brancas. É fundamental, inclusive, ver como a especulação imobiliária avança sobre esses territórios mais pauperizados em relação à infraestrutura, mas com potencial muito grande em termos ambientais e turísticos e nos quais as terras são mais baratas. Aí têm os processos de desapropriação e (deslocamento) compulsório dessas famílias para áreas ainda mais empobrecidas, com menos infraestrutura e cada vez mais distantes dos centros (urbanos). ClimaInfo: Por que há uma dificuldade de nomear o racismo ambiental? Parece que há um incômodo de nomeá-lo assim ou é uma impressão minha? Rita: Não é não. Gosto da (escritora) Grada Kilomba, que diz que falar sobre racismo é falar do indizível. Só dizer racismo, sem adjetivá-lo, já causou um incômodo gigantesco nas estruturas. É algo que não é para ser declarado. Falar do racismo obriga as pessoas a se posicionarem; a branquitude se coloca em uma situação de desconforto. Tem de rediscutir privilégios, inclusive, de mobilidade. A mobilidade de um homem branco pobre é diferente da de um homem negro pobre. No caso do racismo ambiental, fica mais latente, porque existe todo um processo do ambientalismo hegemônico branco que não discute as desigualdades raciais desses impactos. A gente fala de mudanças climáticas, e alguém logo fala: “viu o que aconteceu na Inglaterra?”. Por que não fala “viu o que acontece há anos na África, na Ásia, no Brasil?”? Falar de racismo ambiental é politizar o meio ambiente para racializar a questão. ClimaInfo: Até que ponto o ESG (Environmental, Social and Governance) pensa em justiça climática? Rita: Ele é limitado; é o limite do capital. São grandes organizações e empresas que causam vários impactos, sozinhas e em conjunto. No geral, não se vê estas coisas de maneiras integradas. Os nossos estudos ambientais são limitados a apenas uma empresa como se somente ela existisse dentro de um território. A gente pouco fala e faz um estudo real integrado que existe nesses espaços. O ESG entra nessas pol;íticas ambientais de forma a mitigar os impactos que causam ao meio ambiente. O problema está no mitigar. Estamos numa situação em que os eventos climáticos extremos são percebidos em vários lugares no mundo. Obviamente com danos desproporcionais sobre corpos não-brancos. O ESG não dá conta disso. À medida que se fala em mitigação, é sobre uma reparação pontual de um dano que é sistêmico. Uma coisa importante da justiça climática é a desterritorialização. Determinada atividade pode estar sendo feita em um lugar e (ter seu impacto) sendo sentido em outro. Temos um problema seríssimo do ESG, porque a governança não dá conta de falar realmente e de dar transparência às atividades econômicas de grandes empresas. Se resume a práticas de relatórios de sustentabilidade, e tudo o mais, que são muito “en passant”. Há a internacionalização dos critérios de justiça ambiental climática em cortes internacionais. Responsabilizar mais essas empresas dentro da internacionalização é fundamental. A COP26 foi nesse caminho, mas não criou mecanismos para que isso pudesse ser feito. Criou algumas diretrizes para as empresas se tornarem mais responsáveis, mas não diz exatamente como. Precisamos de mecanismos de controle sobre essas grandes corporações, porque elas são responsáveis pelos grandes impactos ambientais. Criar uma jurisprudência. Já estamos, aqui no Brasil, falando com alguns juristas nos termos de racismo ambiental, como já temos com o de racismo recreativo. Não dá para brincar com determinados termos. O racismo ambiental é sentido antes, durante e depois do dano ambiental. Após o dano ambiental, as pessoas não-brancas são as últimas a serem reparadas pelos danos sofridos. (A cidade de) Mariana é um exemplo. ClimaInfo: O que seria essa jurisprudência de racismo ambiental? Rita: Precisa tipificar como crime um impacto desproporcional de uma atividade econômica a povos de cor e ser considerado como crime de racismo ambiental. Tipificar como crime para que essa reparação do dano tenha essa conotação. Por mais que a gente tenha a noção de que (o rompimento das barragens em) Brumadinho e Mariana tiveram a maior parte da população não-branca impactada e saiba que é racismo ambiental, não é criminalizado como racismo ambiental. Não é uma questão de criminalizar tudo, mas a gente precisa falar sobre o que, em tese, não tem reparo legal. Porque não existe legalmente. Nos EUA, desde 1994, existe uma jurisprudência sobre racismo ambiental. Aqui no Brasil estamos ainda tateando. ClimaInfo: Na sua visão, o que deve ser feito para haver um combate real ao racismo ambiental? Rita: As pessoas sentem isso na pele. A gente precisa tomar conhecimento dele. É importante falar sobre (o racismo ambiental). O segundo ponto é cobrar das instâncias públicas projetos de reparação de dano ambiental com base nessa perspectiva de racismo ambiental e que eles sejam responsabilizados. Pois, no momento em que o estado dá licença para (a instalação de) um empreendimento tóxico e nocivo às comunidades, ele também é corresponsável, junto com a empresa que pode cometer crime ambiental. Precisamos avançar em estudos que apontem essas estratégias para que se possa compreender, organizar e evitar. Ter observatórios olhando esses territórios, fortalecer os movimentos dos atingidos e fazer um processo de internacionalização da luta. Isso acontece aqui no Brasil, em Guiné Bissau, em Moçambique, na Índia, na Austrália. Fazer esse processo de aquilombamento. (*) Tatiane Matheus é jornalista e pesquisadora em Justiça, Equidade, Diversidade e Inclusão no Instituto ClimaInfo #Envolverde

Horta em espiral: a solução para quem tem pouco espaço para plantar em casa

Por Anelize Moreira para o Brasil de Fato – Em formato ainda pouco difundido, a espiral permite o cultivo de diferentes espécies, com destaque para ervas e temperos “Faça dos alimentos in natura ou minimamente processados a base de sua alimentação”, essa é uma das orientações do Guia Alimentar para a População Brasileira. Por isso, aproveitar cada espaço para plantar em casa pode ser um passo importante neste sentido. Para quem não encontra lugar para plantar couve, tomate e alface, por exemplo, um bom jeito de começar é cultivando ervas e temperos em pequenos espaços, e que podem ser usados em diversas preparações culinárias, como por exemplo, pimentas, manjericão, tomilho, cebolinha e salsinha. “Quanto mais conseguirmos plantar as nossas próprias ervas e temperos melhor, porque além de aproveitar dos fitonutrientes, como anti-inflamatórios e antioxidantes presentes nas plantas, ainda temos a certeza que não tem agrotóxicos”, explica o biólogo Rafael Sposito. Conheça também: SP: Embaixo dos fios, hortas orgânicas brotam de terrenos abandonados e expandem agroecologia Horta em espiral Você já ouviu falar da espiral de ervas ou horta em espiral? Como o próprio nome sugere, é organizada em formato diferente do convencional. Ao invés de ocupar apenas o chão, a horta em espiral ganha mais um dimensão, a altura. Geralmente é uma boa opção para quem quer começar a plantar ervas medicinais e temperos, mas tem pouco espaço em casa. Sposito explica que uma das vantagens desse tipo de horta em comparação com convencionais é a possibilidade de cultivar o maior número de plantas em um mesmo espaço. “As plantas têm diferentes necessidades e demandas, de umidade, temperatura, luminosidades. Então, em uma horta

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

A importância da classificação dos RSU e dos Plásticos. Como a TOMRA pode ajudar no presente e no futuro

A TOMRA, com mais de 50 anos de experiência no mercado, é líder em soluções de classificação baseadas em sensores para aplicações de resíduos e metais. Entre elas, a classificação de resíduos sólidos urbanos e dos plásticos, que está em amplo desenvolvimento diante das novas exigências e dos recentes acontecimentos não só no Brasil, mas tem em todo o mercado mundial. Os mais recentes dados são esclarecedores. O índice de reciclagem no Brasil é de apenas 4%, diz a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). A mesma fonte acrescenta que o país produz 27,7 milhões de toneladas anuais de resíduos recicláveis. Os materiais recicláveis secos representaram 33,6% do total de 82,5 milhões de toneladas anuais de resíduos sólidos urbanos (RSU) produzidos durante o período da pandemia da covid-19, nos anos de 2020 e 2021. De acordo com a pesquisa, os resíduos recicláveis secos são compostos principalmente pelos plásticos (16,8%, com 13,8 milhões de toneladas por ano), papel e papelão (10,4%, ou 8,57 milhões de toneladas anuais), vidros (2,7%), metais (2,3%) e embalagens multicamadas (1,4%). O aumento do consumo, em especial para a utilização dos plásticos, tem colocado um grande desafio para aumentar os níveis de reciclagem e para o fomento de uma economia circular. Brasil: um país onde reciclar tem de estar na ordem do dia Embora o país tenha grande potencial para aumentar a reciclagem como comprovam os números, diversos fatores mantêm esses índices estagnados, a começar pela falta de conscientização e de engajamento do consumidor na separação e descarte seletivo de resíduos. Também é preciso destacar a falta de infraestrutura das prefeituras para permitir que esses materiais retornem para o ciclo produtivo, com potencial de recuperação. A falta de reciclagem adequada do lixo tem gerado uma perda econômica significativa para o país. Levantamento feito pela Abrelpe em 2019 mostrou que somente os recicláveis que vão para lixões levam a uma perda de R$ 14 bilhões anualmente, que poderiam gerar receita e renda para uma camada de população que trabalha com essa atividade. “Apesar dos números abaixo das expectativas, o Brasil apresenta-se com um potencial enorme dentro da indústria da reciclagem, com a realidade, a espaços, tem vindo a ser melhorada e com destaque para aquele que é o papel da TOMRA”, explica Daniel Ghiringhello, Diretor Comercial. “Entendo que tivemos pouca evolução no setor, com exceção de alguns casos. Felizmente, na última década a TOMRA Recycling Sorting Brasil pode contar com alguns clientes inovadores, que visionaram um futuro e investiram em tecnologia de ponta para automatizar seus processos. Estes clientes migraram da prestação de serviços logísticos, coleta e despejo de resíduos, e entraram efetivamente na indústria automatizada e eficiente de processamento e gestão de resíduos”, sublinha o responsável da TOMRA Brasil. A TOMRA Recycling Sorting Brasil procurou também desde o início se posicionar como key-player do mercado. Com um espírito de inovação e liderança associados aquilo que é o nosso DNA, procuramos perceber as necessidades dos nossos clientes, colocar a nossa tecnologia de ponta à disposição e através de um serviço personalizado garantir não só qualidade, mas também confiabilidade com redução de perdas que leva a um aumento de performance e redução de custos a médio e longo prazo através dos processos de automação. “A meta no Brasil passa com o auxílio da tecnologia caminhar para o fim dos lixões, sabendo que há um processo complexo pela frente”, reforça o gestor. AUTOSORT™: o “carro-chefe” da TOMRA A circularidade da economia não é um caminho, mas é o futuro de todo o mundo. Vivemos em um planeta com recursos finitos e o reaproveitamento destes recursos será a única via no longo prazo. O mercado brasileiro na reciclagem está crescendo tanto em qualidade como em quantidade, isso significa dizer que os clientes, produtos e processos estão se tornando mais exigentes e demandando maiores índices de pureza. O mercado está buscando mais fontes de insumo e está tentando valorizar as frações ao seu máximo. Interessante ressaltar que as soluções da TOMRA proporcionam resultados positivos nas duas direções (qualidade e quantidade) e por isso, suas soluções têm sido adotadas por diversas e importantes empresas recicladoras do mercado, como a Multilixo, Orizon, Indorama, Engepack e GlobalPet. “A maior e mais importante contribuição da TOMRA é a alta escalabilidade que nossas tecnologias podem proporcionar à separação, aumentando a recuperação e volume de recicláveis, de forma precisa, eficiente e de alta qualidade final”, explica Daniel Ghiringhello. O nosso carro chefe, é sem dúvida a AUTOSORT™. A máquina está na sua última geração e oferece excelente performance de separação de resíduos, preparada para a indústria 4.0. Com o nosso sistema TOMRA Insight conseguimos extrair dados e relatórios em tempo real, dando visibilidade do processo de separação ao gerente Industrial,” afirma o responsável. A AUTOSORT™ é equipada de série com a tecnologia SHARP EYE™ que promove ganhos expressivos em termos de resolução, melhorando a capacidade de deteção dos diversos materiais a serem separados. Além disso nossa tecnologia patenteada FLYING BEAM™ oferece a melhor estabilidade de leitura através da sua luz homogénea que percorre toda a esteira, garantindo alta performance de seleção. Somada a esse inovador sistema óptico, os novos blocos de válvulas reduziram o consumo de ar sem perder potência na ejeção dos materiais. Destaca-se também a unidade de iluminação, que está posicionada dentro da caixa dos scâneres, portanto, protegida de sujeiras e outras influências externas,” explica Daniel Ghiringhello. Sem dúvidas, a AUTOSORT™ é a máquina mais vendida no Brasil dada sua eficiência, performance, fácil uso e baixo custo de manutenção, que é feita inteiramente por nosso time de técnicos brasileiros. Daniel Ghiringhello completa: “Além disso, oferece grande flexibilidade no reconhecimento e separação de materiais recicláveis como: PET, PP, PEAD, PVC, PS, ABS, filmes, papel, papelão, tetra, metais entre outros. A grande entrega do produto se dá com excelente custo-benefício, e isso pode ser comprovado pelas centenas de máquinas já instaladas em toda América Latina. Para finalizar, a TOMRA tem trabalhado no desenvolvimento do TOMRA Insight – esta solução baseada na nuvem oferece uma plataforma de monitoramento segura e quase em tempo real para todas as suas linhas de classificação. Isto se traduz em um grande benefício para os clientes, que conseguem controlar todos os processos e evitar paradas desnecessárias nas suas linhas, garantindo um processamento quando e onde seja necessário. TOMRA: foco total no cliente e no ambiente com um serviço personalizado Para a TOMRA Recycling Sorting Brasil, o foco está e sempre estará nos clientes e no ambiente. O DNA da empresa procura ajudar as empresas no dia-a-dia com a melhor tecnologia disponível do mercado e tem tido um especial impacto no mercado brasileiro nos últimos anos. “A TOMRA é líder em ‘market share’ no mundo e não seria diferente no Brasil, país que vem investindo sistematicamente desde 2011, ano de sua fundação. Além das características tecnológicas já citadas, a TOMRA fez 50 anos comemorados em 2022 e possui larga experiência no setor, contando com grande ‘know-how’. Nosso departamento de P&D recebe investimentos na ordem de 8% de nossas receitas, garantindo constante desenvolvimento e aprimoramento tecnológico. O empresário brasileiro conhece os grandes desafios burocráticos para investir em tecnologias de ponta, e estes investimentos necessitam de suporte local. “Sem dúvida, este é um dos grandes diferenciais da TOMRA Recycling Sorting no Brasil: estamos presentes fisicamente e treinados para servir os clientes brasileiros em território nacional. Daniel Ghiringhello completa: “Temos equipe técnica preparada para atendimento e vasto estoque de peças nacionalizadas e prontas para serem despachadas aos quatro cantos do Brasil, isto é fato”. Sobre a TOMRA Recycling Sorting TOMRA Recycling Sorting projeta e fabrica tecnologias de classificação baseadas em sensores para a indústria global de reciclagem e gerenciamento de resíduos para transformar a recuperação de recursos e criar valor nos resíduos. A empresa foi a primeira a desenvolver soluções avançados de classificação de resíduos e metais usando tecnologia de infravermelho próximo (NIR) de alta capacidade para extrair o máximo valor dos recursos e manter os materiais em um ciclo de uso e reutilização. Até o momento, mais de 8.200 sistemas foram instalados em 100 países em todo o mundo. A TOMRA Recycling Sorting é uma divisão do Grupo TOMRA. A TOMRA foi fundada durante uma inovação em 1972 que começou com o projeto, fabricação e venda de máquinas de venda reversa (RVMs) para coleta automatizada de recipientes de bebidas usadas. Hoje, a TOMRA está liderando a revolução de recursos para transformar a forma como os recursos do planeta são obtidos, usados ​​e reutilizados para permitir um mundo sem desperdício. As outras divisões de negócios da empresa incluem TOMRA Food, TOMRA Mining e TOMRA Collection. A TOMRA possui aproximadamente 10.000 instalações em mais de 80 mercados em todo o mundo e teve uma receita total de ~10,9 bilhões de NOK em 2021. O Grupo emprega ~4.600 globalmente e está listado publicamente na Bolsa de Valores de Oslo. A sede da empresa fica em Asker, Noruega. Para mais informações sobre a TOMRA Recycling visite https://www.tomra.com/pt/sorting/recycling ou siga-nos no LinkedIn, Twitter or Facebook #Envolverde

Fim do jogo: Explorando cenários catastróficos do aquecimento global, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

“Estamos num barco sem combustível e arrancando madeiras do casco para alimentar as caldeiras” Anselm Jappe (20/05/2022) O pessimismo, em geral, costuma ser considerado uma postura intolerável, pois falar em catástrofe é uma heresia para a cultura hegemônica assentada na autoestima e no pensamento positivo. Dizem que o negativo atrai negativo e o pensamento otimista atrai riqueza e felicidade. Mas há também quem diga que o otimismo incorrigível se aproxima da alienação e, em última instância, o otimista é um pessimista mal-informado. Otimismo e pessimismo, evidentemente, se confrontam em relação à situação climática do Planeta. O otimista tende a achar que os problemas ambientais não são tão graves e podem ser corrigidos pela engenhosidade humana. Os pessimistas, ao contrário, consideram que a inteligência humana é instrumental e que os interesses egoísticos das pessoas tende a subestimar os danos humanos ao meio ambiente e à estabilidade climática. Learn more O jornalista David Wallace-Wells publicou, no dia 09/07/2017, uma matéria denominada “The Uninhabitable Earth”, na revista New York Magazine (NYMag), pintando um cenário apocalíptico para o Planeta – um Armagedon climático – caso as tendências atuais se mantenham ao longo do século. O artigo se tornou viral e foi comentado amplamente em diversos países e passou a ser o artigo mais lido da revista. O texto começou de forma bem pessimista, “Prometo, é pior do que você pensa”, e foi criticado pelo tom alarmista (ALVES, 19/07/2017). Porém, contou com amplo apoio e se tornou um livro de grande repercussão dois anos depois. Quando se analisa o futuro é sempre adequado traçar cenários com diferentes graus de probabilidade. O Acordo de Paris, aprovado na COP-21, de 2015, estabeleceu a meta prioritária de evitar um aquecimento global de 1,5º C em relação ao período pré-industrial e, no máximo, evitar ultrapassar 2º C. A maioria dos estudos focam nestas duas possibilidades. Porém, existem indicações que a temperatura pode ir bem além das metas do Acordo de Paris. Assim, analisar os cenários mais pessimistas das mudanças climáticas passa a ser uma necessidade para que a população mundial e os agentes do Poder Público possam ter consciência das dificuldades que podem vir pela frente. Desta forma, o artigo “Climate Endgame: Exploring catastrophic climate change scenarios”, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Luke Kemp, 25/03/2022) alerta para a necessidade de se compreender os cenários possíveis de um colapso sistêmico global. Analisando os mecanismos das consequências extremas do aquecimento global podem ajudar a galvanizar a ação, melhorar a resiliência e informar aos formuladores da política, incluindo respostas de emergência. Assim, conhecer a probabilidade de mudanças extremas ajuda a definir ações imediatas e permite traçar uma agenda de pesquisa mais abrangente. Segundo Luke Kemp, o primeiro autor do artigo, os estudos considerando o aumento de temperatura de 3°C estão sub-representadas em comparação com sua probabilidade. Temperatura acima de 2º C poderia colocar em perigo a vida de mais de 2 bilhões de pessoas. O artigo diz que as altas temperaturas não são o único problema. Há também os efeitos indiretos, como crises alimentares e financeiras, conflitos e surtos de doenças. A figura abaixo mostra que o aquecimento global tem o efeito direto de aumentar o degelo dos polos, elevar o nível dos oceanos, gerar ondas extremas de calor, elevar a perda de biodiversidade, aumentar as doenças transmissíveis e a mortalidade, aumentar as desigualdades econômicas, o deslocamento dos “refugiados do clima”, elevar a degradação ecológica e fragilizar a capacidade do Estado de responder as demandas da população. Tudo isto pode gerar crises múltiplas de fome e sede, falta de energia e escassez de recursos. Assim, a crise climática aumenta os problemas sociais e os conflitos políticos agravam o quadro geral de crise. efeitos do aquecimento global Para avaliar adequadamente todos esses riscos, os autores estão solicitando ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas que realize um relatório especial sobre mudanças climáticas catastróficas. Isto permitiria aos cientistas considerar alternativas de emergência e análises de risco para intervenções drásticas. Descrever os piores cenários pode ajudar a educar as pessoas, reduzindo as probabilidades de alguns desses cenários se tornarem realidade. José Eustáquio Diniz Alves Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382 Referências: ALVES, JED. A terra inabitável: o futuro segundo David Wallace-Wells, Ecodebate, 01/03/2019 https://www.ecodebate.com.br/2019/03/01/a-terra-inabitavel-o-futuro-segundo-david-wallace-wells-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/ Anselm Jappe. Estamos num barco sem combustível e arrancando madeiras do casco para alimentar as caldeiras, IHU, Por João Vitor Santos, 20/05/2022 https://www.ihu.unisinos.br/618760-capitalismo-e-desejo-de-destruicao-estamos-num-barco-sem-combustivel-e-arrancando-madeiras-do-casco-para-alimentar-as-caldeiras Luke Kemp, et. Al. Climate Endgame: Exploring catastrophic climate change scenarios, Proceedings of the National Academy of Sciences, 25/03/2022 https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2108146119 in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Crise ambiental e climática e decrescimento demográfico no século XXI, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

O fato é que a humanidade precisa mudar o estilo de vida e o padrão de produção e consumo para evitar a possibilidade, cada vez mais provável, de um colapso sistêmico global “O futuro humano, inevitavelmente, será menor – menos pessoas, consumindo menos, em sociedades menos complexas. A maioria das pessoas está nervosa sobre como uma transformação tão dramática acontecerá” Learn more Wes Jackson, Robert Jensen (2022) Na semana passada o mundo chegou a 8 bilhões de habitantes, enquanto a COP27 discutia os efeitos da crise climática e ambiental sobre a população mundial. Porém, pouco foi debatido sobre a dinâmica demográfica e o padrão de consumo global. O crescimento da população e da economia nos últimos 250 anos foi de tal ordem que degradou a maioria dos ecossistemas do Planeta, destruiu as florestas, provocou a perda de biodiversidade, poluiu e acidificou os oceanos, provocou erosão dos solos, expandiu os desertos e desestabilizou o clima que havia apresentado uma impressionante estabilidade no Holoceno. O período de maior crescimento das atividades humanas aconteceu após o fim da Segunda Guerra Mundial e é conhecido como a grande aceleração (MCNEILL, ENGELKE, 2014), o que gerou uma infinidade de mercadorias, a despeito da finitude do planeta O maior volume da produção e consumo de bens e serviços com que as atividades antrópicas ultrapassassem quatro das nove fronteiras planetárias, com forte potencial de desestabilizar o Sistema Terra (STEFFEN at. al, 2015). O impacto do crescimento econômico e demográfico influiu na sobrecarga ambiental e na elevação das emissões de carbono, que são vetores inequívocos do agravamento da crise climática e ambiental. Ao contrário do que opinam os céticos e negacionistas, o aumento das atividades humanas sobre o meio ambiente, principalmente nos últimos 70 anos, tem rompido os limites planetários. E, embora o aumento do volume global da produção de bens e serviços seja considerado o principal contribuidor da sobrecarga e o fator desestabilizador do Sistema Terra, não se pode desconsiderar a contribuição do crescimento demográfico para a ampliação do déficit ecológico global e para o aumento das emissões de CO2. Como mostraram Bongaarts e O’Neill (2018), o rápido crescimento populacional é um dos principais impulsionadores das emissões de gases de efeito estufa e a comunidade científica e as instituições multilaterais deveriam incorporar a análise da dinâmica demográfica e reconhecer a importância da defesa dos programas de saúde reprodutiva baseados em direitos. A humanidade superou a capacidade de carga da Terra O alto crescimento demográfico e econômico, em especial nas últimas sete décadas, fez a humanidade superar a capacidade de carga da Terra (REES, 2013). O instituto Global Footprint Network apresenta uma metodologia capaz de medir a resiliência do Planeta diante do crescimento das atividades antrópicas. São duas as medidas usadas para se avaliar este impacto humano sobre o meio ambiente e a disponibilidade de “capital natural” do mundo. A Pegada Ecológica serve para avaliar o impacto que o ser humano exerce sobre a biosfera e a Biocapacidade avalia o montante de terra e água, biologicamente produtivo, para prover bens e serviços do ecossistema à demanda humana por consumo, sendo equivalente à capacidade de carga do Planeta. A Figura 1 mostra que em 1961 a Biocapacidade do Planeta era de 9,6 bilhões de hectares globais (gha) e a Pegada Ecológica era de 7 bilhões de gha, havendo um superávit ambiental de 37%. Por volta de 1970, a Pegada Ecológica superou a Biocapacidade e o mundo passou a conviver com um déficit ambiental crescente. Em 2018 (últimos dados disponíveis) a Pegada Ecológica global chegou a 21,2 bilhões de gha, enquanto a Biocapacidade ficou em 12,1 bilhões de gha. Por conseguinte, o superávit de 2,6 bilhões de gha, de 1961, se converteu em um déficit ambiental de 9,1 bilhões de gha em 2018 (ou 75%). A humanidade está consumindo 1,75 Planetas. Evidentemente, são as parcelas mais ricas que mais contribuem para déficit ambiental. Mas o aumento da Pegada Ecológica se espalha para todas as regiões do mundo na medida em que há aumento da população e da renda per capita. pegada ecológica e biocapacidade total do mundo Evidentemente, são as parcelas mais ricas que mais contribuem para déficit ambiental. Mas o aumento da Pegada Ecológica se espalha para todas as regiões do mundo na medida em que há aumento da população e da renda per capita, como acontece em países como a China, a Índia, a Indonésia, Nigéria e tantos outros. Crescimento da população e aquecimento global Não existe população sem consumo e nem consumo sem população. Para sobreviver no mundo moderno, além das necessidades básicas, os habitantes da Terra precisam de moradia, transporte, equipamentos domésticos (fogão, geladeira, móveis, televisão, rádio, telefone, computador, etc.) serviços de saúde, educação, telecomunicações, lazer, turismo, etc. Todas as pessoas precisam de uma porção mínima de alimento e não é simples produzir comida para saciar o apetite de 8 bilhões de habitantes. O relatório da ONU, “The Global Land Outlook” (UNCCD, 27/04/2022), registra que 52% do total das terras agricultáveis estão degradas e, globalmente, os sistemas alimentares são responsáveis ​​por 70% do uso da água doce, 80% do desmatamento, 29% das emissões de gases de efeito estufa, 70% da perda de biodiversidade terrestre e 50% da perda de biodiversidade marinha. A forma como atualmente recursos naturais são administrados está ameaçando a saúde e a sobrevivência contínua de muitas espécies na Terra, incluindo a nossa. Cerca de US$ 44 trilhões de produção econômica – mais da metade do PIB anual global – é moderada ou altamente dependente do capital natural. O fracasso agrícola será também um fracasso de toda a economia global. O relatório do IPCC, “Climate Change and Land”, publicado em agosto de 2019, indica que os solos têm se aquecido duas vezes mais rápido que a atmosfera do Planeta. Mais de 70% da terra sem gelo já é moldada pela atividade humana. À medida que as árvores são derrubadas e as fazendas tomam seu lugar, essa terra explorada pelas atividades antrópicas emite cerca de um quarto da poluição global provocada por gases do efeito estufa a cada ano, incluindo 13% de dióxido de carbono e 44% do metano. Segundo o IPCC, o aumento da produção e consumo de alimentos contribuiu para o aumento das emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEE), perda de ecossistemas naturais e diminuição da biodiversidade. O sistema alimentar responde por cerca de 30% de todas as emissões de GEE e 80% do desmatamento global. Os gráficos abaixo mostram a inequívoca correlação entre o crescimento da população mundial e a elevação da temperatura global. Fica claro (no painel da esquerda) que o aumento da temperatura acompanha o aumento do número de habitantes. A reta de tendência linear entre as duas variáveis (painel da direita), indica que 86,9% da variabilidade da temperatura global está associada, diretamente, ao crescimento demográfico ao longo dos anos de 1880 e 2018. crescimento da população mundial e aumento da temperatura global Considerando a correlação entre o crescimento da população mundial e a o aumento das emissões globais de CO2, os gráficos abaixo mostram, de maneira ainda mais impactante, a enorme correlação entre o crescimento demográfico e o aumento das emissões globais de CO2. A reta de tendência linear (painel da direita), indica que significativos 99% da variabilidade da emissão global de CO2 está associada diretamente à variação da população mundial ao longo dos anos de 1880 e 2018. crescimento da população mundial e aumento da emissão global de co2 Para os “céticos da demografia” – aquelas pessoas que se recusam a considerar os impactos negativos de um elevado volume de habitantes (“mundo cheio”) sobre o meio ambiente – os gráficos acima servem para mostrar que o ritmo ascendente de variação populacional importa, impacta e tem uma correlação enorme com a crise climática. Evidentemente, a dinâmica demográfica não atua no vácuo, pois a resultante do aumento do número de habitantes sobre as mudanças climáticas acontece com o incremento do padrão de consumo. O decrescimento demoeconômico no século XXI A discussão populacional no mundo é muito influenciada pelas formulações de Thomas Malthus no “An Essay on the Principle of Population, as it Affects the Future Improvement of Society with Remarks on the Speculations of Mr. Godwin, M. Condorcet, and Other Writers”, de 1798. Malthus que era contra os métodos de regulação da fecundidade, utilizou o argumento da tendência de um crescimento populacional incontrolável para justificar a pobreza e a necessidade de manutenção de um salário de subsistência. Infelizmente Malthus ficou muito mais conhecido do que o Marquês de Condorcet e William Godwin, autores que possuíam uma visão muito mais próxima da abordagem da transição demográfica. Como mostraram MARTINEZ-ALIER e MASJUAN (2004) já existia no século XIX um movimento progressista que acreditava que o ritmo de crescimento da população poderia ser reduzido com decisões voluntárias sobre a reprodução. Em 1848, o eminente economista John Stuart Mill, defendeu a perspectiva do fim do crescimento econômico e demográfico e a ideia do Estado Estacionário. Como as atividades antrópicas já geram uma sobrecarga da Terra, o Estado Estacionário não é suficiente para colocar a Pegada Ecológica em equilíbrio com a Biocapacidade. O mundo hoje precisa romper com a cultura do crescimento e começar a planejar o decrescimento econômico como mostrou Jason Hickel, no livro “Less is more: Degrowth Will Save the World” (2021). Tem crescido as pesquisas, as publicações e as mobilizações a favor do decrescimento (KALLIS, G. et. al. 2018). Mas o decrescimento econômico sem o decrescimento demográfico pode provocar a redução da renda per capita e ter efeitos limitados para a redução da Pegada Ecológica e das emissões de CO2 (ALVES, 2022). Pela primeira vez, a Divisão de População da ONU apresenta uma projeção média com início do decrescimento demográfico no final do atual século. Sem dúvida, decrescimento demográfico provocado pela redução das taxas de fecundidade gera uma mudança da estrutura etária que, em um primeiro momento, é favorável ao desenvolvimento humano pois aumenta a proporção de pessoas em idade ativa, mas, em um segundo momento, gera um envelhecimento populacional que gera muitos receios com a sustentabilidade dos sistemas previdenciários. Mas o envelhecimento populacional pode se tornar uma oportunidade se os países aproveitarem o segundo dividendo demográfico (MASON, LEE, 2006) ou o terceiro dividendo demográfico (OGAWA et. al. 2021). O fato é que a humanidade precisa mudar o estilo de vida e o padrão de produção e consumo para evitar a possibilidade, cada vez mais provável, de um colapso sistêmico global. É impossível manter o crescimento demoeconômico do Antropoceno quando o sistema produtivo e o padrão de consumo geram, ininterruptamente, um fluxo metabólico entrópico. Somente o decrescimento demográfico e econômico será capaz de garantir bem-estar humano e ambiental. José Eustáquio Diniz Alves Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382 Referências ALVES, JED. Crescimento demoeconômico no Antropoceno e negacionismo demográfico, Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, e5942, maio 2022 https://revista.ibict.br/liinc/article/view/5942/5595 BONGAARTS, J. O’NEILL, B. Global warming policy: Is population left out in the cold?, Science 361 (6403), 650-652, 2018 https://www.science.org/doi/abs/10.1126/science.aat8680 HICKEL, J. Less is more: how degrowth will save the world, Penguin Random House, London, 2021. KALLIS, G. et. al. (2018) Research on degrowth. Annu Rev Environ Resour; 43: 291-31 MARTINEZ-ALIER, Joan, MASJUAN, Eduard. Neo-Malthusianism in the Early 20th Century, Universitat Autònoma de Barcelona, International Society for Ecological Economics, Montréal 11-15 July 2004 http://isecoeco.org/pdf/Neo-malthusianism.pdf IPCC. Climate Change and Land. An IPCC Special Report on climate change, desertification, land degradation, sustainable land management, food security, and greenhouse gas fluxes in terrestrial ecosystems, 08/08/2019. MASON, A, R. D. LEE. 2006. “Reform and Support Systems for the Elderly in Developing Countries: Capturing the Second Demographic Dividend.” GENUS 62 (2): 11–35. MCNEILL J. R., ENGELKE, P. The Great Acceleration: An Environmental History of the Anthropocene since 1945. Cambridge: Harvard University Press, 2014 https://www.hup.harvard.edu/catalog.php?isbn=9780674545038 OGAWA et. al. Population Aging and the Three Demographic Dividends in Asia. Asian Development Review, vol. 38, no. 1, pp. 32–67, 2021 https://direct.mit.edu/adev/article/38/1/32/98309/Population-Aging-and-the-Three-Demographic REES, W.E. 2013. Carrying Capacity, Globalisation, and the Unsustainable Entanglement of Nations. In P. Lawn (ed.), Globalisation, Economic Transition and the Environment—Forging a Path to Sustainable Development. London STEFFEN et al. Planetary boundaries: Guiding human development on a changing planet, SCIENCE ,Vol 347, Issue 6223, 15 Jan 2015 https://www.science.org/doi/10.1126/science.1259855 STUART-MILL, John (1848), Principles of Political Economy with Some of their Applications to Social Philosophy, London. UNCCD. United Nations Convention to Combat Desertification, 2022. The Global Land Outlook, second edition. UNCCD, Bonn. Wes Jackson, Robert Jensen. An Inconvenient Apocalypse Environmental Collapse, Climate Crisis, and the Fate of Humanity, 2022 https://undpress.nd.edu/9780268203665/an-inconvenient-apocalypse/ in EcoDebate, ISSN 2446-9394

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Parceria entre Eastman, SOS Mata Atlântica e Bracell ajudará na restauração florestal de reservas legais com a doação de 15.000 mudas

Empresas se unem para apoiar o Florestas do Futuro, programa que contribui com a recuperação do bioma de área do Litoral Norte da Bahia O Projeto Jequitibá está dentro de parte da APA Litoral Norte que, ao todo, compreende uma faixa litorânea com 10 km de largura e 142 km de extensão, ao longo da Linha Verde (BA-099). Abrange parte dos municípios de Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde e Jandaíra. O programa será monitorado por cinco anos e a restauração segue uma metodologia com alta densidade e diversidade, já que são 2.500 árvores nativas por hectare, considerando entre 60 e 100 espécies. Serão feitos relatórios de plantio, após a conclusão de cada fase; relatórios periódicos com imagens do plantio, durante a manutenção da área; e relatórios anuais ao longo do período de monitoramento. A Mata Atlântica é um bioma de floresta tropical com mais de 90% de sua extensão dentro do Brasil, e ocupa 15% do território brasileiro, abrangendo a costa leste, nordeste, sudeste e sul do País. Está entre os ecossistemas globais prioritários para restauração, combinando biodiversidade, clima e custos. Faz parte de um grupo de ecossistemas que, se recuperados de forma ótima, poderiam salvar 70% das espécies da extinção e absorver quase a metade do carbono cumulado na atmosfera desde a Revolução Industrial.1 A Bracell, líder mundial em celulose solúvel, lançou o “Compromisso Um para Um”, uma iniciativa destina a contribuir com a conservação das áreas de vegetação nativa em tamanho igual às áreas de plantio. Para cada hectare plantado de eucalipto, a empresa se compromete com a conservação de um hectare de área nativa. Além disso, vai apoiar a preservação em áreas públicas e a recuperação de áreas degradadas, como neste projeto Florestas do Futuro. Objetivos da Eastman Com a fibra Naia™, a Eastman quer tornar os têxteis sustentáveis acessíveis a todos. Naia™ é feita com 40% de material reciclado certificado* e 60% de polpa de madeira de origem sustentável, originárias de florestas certificadas. O processo de fabricação é otimizado, com baixa pegada hídrica e de carbono. “Vemos grandes marcas comprometidas em utilizar matérias-primas sustentáveis que ajudem a mitigar o impacto no meio ambiente e buscam soluções para reduzir a pegada de carbono e deixar um mundo melhor para as próximas gerações. E Naia™ fará parte dessa história”, destaca Ruth Farrell, GM da Eastman Textiles. A Eastman estabeleceu importantes objetivos de sustentabilidade para Naia™, a serem alcançados até 2025. Estas metas incluem: pelo menos três acordos para gerar impactos ambientais mensuráveis; ter mais de 25% do conteúdo reciclado derivado de resíduos têxteis; e investir mais de 75% dos recursos de P&D têxtil em soluções circulares, entre outros. 1Lei da Mata Atlântica (nº 11.428/2006). Base Legislação da Presidência da República – Lei nº 11.428 de 22 de Dezembro de 2006 e Lei nº 11.428 Sobre a Eastman Fundada em 1920, a Eastman é uma empresa global de materiais especiais, que produz uma ampla gama de produtos encontrados em itens que as pessoas usam todos os dias. Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de forma material, a Eastman trabalha com os clientes para entregar produtos e soluções inovadoras, mantendo o compromisso com a segurança e a sustentabilidade. O modelo de crescimento impulsionado pela inovação da empresa aproveitou as vantagens de plataformas de tecnologia de classe mundial, profundo envolvimento do cliente e desenvolvimento de aplicativos diferenciados para aumentar suas posições de liderança em mercados finais atraentes, como transporte, construção e consumíveis. Como uma empresa globalmente inclusiva e diversificada, a Eastman emprega aproximadamente 14.000 pessoas em todo o mundo e atende clientes em mais de 100 países. A companhia teve, em 2021, receitas de aproximadamente US$ 10,5 bilhões e está sediada em Kingsport, Tennessee, EUA. Para mais informações visite o site da Eastman. #Envolverde

7 dicas de presentes mais sustentáveis para as festas de fim de ano

Instituto Akatu prepara lista com presentes sustentáveis, reutilizáveis e lixo zero: o planeta e o seu bolso agradecem. Fim de ano chegando e, em meio às comemorações, sempre surge aquela dúvida: “o que posso dar de presente?” A boa notícia é que existem inúmeras opções sustentáveis para presentear alguém especial. Afinal, presentes também podem ser ecológicos, feitos à mão, usados, reutilizáveis e lixo zero, com menor impacto para o meio ambiente e para a sociedade. Confira a lista preparada pelo Instituto Akatu, ONG referência no país em consumo consciente, com dicas de lembrancinhas que fazem bem para quem a gente gosta e para o planeta! Que tal optar por presentinhos duráveis? Existem várias alternativas para escolher: canecas personalizadas, ecobags estilosas, copos reutilizáveis, garrafinhas térmicas e canudos de inox, para quem ama um drink. Os kits de talheres também são itens fundamentais para carregar na bolsa ou na ecobag. Outra ideia é presentear alguém com uma receitinha deliciosa feita especialmente por você em um pote de vidro reutilizável. “Itens mais duráveis são uma excelente alternativa, pois podem ser reutilizados por muito tempo ou até consertados se quebrarem. Isso beneficia o meio ambiente e a todos nós, pois reduz o uso de recursos naturais utilizados na fabricação de novos itens, como água, energia e matérias primas, além de significar uma menor geração de resíduos”, explica Bruna Tiussu, gerente de comunicação e conteúdos do Instituto Akatu. “Dê preferência para o durável mais que o descartável”, completa. Vá de brechó! Adquirir itens de segunda mão está na moda — e presentear também! É possível encontrar o presente ideal e em ótimo estado em brechós e bazares, repletos de peças e itens lindos, que vão necessitar de nenhum ou poucos ajustes. Além da vantagem econômica, já que a maioria dos itens usados são vendidos com descontos sobre o valor original, pode-se encontrar peças exclusivas, fora de catálogo e ainda contribuir para a sustentabilidade da vida no planeta. Priorize o compartilhado mais que o individual! Experiências virtuais também podem ser memoráveis A tecnologia proporciona inúmeras experiências que possibilitam a substituição de um item material por uma experiência virtual, sendo uma ótima alternativa para quem está mais distante. Que tal fazer uma assinatura de streaming ou produzir uma playlist personalizada para alguém especial? E-books, revistas digitais, cursos online ou uma arte personalizada também podem agradar bastante. “Serviços e experiências virtuais significam, na maioria dos casos, um menor uso de recursos naturais, seja na produção ou no transporte de produtos. Logo, representam menos emissões na atmosfera e menos resíduos na hora do descarte. Por isso, considere escolher algo virtual em vez do material!”, afirma Bruna Tiussu. Todo mundo ama produtinhos de beleza orgânico, vegano e biodegradáveis A demanda por sustentabilidade tem resultado em uma variedade crescente de marcas e linhas com produtos naturais, orgânicos, veganos, biodegradáveis e sem testes em animais (cruelty free). É possível montar um kit de beleza bem cheiroso, com shampoos, sabonetes, cremes e itens de maquiagem, ou selecionar um desses itens individualmente. Produtos biodegradáveis, como cotonetes de papel, escovas de bambu, pentes de madeira de reflorestamento e buchas vegetais também são itens de higiene mais sustentáveis para incluir na lista. Bruna Tiussu sugere ainda, se possível, a preferência por produtos concentrados ou comprimidos, que demandam menos água em sua composição e uso, e vêm em embalagens menores e mais econômicas. “Por terem o tamanho reduzido, eles geram menos resíduos e ocupam menos espaço. Assim, priorize mais os concentrados que os diluídos.” Para os amantes de plantinhas Plantas são uma ótima opção de presente, pois trazem benefícios para o bem-estar e para o meio ambiente: são delicadas, pessoais e uma forma especial de demonstrar afeto. Compre flores e plantas de fácil cuidado, como rosas, orquídeas, lírios, suculentas, espada de são jorge, cactos, bambu da sorte, entre outras. Em vez de comprar, é possível também escolher uma plantinha do seu jardim particular e colocar em um vaso feito de cerâmica, por exemplo. Ou presentear alguém com ervas aromáticas e temperos, incentivando uma alimentação mais saudável e sustentável. Escolha sempre o saudável mais que o prejudicial. Apoie marcas independentes e artesãos locais As marcas independentes estão ganhando cada vez mais espaço com os marketplaces e as plataformas digitais. Elas são criativas, inovadoras e não utilizam os métodos de gestão convencionais. E muitas delas deixam claro seus propósitos e geram conexões com os consumidores, enfatizando pautas como sustentabilidade, bem-estar, estilos de vida mais saudáveis, fórmulas limpas, inclusão e diversidade. Você também pode escolher o presente ideal apoiando os pequenos negócios e artesãos locais. “Assim, incentivamos a produção local, favorecemos economicamente o desenvolvimento da nossa região e reduzimos os impactos negativos e emissões de gases poluentes gerados nos serviços de transporte e armazenamento de produtos importados”, comenta Bruna. Incentive a produção local mais que a global! Estar presente é um ótimo presente! Já parou pra pensar que a nossa sociedade atual privilegia muito os bens materiais? Mas várias pesquisas indicam que o que realmente é valorizado pelas pessoas são as experiências, as sensações e as emoções. São elas que nos dão aquele prazer mais duradouro, que depois viram nossas melhores memórias. Convide familiares ou amigos para cozinhar juntos em casa, fazer um piquenique no parque, ir ao cinema, praticar exercícios, fazer uma aula experimental na academia ou passar o fim de semana na praia. Essas são só algumas opções para aproveitar o momento com boas companhias. Reflita se você está dando mais atenção às experiências do que ao que é tangível. Por fim, lembre-se que compartilhar ou trocar também é uma boa possibilidade de presentear de forma mais sustentável. Você tem algum item, roupa ou acessório em casa em bom estado que não deseja mais? Aproveite essa oportunidade para trocar, emprestar, doar ou compartilhar com quem está pertinho. E não esqueça: use a menor quantidade possível de materiais na hora da embalagem, para gerar menos resíduos. Para mais dicas de consumo consciente, siga o Instituto Akatu no Instagram. Sobre o Instituto Akatu Criado em 15 de março de 2001, o Instituto Akatu é uma organização não governamental sem fins lucrativos que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para um novo jeito de viver com consumo consciente e mais bem-estar para todos. As atividades do Instituto estão focadas na mudança de comportamento do consumidor em duas frentes de atuação: Educação e Comunicação, com o desenvolvimento de campanhas, conteúdos e metodologias, pesquisas, jogos e eventos. O Akatu também atua junto a empresas que buscam caminhos para a nova economia, ajudando a identificar oportunidades que levem a novos modelos de produção e consumo — modelos que respeitem o ambiente e o bem-estar, sem deixar de lado a prosperidade. Confira. #Envolverde

Entenda os riscos para animais de estimação causados pelo som dos fogos de artifício

Especialista da Cobasi dá dicas de como acalmar seu pet e protege-lo nesta época de festividades – Com a chegada das festividades do final de ano, é comum que muitas pessoas usem fogos de artifício durante as comemorações. Porém, o som do estouro comumente gera desconforto aos pets, que podem mostrar diferentes sinais de incômodo. “O animal tenta se esconder, pode ter até vômitos, diarreia, tremores e vocalização, porém é passageiro. Caso estes sintomas se prolonguem ou o animal apresentem convulsões, é hora de correr para o veterinário”, explica Lysandra J. Barbieri, médica veterinária e Analista de Educação Corporativa da Cobasi. Por possuírem a audição bem mais aguçada do que a nossa, ouvindo cerca de 4 vezes mais alto do que os humanos, os cães estão entre os mais afetados. “Além disso, as orelhas funcionam como antenas parabólicas que captam melhor o som, tornando-o ainda mais alto. Sendo assim, se o som de fogos é incômodo para nós, para o cão acaba virando um tormento”, explica a especialista. Porém não são os únicos animais de estimação que sofrem com os sons. Gatos, aves, roedores e até cavalos sofrem com os barulhos de fogos. “Assim como com os cães, o som causa medo, ansiedade estresse. Em casos nos quais a explosão esteja muito próxima, é possível até romper o tímpano do animal. Ainda, alguns podem se machucar no momento da fuga, ou até mesmo terem taquicardias a ponto de irem parar no hospital veterinário”. Para amenizar os efeitos dos sons gerados pela queima de fogos de artifício neste período do ano, a especialista faz algumas recomendações: Manter o animal em um cômodo mais silencioso e confortável Não prender o animal, pois ele pode tentar fugir e se machucar Colocar algodão no ouvido do animal, mas deve ser retirado logo depois. Deixar a TV ligada nestes momentos também pode ajudar Esteja presente, pois a companhia humana acalma o animal. “Hoje no mercado temos opções de fones de ouvido para amenizar o barulho e existe também uma técnica chamada Tellington Touch, que consiste em uma amarração que tende a diminuir o estresse, porém, não é a única solução. Há também opções de florais e passifloras que, se usados de forma correta, tendem a diminuir a tensão causada pelos fogos. Estes geralmente são oferecidos antes do evento, agindo no sistema nervoso do animal, trazendo mais tranquilidade. É possível também usar sedativos, mas somente com orientação veterinária adequada”, conclui Lysandra. Sobre a Cobasi Pioneira no conceito de megaloja com produtos para pet, casa e jardim, a Cobasi oferece o que é essencial para a vida do brasileiro. Com 37 anos, a marca tem mais de 170 lojas distribuídas em 16 estados no Brasil, que oferecem mais de 20 mil produtos. Entrega, também, comodidade de compra com seu e-commerce e aplicativo próprios. Certificada por dois anos consecutivos como Great Place to Work, a empresa investe na capacitação dos seus colaboradores e, com isso, entrega uma experiência única aos clientes. Ampliando seu ecossistema de negócios, em 2021 adquiriu a empresa Pet Anjo, plataforma que oferece a intermediação de serviços como dog walker, pet sitter, hospedagem e daycare. #Envolverde

ONU lança plano de 10 anos para apoiar línguas indígenas ameaçadas

Por ONU Brasil – Na sessão de lançamento da Década Internacional das Línguas Indígenas, na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris, o presidente da Assembleia Geral, Csaba Kőrösi, fez um discurso em prol da preservação das culturas indígenas como ato fundamental para proteção da biodiversidade. Kőrösi lembrou que os povos indígenas são 6% da população global e falam mais de quatro mil das 6,7 mil línguas do mundo. No entanto, estima-se que mais da metade de todas as línguas serão extintas até o final deste século Cerca de 2,3 mil pessoas de 125 países participaram do evento híbrido, incluindo representantes indígenas e embaixadores da ONU. No dia 13 de dezembro, 2,3 mil pessoas de 125 países participaram do evento híbrido de lançamento da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris. Durante o evento de alto nível, o presidente da Assembleia Geral da ONU, Csaba Kőrösi, afirmou que preservar essas línguas é importante para toda a humanidade. As Nações Unidas defendem os povos indígenas, que são os herdeiros e praticantes de culturas únicas e formas de se relacionar com as pessoas e o meio ambiente. Para Kőrösi, cada vez que uma língua indígena desaparece, também se vão a cultura, a tradição e os saberes que ela carrega. Ele explica que a proteção é importante porque os povos indígenas são os guardiões de quase 80% da biodiversidade remanescente, de acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). “Se queremos proteger a natureza, devemos ouvir os povos nativos e dialogar na língua deles”, defendeu o presidente. Os indígenas representam menos de 6% da população global, mas falam mais de quatro mil das cerca de 6,7 mil línguas do mundo, de acordo com o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (DESA). Estima-se que mais da metade de todas as línguas serão extintas até o final deste século e este número pode ser ainda mais alto. O presidente da Assembleia Geral alertou que, a cada duas semanas, uma língua indígena morre. Proteção – O líder da Assembleia Geral pediu aos países que atuem com as comunidades indígenas para proteger seus direitos, como acesso à educação e recursos em seus idiomas nativos, e garantir que seus conhecimentos não sejam explorados. Ele também afirmou que os povos indígenas devem ser consultados e envolvidos, de forma significativa, em todas as etapas dos processos de tomada de decisão. Representantes indígenas e embaixadores da ONU participaram do lançamento e defenderam a proteção e preservação das línguas. O embaixador do México, por exemplo, falou em nome do Grupo dos Amigos dos Povos Indígenas, seguido pelo representante da Colômbia, que estava acompanhado de uma indígena do povo Arhuaco. Os participantes também ouviram representantes de comunidades indígenas do Ártico e da África. * Créditos da imagem destacada: Legenda: Os indígenas representam menos de 6% da população global, mas falam mais de quatro mil das cerca de 6,7 mil línguas do mundo. Foto: © Marcelo Camargo/Agência Brasil #Envolverde

Violência doméstica e filhos: como proteger as crianças na divisão da guarda?

Por Joana Suarez, Erika Artmann e Jade Santana para Revista Az Mina – Mais da metade das mulheres que sofrem violência doméstica são mães. Entenda como garantir a segurança das crianças e as regras sobre guarda nestes casos Entre as mulheres que sofreram violência doméstica no Brasil, 60% delas têm filhos, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021. E considerando que a casa é o espaço onde acontece a maior parte dos casos – 65% dos feminicídios foram nas residências -, a maioria dessas crianças acabou exposta ou conviveu com as agressões às suas mães, e foram vítimas diretas e indiretas da violência contra a mulher. Diante dessa realidade, a decisão de se separar do agressor representa para as vítimas não só um movimento pela própria segurança, mas também pela proteção dos filhos. É urgente que ela saia do ciclo de violência o quanto antes. Mas muitas perguntas e medos surgem na hora em que a mulher decide sair de casa, ou quando vai se divorciar, principalmente em relação à guarda das crianças. Juliana* passou por isso e viveu na pele a dificuldade de lidar com a violência tendo uma criança em casa. Ela casou-se aos 16 anos e seu marido, sete anos mais velho, começou a se mostrar agressivo na primeira gravidez. No chá de bebê, ele usou uma moto para ameaçar a família de Juliana, e ela precisou ser levada com sangramento ao hospital. A última agressão ocorreu em 2020. Ele usou uma cadeira para bater nela, na presença da filha, que tinha 8 anos à época. A mãe fugiu com a menina após chamar a polícia. Ela precisou de assistência jurídica para negociar na Justiça a guarda da filha. Por meio de audiência de conciliação, estabeleceram regras para que a convivência fosse menos conflituosa possível. Hoje, a menina vive com a mãe, mas o contato com o pai se mantém em visitas e passeios. As violências cessaram e atualmente ambos participam da criação da filha. Histórias como a dela mostram a complexidade do assunto e que as questões são muitas. O que acontece se a mulher foge com a criança? Quais as regras para a guarda? Como funciona a guarda compartilhada nos casos de violência? Quando é melhor pedir a guarda unilateral? Como se proteger das possíveis ameaças do pai usando as crianças? AzMina procurou advogadas especialistas no assunto para entender os caminhos possíveis. MUDANÇA DE CIDADE X ABANDONO DO LAR Antes de pensarem em procurar a Justiça, algumas mulheres, principalmente vítimas de violência, precisam sair de casa emergencialmente, levar os filhos embora e não informar o novo endereço ao pai. Às vezes também necessitam mudar de cidade para se proteger, mas temem que essa saída deponha contra elas e fique caracterizada como abandono do lar e em um processo judicial ou disputa posterior de guarda. “A mulher, em primeiro lugar, deve buscar a sua segurança e a de seus filhos. E se para isso for necessário deixar o lar, sozinha ou com os filhos, e mesmo uma mudança de cidade, ela não perde nenhum direito relativo à guarda”, esclarece a advogada Margareth Senna, membra da Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco, integrante da ONG Tamo Juntas e da Coletiva Mana a Mana, ambas de assessoria gratuita para vítimas de violência. Um processo judicial de definição de guarda pode levar de 30 a 180 dias. Até lá os filhos ficam com o genitor que estava com eles no momento da separação. “Por isso eu sempre sugiro a mulher sair de casa com os filhos”, alerta Margareth. A advogada complementa que depois é possível pedir para o juiz afastar o agressor, e a mãe volta para casa com os filhos. Mas ao sair de casa, assim que estiver em um local de segurança, a mulher deve entrar com essa ação judicial de guarda. A mudança de cidade pode ter implicações num processo futuro de regulamentação de guarda, tendo em vista que é direito do pai da criança saber onde e em que situações a mesma se encontra. COMUNIQUE À JUSTIÇA Procurar uma advogada ou a Defensoria Pública pode ajudar a dar entrada no processo nessas situações, em que se deve justificar a mudança de endereço com provas testemunhais, boletim de ocorrência e/ou medida protetiva, uma vez que essa ação ocorreu para garantir a segurança da mulher e filhos. Se já tiver dado início a um processo de guarda antes da saída da cidade, o novo endereço deve ser informado para o juiz responsável pelo caso. Provavelmente, o processo de regulamentação de guarda sofrerá alterações de comarca judicial, pois tem que ocorrer onde a criança ou adolescente reside no momento. A comunicação à Justiça também é importante, explica a advogada, para evitar que o agressor alegue que a saída de casa da mulher com os filhos seja um caso de alienação parental – caracterizada pela mudança constante de endereço sem justificativa, por esconder essa mudança do Judiciário, além de não informar como a criança está. Um dos princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é a precaução, para além de resguardar o direito ao convívio com os pais. Então, caso exista alguma possibilidade de risco, violência ou violação dos direitos da criança pelo pai, isso deve ser informado e registrado na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, além de ser levado ao processo judicial de guarda. PREPAROS PARA SEPARAÇÃO Por envolver muitas questões, cada divórcio precisa de uma avaliação específica para definir temas como separação de bens, pensão e guarda. Aqui nessa reportagem explicamos cada item em que é preciso pensar ao começar o processo de separação. Mas é importante ter sempre em mente a preocupação com a garantia dos direitos e da segurança das crianças. Letícia Ferreira, advogada e co-diretora da ONG Tamo Juntas, cita algumas medidas que podem ser tomadas durante a separação por violência doméstica: Juntar os documentos da mãe, da criança e dos imóveis do casal; Registrar conversas, áudios e imagens que comprovem agressões ou ameaças; além de buscar testemunhas das agressões; Procurar por assessoria jurídica, rede de apoio e outras pessoas para interceder; “É importante a gente tomar atitudes preventivas, não esperar. Registros são importantes para processos judiciais e futuras ocorrências”, explica. Letícia acrescenta que violências e ameaças relacionadas à guarda, ao convívio dos filhos, também são violência contra as mães. GUARDA DOS FILHOS: O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO A Lei 11.698 aponta que a preferência no divórcio com filhos é pela chamada guarda compartilhada. Nela, os pais participam em conjunto das principais decisões educacionais e materiais sobre a vida da criança ou adolescente, que passa metade do tempo morando com cada um dos pais. Mas para funcionar bem, esse tipo de guarda precisa de contatos frequentes entre os genitores, e quando existe violência doméstica isso representa riscos para a mãe, e mesmo para a criança. Por isso, em casos de violência a lei determina que o modelo adotado seja a guarda unilateral, para que a segurança de mãe e filhos esteja garantida. Apenas um dos genitores têm o poder de decisão e os filhos vivem com ele, sendo que os formatos de visitação do outro são decididos junto com um juiz. Como o contato entre os pais pode ser bem menor, isso diminui os riscos para a mulher vítima de violência. COMO SOLICITAR A GUARDA UNILATERAL Para iniciar o pedido da guarda unilateral, a mulher vítima de violência doméstica vai precisar solicitar a regulamentação da guarda através de um processo judicial, com suporte de um advogado. Documentos como medida protetiva e boletins de ocorrência contra o agressor não são obrigatórios para o processo, mas podem reforçar a necessidade da regulamentação da guarda unilateral para o judiciário. Decisões judiciais pela guarda unilateral em caso de violência doméstica ou quando há um conflito grande entre os pais já não são incomuns. Ela é possível em casos de maus tratos, abandono e falta de condições mínimas para garantir os cuidados da criança ou adolescente. Quem não tem recursos financeiros para pagar advogado, pode solicitar apoio para a defensoria pública. Caso já haja uma definição de guarda, seja por acordo ou por um processo que decidiu a guarda anteriormente, é possível entrar com uma ação de modificação da mesma. A guarda é regulamentada por questões atuais efatos novos podem influenciar na decisão do juiz. SITUAÇÃO É AVALIADA POR JUIZ “Não há um padrão para casos de violência doméstica, e a ocorrência de agressão física, moral ou mental não dá, necessariamente, a guarda unilateral à mãe”, destacou Letícia Ferreira. Também não existe nenhum documento específico que deva ser assinado para conseguir esse tipo de guarda. Apesar disso, a advogada diz que a situação dos filhos e dos pais vai ser avaliada no processo judicial, para que se compreenda qual o melhor regime para atender aos interesses da criança, que são prioritários. Se ao final a decisão judicial for pela guarda compartilhada, uma boa opção é encontrar uma terceira pessoa que possa levar e trazer a criança, buscar comida e outros itens que forem necessários, sem necessidade de vítima e agressor se encontrarem. A advogada reforça que a mulher vítima de violência deve buscar orientação jurídica para regulamentar a guarda, não deixar a situação seguir informalmente. Quando a negociação é difícil, o ideal é que outras pessoas façam a intermediação, e não os próprios pais. VISITAS E MEDIDA DE AFASTAMENTO O direito de um dos genitores de se encontrar com a criança não pode atingir a segurança do outro. Na guarda unilateral o genitor também tem o direito de visitar os filhos, por isso, muitas vezes essa mãe precisa ter uma medida protetiva de afastamento do agressor, solicitada na delegacia da mulher, para não ter nenhum contato com ele. “Se a mãe é a guardiã do filho, que é o que acontece na maior parte das vezes, deve ser garantido que o convívio com o pai não exponha essa mulher a mais violência”, defendeu a advogada Letícia. A medida protetiva, que é temporária e urgente, pode muitas vezes incluir a criança se o juiz da Vara de Violência Doméstica compreender dessa forma. Dessa forma, a medida protetiva pode regulamentar temporariamente a guarda, proibindo as visitações, por exemplo, principalmente se houver riscos na convivência entre a criança e o pai. Mas se a criança não está exposta a nenhuma situação de violação por parte do convívio com esse pai, a medida protetiva não se sobrepõe ao direito da convivência familiar. Então, estratégias devem ser pensadas, juridicamente, para possibilitar a relação entre o pai e os filhos sem colocar em risco a segurança da mulher vítima de violência. O DEBATE SOBRE ALIENAÇÃO PARENTAL Quando as mulheres se separam e entram com pedidos de medidas protetivas, os agressores podem tentar usar a Lei de Alienação Parental com intenção de manter o contato com a vítima. Eles argumentam que as mães estão cometendo o crime de afastamento e destruição dos vínculos parentais da criança. Alegam que a mãe está dificultando a relação do pai com os filhos. Mudanças de endereço, calúnias ou proibição de contatos são algumas acusações feitas nesses casos. Se forem aceitas, podem levar ao pagamento de multas ou perda da guarda para quem é acusado. Reportagem anterior d’AzMina tratou sobre os problemas gerados pela lei da alienação, que é baseada na controversa teoria de Richard Gardner. Ela fala em uma síndrome causada nas crianças pela quebra de vínculo entre pais e filhos, incentivada por um dos genitores. “Mas essa é uma falsa premissa científica”, afirma a advogada Letícia Ferreira. Afinal, é difícil que tenha sido a mãe que fez com que a criança tivesse medo do genitor, ou a convenceu de que o pai é mau em uma situação de violência dentro de casa O problema é que a lei da alienação vem sendo utilizada como revide do pedido de medida protetiva, segundo Letícia, e as denúncias são invalidadas por causa da suposta alienação. ALTERAÇÕES NA LEI Em maio deste ano, 2022, no entanto, foram sancionadas alterações na Lei de Alienação Parental. Não é mais possível suspender a guarda da mãe, por exemplo, como forma de punição durante o processo judicial. Já as medidas como advertência ou multa, além da ampliação da convivência com o genitor foram mantidas no texto. Na aprovação das novas regras, porém, foi retirado o artigo que proibia o juiz de conceder alteração de guarda ou guarda compartilhada ao pai ou à mãe investigados ou processados pela prática de crime contra a criança ou o adolescente ou de violência doméstica. Fato é que muitos juízes ainda entendem que a violência é um problema entre o casal, sem relação com a paternidade, e que uma eventual guarda unilateral seria prejudicial à criança. *Nome fictício a pedido da entrevistada #Envolverde

Aquecimento pode chegar a 7ºC, sugere cientista pioneiro

Por Observatório do Clima – Estudo ainda inédito de James Hansen, americano que chamou atenção para o problema em 1988, mostra que elevação “contratada” da temperatura ultrapassa previsões atuais O que já era muito grave pode ser ainda pior. É difícil conceber que a emergência climática possa ser mais severa do que já se sabe, mas é exatamente o que indica a pesquisa inédita Global warming in the pipeline (“O aquecimento global contratado”, em tradução livre). Os dados preliminares sugerem que as atuais concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre podem sozinhas conduzir, no longo prazo, a um aquecimento de 10ºC. Considerados os efeitos de compensação (como, por exemplo, a ação de resfriamento operada por partículas de aerossol na atmosfera), o saldo seria de um planeta no mínimo 7ºC mais quente. O estudo é liderado pelo climatologista americano James Hansen. Aposentado do Centro Goddard, da Nasa, Hansen foi o primeiro cientista a dizer, em 1988, que o aquecimento global já estava em curso. A pesquisa feita por ele e 14 coautores está em fase de preprint, aguardando a revisão de outros cientistas para a publicação definitiva. Ela foi submetida a um periódico de alto impacto e disponibilizada na internet para ampliar a discussão entre a comunidade científica. A principal descoberta está relacionada a um indicador chamado sensibilidade climática em equilíbrio (ECS, na sigla em inglês) do planeta. Trata-se da estimativa de quanto a temperatura na Terra aumentaria caso a concentração de CO2 na atmosfera duplicasse. Resumidamente, a equipe de cientistas sugere que a sensibilidade climática do planeta é maior do que se imaginava — o que, dada a atual concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, produz um cenário de mais aquecimento e menos tempo do que se previa. James Hansen é preso em protesto contra oleoduto Keystone XL, em 2011 (Foto: Ben Powless) O AR6, mais recente relatório do IPCC, o painel do clima da ONU, aponta um aumento de 3ºC como “melhor estimativa” (a mais confiável) para o ECS. Mas, segundo a nova pesquisa, o ECS é de ao menos 4ºC — com variação provável de 3,5ºC a 4,5ºC. Pode parecer pouco, mas não é. “Se o ECS for de 4°C, haverá mais aquecimento em curso do que se supõe amplamente. O maior aquecimento poderia tornar grande parte do planeta inóspito para a humanidade e causar a perda de cidades costeiras com o aumento do nível do mar”, diz o texto. Ainda há tempo Os pesquisadores destacam que esse ainda é um cenário evitável — mas alertam que, diante das novas descobertas, a fresta temporal para a ação climática é ainda mais limitada. “Esses destinos ainda podem ser evitados por meio de uma resposta política racional, mas devemos entender o tempo de resposta climática para definir políticas eficazes”, afirmam. Entender que a sensibilidade climática do planeta é maior do que se imaginava leva, segundo os pesquisadores, não apenas à conclusão de que o aquecimento global é quantitativamente maior do que se sabia. Também os impactos climáticos precisam ser entendidos em outra escala. O estudo jogou luz, ainda, sobre outro ponto: a poluição por aerossóis, que, contraditoriamente, “ajudava” a manter a terra mais fria (por conta da ação de resfriamento operada por essas partículas, que refletem a radiação solar de volta para o espaço antes que ela chegue à superfície terrestre, além de ajudar a formar nuvens), tem mais peso na compensação do aquecimento global do que se imaginava. A pesquisa concluiu que o resfriamento da atmosfera pelas partículas de aerossóis é maior do que o estimado pelo último relatório do IPCC, e lembrou que seu despejo na atmosfera caiu significativamente na última década. Não é exatamente uma má notícia: a poluição por aerossóis traz complicações respiratórias a seres humanos e causa, segundo o artigo, “milhões de mortes por ano”. A questão é que o declínio na quantidade de aerossóis irá, daqui pra frente, acelerar ainda mais o aquecimento do planeta. Nova abordagem O aquecimento de 7ºC é, segundo os cientistas, a consequência esperada caso o nível atual de gases de efeito estufa na atmosfera seja mantido e a quantidade de aerossóis esteja próxima à registrada entre a era pré-industrial e os anos 2000. Considerando o tempo necessário para que o oceano aqueça e as camadas de gelo se desfaçam, esse aquecimento não seria vivido pelas atuais gerações. “Mas é uma indicação do caminho que estamos estabelecendo para nosso planeta”, dizem. A pesquisa traz ainda outro alerta: o cenário de uma concentração duplicada de CO2 na atmosfera, usado como modelo para a estimativa da sensibilidade climática do planeta, não é mais imaginário: “O aumento dos gases de efeito estufa desde 1750 até agora produz uma pressão climática equivalente ao dobro de CO2 (…). Neste momento, a humanidade está dando seus primeiros passos para o período das consequências [da concentração duplicada de gases de efeito estufa]”, diz o texto. Por isso, afirmam, “a enormidade das consequências do aquecimento em andamento” exige não apenas ação imediata, mas também uma nova abordagem da crise climática, capaz de enfrentar tanto as emissões futuras como as passadas (e seus efeitos). Entre as ações necessárias, os cientistas destacam o aumento da taxação global sobre as emissão de gases de efeito estufa, a cooperação Ocidente-Oriente, incorporando as necessidades de países mais vulneráveis, e uma intervenção rápida para reduzir a “geoengenharia” atualmente operada pela humanidade no clima da Terra. Em bom português, corte radical e acelerado de emissões. Estudo ainda inédito de James Hansen, americano que chamou atenção para o problema em 1988, mostra que elevação “contratada” da temperatura ultrapassa previsões atuais #Envolverde

Impactos do aumento das secas extremas

Consenso científico: há fortes evidências de que a mudança climática induzida pelo homem levou a um aumento do risco de seca (Hoegh-Guldberg et al, 2018) Atividades humanas, há um aumento nas temperaturas médias da superfície em todo o mundo A seca é mortal: De 1970 a 2019, a seca foi um dos perigos que levaram às maiores perdas humanas, com um total de aproximadamente 650.000 mortes Entre todas as mortes relacionadas ao clima durante o período, mais de 90% ocorreram em países em desenvolvimento (WMO, 2021b) A seca é cara: as perdas econômicas devido à seca aumentaram muito nas últimas décadas (WMO, 2021b) A seca é devastadora: Estima-se que 55 milhões de pessoas em todo o mundo são diretamente afetadas pelas secas todos os anos, tornando-se o perigo mais sério para gado e colheitas em quase todas as partes do mundo A seca afeta mulheres e meninas de forma desproporcional: maiores cargas e sofrimento são infligidos a mulheres e meninas em países emergentes e em desenvolvimento em termos de níveis de educação, nutrição, saúde, saneamento e segurança (Algur et al., 2021). Quase 160 milhões de crianças estão expostas a secas severas e prolongadas – até 2040, estima-se que uma em cada quatro crianças viverá em áreas com extrema escassez de água A seca é subestimada: As secas têm impactos profundos, generalizados e subestimados nas sociedades, ecossistemas e economias, com apenas uma parte das perdas reais contabilizadas As políticas de preparação para a seca fazem a diferença: medidas proativas para reduzir riscos e aumentar a resiliência de ecossistemas e comunidades pode ser alcançado por meio de políticas sustentáveis de gestão de terras e restauração de ecossistemas A restauração de terras é econômica: no Níger, os agricultores reduziram substancialmente os riscos de seca criando novos sistemas agroflorestais em 5 milhões de hectares em 20 anos, com custos médios abaixo de US$ 20 por hectare A educação estimula a prontidão: por meio de um programa de educação baseada na restauração ecológica, agricultores da Amazônia colombiana implantou 71 novos viveiros, produzindo 400 mil mudas de 21 espécies florestais nativas Assuntos da mídia: um estudo de caso da Califórnia em 2017 mostra que um aumento de cerca de 100 histórias de seca em dois meses foi associado com uma redução de 11 a 18 por cento no uso doméstico típico de água Virar a maré: Limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, acompanhado de regeneração da terra e melhores práticas de gestão da água, espera-se que reduza substancialmente a probabilidade de eventos de seca extrema (Hoegh-Guldberg, O., 2018) Novos horizontes: uma mudança de paradigma das abordagens ‘reativas’ e ‘baseadas em crises’ abordagens de gestão da seca ‘proativas’ e ‘baseadas no risco’ são indispensáveis Países que enfrentaram emergências de seca nos últimos dois anos (2020-2022) Afeganistão Cazaquistão Níger Angola Quênia Somália Brasil Lesoto Sudão do Sul Burkina Faso Mali Síria Chile Mauritânia Paquistão Etiópia Madagáscar Estados Unidos Iraque Malauí Zâmbia Irã Moçambique países que enfrentaram emergências de seca nos últimos dois anos FIG. 1: Países que enfrentaram emergências de seca nos últimos dois anos (2020-2022) A seca no mundo (1900-2022) • Mais de 10 milhões de pessoas perderam suas vidas devido a grandes eventos de seca no século passado, causando vários cem bilhões de dólares em perdas econômicas em todo o mundo, e os números estão aumentando (Guha-Sapir, D. et al., 2021) • A seca severa afeta a África mais do que qualquer outro continente, com mais de 300 eventos registrados nos últimos 100 anos, respondendo por 44% do total global. Mais recentemente, a África subsaariana experimentou as consequências dramáticas de desastres climáticos cada vez mais frequentes e intensos (Taylor et al., 2017; Guha-Sapir, D. et al., 2021) • No século passado, 45 grandes eventos de seca ocorreram na Europa, afetando milhões de pessoas e resultando em mais de US$ 27,8 bilhões em perdas econômicas. Hoje, uma média anual de 15% da área terrestre e 17 por cento da população da União Europeia é afetada pela seca (Guha-Sapir, D. et al., 2021; European Agência Ambiental, 2017) •Nos EUA, quebras de safra e outras perdas econômicas devido à seca totalizaram várias centenas de bilhões de dólares no último século – US$ 249 bilhões somente desde 1980 (NOAA-NCEI, 2021) • Ao longo do século passado, o maior número total de humanos afetados pela seca estava na Ásia (Guha-Sapir, D. et al., 2021) Impactos da seca na sociedade humana •Mais de 1,4 bilhão de pessoas foram afetadas pela seca no período de 2000 a 2019. Isso torna a seca o segundo desastre que mais afeta pessoas, depois das enchentes. A África sofreu secas com mais frequência do que qualquer outro continente, com 134 secas, das quais 70 ocorreram na África Oriental • Estima-se que o efeito de secas severas tenha reduzido o produto interno bruto da Índia em 2 a 5 por cento (UNDRR, 2021) See More • Como resultado da seca do milênio australiana, a produtividade agrícola total caiu 18% no período de 2002 a 2010 • O ônus da coleta de água – especialmente em terras áridas – recai desproporcionalmente sobre mulheres (72 por cento ) e meninas (9 por cento ), que, em alguns casos, gastam até 40 por cento de sua ingestão calórica transportando água (UNDRR, 2021) •Durante os últimos dois anos (2020 e 2021), déficits generalizados de precipitação foram registrados em todo o continente sul-americano • A seca é um dos principais impulsionadores da volatilidade do rendimento das culturas e, em particular, causa baixos rendimentos que podem levar a perdas financeiras substanciais Lista de referências: Adessi, A., De Philippis, R., & Rossi, F. (2021). Drought-tolerant cyanobacteria and mosses as biotechnological tools to attain land degradation neutrality. Web Ecology, 21(1), 65-78. Adelphi & Central Asia Regional Economic Cooperation Program. (2017). RETHINKING WATER IN CENTRAL ASIA: The costs of inaction and benefits of water cooperation. https://carececo.org/ Rethinking%20Water%20in%20Central%20Asia.pdf Agus, C., Azmi, F. F., Ilfana, Z. R., Wulandari, D., Rachmanadi, D., Harun, M. K., & Yuwati, T. W. (2019). The impact of Forest fire on the biodiversity and the soil characteristics of tropical Peatland. In Handbook of Climate Change and Biodiversity (pp. 287-303). Springer, Cham. Algur, K. D., Patel, S. K., & Chauhan, S. (2021). The impact of drought on the health and livelihoods of women and children in India: A systematic review. Children and Youth Services Review, 122, 105909. 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