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quinta-feira, 30 de setembro de 2021
Este será o eco cassino mais bonito do mundo?
De festas nas piscinas dos hotéis cinco estrelas em Las Vegas, a arranha-céus em Macau e restaurantes com estrelas Michelin em Mônaco – os melhores e mais belos centros de jogos do mundo têm algo único para diferenciá-los.
Mas a competição deverá ficar ainda mais acirrada com a introdução do, indiscutivelmente, cassino ecológico mais incrível do mundo – o Casino Middelkerke, na Bélgica.
Em sintonia com outras indústrias em todo o mundo, muitos cassinos estão adotando soluções verdes – que incluem economia de água e eletricidade, e conscientizando o público, que está cada vez mais preocupado com o impacto ambiental de seu entretenimento.
Mas os arquitetos também estão de olho na forma como os cassinos são construídos – e buscam constantemente soluções mais sustentáveis para os edifícios do futuro. Casino Middelkerke, certamente, estará um passo à frente em sustentabilidade.
Viagens sustentáveis e ecologicamente corretas já lideram a preferência dos viajantes – e essa tendência será cada vez mais forte no futuro, principalmente pelo estado de emergência climática que o planeta Terra se encontra atualmente.
Para os fãs de cassinos, conscientes de deixar uma pegada ecológica positiva nos destinos de férias, o Middelkerke certamente ocupará o topo da lista. Lembrando que há tempo suficiente para treinar online todas as habilidades em jogos e apostas, pois o empreendimento só deverá abrir as portas em 1º de julho de 2023. Para isso não faltam sites incríveis na Web, e uma sugestão à altura são as plataformas NetBet casino e NetBet sport.
Voltando ao Casino Middelkerke, aqui está tudo o que você precisa saber sobre a próxima grande novidade da Bélgica no cenário dos jogos.
A Bélgica pode não ser o primeiro lugar que vem à mente como um destino de jogos, mas as cidades europeias estão investindo forte para concorrer com os Estados Unidos e a China quando se trata de centros de entretenimento.
Situado na Flandres Ocidental, o município de Middelkerke está longe de ser uma metrópole movimentada – no entanto fica de frente para o Mar do Norte, um dos motivos pelos quais a empresa holandesa de arquitetura ZJA e o consórcio Nautilus decidiram pelo local.
Inspirados pelas dunas costeiras, os arquitetos pensaram em um projeto de hotel-cassino que se encaixará perfeitamente na paisagem – com a proposta de complementar a paisagem, e não de competir com ela.
O cassino, centro de eventos e restaurante terão a forma de duna de areia artificial – uma reminiscência do tipo que uma vez cobriu a área, mas desapareceu devido ao impacto humano – enquanto o hotel de quatro andares “semelhante a uma rocha” ficará no topo, para dar aos visitantes a oportunidade de dormir e tomar café da manhã “na praia”.
O projeto abrange 14.500 metros quadrados com o cassino, restaurante com esplanada, salão de eventos, sala de espetáculos, parque de estacionamento subterrâneo e hotel com 60 quartos. O custo está em 41 milhões de euros, mas inclui também a renovação da área ao seu entorno, a Epernay Square.
O que torna o Middelkerke ecologicamente correto?
Além de inspirar-se na história da cidade por meio de sua estética, o cassino contemporâneo oferecerá uma série de iniciativas verdes durante e após a sua inauguração.
Um espaço público sem automóveis, que vai ligar a praia, o polo de animação e o centro da cidade, está no centro do projeto – que teve início em 2020 e funciona essencialmente na reconexão do espaço urbano com o natural.
Vistas dramáticas sobre a praia, o mar e as zonas verdes transitáveis na cobertura serão fundamentais para proporcionar aos visitantes uma experiência única que lhes permite mergulhar na paisagem local.
Enquanto a construção da estrutura em si inclui o uso de materiais reciclados e madeira sustentável, esta última será usada como uma caixa de redução de CO2 ao redor do edifício.
O desenho do cassino também deve permitir que a sua própria sombra reduza a necessidade de ar-condicionado, aproveitando ao mesmo tempo a luz solar e a ventilação, contribuindo para diminuir o uso de energia elétrica.
Tão importante quanto o próprio cassino era a necessidade de um edifício polivalente, que pudesse servir de ponto de encontro social e cultural para Middelkerke.
Este design inovador promete causar um efeito cascata no mundo dos cassinos e forçar os empreendimentos de entretenimento a repensar em suas localizações e implantar ações voltadas à responsabilidade socioambiental.
Vale decide que não vai operar em terras indígenas
A mineradora diz ter desistido dos processos por entender que a atividade “só pode se realizar mediante o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) dos próprios indígenas e uma legislação que permita e regule adequadamente a atividade”
A Vale decidiu devolver à ANM (Agência Nacional de Mineração) todos os processos minerários que possui em terras indígenas no Brasil. A decisão, diz a empresa, foi tomada por reconhecer que a exploração nessas áreas depende de consentimento prévio e regulação adequada.
A decisão ocorre em meio a debate no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a tese do marco temporal, que defende que os indígenas só teriam direito à demarcação das terras que estivessem em sua posse até o dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.
A exploração econômica de terras indígenas é defendida pelo governo Jair Bolsonaro, que propôs projeto de lei para permitir a mineração nessas áreas com apoio de garimpeiros que esperam regularizar atividades ilegais na Amazônia.
Nesta terça, em discurso na abertura da assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas), o presidente disse que, nessas áreas, “600 mil índios vivem em liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades”.
Em nota, a Vale frisou que não desenvolve nenhuma atividade de pesquisa mineral ou de lavra em terras indígenas. A companhia diz que o processo começou em 2020, com a devolução de 89 títulos. Agora, devolverá os 15 restantes, na Terra Indígena Xikin do Cateté, no Pará.
A mineradora diz ter desistido dos processos por entender que a atividade “só pode se realizar mediante o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) dos próprios indígenas e uma legislação que permita e regule adequadamente a atividade”.
“O reconhecimento ao CLPI é fundamental para atender aos direitos das populações indígenas de determinar o próprio desenvolvimento e o direito de exercer a autodeterminação diante de decisões que dizem respeito aos seus territórios”, continua o texto.
A decisão foi tomada seguindo a estratégia ESG (sigla para meio ambiente, sustentabilidade e governança) da companhia, que ganhou relevância com a cobrança de investidores por uma mineração mais segura, principalmente após a tragédia de Brumadinho (MG), que deixou 272 mortos em janeiro de 2019.
“A proteção aos indivíduos, suas culturas e modos de vida, assim como a proteção às terras indígenas tradicionais e o auto-governo indígena, dentro do modelo político dos Estados soberanos, são proteções de direitos humanos”, afirmou a Vale.
O projeto que liberaria a mineração em terras indígenas foi apresentado por Bolsonaro no início de 2020, mas o Congresso não levou o debate adiante. Ainda assim, a expectativa de autorização da atividade fez dispararem os pedidos de direito de lavra de ouro nessas áreas.
Em 2020, segundo levantamento feito pelo Instituto Escolhas, foram 31, um recorde. Em 2017, oito pedidos do gênero haviam sido protocolados na agência. No ano seguinte, 11. Em 2019, foram protocolados 21 pedidos.
Mesmo sem as licenças, o garimpo de ouro também teve forte crescimento nos últimos anos, acompanhando a escalada da cotação internacional do minério. Segundo levantamento do MapBiomas Mineração, a área de garimpo em territórios indígenas cresceu 495% entre 2010 e 2020.
A atividade conta com uma regulação desorganizada, fiscalização falha e vista grossa dos países compradores, que evitam se aprofundar sobre a origem do produto que estão comprando, além de grande proximidade com o Palácio do Planalto.
E tem sido combustível para uma série de conflitos, como os que resultaram em tiroteios com a Polícia Federal em terras yanomamis em maio, em Roraima, ou o cerco aos últimos pirikpura, índios que ainda vivem isolados no Mato Grosso.
Em outro comunicado, a Vale informou a criação de uma vice-presidência executiva de Estratégia e Transformação de Negócios, que vai agregar as áreas de Exploração Mineral, Desenvolvimento de Negócios, Inovação e Transformação Digital.
A missão, segundo a empresa, será preparar a Vale para o futuro e “integrar os esforços de transformação da companhia para atingir suas ambições de ser benchmark [modelo] em segurança, operador confiável de classe mundial, organização orientada a talentos, líder na mineração de baixo carbono e referência em criação e compartilhamento de valor”.
A posição será ocupada por Luciano Siani, que desde 2012 ocupa a vice-presidência de Finanças e Relações com Investidores. Para substituí-lo, a Vale contratou Gustavo Pimenta, que há 12 anos atua na companhia energética AES. (Vale/Notícias ao Minuto)
Ansiedade: distúrbio tão pandêmico quanto o coronavírus
Segundo OMS, uma em cada 13 pessoas sofre com esta enfermidade. Medicamento à base de cannabis tem apresentado bons resultados e atraído atenção de médicos e pacientes
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) uma em cada 13 pessoas no mundo todo vive com ansiedade, sendo este o distúrbio de saúde mental mais comum que existe. Trata-se de uma situação tão pandêmica quanto o coronavírus devido a quantidade de pacientes com esta enfermidade. Para quem sofre desse mal, encontrar um método seguro e eficiente para tratar os sintomas é uma prioridade. O uso de psicofármacos no tratamento de transtornos mentais se popularizou na medicina por volta dos anos 1950. No entanto, os medicamentos existentes nem sempre funcionam como deveriam e ainda trazem efeitos colaterais tão ruins quanto os causados pelo próprio distúrbio.
Os ansiolíticos não atuam na causa e sim nos sintomas da ansiedade. E os efeitos colaterais mais comuns associados a esse tipo de medicamento são perda de memória, fadiga, sedação, sonolência, falta de coordenação motora, diminuição da concentração, da atenção e dos reflexos. Existe também a possibilidade de dependência, crises de abstinência e efeito rebote, que é o retorno dos sintomas mesmo após o tratamento.
Para piorar, a pandemia de Covid-19 contribuiu para que esse distúrbio aumentasse na população. É o que revela estudo sobre comportamentos realizado no Brasil, em 2020, pelo Instituto de Comunicação e Informação Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas.
O levantamento chegou à conclusão de que, durante o primeiro ano da pandemia da Covid-19 no Brasil, o sentimento frequente de tristeza e depressão atingiu 40% dos adultos, e a sensação de ansiedade e nervosismo foi reportada por mais de 50% deles. Adolescentes não passaram incólumes. Cinquenta por cento relataram problemas no estado de ânimo. A pesquisa coletou informações de 44.062 adultos e 9.470 adolescentes de 12 a 17 anos.
Neste cenário, os remédios produzidos à base de cannabis têm se mostrado uma alternativa viável e mais eficiente. Há relatos positivos de pacientes que fazem tratamento com canabidiol, conhecido pela sigla CBD. É o caso da executiva carioca Bruna Infurna, 43 anos, que viveu períodos de muita ansiedade e de insônia este ano. Com vida corrida e muitas viagens internacionais, Bruna já sofria com esses problemas. Mas eles se agravaram durante a pandemia. O home office e as muitas horas em frente ao computador fizeram a ansiedade e as noites de insônia aumentarem.
“Passei também a sentir dores no pescoço em função da má postura e aquela sensação horrorosa de fadiga tecnológica, que traz ardência nos olhos, exaustão e dificuldades de se desconectar. Procurei ajuda de especialistas porque sou completamente contra os remédios para dormir, indutores de sono e ansiolíticos”, conta Bruna. Foi quando ela começou a se tratar com o dr. Thiago Braga, clínico geral, que atua pela plataforma Medicina In, clínica virtual que reúne médicos de diversas áreas (neurologia, pediatria, psiquiatria, entre outras) especializados em tratamentos à base de cannabis medicinal.
Antes, a executiva tentou tratamento com melatonina, mas além de não resolver, acordava com sensação de ressaca e indisposição para praticar exercícios físicos. “Faço tratamento com canabidiol desde maio deste ano. Minha vida mudou bastante. A ansiedade diminuiu e a qualidade do sono melhorou demais e isso fez toda a diferença na disposição. Atualmente consigo ter uma rotina de atividade física para fortalecimento muscular”, diz.
O médico que receitou e acompanha o tratamento de Bruna explica que o canabidiol é eficiente porque é capaz de se conectar com receptores específicos do cérebro, que atuam diretamente no humor e na disposição das pessoas. “Essa conexão possibilita ao CBD diminuir as reações do sistema nervoso. É uma substância usada terapeuticamente para tratar doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas porque tem ação antipsicótica e neuroprotetora”, afirma Braga.
No entanto, o CBD é um medicamento sem dosagem padrão. E por esta razão precisa de acompanhamento constante para que a dose seja acertada aos poucos. O organismo reage de forma diferente conforme o paciente. Há quem precise de quantidade maior ou menor. E como os médicos da Medicina In atuam a distância, por meio de teleconsulta, a plataforma oferece ferramentas de apoio para que o profissional tome decisões corretas como se estivesse em uma consulta presencial.
“São ferramentas para os médicos, como calibragem de dosagem, prescrição digital, material de apoio clínico e encontros científicos. Além de canais que possibilitam o acompanhamento constante do tratamento, como uma ferramenta que facilita a comunicação com o paciente”, afirma Darwin Ribeiro, diretor e cofundador da Medicina In.
Sobre a Medicina In
É um hub médico on-line composto por profissionais experientes na prescrição de Cannabis, com a missão de oferecer tratamentos pensados sob medida para as necessidades de cada paciente, além de capacitar constantemente novos profissionais que possam democratizar o conhecimento e acesso aos benefícios da Cannabis Medicinal
Suzano integra projeto para restaurar e cultivar 2,5 bilhões de árvores no mundo
Iniciativa promovida pela 1t.org faz parte da agenda promovida pelo Fórum Econômico Mundial
A Suzano, referência na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, é uma das 20 empresas parceiras do movimento 1t.org no lançamento de um compromisso público para conservar, restaurar e cultivar mais de 2,5 bilhões de árvores em mais de 50 países até 2030. A iniciativa é liderada pela plataforma 1t.org, para promover o plantio de 1 trilhão de árvores em todo o mundo até o final desta década e que faz parte dos esforços do Fórum Econômico Mundial para acelerar soluções baseadas na natureza. Ela foi criada para apoiar a Década das Nações Unidas para a Restauração do Ecossistema.
O compromisso visa apoiar a evolução das soluções baseadas na natureza e mobilizar a comunidade de restauração global. Para isso, a plataforma compartilha as melhores práticas e promove medidas responsáveis no âmbito florestal e soluções de escala para ter impacto global.
Referência em sustentabilidade e em inovação, a Suzano é a única companhia brasileira a integrar o grupo. “Nós temos como Propósito Organizacional ‘Renovar a vida a partir da árvore’, por isso, as metas propostas pela 1t.org e nosso engajamento nesta iniciativa estão totalmente alinhados com os objetivos de longo prazo da empresa”, diz Pablo Machado, Diretor Executivo para a China e, atualmente, responsável pela área de Sustentabilidade da Suzano.
Pablo Machado, Diretor Executivo para a China e, atualmente, responsável pela área de Sustentabilidade da Suzano
Um dos objetivos de longo prazo da Suzano, também chamados de “Compromissos para renovar a vida”, é conectar meio milhão de hectares de áreas prioritárias para a preservação nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia. A meta de Biodiversidade da Suzano prevê que essa marca será alcançada até 2030. É com este compromisso que a empresa se une à 1t.org e passa a contribuir na identificação e engajamento de parceiros para este grande desafio.
A Suzano, assim como a 1t.org, entende que as florestas são essenciais para a saúde do planeta. Elas são responsáveis por sequestrar carbono da atmosfera, regular as temperaturas globais e os fluxos de água doce, recarregar as águas subterrâneas, ancorar o solo fértil e atuar como barreiras contra inundações. Hoje, a Suzano possui 975 mil hectares de áreas destinadas à conservação sob sua responsabilidade, além de aproximadamente 1,4 milhão de hectares de áreas plantadas com árvores de eucalipto.
Por conta dessa ampla base florestal, a Suzano já é uma companhia climate positive, ou seja, além de compensar as emissões de gases do efeito estufa de sua própria operação e de sua cadeia de valor, a companhia remove adicionalmente mais gases de efeito estufa do que se emite. Adicionalmente, mantém compromissos voluntários nesse sentido, contribuindo para a sociedade e para o enfrentamento dos desafios das mudanças climáticas. Esses compromissos, assim como a meta de Biodiversidade, são públicos e podem ser acompanhados por meio do site https://centraldeindicadores.suzano.com.br/metas-de-longo-prazo/.
(#Envolverde)
terça-feira, 28 de setembro de 2021
Diretrizes da OMS endurecem limites para a poluição do ar
Por Cínthia Leone, ClimaInfo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) revisou suas Diretrizes de Qualidade do Ar – a primeira atualização desde 2005. As diretrizes fornecem uma avaliação dos efeitos da poluição do ar sobre a saúde e estabelecem limites para os principais poluentes atmosféricos, o que serve de base para que muitos governos criem seus próprios padrões.
Com a atualização, a OMS recomenda novos níveis de qualidade do ar para 6 poluentes para os quais a evidência científica avançou mais em relação aos efeitos sobre a saúde: material particulado (PM), ozônio (O3), dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido de enxofre (SO2) e monóxido de carbono (CO). Segundo a organização, quando são tomadas medidas sobre esses chamados poluentes clássicos, há um impacto sobre outros poluentes nocivos.
Os riscos à saúde associados ao material particulado igual ou menor que 10 e 2,5 microns (μm) de diâmetro (PM10 e PM2,5, respectivamente) são de particular relevância para a saúde pública. Essa poluição é gerada principalmente pela combustão do combustível fóssil em diferentes setores – transporte, energia, indústria e agricultura.
Tanto as PM2,5 quanto as PM10 são capazes de penetrar profundamente nos pulmões, mas as PM2,5 podem até entrar na corrente sanguínea, resultando principalmente em impactos cardiovasculares e respiratórios severos, e também afetando outros órgãos. Em 2013, a poluição do ar ao ar livre e o material particulado foram classificados como carcinogênicos pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC) da OMS.
A pandemia de COVID-19 acrescentou mais urgência à necessidade de se afastar dos combustíveis fósseis, com pesquisas mostrando que a exposição à poluição do ar aumentou as mortes por COVID-19 em 15% em todo o mundo. E quanto mais expostos à poluição do ar estiverem, maior será o impacto na saúde de indivíduos com condições crônicas (como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica e doença cardíaca), pessoas idosas, crianças e mulheres grávidas.
Em 2019, mais de 90% da população mundial vivia em áreas onde as concentrações ultrapassavam a já defasada diretriz de qualidade do ar da OMS de 2005 para exposição às PM2,5. Ciente de que esta será uma tarefa difícil para muitos países e regiões que lutam com altos níveis de poluição do ar, a OMS propôs metas interinas de redução da poluição para facilitar a melhoria gradual da qualidade do ar e, portanto, benefícios graduais, mas significativos, para a saúde da população.
“A contaminação do ar é uma ameaça à saúde em todos os países, mas atinge mais as pessoas dos países de renda baixa e média”, disse o Diretor Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “As novas Diretrizes de Qualidade do Ar da OMS são uma ferramenta prática e baseada em evidências para melhorar a qualidade do ar da qual depende toda a vida. Exorto todos os países e todos aqueles que lutam para proteger nosso meio ambiente a utilizá-las para reduzir o sofrimento e salvar vidas”.
“A poluição atmosférica faz com que as crianças tenham asma, causa pneumonia, faz com que as mulheres grávidas tenham bebês nascidos prematuros e com mais malformações, e está aumentando o risco de morte de pessoas infectadas pela COVID-19”, afirma o médico pediatra Aaron Bernstein, diretor interino do Centro para Clima, Saúde e Ambiente Global da Universidade de Harvard (C-Change). “Na COP26, o mundo deve se comprometer urgentemente com a eliminação gradual dos combustíveis fósseis para que possamos oferecer o mundo mais saudável, justo e sustentável que nossos filhos merecem”.
20% das mortes no mundo
Em fevereiro, um estudo pioneiro da Universidade de Harvard revelou que a poluição do ar por combustíveis fósseis mata muito mais pessoas do que se pensava anteriormente, colocando o total de mortes em um espantoso 8,7 milhões só em 2018.
O estudo mapeou a matéria particulada do ar, conhecida como PM2,5, gerada pela queima de combustíveis fósseis como carvão e diesel, para mostrar que a poluição gerada por esses combustíveis é responsável por 1 em cada 5 mortes em todo o mundo.
“Anualmente, a OMS estima que milhões de mortes são causadas pelos efeitos da poluição do ar, principalmente por doenças não transmissíveis. O ar limpo deve ser um direito humano fundamental e uma condição necessária para sociedades saudáveis e produtivas”, afirma o Diretor Regional da OMS para a Europa, Dr. Hans Henri P. Kluge.
A novas diretrizes também destacam boas práticas para o gerenciamento de certos tipos de material particulado (por exemplo, carbono preto/carbono elementar, partículas ultrafinas, partículas originárias de tempestades de areia e poeira) para as quais atualmente não há evidências quantitativas suficientes para estabelecer os níveis das diretrizes de qualidade do ar. Elas são aplicáveis tanto para ambientes externos quanto internos globalmente, e abrangem todos os ambientes.
Referência
Karn Vohra, Alina Vodonos, Joel Schwartz, Eloise A. Marais, Melissa P. Sulprizio, Loretta J. Mickley,
Global mortality from outdoor fine particle pollution generated by fossil fuel combustion: Results from GEOS-Chem,
Environmental Research, Volume 195, 2021, 110754, ISSN 0013-9351,
https://doi.org/10.1016/j.envres.2021.110754
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/09/2021
Crise hídrica deve se manter até 2022
Pedro Luiz Côrtes prevê que a crise de abastecimento se estenda durante o primeiro semestre do próximo ano, mesmo com a ocorrência de chuvas dentro dos padrões normais
Jornal da USP no Ar / Jornal da USP no Ar 1ª edição / Rádio USP
Com o cenário de crise hídrica pelo qual o País vem passando, as chuvas de primavera são aguardadas com ansiedade. No entanto, mesmo com a chegada delas, a previsão é que os reservatórios continuem abaixo dos níveis indicados. O prognóstico é que a recuperação dos sistemas de abastecimento levará cerca de dois anos, sendo que o cenário de estiagem deve se estender pelo menos até o primeiro semestre de 2022.
“Com o início da primavera, nós teremos a volta das chuvas e isso dará a falsa impressão de retorno à normalidade”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição o professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP. Segundo ele, as chuvas ficaram dentro das médias anuais durante a estação e, com a chegada do verão, se tornaram irregulares, com chances de períodos de estiagem. Dessa forma, os reservatórios não irão restabelecer seus níveis ideais para acabar com a crise.
A previsão é que a crise de abastecimento se estenda durante o primeiro semestre de 2022, mesmo com a ocorrência de chuvas dentro dos padrões normais. Côrtes explica, no entanto, que nos últimos anos vêm acontecendo uma redução no volume anual de chuvas, uma das consequências do desmatamento da Amazônia: “A tendência é que essa situação de redução se mantenha”, afirma o professor.
Na região metropolitana de São Paulo, o prognóstico é o mesmo das demais regiões do País. A estiagem prevista no verão irá afetar principalmente o sistema Cantareira e parte do sistema do Alto Tiete. Côrtes explica que, nos últimos dez anos, esses sistemas tiveram um índice de chuvas dentro das médias anuais e a tendência é que o cenário se mantenha. “Diante desse prognóstico climático desfavorável, permanece o alerta de uma crise de abastecimento em 2022, infelizmente”, conclui Côrtes.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/09/2021
Comportamento humano sabota estratégias de redução de dióxido de carbono
Por Lisa Potter*, Universidade de Utah
Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Utah comparou as emissões de CO 2 de cada estado dos EUA com seus investimentos nas duas soluções de 2009 a 2016. Os autores não encontraram nenhuma diferença estatisticamente significativa entre a melhoria da eficiência energética e o desenvolvimento de energia renovável – ambos resultaram em algumas reduções de CO 2 emissões ao considerar todos os setores da sociedade, embora o investimento em energia renovável tenha sido um pouco mais impactante.
Os resultados revelaram duas surpresas. Em primeiro lugar, as políticas dos governos estaduais destinadas a ajudar os consumidores a melhorar a eficiência energética não tiveram efeito sobre a emissão de CO 2 . Em vez disso, os estados com menor consumo de energia em toda a economia por cada unidade de produção econômica (produto interno bruto per capita, PIB) emitiram níveis mais baixos de gases de efeito estufa.
Em segundo lugar, o investimento em fontes de energia renováveis levou ao aumento dos níveis de emissões de CO 2 no setor residencial. Esses resultados são evidências de um fenômeno bem conhecido chamado efeito rebote, que descreve quando as pessoas respondem à economia de energia consumindo mais, negando o benefício da redução de CO 2 .
“Muitos analistas de energia tendem a ver as emissões como um problema técnico que requer uma solução técnica; construir veículos mais eficientes, construir casas para usar menos energia. O que eles não consideram é o comportamento humano. Se você tem um carro híbrido , o dinheiro que você economiza com gasolina pode permitir que você dirija mais “, disse o principal autor do estudo, Lazarus Adua, professor assistente de sociologia nos EUA.” Meu objetivo aqui é informar aos formuladores de políticas que esse efeito rebote é um problema, e eles precisa resolver isso. Se você está prestando atenção apenas em melhorar a eficiência e investir em energias renováveis, não vai resolver o problema. ”
O estudo foi publicado em 25 de agosto de 2021 na revista Global Environmental Change .
Melhoria da eficiência energética e produção de energia renovável
Para avaliar o investimento em melhoria da eficiência energética de cada estado, os autores usaram duas medidas. A primeira é a avaliação do Conselho Americano de Economia com Eficiência Energética dos estados dos EUA em iniciativas de políticas destinadas a melhorar a eficiência energética em residências ou outros edifícios. O segundo é a produção econômica do estado por cada Unidade Térmica Britânica (BTU) de energia consumida. Isso revela a eficiência com que a economia usa a energia para produzir cada dólar do PIB. Para avaliar a produção de energia renovável, Adua e sua equipe calcularam a proporção do consumo total de energia de um estado a partir de fontes renováveis, como eólica, solar, geotérmica ou hidrelétrica.
Eles analisaram o impacto de cada solução nas emissões de CO 2 em quatro setores individualmente – residencial, comercial, industrial, transporte – e o impacto em todos os setores combinados.
Os resultados mostram que uma melhoria de 1% na produção econômica por BTU resulta na redução das emissões de CO 2 nos setores residencial, industrial e de transporte, confirmando que a melhoria geral na eficiência da produção em toda a sociedade é benéfica. Não há efeito rebote porque um indivíduo provavelmente não perceberá se economizará dinheiro devido a uma economia mais eficiente. Em contraste, as pontuações das políticas de eficiência energética de um estado não tiveram efeito estatístico nas emissões de CO 2 em nenhum dos setores. Isso provavelmente se deve ao fato de que funcionaram muito bem para economizar o dinheiro dos moradores e podem tê-los incentivado a consumir mais em outros lugares, disse Adua.
A energia renovável tem uma história mais complicada. O estudo descobriu que aumentar a energia renovável em 1% resultou em uma redução de 0,69% no CO 2 quando todos os setores foram combinados. No entanto, o setor residencial sozinho teve o resultado oposto – um aumento de 1% na quantidade de energia renovável levou a um aumento de 0,36% nas emissões de CO 2 . Superficialmente, o resultado parece contraintuitivo. Mas para o sociólogo Adua, isso faz todo o sentido.
“É inesperado, mas não é muito surpreendente dado o que eu sei sobre as atitudes humanas em relação ao consumo e ao uso de recursos. Quando as pessoas pensam que já estão fazendo o certo pelo meio ambiente, elas começam a perder de vista outras formas de prejudicar o meio ambiente. . Eles também podem se sentir justificados para consumir um pouco mais. E antes que você perceba, o benefício do painel solar é basicamente anulado pelo aumento do consumo em outras áreas “, disse Adua.
O próximo passo para Adua e os autores é aprofundar algumas das descobertas, com foco no setor residencial. Com mais financiamento, ele gostaria de conduzir estudos do tipo pesquisa com entrevistados que têm energia renovável em casa versus aqueles sem ela, e avaliar suas atitudes em relação à proteção ambiental geral. Além disso, Adua está desenvolvendo um livro que analisa os pontos positivos e negativos dos métodos propostos para mitigar as mudanças climáticas , incluindo táticas para remover fisicamente o CO 2 da atmosfera.
“Cada solução para a mudança climática tem consequências. Investimentos em energias renováveis significam que devemos expandir a mineração para obter os metais necessários para as baterias. Algumas minas propostas estão em terras sagradas para os nativos americanos e podem causar poluição ambiental”, disse Adua. “Meu objetivo é fornecer aos formuladores de políticas o máximo de informações possível para tomar decisões sobre como enfrentar a crise climática.”
Adua reiterou que focar apenas em soluções técnicas não resolverá a crise climática.
“Precisamos pensar nessas soluções de forma mais holística, é preciso pensar em reestruturar a sociedade de forma a torná-la mais eficiente em geral”, disse Adua. “Mas quando você fala sobre mudança estrutural, as pessoas estão apenas pensando, ‘isso vai destruir nosso estilo de vida.’ Mas se não resolvermos esse problema hoje, o meio ambiente mudará nosso modo de vida para nós. Talvez não nossa geração, mas nossos descendentes, o meio ambiente mudará seu modo de vida. ”
Referência:
Lazarus Adua, Karen Xuan Zhang, Brett Clark,
Seeking a handle on climate change: Examining the comparative effectiveness of energy efficiency improvement and renewable energy production in the United States,
Global Environmental Change, Volume 70, 2021, 102351, ISSN 0959-3780,
https://doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2021.102351
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Henrique Cortez *, tradução e edição.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/09/2021
Uma Rápida Introdução à Economia Social de Mercado – As 5 Perguntas Mais Frequentes
Marcus Marktanner, Universidade Estadual de Kennesaw –
O que é Economia Social de Mercado?
O conceito da Economia Social de Mercado busca “equilibrar a liberdade no mercado com o desenvolvimento social equitativo”. O conceito da Economia Social de Mercado foi desenvolvido na Alemanha entre as guerras mundiais. Durante esse período, a Alemanha encontrava-se em turbulência econômica e política. Considerando a queda brusca do mercado de ações de 1929 e a subsequente Grande Depressão, o capitalismo sem interferência governamental foi considerado como tendo falhado, causando mais danos do que benefícios. Ao mesmo tempo, o socialismo e o fascismo estavam em ascensão. O conceito de Economia Social de Mercado foi desenvolvido como um sistema econômico que visa evitar o totalitarismo do socialismo e do fascismo. O objetivo principal era aprender com os erros do capitalismo livre de interferências governamentais e corrigir os fracassos do mercado livre para que a liberdade do mercado e o desenvolvimento social equitativo possam caminhar lado a lado.
Embora a Economia Social de Mercado tenha sido desenvolvida na Alemanha para a Alemanha pós Segunda Guerra Mundial, ela não é um modelo alemão. É mais como um carro alemão que foi desenvolvido e montado na Alemanha, com muitos componentes de todo o mundo e que pode ser dirigido em todas as estradas do mundo.
Qual é a diferença da Economia Social de Mercado no Socialismo e no Capitalismo sem Interferência Governamental?
Há duas diferenças bem claras entre o conceito de Economia Social de Mercado, o capitalismo de laissez-faire, ou sem interferência governamental, e o socialismo. Essas diferenças referem-se a diferentes interpretações da natureza do ser humano e do modelo de constituição econômica.
No capitalismo do laissez-faire, os atores econômicos, enquanto pessoas físicas, são retratados como perseguindo somente seu interesse próprio, e conclui-se que a busca do próprio interesse deve ser o âmago da constituição econômica. No socialismo, as pessoas são vistas como motivadas apenas pelo bem comum e conclui-se que a subordinação ao bem comum deve ser o âmago da constituição econômica. Para os Economistas do Mercado Social, as pessoas são dotadas de um impulso primário de interesse próprio e de um impulso secundário e descendente de solidariedade, de onde se conclui que “a Liberdade com uma Responsabilidade Social” deve estar no âmago da constituição econômica.
Como a Economia Social de Mercado, o Capitalismo de Laissez-Faire e o Socialismo olham para o Mercado Livre?
No capitalismo de laissez-faire, os mercados sempre funcionam. Todas as pessoas têm sempre as mesmas oportunidades econômicas. Duas crianças que são igualmente dotadas, mas uma nascida em berço rico e a outra na pobreza, poderiam realizar exatamente a mesma coisa na vida. A criança pobre simplesmente teria que depender de empréstimos bancários (perfeitamente competitivos), enquanto que a criança rica poderia contar com o apoio financeiro dos pais. Não há necessidade de o governo ajudar de alguma forma a criança pobre.
No socialismo, os mercados nunca funcionam para o bem da sociedade. Na verdade, os mercados são considerados muito eficientes. Sendo mais específico, os mercados seriam tão eficientes que os proprietários de capital fatorial (empreendedores) buscariam sempre substituir o fator de mão-de-obra (trabalhadores) até que não houvesse nenhum trabalhador. Como as máquinas não podem comprar bens e serviços produzidos, eventualmente todas as empresas acabariam não tendo demanda por seus produtos. O sistema de mercado está basicamente condenado ao fracasso.
Para os Economistas Sociais de Mercado, contrariamente ao capitalismo de laissez-faire, os mercados funcionam na maioria das vezes, mas nem sempre. Da mesma forma, os Economistas Sociais de Mercado argumentam, ao contrário do socialismo, que às vezes o governo funciona, mas nem sempre.
Qual é a Diferença do Governo em uma Economia Social de Mercado?
Muitas vezes, o papel do Estado em diferentes filosofias políticas-econômicas é descrito em imagens simples. A imagem do Estado no capitalismo de laissez-faire é a do “vigia noturno”. “Vigia noturno” significa que, assim como o vigia noturno patrulha as ruas de uma cidade para ficar de olho nos assaltantes, o papel do governo limita-se à proteção dos direitos de propriedade privada dos atores econômicos. Não há nada mais que o Governo possa fazer.
A imagem do Estado no socialismo é a do “Estado planejador-centralizador total” no qual o governo planeja tudo para seus cidadãos, do ventre ao túmulo. Em uma Economia Social de Mercado, a imagem usada para descrever o papel do Estado é o “estado árbitro”. Em uma Economia Social de Mercado, o governo é como o árbitro em um jogo de futebol, mantém a regra do jogo. Isso é necessário porque sem um árbitro, um jogo de futebol competitivo pode facilmente sair de controle. Da mesma forma, sem um árbitro na economia competitiva de mercado, a concorrência pode sair de controle. Sem um árbitro, a concorrência acaba com a concorrência.
O que exatamente o Governo Deveria fazer em uma Economia Social de Mercado?
O principal objetivo de um governo em uma Economia Social de Mercado é reforçar a concorrência perfeita. Muitas vezes, o termo concorrência perfeita é mal interpretado. Concorrência perfeita não significa “sobrevivência do mais apto” ou concorrência sem interferência do governo. Uma concorrência perfeita significa que todos os cidadãos têm acesso a oportunidades econômicas para entrar nos mercados com as suas ideias empresariais. O papel do governo é, portanto, desmantelar todas as discriminações estruturais para obter a igualdade de oportunidades. Para os Economistas Sociais de Mercado, o governo precisa fazer mais do que o governo faz no capitalismo de laissez-faire para criar oportunidades iguais, mas menos, e coisas diferentes, do que o governo no socialismo.
Sendo mais específico, o governo deve supostamente supervisionar a concorrência por meio de uma política de concorrência eficaz que mantém os mercados competitivos e acessíveis a todos. O governo não deve planejar a produção de bens e serviços como o governo faz no socialismo. Se o governo detectar barreiras estruturais à igualdade de oportunidades, o governo precisa resolvê-las. Exemplos de barreiras estruturais à igualdade de oportunidades são: (1) A falta de terra dos camponeses (que impede que os agricultores tenham acesso a serviços financeiros porque a terra não pode ser usada como garantia), (2) poder de mercado (quando uma empresa pode impedir a entrada no mercado ou quando uma empresa é protegida pelo governo, (3) a inexistência de um sistema público de saúde e educação (como existe no capitalismo de laissez-faire), (4) a inexistência de uma rede de segurança social (como no caso do capitalismo de laissez-faire) e (5) a exploração de recursos naturais que solapa a base de subsistência dos sem-terra ou de outros cidadãos. (Saúde&Alegria/Envolverde)
Painel debate políticas públicas inclusivas de combate às mudanças do clima
Representantes de várias instituições da sociedade civil organizada participaram do painel “A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira como política pública nos territórios: perspectivas da sociedade civil, povos indígenas, comunidades tradicionais e juventude periférica”.
Sob a coordenação de Américo Sampaio e participações de Márcio Astrini, Selma Dealdina e Marcelo Rocha, eles apresentaram propostas sobre a implementação da NDC brasileira como política pública e os desafios para a recuperação da economia de baixo carbono. O painel aconteceu dentro da programação da terceira edição da Conferência Brasileira de Mudanças do Clima (CBMC), e objetivou promover o diálogo sobre a melhor forma de implementar a NDC brasileira e de retomar a trilha da responsabilidade, do fortalecimento e da ampliação da agenda climática, privilegiando a participação da sociedade como um todo.
A CBMC segue até o dia 30, data em que haverá um segundo evento de discussões sobre a Iniciativa Clima e Desenvolvimento: visões para o Brasil 2030, com o tema “Clima e Desenvolvimento: visões para o Brasil 2030”, às 9h30, tendo o governador do Maranhão, Flávio Dino, como palestrante. O evento contará também com as participações da vice-presidente da Natura, Andrea Álvares; do ambientalista Roberto Waack; e da presidente do Instituto Talanoa, Natalle Unterstell, tendo como moderadora Marina Marçal, coordenadora de Política Climática do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
Os debates desta segunda-feira, inseridos na Iniciativa, destacaram que as mudanças climáticas são uma realidade do momento atual e não uma questão de futuro, conforme pontuou o coordenador do painel, o sociólogo Américo Sampaio, do Instituto Clima e Sociedade. Ele enfatizou a necessidade de o governo brasileiro ser mais ambicioso na proposição das metas climáticas: “É urgente e fundamental proteger as populações e os recursos naturais e definir, na prática, qual o processo e o modelo de desenvolvimento de baixo carbono que entendemos ser o melhor, considerando as gigantescas e históricas desigualdades que assolam o Brasil”.
O ambientalista Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima e membro pleno do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, chamou a atenção para o agravamento da seca, uma das mais sérias consequências provocadas pelas mudanças do clima e que afeta a parcela mais vulnerável da população, principalmente os pequenos produtores rurais e os que vivem da agricultura de subsistência. “A seca, mundo afora e em várias partes do Brasil, como no semiárido, aumenta a desigualdade e as mudanças climáticas vão piorar o que já era ruim, por isso, é preciso transformar a NDC em um guia de políticas públicas de apropriação da sociedade, definindo caminhos sobre como vamos enfrentar esses problemas”.
Conservar seus espaços e manter os mais de 6.300 territórios quilombolas seguros são assuntos que integram a pauta de reivindicações dos grupos representados pela assistente social e quilombola Selma Dealdina, comprometida com diversas organizações da sociedade civil e membro do Coletivo de Mulheres das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). “Nossas comunidades são atores fundamentais para a preservação e manutenção do meio ambiente, porque nós cuidamos do bem-estar da água, dos animais e temos uma relação ancestral com a terra, a florestas e os territórios que consideramos sagrados para a nossa sobrevivência e tudo o que envolve nosso meio”. Os quilombos, reforça Selma, “não são corpos à parte, mas compõem uma camada ainda invisível da sociedade, sendo necessário fazer um recorte racial, de classe e de gênero na pauta ambiental”.
Ativista em educação, negritude e mudanças climáticas, o pesquisador Marcelo Rocha destacou ser necessário expandir as NDCs, a partir da perspectiva das periferias: “A gente percebe que as pessoas mais afetadas pelos efeitos das mudanças climáticas, com as ondas de calor, as grandes tempestades, são as mais excluídas e a gente sabe quem morre lá na ponta”. Ele insiste que “é preciso pensar a NDC como modelo de política pública ambiciosa, voltada para o momento presente, que inclua a sociedade por inteiro e coloque as pessoas dentro do processo de participação popular, incluindo a juventude negra e de periferia, pois esse é um problema de agora e não do futuro”. (ANDI/#Envolverde)
Angela Merkel governou a Alemanha à esquerda de Bernie Sanders: Por que os americanos não sabem?
por Thom Hartmann, para o Daily Kos –
A manchete da Fox “News” berra: “Eleições alemãs: grande revés para os conservadores de Merkel enquanto partido de centro-esquerda vence.” Em uma única frase, ele resume tudo de errado em como a mídia americana e o público americano entendem o que “conservador” significa.
Na América, os conservadores não querem que as mulheres abortem e alguns conservadores estão até propondo a pena de morte para as mulheres que conseguem abortar um zigoto ou feto. Os “conservadores” de Angela Merkel oferecem abortos para mulheres nos primeiros três meses de gravidez sem custo (se de baixa renda) e sem desculpas. Uma mulher deve se encontrar com um “conselheiro” aprovado pelo estado para obter essencialmente uma receita para o aborto, um remanescente da Alemanha que proibiu o aborto em 1871 e dobrou na época de Hitler, mas é só. E a reunião para obter a receita, diz a lei, deve ser: “Uma consulta aberta que incentive a mulher a ficar com o filho e, ao mesmo tempo, não a convença”. Nada de estupros por ultrassom, nada de filmes sangrentos para assistir, nada de visitas múltiplas, nada de recompensas pelas pessoas que ajudam.
Na América, os conservadores não querem que o governo financie ou forneça diretamente qualquer tipo de assistência médica , dizendo que isso deve ser deixado para o “mercado livre”. A saúde é um privilégio na América, mas um direito na Alemanha garantido pelo governo (a Alemanha obteve o primeiro sistema de pagamento único do mundo em 1884 ). Os “conservadores” de Angela Merkel oferecem seguro saúde gratuito para quem não tem condições de pagar , e aqueles que podem pagar por seguro saúde o fazem de acordo com uma escala móvel baseada na renda (como ocorre com os impostos progressivos). Ninguém na Alemanha não tem seguro; ninguém vai à falência ou fica sem teto porque um membro de sua família ficou doente.
Na América, os conservadores não acham que os sindicatos devem existir com qualquer proteção do governo e os empregadores devem ser capazes de destruí-los à vontade, razão pela qual apenas um pouco mais de 5 por cento da força de trabalho privada dos EUA é sindicalizada e ainda estamos lutando para manter uma semana de trabalho de 40 horas. Os “conservadores” de Angela Merkel dirigem um país onde cada empresa com mais de 1000 funcionários é obrigada a ter membros de seu conselho de administração compostos por representantes do ” conselho de trabalhadores ” e, embora a desindustrialização do país como resultado das “reformas” neoliberais em as décadas de 1980-1990 levaram a uma enorme perda de empregos na manufatura devido à terceirização. Os sindicatos e conselhos de trabalhadores ainda têm grande poder e representam mais de 97% de todos os trabalhadores em grandes empresas (mais de 1000 funcionários). Por exemplo, IG Metall, o maior sindicato do país, recentemente “ganhou sua principal demanda de que os trabalhadores tenham o direito de reduzir sua semana de trabalho de 35 para 28 horas por um período de até dois anos, a fim de cuidar de seus familiares”. Espere: alguém disse, “uma semana de trabalho de 35 horas com pagamento em tempo integral” é normal na Alemanha?
Na América, os conservadores lutaram contra qualquer tipo de férias pagas obrigatórias com tanta eficácia que somos o único país totalmente desenvolvido do mundo que não exige que os empregadores as ofereçam. A Alemanha “conservadora” de Merkel exige um mínimo de 24 dias úteis de férias pagas por ano e 9 a 12 dias feriados pagos (dependendo do estado); a maioria dos empregadores oferece 5 ou 6 semanas mais férias pagas. Merkel, é claro, está bem com isso; seus funcionários públicos são obrigados a tirar férias e feriados, e ela também, para dar um bom exemplo, se não por outro motivo.
Na América, os conservadores têm lutado com tanto sucesso contra todas as tentativas de incluir os dias de doença remunerados nas leis trabalhistas que apenas ir ao trabalho ou visitar um restaurante durante a temporada de gripe é arriscado; você nunca sabe se o seu colega de trabalho ou o cara que está cozinhando ou entregando sua comida espirrou nele porque ele não pode se dar ao luxo de tirar o dia de folga. Somos o único país desenvolvido do mundo que não exige licença médica remunerada. Na Alemanha “conservadora” de Merkel, os empregadores são obrigados por lei a pagar 100% do salário por até seis semanas quando os funcionários adoecem (o empregador pode pedir um comprovante médico após 3 dias) e, se a pessoa for incapacitada por sua doença ou lesão, deve pagar um mínimo de 70% do salário por até 78 semanas .
Na América, os conservadores dizem que não devemos cobrar impostos de pessoas ricas para pagar por um sistema de transporte público de alta qualidade que reduz a poluição de carbono e torna mais fácil para pessoas de baixa renda trabalhar ou fazer compras . A Alemanha “conservadora” de Merkel tem um dos melhores, mais modernos e limpos sistemas de transporte público do mundo . Em cinco cidades, o país tem feito experiências com transporte público gratuito para encorajar as pessoas a deixar seus carros para trás para atingir os padrões europeus de qualidade do ar.
Na América, os conservadores odeiam a ideia de pessoas de alta renda pagando impostos para fornecer saúde, educação, moradia ou qualquer outra coisa para a população média . Na Alemanha “conservadora” de Merkel, pessoas ricas pagando uma taxa de imposto de renda superior de 50,5 é considerado uma obrigação social … embora você não tenha que apresentar uma declaração de imposto a menos que você pense que tem direito a um reembolso ou pagou a menos. O governo faz todas as contas . (Poderíamos fazer isso aqui, mas a indústria de preparação de impostos ganha bilhões por ano de nós e compra políticos …) De qualquer forma, como eu relatei aqui no HartmannReport.com em maio :
Em 2011, eu estava acordado tarde da noite assistindo, se bem me lembro, Bloomberg News na TV de um hotel. O anfitrião americano estava entrevistando um empresário alemão muito rico em uma conferência em Cingapura.
Em meio a perguntas sobre o clima de negócios e a conferência, o anfitrião perguntou ao empresário alemão com qual alíquota de imposto ele estava “sofrendo” em seu país. Pelo que me lembro, o empresário disse: “Um pouco mais de 60 por cento, quando tudo está incluído”.
“Como você pode lidar com isso?” perguntou o anfitrião, incrédulo.
O alemão encolheu os ombros e mudou a conversa para outro assunto.
Poucos minutos depois, o repórter americano, ainda preocupado com a questão tributária, perguntou novamente ao empresário como ele poderia viver em um país com uma alíquota de impostos tão alta para pessoas muito ricas e bem-sucedidas. Mais uma vez, o alemão adiou e mudou de assunto.
O repórter fez uma terceira tentativa. “Por que você não lidera uma revolta contra esses altos impostos?” ele perguntou, seu tom sugerindo que o empresário precisava desesperadamente de alguma boa e velha rebelião americana.
O empresário alemão parou por um longo momento e depois se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, as mãos unidas à frente apontando para o repórter como se estivesse rezando.
Ele olhou para o homem por mais um longo momento e então, no tom de voz que um adulto usa para corrigir uma criança mimada, disse simplesmente: “Não quero ser um homem rico em um país pobre.”
Na América, os conservadores dizem que se você é pobre é porque é um fracasso moral e merece tudo o que acontecer com você, incluindo viver nas ruas . A Constituição da Alemanha “conservadora” de Angela Merkel exige que todos os cidadãos vivam com grundgesetz ou “dignidade”, o que inclui o governo fazendo o que for necessário para garantir que todos os cidadãos tenham casa, comida, roupas, artigos de higiene, móveis, transporte e dinheiro suficiente para cobrir as menores despesas da vida. Eles têm um programa de mesada básica (nós chamá-lo-íamos de bem-estar em dinheiro direto) que dá dinheiro a todas as pessoas pobres para atender a essas necessidades mínimas.
Na América, os conservadores lutam como o inferno para impedir a entrada de imigrantes e refugiados que não sejam brancos ou cristãos . A “conservadora” Angela Merkel surpreendeu o mundo ao convidar mais de 1,5 milhão de refugiados muçulmanos sírios para a Alemanha de uma só vez; ela fez um discurso dizendo que a Alemanha foi reconstruída após a Segunda Guerra Mundial e conseguiu a reunificação com a antiga Alemanha Oriental. “Nós podemos fazer isso!” ela disse para aplausos, desafiando abertamente os supremacistas brancos alemães.Com seu exemplo, pessoas de todo o país encontraram trens que chegavam de braços abertos, flores, brinquedos e aplausos. Com uma população de 83 milhões na Alemanha, isso é o equivalente a um presidente americano salvando a vida e recebendo 6,1 milhões de refugiados não-brancos não-cristãos nos Estados Unidos … em menos de um ano.
Na América, os conservadores lutaram durante anos para fazer as pessoas passarem cada vez mais tempo na prisão por seus crimes, com base na teoria de que a “punição” deterá o crime. A prisão também é trabalho gratuito (a 13ª Emenda diz que a escravidão ainda é legal nos Estados Unidos – hoje – “como uma punição pelo crime”) e a maioria dos ex-estados escravistas têm leis da era Jim Crow que impedem um ex-condenado de votar em o resto de sua vida, ambos sendo mais incentivos para os conservadores aumentarem as taxas de encarceramento, especialmente para os negros americanos. Como resultado, temos 810 pessoas na prisão em cada 100.000 de nós. Na Alemanha “conservadora” de Merkel, a prisão é vista (exceto os crimes mais hediondos) como uma oportunidade de reabilitação e reintegração na sociedade, então sua taxa de encarceramento é de 78 por 100.000 . A prisão também não parece funcionar para deter o crime aqui: nossa taxa de criminalidade é o dobro da Alemanha e eles também têm uma sociedade multirracial e multicultural.
Na América, os conservadores dizem que não deveria haver nenhum salário mínimo e que “o mercado” deveria determinar todos os salários . Se deve haver um salário mínimo, dizem eles, mantenha-o em US $ 7,25 a hora. A chanceler “conservadora” Merkel assumiu um país em 2005 que nem tinha um salário mínimo porque os sindicatos e conselhos salariais têm sido muito eficazes na manutenção de um alto padrão de vida. No entanto, como as importações chinesas baratas causaram a queda da filiação sindical, sua coalizão governante aprovou uma lei de salário mínimo em 2014 que agora está fixada em cerca de US $ 11 / hora, que, com saúde gratuita, habitação subsidiada, um valor mensal de até US $ 1377 / mês ” pensão para trabalhadores de baixa renda e aposentados ”, e educação gratuita até um PhD ou MD, pode ser um salário mínimo em muitas partes do país.
Na América, os conservadores dizem que o pagamento da faculdade deve ser pago por você ou por seus pais; não é responsabilidade do país educar você. Em 2014, a chanceler “conservadora” Merkel ajudou a promover a abolição total e completa de todas as mensalidades em faculdades e universidades públicas – mesmo para estudantes estrangeiros (agora há mais de 380.000 estudantes estrangeiros aceitando isso). Ninguém, neste país “conservador”, tem dívidas estudantis … a não ser que decida frequentar uma universidade particular chique ou voar até aqui para ir à escola.
Na América, os conservadores lutam como o inferno contra a educação pré-escolar gratuita para famílias de baixa renda. A “conservadora” Merkel aprovou, em 2013, uma nova lei garantindo 7 horas por dia de creche / educação gratuita para crianças de 3 a 6 anos e em muitas partes do país a idade mínima para se qualificar é 1 ano (790.000 crianças menores de três comparecem). Algumas escolas podem cobrar pelo lanche que dão às crianças, mas é só.
Na América, os conservadores dizem que se você não pode pagar um lugar para morar, você sempre pode viver nas ruas , em um local “derrapante” ou em um acampamento de sem-teto, como fazem mais de meio milhão de americanos . Na Alemanha “conservadora” de Merkel, a moradia é um direito e todos os alemães e residentes legais têm direito a assistência para moradia / aluguel . (No entanto, há uma pequena população de desabrigados lá, um problema em todo o mundo desenvolvido que apenas a Finlândia parece realmente ter em mãos.)
Na América, os conservadores lutaram agressivamente pelo “direito” de possuir e portar abertamente não apenas revólveres, mas armas semiautomáticas reais de guerra ; como resultado, temos a maior taxa de mortes por armas de fogo no mundo desenvolvido. Assim, houve 19.379 mortes por armas de fogo e 611 tiroteios em massa nos Estados Unidos no ano passado. A Alemanha, com uma das maiores taxas de posse de armas na Europa, teve 815 mortes por armas de fogo (incluindo suicídios e acidentes) em 2018. Ter uma arma na Alemanha é como ter um carro nos EUA: você deve passar nos testes de proficiência e escritos, obter uma licença e registrar a arma todos os anos com o governo, provando que você está armazenando-a com segurança. E armas de assalto de guerra são proibidas.
Na América, os conservadores promovem o carvão, o petróleo, o gás e a energia nuclear enquanto criticam e, em alguns lugares, até taxam ou penalizam a energia solar e outras energias renováveis. Na “conservadora” Alemanha de Merkel, eles estão prestes a fechar sua última usina nuclear e a energia solar custa cerca de metade do que custa nos Estados Unidos . E os painéis solares estão por toda parte .
Na América, os conservadores lutaram para desregulamentar os provedores de serviços de Internet (ISPs) para que, desde que Trump acabou com a neutralidade da rede em 2017 , eles podem não apenas assistir e registrar tudo o que você faz online e vender seu histórico de navegação e atividades com lucro, mas também podem cobrar você tudo o que eles podem fazer (em média cerca de US $ 61 / mês para 140 Mbps ). A chanceler “conservadora” Merkel administra um país onde é crime os ISPs bisbilhotar você ou vender suas informações e a concorrência é obrigatória, então o custo médio de uma conexão de alta velocidade de 250 Mbps é de cerca de US $ 30 / mês .
Na América, os conservadores lutaram contra qualquer regulamentação dos preços dos medicamentos, até mesmo se opondo a permitir que o Medicare negociasse seus preços , razão pela qual os americanos pagam mais do que o dobro por produtos farmacêuticos do que os cidadãos de qualquer outro país do mundo . Na Alemanha “conservadora” de Angela Merkel, o governo negocia preços de atacado para todo o país e a lei federal diz : “O preço de venda de medicamentos prescritos na farmácia é determinado adicionando-se uma margem de 3 por cento ao preço de atacado, mais um serviço fixo de farmácia compensação de 8,35 euros, e o imposto sobre o valor acrescentado. ”
Na América, os conservadores lutaram durante anos para permitir que as indústrias de produtos químicos, pesticidas e herbicidas usem você, eu e nossos filhos e netos como cobaias para seus novos compostos e, em seguida, retirem-nos do mercado quando tivermos câncer , defeitos congênitos e infância danos cerebrais . É por isso que existem mais de 60.000 produtos químicos não testados em nossas casas e locais de trabalho hoje . Na Alemanha “conservadora”, eles empregam o “ princípio da precaução ” , o que significa que os novos produtos químicos precisam provar sua segurança antes de serem despejados em produtos de consumo, brinquedos, corpos alemães ou no meio ambiente.
Se Angela Merkel governou a Alemanha por 16 anos como “conservadora”, provavelmente há muitos americanos prontos para adotar o rótulo.
O fato é que – pelos padrões americanos – Merkel governou à esquerda de Bernie Sanders por quase todo o seu tempo como chanceler , e até mesmo levou seu país mais longe em direção a uma rede de segurança social abrangente e eficaz na última década. Essas políticas fizeram dela um dos políticos mais amados da Alemanha e do mundo.
De alguma forma, porém, isso nunca chega aos telespectadores e leitores de notícias americanas.
HartmannReport.com
(#Envolverde)
sexta-feira, 24 de setembro de 2021
Organizações apelam aos governos para não usarem financiamento climático em projetos hidrelétricos
300 organizações de 69 países lançaram uma Declaração Global Rivers for Climate conclamando os governos e líderes participantes da COP26 a proteger os ecossistemas fluviais e a pararem de usar os escassos fundos climáticos para financiar falsas soluções climáticas, como a energia hidrelétrica.
International Rivers *
Representando os pontos de vista da sociedade civil, movimentos de povos, organizações de povos indígenas, cientistas e conservacionistas, a declaração convocou os esquemas de proliferação sendo propagados sob uma falsa pretensão de sustentabilidade.
“A energia hidrelétrica não é energia limpa. Estamos em um momento sem precedentes na história; enfrentando as ameaças triplas de uma crise climática descontrolada, perda de biodiversidade em grande escala e uma pandemia global ”, disse Chris Wilke, gerente de defesa global da Waterkeeper Alliance. “Simplesmente não podemos perder tempo, financiamento e recursos escassos com soluções falsas que nos distraem do que é realmente necessário para enfrentar as múltiplas crises que enfrentamos.”
Incentivar e expandir a construção de energia hidrelétrica não só falharia em evitar mudanças climáticas catastróficas, mas também pioraria a crise climática ao explodir as emissões de metano e desviar os escassos fundos climáticos de soluções significativas de energia e água em um mundo que já está lutando com impactos severos de das Alterações Climáticas.
Este apelo aos líderes mundiais é baseado em evidências científicas e sociais crescentes de impacto dos perigos associados às barragens hidrelétricas e os riscos de buscar investimentos em barragens para a mitigação das mudanças climáticas. Na Declaração Global, os grupos afirmam que:
Rios de fluxo livre, pântanos e lagos naturais têm um valor imenso para o bem-estar dos ecossistemas que sustentam, da humanidade e da sobrevivência no planeta. Esses corpos d’água e a biodiversidade que eles sustentam são importantes recursos de adaptação para o vasto número de pessoas que deles dependem. Os rios também podem desempenhar um papel central, muitas vezes espiritual e cultural para muitas comunidades indígenas ribeirinhas. Esses sistemas vitais estão sendo destruídos pela pressão crescente de uma variedade de fontes, a principal delas os projetos hidrelétricos.
Os rios desempenham um papel vital no sequestro de carbono e na construção de resiliência climática, mas as barragens hidrelétricas impedem que os rios atendam a essas funções críticas. Os rios ajudam a regular um ciclo global de carbono cada vez mais volátil, retirando cerca de 200 milhões de toneladas de carbono do ar a cada ano.
As barragens hidrelétricas são vulneráveis às mudanças climáticas e serão ainda mais impactadas pelas mudanças na hidrologia. Nosso clima e ciclos hidrológicos estão mudando, mas as barragens hidrelétricas são particularmente inadequadas para se adaptar a essas mudanças. Inundações sem precedentes, deslizamentos de terra e outros desastres exacerbados pela mudança climática já estão ameaçando a segurança das barragens em todo o mundo, com eventos climáticos mais extremos elevando o risco de rompimentos catastróficos de barragens.
“A energia hidrelétrica sustentável como uma solução para a mudança climática é um mito”, disse Himanshu Thakkar, da Rede Sul da Ásia em Represas, Rios e Pessoas. “Os projetos hidrelétricos são enormemente impactados negativamente pelas mudanças climáticas e também atuam como multiplicadores de força para os impactos, agravando a crise climática, especialmente para os vastos milhões de pessoas que dependem de rios, florestas e várzeas para sua segurança alimentar e de subsistência. Construir e operar novos projetos hidrelétricos em áreas como o Himalaia e o Sul da Ásia está piorando o potencial de desastres e as vulnerabilidades e destruindo as opções de resiliência para comunidades dependentes de rios e montanhas. Qualquer alegação em contrário da indústria hidrelétrica não resistirá a um escrutínio independente, como foi visto no trabalho da Comissão Mundial de Barragens. ”
Adicionar mais barragens exacerbará as emissões de metano precisamente no momento em que o IPCC avisa que elas devem ser drasticamente reduzidas. Os reservatórios de energia hidrelétrica contribuem significativamente para a crise climática, principalmente por meio da emissão de grandes quantidades de metano, um gás de efeito estufa 86 vezes mais potente no curto prazo do que o dióxido de carbono.
A expansão da energia hidrelétrica é incompatível com os esforços para lidar com a iminente crise da biodiversidade. Embora representem menos de 1% da superfície da Terra, os ecossistemas de água doce abrigam mais de 10% de todas as espécies . As barragens de energia hidrelétrica são as principais responsáveis pelo rápido declínio de 84% nas populações de espécies de água doce desde 1970.
“O apelo de alguns grupos da indústria para aumentar a energia hidrelétrica global em 60% provavelmente significa represar todos os rios de fluxo livre restantes, o que seria um golpe tremendo para a biodiversidade de água doce global”, disse Eugene Simonov da Rivers without Boundaries. “Em 2020, somando menos de 3% desse totaljá levou a enormes perdas de ecossistemas e espécies de água doce. Isso inclui os Pântanos da Mesopotâmia, Patrimônio Mundial da UNESCO, onde tartarugas e muitas outras espécies lutam contra os fluxos reduzidos do rio Tigre, que são bloqueados pela barragem de Ilisu na Turquia. Novas barragens concluídas em 2020 também afetaram locais de biodiversidade globalmente significativos na República Democrática do Laos, China, Indonésia, Paquistão, Guiné, Etiópia, Honduras e outros países. Isso demonstra que a indústria hidrelétrica continua a destruição rápida dos principais habitats de água doce do mundo, muitas vezes sob o nome enganoso de ‘desenvolvimento de energia limpa’ ”.
A construção de barragens hidrelétricas rotineiramente viola os direitos humanos das comunidades impactadas, principalmente dos povos indígenas. O setor de energia hidrelétrica tem um longo histórico de violações dos direitos humanos, com muitas empresas e financiadores nunca responsabilizados. Há mais de 20 anos, a Comissão Mundial de Barragens (WCD) estimou que as barragens haviam desabrigado até 80 milhões de pessoas, e esse número é provavelmente significativamente maior hoje. As barragens também afetaram negativamente cerca de 472 milhões de pessoas que vivem a jusante.
“Quando eu era criança, testemunhei a angústia que viviam as famílias durante a construção das barragens no rio Biobío. Anos depois, vejo o sofrimento, a dor e a frustração de famílias que lutaram incansavelmente pela defesa do Rio BioBío e de nossas terras inundadas por causa dos reservatórios. As represas devastaram nossa cultura. O lugar onde nossas famílias se reuniam e viviam foi inundado. Eles inundaram nosso cemitério ancestral, submergindo os ossos de nossas famílias na água. Sonho com crianças que vivam sem repressão, que possam desfrutar de rios com correnteza e tudo o que os Mapu (terra) e nossos ancestrais nos deram para viver ”, disse Fernanda Purrán da Tribo Mapuche-Pehuenche e Diretora de Ríos to Rivers Chile
O financiamento do clima tem o potencial de desempenhar um papel crítico na garantia de resultados positivos para os rios e para o acesso à energia. Deve priorizar projetos que restaurem e promovam a saúde dos ecossistemas e comunidades ribeirinhos.
“Como membro das Tribos Klamath, estou ansioso pela maior remoção de barragens da história mundial em 2023. Esta batalha árdua levará o salmão de volta ao nosso território ancestral no Oregon pela primeira vez em mais de 100 anos”, disse Paul Robert Wolf Wilson, membro das tribos Klamath e contador de histórias-chefe de Ríos to Rivers. “Enquanto isso, em outros lugares nos Estados Unidos e em todo o mundo, as barragens estão sendo falsamente promovidas como fonte de energia limpa. A Organização das Nações Unidas (ONU) certificou centenas de novas barragens como compensações de carbono sem medir suas emissões de metano e apesar do fato de que elas deslocam antigas culturas indígenas em violação da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Em vez disso, os governos deveriam usar o financiamento climático para alocar fundos para restaurar os rios e promover a proteção dos ecossistemas e das comunidades fluviais ”.
Na Declaração Global, as organizações exigem ações específicas dos governos, incluindo:
A proibição de fundos comprometidos sob o Acordo de Paris para a construção de novas barragens hidrelétricas.
Países devem remover novas barragens hidrelétricas de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).
Uma transição energética justa e sustentável e recuperação econômica que centraliza as pessoas e os ecossistemas.
Investimento para aumentar rapidamente as fontes de energia verdadeiramente renováveis, capazes de fornecer o acesso à energia necessária, enquanto faz a transição dos destrutivos combustíveis fósseis e represas hidrelétricas.
Remoção de barragens destrutivas e obsoletas que inibem os processos do ecossistema (incluindo o sequestro de carbono), proporcionando benefícios adicionais de resiliência e segurança alimentar e de subsistência.
Melhorar ou reformar barragens existentes onde economicamente viável, e apenas onde não perturbar os ecossistemas e comunidades ribeirinhas, e o consentimento prévio, livre e informado dos Povos Indígenas foi concedido e onde as medidas de gestão social e ambiental relacionadas aos impactos anteriores foram abordadas.
Maior conservação de energia e medidas de eficiência, junto com atualizações para redes elétricas para diminuir a demanda por energia.
Proteções permanentes que proíbem a construção de barragens hidrelétricas em rios de fluxo livre e na maioria dos ecossistemas de água doce vitais.
“A energia hidrelétrica é uma tecnologia desatualizada que perdeu sua utilidade, razão pela qual a indústria está desesperada por novas fontes de financiamento para reviver sua fortuna em declínio”, disse Josh Klemm, da International Rivers. “Os fundos climáticos devem ser implantados para catalisar a transformação energética que pode nos ajudar a superar a crise climática, e não as abordagens usuais que nos trouxeram até aqui.”
A Declaração permanece aberta para novos endossos organizacionais até a COP 26 do Clima em Glasgow. Saiba mais sobre a Declaração, visite https://bit.ly/riverforclimate
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/09/2021
Mudança climática causa impacto sem precedentes no oceano
Taylor & Francis*
Os níveis de gelo ártico registrados nos últimos dois anos atingiram níveis recordes, enquanto por década – em média desde 1979 a 2020 – caíram quase 13%, mostra um novo e vasto relatório sobre o oceano em todo o mundo.
Publicado no Journal of Operational Oceanography , o relatório anual ‘Copernicus Ocean State Report‘, baseia-se em análises de mais de 120 especialistas científicos de mais de 30 instituições europeias.
Reconhecida como a referência para a comunidade científica; órgãos nacionais e internacionais; tomadores de decisão; atores da economia azul; e o público em geral, a revisão crucial deste ano (com foco nos resultados de 2019) mostra níveis sem precedentes de impacto das mudanças climáticas.
O relatório, presidido pela Mercator Ocean International (MOi), mostra que os problemas estão surgindo em todo o mundo.
O aquecimento do oceano Ártico está contribuindo para cerca de 4% de todo o aquecimento global do oceano. Uma redução de quase 90% da espessura média do gelo marinho foi testemunhada no Mar de Barents (uma pequena parte do Ártico), o que levou a uma diminuição na importação de gelo marinho da bacia polar.
No Mar do Norte, a extrema variabilidade de períodos de frio e ondas de calor marinhas tem sido associada a mudanças relatadas nas capturas de linguado, lagosta europeia, robalo, salmonete e caranguejos comestíveis.
Enquanto no Mar Mediterrâneo, ocorreram quatro inundações recordes consecutivas em Veneza (novembro de 2019) e alturas de onda acima da média no sul do Mediterrâneo (em 2019).
Globalmente, as temperaturas médias do mar aumentaram a uma taxa de 0,015 celsius por ano de 1993-2019, e os níveis de oxigênio (estoque de oxigênio) no Mar Negro caíram a uma taxa de -0,16 mol / m2 / ano de 1955-2019. Resumindo a situação internacional do oceano, a presidente do relatório, Dra. Karina von Schuckmann, de MOi, afirma a necessidade de desenvolvimento e fornecimento de conhecimentos e produtos de ponta sobre os oceanos, além do monitoramento regular por meio do Copernicus, financiado pela UE .
“A mudança climática, a poluição e a superexploração colocaram pressões sem precedentes sobre o oceano, exigindo a necessidade urgente de medidas sustentáveis de governança, adaptação e gestão, a fim de garantir os vários papéis de suporte de vida que o oceano oferece para o bem-estar humano”, diz ela. .
“O conhecimento cientificamente sólido derivado de produtos oceânicos de alta qualidade e fornecidos por serviços oceânicos é fundamental para estimular mudanças transformadoras. Considerar o oceano como um fator fundamental no sistema terrestre e abraçar a natureza multidimensional e interconectada do oceano é a base para um futuro sustentável. ”
No geral, o testemunho de 185 páginas fornece um relatório científico abrangente e de ponta sobre as condições atuais, variações naturais e mudanças em curso no oceano global e nos mares regionais europeus.
Entre outras descobertas importantes feitas este ano estão:
É apresentado um novo índice de plâncton para peixes derivado de satélite em apoio à gestão e pesca oceânica.
Um novo método de indicador de apoio ao monitoramento da eutrofização foi introduzido, o qual é usado pelo EuroStat (ODS 14.1)
Desenvolvimento de atributos adicionais para monitoramento do Dipolo do Oceano Índico, que relatou fortes eventos em 1997 e 2019 ligados a secas e precipitações extremas
Uma migração invasiva de peixe-leão para o Mar Jônico em 2019
No Mar Báltico, houve um nível incomum do mar em 2019 e condições extremas de ondas no Golfo de Bótnia.
O Dr. von Schuckmann acrescenta: “Os produtos e serviços oceânicos que o Copernicus Marine Service fornece são usados por outros sistemas para desenvolver ferramentas de última geração para rastrear e prever mudanças oceânicas importantes. Essas ferramentas e tecnologias, incluindo sistemas de alerta, tecnologias de previsão e programas de monitoramento em tempo real, ajudam a proteger os ambientes marinhos e as comunidades humanas, a fornecer sistemas de alerta precoce, a salvaguardar a infraestrutura econômica, a desenvolver medidas de adaptação e a planejar e gerenciar eventos oceânicos extremos.
“Esta edição do Relatório do Estado do Oceano Copernicus fornece uma visão sobre o design e funcionamento das ferramentas a jusante e é abordada de vários ângulos, apresentando o estado do oceano em mudança, examinando os impactos da evolução do oceano em linha com as mudanças climáticas sobre o ambiente, os humanos , sistemas sociais e econômicos, e discutir a importância da ciência, dados e serviços para a sociedade e políticas na adaptação a esses impactos. ”
Figura 1.1.1. Visão geral dos principais resultados desta 5ª edição do CMEMS Ocean State Report
Figura 1.1.1. Visão geral dos principais resultados desta 5ª edição do CMEMS Ocean State Report, in https://doi.org/10.1080/1755876X.2021.1946240
Referência:
Karina von Schuckmann (Editor), Pierre-Yves Le Traon (Editor), Neville Smith (Chair) (Review Editor), Ananda Pascual (Review Editor), Samuel Djavidnia (Review Editor), Jean-Pierre Gattuso (Review Editor), …
Journal of Operational Oceanography
Volume 14, 2021 – Issue sup1: Copernicus Marine Service Ocean State Report, Issue 5
https://doi.org/10.1080/1755876X.2021.1946240
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Henrique Cortez *, tradução e edição.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/09/2021
Pesquisas indicam como mudança climática afeta agricultura no mundo
Por Cínthia Leone, ClimaInfo
O rendimento das culturas geralmente cai durante as estações quentes de crescimento, mas o calor e a seca combinados podem ter efeitos de sobredimensionamento.
Além das perdas causadas apenas pelas altas temperaturas, os efeitos combinados do calor e da seca causarão reduções adicionais de rendimento de milho e soja de até 20% em partes dos Estados Unidos, e de até 40% na Europa Oriental e no sudeste da África.
Em lugares onde os climas frios atualmente limitam o rendimento das culturas, como no norte dos Estados Unidos, Canadá e Ucrânia, os efeitos combinados de temperaturas mais altas e menos água podem diminuir os ganhos de rendimento projetados com o aquecimento.
Projeções anteriores de risco climático futuro haviam identificado um perigo para as culturas devido ao aquecimento global, mas ignoravam o potencial de efeitos compostos do calor e da disponibilidade de água sobre as culturas de alimentos.
Com base em dados históricos, os rendimentos de milho e soja eram cerca de 40% mais sensíveis ao calor em locais onde o calor é acompanhado por secas, em comparação com as terras agrícolas onde o clima mais quente não significa menos água. Isto pode ser devido ao fato destas culturas serem particularmente sedentas sob o poder secante do ar quente, e porque a terra seca não pode esfriar com a evaporação e fica especialmente quente sob os raios do sol.
Os impactos compostos do calor e da seca foram menos importantes para outras culturas, como o trigo ou o arroz.
O estudo mostra que, sem cortes fortes e rápidos de emissões, os alimentos básicos poderiam ser cada vez mais afetados por extremos climáticos compostos. Isto aumenta os riscos de preços mais altos dos alimentos e reduz a segurança alimentar, mesmo em países desenvolvidos.
“Nosso estudo descobre um novo risco para a produção agrícola decorrente do aquecimento do clima que acreditamos ter sido negligenciado nas avaliações atuais. Como o planeta continua a aquecer, a água e o calor podem se inter-relacionar mais fortemente em muitas regiões, tornando as secas mais quentes e as ondas de calor mais secas”, afirma Corey Lesk, autor principal do estudo e pesquisador do Departamento de Ciências da Terra e Meio Ambiente (DEES) da Universidade de Columbia e do Lamont-Doherty Earth Observatory (LDEO).
“As plantas terão cada vez mais falta de água quando mais precisam dela, e historicamente isto tem sido especialmente prejudicial para as culturas”, completa.
Para o pesquisador, o estudo deve servir de motivação para adaptar colheitas e técnicas de cultivo. “Por exemplo, precisamos de novas variedades de culturas para suportar o aumento da temperatura, mas isto não pode vir às custas de uma maior tolerância à seca. Os governos e as grandes empresas de sementes devem ser transparentes sobre seus planos de adaptação da agricultura ao aquecimento do clima”.
Referência:
Lesk, C., Coffel, E., Winter, J. et al. Stronger temperature–moisture couplings exacerbate the impact of climate warming on global crop yields. Nat Food 2, 683–691 (2021). https://doi.org/10.1038/s43016-021-00341-6
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/09/2021
Organizações da sociedade civil repudiam pacote antiambiental do Ministério da Economia
Com o sugestivo nome de Projeto de Redução do Custo Brasil e sob a justificativa de “transformar a produtividade e competitividade do país”, o Ministério da Economia enviou ofício ao Ministério do Meio Ambiente com uma lista de proposições que denotam desconhecimento e descaso em relação à legislação ambiental.
Sem qualquer filtro crítico, o MMA repassou ao Ibama, em 16 de setembro, a incumbência de responder aos pleitos com prazo até 30 de setembro. As medidas “devem eliminar dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que elevam o custo de se fazer negócios no país, comprometendo investimentos e encarecendo os preços dos produtos nacionais”. Entre elas, estão:
extinguir a lista do Conselho Nacional do Meio Ambiente que define casos em que se exige o estudo prévio de impacto ambiental (EIA);
prever a concessão de licenças por decurso de prazo, em razão da demora na análise dos pedidos de licenciamento ambiental;
revogar as regras sobre autorização de supressão de vegetação nativa que se aplicam especificamente ao bioma Mata Atlântica, bem como reduzir a participação do Ibama nesses processos autorizativos;
dispensar de licenciamento ambiental a reutilização de rejeito e estéril de mineração;
alterar o mapa de biomas do IBGE, excluindo da delimitação da Amazônia as áreas com características de Cerrado;
cancelar a consulta ao Iphan para empreendimentos agrossilvipastoris;
reduzir as exigências para fabricação de agrotóxicos voltados à exportação, com o objetivo de tornar o país um polo produtor de agroquímicos.
Representantes de organizações da sociedade civil manifestam abaixo o repúdio a mais essa tentativa do governo Bolsonaro de burlar a legislação ambiental.
“A proposta do Ministério da Economia, que está sendo levada adiante pelo Ministério do Meio Ambiente como se fosse um despachante, inclui licenciamento por decurso de prazo, dispensa de licença para aproveitamento de rejeito de mineração, redefinição do tamanho da Amazônia, incentivo ao Brasil de virar polo global de produção de agrotóxicos, entre outras medidas que nos levarão a cavar ainda mais o fundo do poço. O governo afirma que são demandas apoiadas pelo Movimento Brasil Competitivo, que tem em seu conselho representantes de empresas como Amazon, Microsoft e Google. Governo e iniciativa privada estão devendo explicações sobre esse absurdo”. Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
“O Ministério da Economia propõe o ecocídio ao Brasil com mais esse ataque à Mata Atlântica. Na contramão do que o mundo busca para enfrentar a emergência climática, do que precisamos para minimizar a crise hídrica e energética, o projeto de Redução do Custo Brasil é a maior ameaça à sustentabilidade do país. Ao atacar a Lei da Mata Atlântica, de forma explícita, o documento do Ministério da Economia deixa evidente que a condução da boiada sobre a proteção do meio ambiente é uma estratégia desastrosa e retrógrada do governo brasileiro.
A Lei da Mata Atlântica é uma conquista da sociedade e é estratégica para o futuro do Brasil. Promove o uso sustentável do bioma e garante, com a proteção da floresta, os serviços ambientais essenciais para a vida — como a água —, para a saúde da população e para as atividades econômicas. Os danos desse falacioso projeto de redução do Custo Brasil podem ser irreversíveis. Não vamos permitir. Fora boiada.” Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica
“O atual governo enxerga a preservação ambiental como um entrave para o desenvolvimento econômico, visão essa com cara de século passado e em desacordo com o restante do mundo, que já entendeu que sem meio ambiente preservado não há futuro possível para a humanidade.” Thaís Bannwart, porta voz de políticas públicas do Greenpeace Brasil
“A proposta do Ministério da Economia, além de assustadora, traz comandos contraditórios. Num trecho, sugere que não exista mais uma regra nacional que defina que tipo de atividade poluidora deve ser previamente licenciada, liberando cada estado para decidir como quiser — o que pode levar o país a ter 27 regras diferentes. Em outro trecho, sugere mudança na lei para criar a obrigatoriedade de regras ambientais uniformes no país. Não sabem do que estão falando.” Raul Silva Telles do Valle, diretor de justiça socioambiental do WWF Brasil
“Vindo deste governo, a notícia do pacote antiambiental do Guedes é bem mais crível do que o discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU. Coerente com o que Jair Bolsonaro, Salles e tropa vêm fazendo com nossa política ambiental.” André Lima, consultor do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS)
“O documento reforça o caráter irresponsável e o desespero do atual governo. O crescimento pífio da economia brasileira, a perda de produtividade e de competitividade não são culpa da legislação ambiental do país. Este tipo de ato, em desrespeito às leis e ao Congresso Nacional, só mostra que o que temos hoje é uma gestão criminosa do meio ambiente.” Alessandra Cardoso, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc)
“Em 2019, durante jantar com lideranças conservadoras em Washington, o presidente Jair Bolsonaro disse aos presentes que o sentido de seu governo não era construir coisas para o povo brasileiro, mas desconstruir. Esse projeto estrutura o sentido do governo. Especialmente, no que diz respeito às questões socioambientais, ele é o mapa do caminho do desmonte.” Adriana Ramos, coordenadora do Instituto Socioambiental (ISA)
“Chega a ser irônico, para não dizer assustador, que queiram alterar o Mapa de Biomas do IBGE, de 2019, para fazer da Amazônia com caraterísticas de cerrado, o mesmo que estão fazendo com o Cerrado. A intenção clara é anistiar o desmatamento ilegal na região, aplicando a mesma legislação frouxa que temos para as áreas de reserva legal no Cerrado, onde apenas 20% da vegetação nativa tem obrigação legal de ser mantida em pé.” Guilherme Eidt, assessor em políticas públicas do Instituto Sociedade, População e Natureza
Por Solange A. Barreira, do Observatório do Clima, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/09/2021
quinta-feira, 23 de setembro de 2021
Pampa é o bioma brasileiro que mais perde vegetação natural
O Pampa foi o bioma que mais perdeu vegetação nativa nos últimos 36 anos proporcionalmente em relação ao total de sua área, segundo os mais recentes dados do MapBiomas obtidos a partir da análise de imagens de satélite entre 1985 e 2020.
O decréscimo de 21,4% registrado entre 1985 e 2020 coloca o segundo menor bioma brasileiro à frente do Cerrado (-19,8%), Pantanal (-12,3%) e Amazônia (-11,6%). Como o Pampa funciona como um “hub”, para o qual convergem várias rotas de migração nacionaise internacionais, com destinos que incluem a América do Norte, o sul da América do Sul e as regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil e o norte da Argentina, a conservação das paisagens naturais do Pampa é crucial para múltiplas espécies migratórias.
O bioma Pampa, especialmente na sua porção leste, é considerado uma região de relevância internacional para diversas espécies de aves migratórias. A existência de um mosaico de ecossistemas naturais incluindo lagoas costeiras, praias, dunas, campos, matas de restinga e áreas pantanosas atrai uma notável concentração de aves em diferentes estações do ano, em busca de alimento ou de sítios de reprodução.
Os migrantes neárticos, espécies que se reproduzem no hemisfério norte (Canadá e Estados Unidos), voam para o Pampa no verão em busca de alimento. Mais de uma dezena de espécies são visitantes de verão, incluindo as batuíras e os maçaricos, também denominadas de aves de praia, o batuiruçu (Pluvialis dominica), o maçarico-de-perna-amarela (Tringa flavipes), o maçarico-grande-de-perna-amarela (Tringa melanoleuca) e o maçarico-acanelado (Tryngites subruficollis).
Já as espécies migrantes austrais voam até o Pampa, onde permanecem somente no outono e no inverno. Elas partem desde a Patagônia, sul do Chile, Terra do Fogo e Ilhas Malvinas em direção ao Pampa no inverno, fugindo assim dos rigores do inverno austral. Dentre estas espécies estão a batuíra-de-peito-avermelhado (Charadrius modestus), o pedreiro-dos-andes (Cinclodes fuscus), o colegial (Lessonia rufa) e a andorinha-chilena (Tachycineta meyeni).
Outras espécies são residentes de verão e abandonam temporariamente o Pampa com a chegada dos meses frios para diversos destinos. Muitas partem para o norte da América do Sul e América Central como as andorinhas (Progne tapera e P. chalybea), a tesourinha (Tyrannus savana) e o suiriri (T. melancholicus). Outras migram no sentido leste-oeste com destino às províncias argentinas de Santa Fé, Entre Ríos e Corrientes. Algumas aves aquáticas transitam do Pampa para o Pantanal, incluindo o cabeça-seca (Mycteria americana), o colhereiro (Platalea ajaja), o gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis) e o pato-de-crista (Sarkidiornis melanotos).
O avanço do uso antrópico sobre a vegetação natural do Pampa acentuou-se na última década, quando também foi possível notar o começo da mudança do perfil econômico do uso do solo. “A substituição da formação campestre pela agricultura favorece a perda de biodiversidade e liberação de carbono na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa. Mas é também um desvio de uma vocação econômica natural do Pampa”, alerta Heinrich Hasenack, coordenador do mapeamento do Pampa. “Ao contrário da Amazônia ou do Cerrado, onde é preciso desmatar para criar gado, no Pampa a vegetação nativa é um pasto natural, o que permite que a pecuária se desenvolva preservando a paisagem”, explica. Resultados de pesquisas mostram que práticas de manejo adequadas permitem retorno econômico similar ao do cultivo de grãos, com a vantagem de preservar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos.
Nos últimos 36 anos, o Pampa perdeu 2,5 milhões de hectares de vegetação nativa, que responde por menos da metade (46,1%) do território. Formações campestres ocupavam 46,2% do território em 1985. Em 2020, eram apenas 32,6%. Nesse período, a agricultura ganhou mais de 1,9 milhão de hectares de área do Pampa. A atividade, que ocupava 29,8% do bioma em 1985, passou a usar 39,9% do território em 2020. No ano passado, era o principal uso dos 44,1% antropizados do Pampa e segue uma tendência de crescimento alto a cada ano.
O Pampa possui muitas espécies campestres por metro quadrado, mesmo quando ocupado por gado, favorecendo a conservação da biodiversidade e do carbono estocado. Embora a agricultura, de um modo geral, tenha ótima produtividade, em algumas circunstâncias acaba sendo introduzida em locais com menor aptidão do que a pecuária. Outro fato preocupante é que o Pampa tem a menor proporção de unidades de conservação dentre todos os biomas brasileiros, com apenas 3% do território protegido. Dos quais, se descontarmos as Áreas de Proteção Ambiental, uma categoria com menor grau de proteção, esse percentual cai para 0,6%. Existem regiões do Pampa que já estão excessivamente descaracterizadas, a ponto de colocar em risco a própria capacidade de restauração ecológica com as variantes genéticas típicas dessas regiões.
“Apesar de estar na tradição gaúcha, na história da ocupação do bioma e de ser uma atividade que, no Pampa, é mais alinhada aos desafios do Século 21 de preservação da biodiversidade e redução das emissões de carbono, a pecuária sobre campo nativo está perdendo espaço para a agricultura, notadamente a soja”, detalha Hasenack.
O avanço da agricultura sobre a vegetação nativa pode ser notado em todo o bioma, mas foi mais acentuado nas regiões da Fronteira Oeste, o Planalto Médio/Missões, Zona Costeira e leste da Campanha. Os cinco municípios que mais perderam vegetação natural nos últimos 36 anos foram São Gabriel, Alegrete, Tupanciretã, Dom Pedrito e Bagé.
Os resultados do mapeamento do bioma também trazem resultados inéditos sobre as queimadas e a superfície de água. No Pampa, ao contrário dos demais biomas, as queimadas têm pouca expressão com uma média anual de 92,5 km2. Vários fatores concorrem para explicar a baixa quantidade de queimadas no Pampa como a ausência de uma estação seca, o baixo acúmulo de biomassa na vegetação campestre por conta da atividade pastoril e o fato do fogo não ser utilizado culturalmente como uma prática de manejo nas áreas rurais.
A dinâmica da superfície da água entre 1985 e 2020 mostra uma tendência de estabilidade ao longo dos 36 anos mapeados. Quase 10% do Pampa é ocupado por água: com 1,8 milhões de hectares em 2020. A maior parte se concentra na zona costeira, caracterizada pela presença de inúmeras lagoas, sendo que a laguna dos Patos, a lagoa Mirim e a lagoa Mangueira, armazenam 81% do total de superfície de água do bioma no Pampa Apesar da estabilidade na superfície de água, o mapeamento revela que na região da Fronteira Oeste e da Campanha houve um incremento de água com a implantação de açudes para irrigação, principalmente do arroz. Enquanto que nas porções centrais e a leste do bioma foram detectadas várias localidades com redução da superfície de água disponível.
Sobre o MapBiomas
Iniciativa multi-institucional que processa imagens de satélites com inteligência artificial e tecnologia de alta resolução em uma rede colaborativa de especialistas, universidades, ONGs, instituições e empresas de tecnologia para a criação de séries históricas e mapeamento de uso e cobertura da terra no Brasil. A UFRGS, com a colaboração da GeoKarten, são as instituições responsáveis pelo mapeamento da vegetação nativa no bioma Pampa dentro da rede MapBiomas.
Por Karol Domingues , in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/09/2021
Se as agricultoras fossem ouvidas, o mundo estaria bem alimentado
por IPS –
As mulheres produzem mais de 50% dos alimentos do mundo, mas são marginalizadas no acesso a recursos como terra e serviços financeiros, além de serem deixadas de fora das decisões e políticas sobre os sistemas alimentares, situação que deve ser revertida para alcançar a alimentação mundial segurança.
BULAWAYO, Zimbábue – As mulheres são contribuintes importantes para a produção agrícola, mas estão ausentes das mesas onde as decisões são tomadas e as políticas são definidas, com consequências alarmantes, disse a presidente do Food Tank, Danielle Nierenberg.
Dar às mulheres um lugar de tomada de decisão poderia acelerar o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e manter o mundo alimentado e alimentado. Mas, para isso, é preciso transformar o atual sistema alimentar mundial, que é muito desigual, disse o especialista em entrevista à IPS.
A americana Nierenberg, uma das principais pesquisadoras e defensoras dos sistemas alimentares e da agricultura, destaca que as mulheres são as mais afetadas durante as crises ambientais ou de saúde, na semana que antecede sua realização nas Nações Unidas, no dia 23 de dezembro. Setembro, a Cúpula sobre os Sistemas Alimentares , de onde devem emergir novas estratégias em prol da segurança alimentar global e da erradicação da fome.
O impacto particular da crise nas mulheres foi evidenciado mais uma vez durante a pandemia covid-19, que interrompeu a produção global de alimentos, afetando as mulheres agricultoras e produtoras de alimentos que já estavam excluídos da plena participação no desenvolvimento.
“Ainda temos um longo caminho a percorrer para garantir que as políticas não sejam cegas ao gênero e incluam as necessidades das mulheres na linha de frente quando ocorrerem grandes desastres”, disse Nierenberg à IPS da cidade de Nova Orleans, onde sua organização tem sede. .
O presidente da Tank Food acrescentou que os formuladores de políticas devem entender as necessidades dos agricultores e pescadores envolvidos nos sistemas alimentares e levar em consideração a contribuição específica das mulheres.
“Acho que é hora de mais pessoas ligadas à agricultura se candidatarem, porque entendem os desafios que isso representa”, disse ele. “Se tivéssemos mais agricultores em governos em todo o mundo, imagine como seria. Se tivéssemos mulheres agricultoras administrando municípios, cidades e até países, é aí que a mudança realmente ocorreria ”, refletiu.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), as mulheres contribuem com mais de 50% dos alimentos produzidos no mundo e representam mais de 40% da força de trabalho agrícola.
Mas embora as mulheres mantenham as famílias alimentadas e nutridas, elas estão em desvantagem no acesso a recursos essenciais para a produção de alimentos em comparação com os homens. Eles não têm acesso a terras, insumos, extensão, serviços bancários e financeiros.
“Até que acabemos com a discriminação contra as mulheres em todo o mundo, duvido que essas coisas mudem, embora as mulheres sejam a maior parte dos produtores mundiais de alimentos”, disse Nierenberg, que é cofundador e agora lidera o think tank sobre sistemas globais de alimentos.
Danielle Nierenberg. Foto: Food Tank
Assumindo que as crises cobiçada e climática não serão os últimos grandes choques a afetar o mundo, Nierenberg disse que mulheres e meninas foram desproporcionalmente afetadas pelos dois eventos traumáticos globais.
Para ele, isso confirma a necessidade de agir agora e mudar o sistema alimentar. As mulheres sofreram com a perda de emprego e renda, redução da produção de alimentos e nutrição, e mais meninas estão fora da escola, ele citou como consequências combinadas de COVID e eventos climáticos.
“Não é o suficiente para mim falar em nome das mulheres em todo o mundo. As mulheres que estão realmente fazendo o trabalho precisam falar por si mesmas; eles têm que ser incluídos nessas conversas ”, disse Nierenberg.
Mas a realidade atual, ele criticou, “é que nas conferências há muitos homens brancos de terno que falam em nome do resto do mundo. Mas precisamos que o resto do mundo, incluindo as mulheres, esteja na sala. ”
Um sistema alimentar é uma rede complexa de todas as atividades relacionadas ao cultivo, processamento, distribuição e consumo de alimentos. Também inclui governança, sustentabilidade ecológica e o impacto dos alimentos na saúde.
Observando que a cobiçada pandemia expôs questões invisíveis, como a interconexão de nossos sistemas alimentares, Nierenberg disse que há uma necessidade urgente de investir em sistemas alimentares regionais e localizados que incluam mulheres e jovens.
O Food Tank trabalha com outros grupos internacionais para pesquisar e definir a agenda de soluções concretas para restaurar os sistemas alimentares de forma que cumpram seu papel humano de erradicar a fome e a pobreza extrema, concluiu.
Você pode ler outros artigos sobre o Food Systems Summit aqui .
Divine Ntiokam, defensor dos sistemas alimentares e fundador e CEO da Rede Global da Juventude para Agricultura Inteligente para o Clima (GCSAYN), concorda.
Embora os jovens estejam dispostos a participar na promoção de uma transformação justa e inclusiva das áreas rurais, é lamentável que raramente participem da tomada de decisões, disse ele em diálogo com a IPS.
Eles, argumentou, são excluídos do nível doméstico para as instituições políticas e empresas maiores, e precisam de melhores perspectivas de segurança financeira para permanecer no setor agrícola.
“Homens e mulheres jovens devem receber atenção especial na formulação de legislação para que comprem terras e recebam os direitos adequados sobre elas”, disse Ntiokam de Yaoundé, capital de Camarões, onde o GCSAYN está sediada.
Para o ativista jovem, “doadores internacionais e governos devem investir nos jovens, especialmente mulheres e meninas, para que tenham uma participação significativa junto com a rede de valores dos sistemas alimentares”.
“Os jovens precisam ter seu próprio ‘assento na mesa (de negociação)’, como na Cúpula (sobre Sistemas Alimentares), quando se trata de tomar decisões sobre onde os governos e doadores internacionais investem seus recursos para fazer da agricultura e dos alimentos um carreira viável, produtiva e lucrativa ”, afirmou.
Você pode ler a versão em inglês deste artigo aqui .
Os pesquisadores afirmam que os sistemas alimentares de hoje são injustos, insalubres e injustos, ressaltando a urgência de transformar o sistema alimentar global. De acordo com a FAO, mais de 800 milhões de pessoas foram para a cama com fome em 2020 e outras dezenas de milhões estão subnutridas.
“Para sistemas alimentares para ser justo, é urgente para fechar o hiato de gênero em recursos”, disse Jemimah Njuki, director para África no Instituto Internacional de Política Alimentar Research (IFPRI), com sede em Washington. E seu centro Africano em Kigali, a capital de Ruanda.
Jemimah Njuki, Diretora da IFPRI para a África e Administração da Alavanca de Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres para a Cúpula dos Sistemas Alimentares da ONU, que acontecerá em 23 de setembro. Foto: IFPRI
Ela também exerce o papel especial de custódia da Alavanca para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres para a Cúpula sobre Sistemas Alimentares.
António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, vai acolher a Cimeira dos Sistemas Alimentares na quinta-feira dia 23, no âmbito da semana de alto nível que vai abrir a 76 Assembleia-Geral da ONU a partir de terça-feira, dia 21.
A Cúpula foi promovida como uma plataforma para impulsionar um forte apoio à mudança dos sistemas alimentares globais para ajudar o mundo a se recuperar da pandemia cobiçosa e, ao mesmo tempo, impulsionar a realização dos ODS até 2030, como está estabelecido. Vários ODSs estão ligados à fome, alimentação e agricultura.
A Cúpula, de acordo com a ONU, culminará em um processo global inclusivo, oferecendo um momento catalítico para a mobilização pública e compromissos de ação por parte dos chefes de estado e de governo e outros líderes do eleitorado para fazer avançar a agenda do sistema alimentar.
“Eles (os sistemas alimentares) também devem ser transformados de maneira justa e equitativa, e as mulheres e meninas participam e se beneficiam de maneira significativa”, disse Njuki à IPS.
As normas sociais e de gênero prejudiciais que criam barreiras para mulheres e meninas definindo o que podem ou não podem comer, o que podem ou não possuir, para onde podem ou não podem ir, devem ser removidas, acrescentou ela.
“Esta transformação deve ser conduzida em todos os níveis e setores de nossos sistemas alimentares: do global ao local, do público ao privado, dos grandes produtores aos pequenos agricultores e consumidores individuais”, disse Njuki.
Para um especialista africano, os líderes devem implementar políticas que abordem diretamente as injustiças, como garantir o acesso das mulheres ao crédito, mercados e direitos à terra. Além disso, destacou, as mulheres e os homens individualmente devem enfrentar as normas estabelecidas e os preconceitos sociais e jurídicos e exigir mudanças.
Njuki acredita que os sistemas alimentares atuais contribuíram de fato para grandes disparidades entre ricos e pobres.
“Esses resultados negativos estão intimamente relacionados a muitos dos maiores desafios que a humanidade enfrenta atualmente: justiça e igualdade, mudança climática e direitos humanos, e esses desafios não podem ser enfrentados sem transformar a forma como nossos negócios funcionam. Sistemas alimentares”, disse ele.
“Estamos em um momento crucial, na última década antes do prazo dos ODS. Esta deve ser a década de ação dos sistemas alimentares para erradicar a fome ”, finalizou. (IPS/#Envolverde)
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