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domingo, 12 de setembro de 2021

Mudança Climática pega no seu bolso

por Claudia Visoni, ambientalista e codeputada estadual, Raquel Marques, sanitarista e codeputadas estadual e Duda Alcântara, arquiteta e coordenadora da Comissão Parlamentar do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – O clima mudou e as secas, enchentes, ondas de calor e de frio se tornarão cada vez mais numerosas e intensas daqui para frente. Isso é o que os cientistas estão avisando faz tempo, mas agora ficou impossível discordar, pois estamos vendo desastres climáticos todos os dias. No hemisfério norte o verão de 2021 tem sido arrasador. A Itália registrou a temperatura recorde de 48,8ºC, os termômetros chegaram a 49ºC no Canadá e a 52ºC no Iraque. China e Alemanha tiveram enchentes devastadoras, a Sibéria incendiou e os Estados Unidos vivem uma seca terrível, muitos incêndios e ondas de calor. Agora em agosto, 10 estados norte-americanos estão entrando em racionamento de água. Aqui no Brasil também estamos passando por uma seca histórica. Os reservatórios ficam mais vazios a cada dia, o que coloca em risco a produção de energia, de alimentos e o abastecimento de água. Tivemos uma onda de frio muito intensa, que levou neve e geada a locais onde isso não é usual, reduzindo as safras agrícolas. A crise do clima já está doendo no bolso das brasileiras e dos brasileiros, pois energia elétrica e comida encareceram por causa da seca. Temperaturas extremas não prejudicam apenas as colheitas. Elas são um grave problema de saúde pública. Nas ondas de calor recentes da Europa, Estados Unidos, Canadá e Iraque, por exemplo, milhares de pessoas morreram subitamente e muito mais gente teve sua situação de saúde agravada. Idosos e crianças pequenas correm mais riscos. Como os problemas climáticos não vão desaparecer e tendem a piorar, quanto antes começarmos a nos preparar para essas situações, melhor. Tudo está por fazer e nossas leis ainda não levam em conta a nova realidade do planeta. Nós três, autoras desse artigo, participamos da política no Estado de São Paulo e decidimos escrever o Projeto de Lei da Segurança Climática, que representa um primeiro passo nessa necessária transformação. E qual é o local que precisa ser mais protegido para que as pessoas tenham condições de vida? A residência, certo? Em casa dormimos, nos alimentamos e nos refugiamos quando necessário. Então a prioridade na adaptação dos ambientes deve ser das moradias. Pensando nisso, a proposta da nova lei é muito simples: que os condomínios sejam obrigados a discutir os riscos climáticos e a criar planos para cuidar melhor de seus moradores diante da possibilidade de temperaturas elevadíssimas ou muito baixas, falta d’água, apagão e avanço do mar. Decidimos focar nas moradias coletivas, os condomínios, pois os habitantes de casas individuais têm mais liberdade de construir suas soluções sem estarem amarrados aos desejos de outras pessoas. Não queremos ditar o que precisa ser feito para que cada condomínio se prepare para os problemas do clima. Os diferentes agrupamentos de residências vivem realidades próprias, o que inclui a disponibilidade de mais ou menos dinheiro para investir em obras. Há algumas décadas, incêndios terríveis em grandes edifícios deram origem a normas de construção e procedimentos de emergência que hoje são regras que todas as construções precisam cumprir. Não queremos esperar tragédias e mortos para iniciar a era das adaptações climáticas. Já é certeza que as condições atmosféricas e hídricas ficaram mais hostis, então não podemos adiar as precauções. E tudo começa com colocar nas pautas das reuniões de condomínio a avaliação dos riscos e as providências que precisam ser tomadas. A ONU acaba de lançar o manual chamado “Um Guia Prático para Construções e Comunidades Resilientes ao Clima” que pode ser encontrado na internet e tem muitas sugestões de baixo custo. Além disso, recomendamos avaliar a possibilidade de implantar soluções como cisternas e reúso de água, estratégias de resfriamento passivo (ventilação natural, beirais e sombras nas fachadas), energia solar, biogás, telhados verdes, jardins e arborização, lagos artificiais, pisos permeáveis e semipermeáveis, telhados verdes e uso de materiais de construção com melhor desempenho térmico. É preciso lembrar que não poderemos confiar totalmente em soluções que dependam da energia elétrica, uma vez que o Brasil está vivendo a possibilidade de racionamento e nos locais onde acontecem eventos climáticos extremos muitas vezes o abastecimento de energia é interrompido. Diante de um desafio tão gigantesco como a mudança do clima no planeta inteiro, nossa tendência é a negação ou o pânico. Mas há muito o que fazer para amenizar a situação. As adaptações, um caminho importante para que nossas vidas sigam em relativa normalidade, demandam tempo e algum dinheiro. Por isso precisam começar o quanto antes. Cada pode iniciar com as pequenas atitudes e intervenções que sejam possíveis agora.O importante é agir. (#Envolverde)

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