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sábado, 30 de janeiro de 2016
Chefe da ONU chama meio empresarial a contribuir com a Agenda 2030
No Fórum Econômico mundial, o secretário-geral destacou importância da liderança dos governos e de empresas para fazer com que compromissos globais sejam colocados em prática.
Por Redação da ONU Brasil –
No Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou o mundo empresarial a contribuir para o alcance dos objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que busca eliminar a pobreza, a fome, e uma série de problemas sociais.
Ban destacou que os governos devem guiar os passos decisivos para tornar os compromissos globais em realidade, juntamente com o setor privado, que pode prover soluções essenciais e recursos para “colocar o mundo em um caminho sustentável”.
Ele destacou que a ONU tem demonstrado que o multilateralismo funciona quando se trata de planos ambiciosos, citando os exemplos da Agenda 2030 e o Acordo de Paris, sobre mudanças climáticas, como “visionários e planetários”.
“Vocês reconhecem que negócios responsáveis têm um enorme poder de criar trabalhos decentes, abrir acesso à educação e serviços básicos, revelar soluções energéticas e acabar com a discriminação”, afirmou Ban.
Para o chefe da ONU, a Agenda 2030 é uma “declaração de interdependência”. Um problema que afeta um país, atinge outro. “A quebra de um mercado pode conduzir a uma crise no mundo todo”, afirmou, destacando a necessidade de compromisso com mais empresas para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), garantindo que cada uma se comprometa com os princípios universais da Agenda.
Enfatizando que os presentes já eram membros do Pacto Global da ONU, ele afirmou que o projeto já traduz os ODSs para a ação no âmbito dos negócios e da inovação. Segundo Ban, o Pacto Global tem 85 redes locais e signatários em mais de 160 países. “Exatamente aí, eu vejo enormes oportunidades de mobilizar ação”, acrescentou.
“Vocês sabem que fazer negócios de forma responsável é o primeiro passo para qualquer companhia que queira contribuir para a sustentabilidade”, disse. (ONU Brasil/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site ONU Brasil.
Os satélites da floresta
Os satélites da floresta
A Amazônia Legal é constantemente monitorada por satélites e suas imagens são utilizadas por três sistemas. O DETER – Detecção de Desmatamento em Tempo Real e o Prodes são operados pelo INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O SAD – Sistema de Alertas de Desmatamento é operado pelo Imazon e conta, desde 2012, com a versão SAD EE, desenvolvida em colaboração com o Google e realizada na plataforma Google Earth Engine (EE), com imagens de reflectância do sensor MODIS para gerar os alertas de desmatamento e degradação florestal.Os três sistemas são complementares e auxiliam a fiscalização e o combate ao desmatamento na região. Assista ao vídeo e entenda como funciona o monitoramento da Amazônia por satélite.
Neves fixa data para energia geotérmica
Por Desmond Brown, da IPS –
Charlestown, São Cristóvão e Neves, 27/1/2016 – Legisladores da ilha vulcânica de Neves, a menor das duas que formam o Estado de São Cristóvão e Neves, já fixaram uma data para substituir a geração elétrica deste país por energia renovável. A ilha ao norte das Antilhas Menores, com 12 mil habitantes e consumo de dez megawatts (MW) de energia por ano, importa diesel no valor de US$ 12 milhões. Um projeto de lei espera reduzir consideravelmente esse valor.
O vice-primeiro-ministro e ministro do Turismo de Neves, e também chanceler de São Cristóvão e Neves, Mark Brantley, afirmou que a energia geotérmica é algo que distingue Neves. “Há cerca de dez anos descobrimos que temos energia geotérmica aqui. Levou algum tempo, mas agora estamos em uma etapa em que foi feito todo o trabalho de prospecção e temos assegurado que a geotérmica estará pronta em dezembro de 2017”, declarou à IPS.
Segundo o ministro, “isso significa que, quando a usina foi ligada este mês, 100% da eletricidade de Neves será fornecida por energia renovável. Nenhum outro lugar do mundo pode se orgulhar disso, algo que nos fará o lugar mais verde do planeta Terra. Esse é o novo lema: o lugar mais verde do planeta”.Neves possui águas termais ativas e uma grande jazida geotérmica. Três locais de perfuração em sete centros vulcânicos indicam que a jazida tem capacidade de produção de até 500 MW de energia por ano. De acordo com o ministro, a mudança para a energia geotérmica não poderia ter chegado em melhor momento.
“Acabamos de sair de Paris, da 21ª Conferência das Partes (COP 21) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática. O mundo fala da mudança climática e o que podemos fazer. Creio que isto dá a Neves outra coisa sobre a qual falar e projetos emocionantes que impulsionem as viagens à ilha, na medida em que as pessoas vierem e quiserem ser parte de algo que é tão natural”, afirmou Brantley.“Sem dúvida, seremos completamente verdes. Nossas emissões, nossa pegada de carbono diminuirá para quase zero”, gerando uma economia de 40% a 50%, acrescentou.
“Tradicionalmente pagamos entre US$ 0,40 e US$ 0,45 por quilowatt/hora. A energia geotérmica custa entre US$ 0,17 eUS$ 0,18. Imagine que os custos operacionais diminuam drasticamente e com isso possa atrair as empresas. Já há interesse por parte de pessoas que querem produzir motonetas elétricas, assim, pense nos Jetsons”, destacouBrantley, se referindo à série norte-americana de desenhos animados da década de 1960.
“A ideia é que se há um lugar onde chegam visitantes e há carros elétricos, motonetas elétricas e tudo mais, é porque tem uma fonte de energia barata. Além disso, os especialistas nos dizem que teremos mais de 150 MW de energia disponível. Neves apenas utiliza 10 MW, por isso tem o suficiente para exportar a São Cristóvão”, que fica a pouco mais de três quilômetros, afirmou o ministro.
Brantleydestacou que“já fizemos estudos de interligação, inclusive com ilhas que estão dentro desse raio, de modo que Antiga é uma possibilidade, porque ali não há perspectivas de energia geotérmica”, além de São Bartolomeu, Saba e São Eustáquio.“Creio que Neves pode, potencialmente,se converter,em um ano, em exportador de energia. E poderá mudar todo o modelo econômico”, para deixar de depender do turismo e se dedicar à energia e à produção energética em seu lugar, acrescentou.
Dominica, outro Estado insular vizinho, lançou recentemente seu próprio projeto geotérmico, com planos de construir uma pequena usina de energia para consumo interno e outra maior, de até 100 MW para exportar para as ilhas francesas vizinhas de Guadalupe e Martinica.O poder legislativo discutirá um projeto de lei de energia geotérmica no primeiro trimestre deste ano. O primeiro-ministro, Roosevelt Skerrit, afirmou que a iniciativa mostra o compromisso de seu governo de alcançar o desenvolvimento do setor.
O projeto “teria que passar por um exame rigoroso de nossos sócios. Isso concluído, buscaremos a participação de sócios novos, mas também vemos a possibilidade de ter uma pequena usina por nossa conta. Buscamos a participação de governos amigos, de instituições”, acrescentouSkerrit.Segundo ele, “temos uma oferta de empréstimo do Banco Mundial que ainda está sobre a mesa. Por isso o governo tem que ver as opções de financiamento e decidir que rumo tomará na usina geotérmica. Por exemplo, a energia renovável seria sem dúvida uma grande vantagem para a economia de Dominica”.
Em agosto a tempestade tropical Erika passou por Dominica e arrasou povoados inteiros, destruiu pontes e deixou prejuízos com reconstrução equivalentes à metade do produto interno bruto do país. Cerca de 254 milímetros de chuva caíram em poucas horas, o que transformou os rios da ilha montanhosa em enxurradas e as ladeiras em deslizamentos mortais. A capital, Roseau, ficou inundada e o principal aeroporto da ilha permaneceu fechado durante quase um mês. Sua reconstrução custará aproximadamente US$ 15 milhões. Pelo menos 31 pessoas morreram vítimas da tempestade. Envolverde/IPS
Campanha convida cidadãos a propor soluções para nova agenda urbana da ONU
Sugestões feitas por parceiros não governamentais que se direcionem a desafios urbanos contribuirão para documento fundamental para a Conferência Habitat III.
Por Redação da ONU Brasil –
Caminhando na direção da Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III), e no âmbito da Nova Agenda Urbana da ONU, a Campanha Mundial Urbana convida parceiros a apresentarem suas soluções urbanas, com as informações principais da proposta.
Soluções urbanas são sugestões de iniciativas, políticas, legislações e modelos que dão respostas a desafios urbanos. As propostas aplicadas, após aprovadas, contribuirão para a Cidade Que Precisamos 2.0, que é um documento-chave da Campanha Mundial Urbana para a Conferência Habitat III, que acontecerá em outubro, em Quito.
Após preenchido o documento, este deve ser enviado via e-mail (wuc@unhabitat.org) até o dia 15 de fevereiro. As sugestões serão publicadas no site da Campanha Mundial Urbana e revisadas pelo Comitê de Redação do A Cidade que Precisamos.
A Campanha Urbana Mundial é uma plataforma de sensibilização e parcerias para divulgar mudanças positivas urbanas que permitirão a construção de cidades mais verdes, produtivas, seguras, inclusivas e bem planejadas. A iniciativa é coordenada pelo Programa da ONU para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) junto a 136 parceiros e redes de todo o mundo. (ONU Brasil/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site ONU Brasil.
Tecnologia pode reduzir danos e mortes por desastres
Em 2015, o número registrado de grandes secas dobrou, atingindo mais de 35 milhões de pessoas. Conferência organizada por agência da ONU debate como a ciência pode ajudar a prevenir riscos associados a fenômenos extremos.
Por Redação da ONU Brasil –
Na quarta-feira (27), teve início a primeira Conferência de Ciência e Tecnologia do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR). O encontro vai reuniu mais de mil cientistas, políticos e representantes do setor privado. O diretor da agência da ONU, Robert Glasser, destacou a importância da ciência para reduzir a exposição da população mundial a fenômenos extremos, que já afetam 100 milhões de pessoas por ano. Em 2015, o número de grandes secas dobrou, atingindo mais de 35 milhões de indivíduos.
“A aplicação da ciência e da tecnologia é vital para reduzir as perdas crescentes vinculadas a desastres que podem, frequentemente, piorar o potencial para lutas e conflitos em muitas partes do mundo, particularmente em lugares onde os ecossistemas estão sendo perdidos”, afirmou o diretor na véspera da Conferência. Segundo Glasser, na última década, 173 milhões de pessoas foram afetadas por enchentes, tempestades, secas, terremotos e outros desastres. Nesse período, a média anual de mortes associadas aos fenômenos extremos chegou a 76 mil.
Para o chefe da UNISDR, “a previsão aprimorada e o desenvolvimento de práticas da agricultura resistentes a secas podem ajudar a reduzir rivalidades e tensões étnicas”. “Isso precisa ser melhor compreendido uma vez que a desertificação se dissemina e a segurança alimentar é fragilizada em muitas partes do mundo, (situação) acentuada pelo atual fenômeno do El Niño, que está tendo um impacto devastador sobre a produção das safras”, disse Glasser.
A Conferência promovida pela agência da ONU quer mobilizar a comunidade científica para incentivar a implementação do Marco de Sendai para a Redução de Risco de Desastre, adotado em março de 2015 pelas Nações Unidas. (ONU Brasil/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site ONU Brasil.
Jovens devem ocupar o mundo todo, e não só as escolas
Por Vinícius de Oliveira, do Porvir –
Vencedor do Nobel da Paz em 2014, o indiano Kailash Satyarthi, de 62 anos, disse “tirar o chapéu” para os estudantes que lutaram contra a reorganização escolar planejada e suspensa pelo governo de São Paulo após série de protestos. Sentado no palco com um grupo de alunos da Escola Estadual Fernão Dias, o ativista que há 35 anos abandonou a engenharia para combater o trabalho infantil comparou o movimento com um episódio de sua juventude, quando foi preso e apanhou de policiais por não concordar com a imposição do inglês no currículo escolar. Em seguida, fez uma proposta: “Posso me juntar à luta de vocês? Vocês devem ocupar o mundo todo, e não só as escolas.”
Na palestra promovida pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação e realizada no Senac Lapa Scipião, na zona oeste da cidade, Satyarthi pediu que os jovens voltem a se unir, desta vez em torno de uma nova campanha, denominada “Cem milhões por cem milhões”, em que a nova geração se tornaria voz contra a exploração de crianças ao redor do mundo.
Em mais de três décadas de atuação, a Bachpan Bachao Andolan (BBA, Movimento para Salvar a Infância), ONG comandada por Satyarthi, contabiliza o resgate de 84.711 de crianças, muitos deles com a presença do próprio ativista. Dentre essas centenas de milhares de casos, ele lembra um em especial, que mostra como analfabetismo e escravidão, particularmente a infantil, são dois lados de uma mesma moeda.
Logo no início das atividades da BBA, Satyarthi tomou conhecimento da história de homens, mulheres e crianças escravizados em uma fábrica de tijolos. Uma operação secreta para o resgate foi montada durante a noite e o grupo foi levado para Nova Déli (capital do país). Uma menina, que convivia há longo tempo com tuberculose não tratada, acabou morrendo no dia seguinte. Diante da papelada do hospital para liberar o corpo da filha, o pai respondeu ao médico. “Senhor, se pudesse ler alguma coisa, de fazer minha assinatura, minha filha nunca teria morrido”. O analfabetismo também serviria para explicar as razões que levaram a família a viver em situação de extrema vulnerabilidade. O contrato de trabalho profissional, assinado apenas com o polegar direito carimbado, impedia a família deixar o local de onde foram resgatados. “Se pudesse ler e escrever, nunca teria assinado aqueles papéis da mesma forma que não assinei hoje os papéis da morte da minha filha”, disse o pai, segundo relato do ativista.
Episódios como esse fizeram Satyarthi entender que seria impossível eliminar a escravidão sem que a educação se fizesse presente. “A educação é a chave para o futuro, é o direito humano fundamental e que abre a porta para todos outros direitos. Educação pode ajudá-lo a superar a pobreza, pode empoderá-lo, pode trazer justiça social, pode proporcionar equidade de gênero, ajudar a proteger o planeta. Portanto, educação é vital”.
Apesar de a ONU (Organização das Nações Unidas) desde 1990 colocar como meta a educação para todos, Satyarthi mostra números que assombram, mas que ainda assim foram reduzidos graças à Campanha Global pela Educação e pela Marcha Global contra o Trabalho Infantil, duas iniciativas que criadas por ele. Em 2015, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), 168 milhões de crianças estão trabalhando; 89 milhões são mantidas como escravas, na prostituição ou servindo a exércitos; 59 milhões nunca foram à escola, enquanto outras 120 milhões saem dela sem saber o básico. “O número de crianças que nunca foram à escola somado ao daquelas que abandonam os estudos é mais ou menos equivalente ao de crianças trabalhando. Mas há outro ângulo nessa relação triangular, que é a pobreza. Muita gente diz que a pobreza é a razão para a evasão, o analfabetismo ou acesso à educação. O mesmo argumento é usado para o trabalho infantil. Então, não surpreende o fato de 200 milhões de desempregados virem a ser pais de crianças que trabalham”, analisou.
Para virar o jogo, o Nobel da Paz vê a emancipação da sociedade civil como questão crucial. Ao dizer aos jovens da escola Fernão Dias que eles “têm toda a capacidade de lutar e de ganhar”, Satyarthi espera lançar o alicerce do que chama de “maior campanha da história humana” em defesa da educação. “Uma criança enterrada viva na Síria não é sua irmã ? Um grupo de meninas foi sequestrado pelo [grupo radical islâmico] Boko Haram e ninguém sabe o que aconteceu e outros milhões de crianças saíram das escolas por medo. Vocês querem fazer a diferença no mundo ou ficar sentados?” (Porvir/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site Porvir.
É HORA DE AGIR !
Nos últimos dias, uma pesquisa divulgada pela Oxfam chamou a atenção pelos números alarmantes: 62 pessoas têm a mesma renda de 3,5 bilhões de pessoas e, pelas projeções do estudo, se o modelo socioeconômico predominante não for alterado, em cinco anos 1% da população terá a mesma renda dos demais 99%.
Por Redação da SER –
Insano este mundo que provoca tamanha disparidade. Mais louco é pensar que os diversos hábitos e costumes que nos levaram a esta crise estrutural do capital estão longe de serem transformados. Fica ainda mais evidente que vivemos uma verdadeira crise de consciência e de valores quando a manutenção do sistema de acúmulo de capital que rege políticas internas e externas tem mais importância no processo de tomada de decisão do que a vida e a dignidade de bilhões de seres humanos.
E aqui chegamos a uma pergunta crucial nos dias de hoje: o que é ser humano? Por que é tão difícil nos reconhecermos nos outros e compreender as múltiplas conexões que nos unem?
O que mais precisa acontecer para que se compreenda que não dá para separar problemas sociais de ambientais? As conexões não são mais ocultas, como diria Fritjof Capra, elas estão aí, escancaradas, como uma súplica da natureza para que acordemos da inércia.
Muitos já acordaram. Homens e mulheres que muitas vezes foram chamados de “portadores de sonhos”, hoje são apontados como empreendedores sociais/socioambientais por estarem criando soluções que têm o potencial de transformar positivamente vidas. São indivíduos que criam tecnologia de baixo custo para limpar água ou que desenvolvem espaços educacionais que respeitam a liberdade infantil e resgatam a importante cultura do brincar.
Homens e mulheres que estão criando soluções que permitam a melhoria do atendimento na área da saúde e viabilizam o acesso a reformas de baixo custo. Para estes indivíduos, valores, princípios e propósito de vida estão conectados diretamente com o trabalho que realizam e consequentemente não existe separação entre a realização pessoal e profissional. Para estas pessoas existe a certeza do legado positivo que deixam nas suas famílias e comunidades.
Mas ainda somos poucos. Precisamos de mais e mais homens e mulheres com coragem para romper com o status quo e repensar as pequenas e grandes atitudes do dia a dia. Não dá para esperar! A atitude precisa ser tomada HOJE! Vamos, juntos, escrever uma nova previsão para os próximos cinco anos. (EcoD/ #Envolverde)
* Publicado originalmente pela SER na plataforma Medium e retirado do site EcoD. A SER é uma empresa que desenvolve soluções e negócios com impacto socioambiental positivo.
Hidrelétrica concentra debate energético
A aprovação pelo governo do Chile de uma central hidrelétrica na Patagônia reavivou novamente a discussão sobre a sustentabilidade dessa fonte em sua forma tradicional e sua eficiência na construção de uma matriz energética limpa.
Por Marianela Jarroud, da IPS –
Santiago, Chile, 29/1/2016 – “A hidroeletricidade como processo para obter energia pode ser limpa e viável, mas, para nós, todo tipo de energia deve ser desenvolvida em escala humana, e isso deve responder ao tamanho e potencial das comunidades”, ressaltou à IPS a porta-voz do movimento Patagônia Sem Represas, Claudia Torres.
Segundo a ativista, “ha vários fatores pelos quais os movimentos socioambientais estão contra as megarrepresas: pelos enormes impactos e pelo objetivo dessa eletricidade, destinada a saciar as necessidades da megamineração, que é outro descalabro (ambiental) no norte do país”.A luta desses movimentos contra as represas na região patagônia de Aysén teve uma importante derrota no dia 18 deste mês, quando foi aprovado o projeto da central do Cuervo nesse indômito ecossistema, destinado a gerar 640 megawatts (MW).
O Chile possui 17,6 milhões de habitantes e capacidade total instalada de 20.203 MW, distribuídos majoritariamente nos sistemas interligados Central (78,38%) e do Norte Grande (20,98%). A matriz energética chilena é composta por 58,4% de geração a diesel, carvão e gás natural, com dependência dos hidrocarbonos importados, que o país busca reduzir drasticamente por razões financeiras e por seus compromissos para mitigar a mudança climática. A mega-hidroeletricidade fornece 19,97% ao total da matriz, enquanto as fontes renováveis não convencionais somam 13,5%.
O país conta com enorme potencial de energias renováveis não convencionais, que permitiram ao governo da presidente Michelle Bachelet estabelecer,em 2014,uma agenda para o setor, que projeta para 2050 que 70% da geração de energia será fornecida por fontes renováveis.Em matéria de recursos hídricos, o país dispõe de aproximadamente 6.500 quilômetros de costa, 11.452 quilômetros quadrados de lagos e lagoas, 97 bacias hidrográficas e 34 rios transfronteiriços, segundo dados oficiais.
Aysén, no extremo sul do país, é considerada o paraíso hídrico do Chile por seus caudalosos rios, numerosos lagos e suas características lagoas. Seu território abriga o lago General Carrera, o segundo maior da América do Sul, atrás do Titicaca, na Bolívia.É para essa pouco povoada região que se volta o olhar para a exploração da hidroeletricidade, uma energia amplamente rechaçada por numerosos setores da sociedade civil, que a consideram obsoleta e uma ameaça ao bem-estar socioambiental da população.
Por outro lado, o professor Matías Peredo, especialista em energia hidráulica da pública Universidade de Santiago do Chile, assegurou que o potencial hídrico do país permite que a hidráulica seja “uma das fontes de energia que mais podemos desenvolver”. Peredo afirmou à IPS que “sempre é bom diversificar a matriz energética e a energia hidrelétrica, bem operada, é bastante sustentável”.
O professor acrescentou que um projeto hidrelétrico grande, mas bem administrado, “é melhor do ponto de vista ambiental e social do que vários projetos pequenos que somados conseguem a mesma quantidade de megawatts”. Peredo explicou que, para uma hidrelétrica ser operada como deve ser, é preciso conseguir um bom uso do recurso para evitar flutuações.
O especialista também disse que “a geração hidrelétrica no Chile depende da demanda e do fator de carga da central. Em outras palavras, a usina só pode operar com prévia autorização da Superintendência de Eletricidade e Combustíveis e dependendo da disponibilidade de água”. Peredo pontuou que “essa combinação faz com que a central hidrelétrica opere um tempo, depois deixe de operar, volte a funcionar e novamente pare. Então, gera flutuações importantes de caudal e isso produz um estresse muito grande no ecossistema”.
A lei que reforma e fomenta o setor das energias renováveis não convencionais agrupa nessa denominação a energia hidrelétrica de até 20 MW de potência, ou seja, as minicentrais hidráulicas. Organizações ambientalistas, como a Ecossistemas, consideram que as grandes centrais hidrelétricas geram comprovados impactos sociais e ecológicos muito negativos.Entre esses impactos estão inundação de grandes extensões de terra que destroem a flora e a fauna, e alteraçõesnos rios, o que provoca sua degradação bioecológica, entre outros problemas multidimensionais.
Junto a isso, as consequências sociais negativas das grandes represas são proporcionais aos seus múltiplos impactos ambientais, e por causa delas milhões de pessoas foram reassentadas ou deslocadas: entre 40 milhões e 80 milhões em nível mundial em 2000, segundo dados da Comissão Mundial de Represas.
“É importante diversificar a matriz energética para uso local, com um bom apoio, energias limpas, impactos bem menores e potencialização do consumo e do desenvolvimento dos territórios”, destacou a ativista Torres, de Coyhaique, capital da região de Aysén. “A geração descentralizada é fundamental” para avançar em matéria de energia limpa e sustentável, acrescentou, ressaltando que a população de Aysén busca sustentar sua matriz energética com base na energia eólica, solar e maremotriz (energia das marés), entre outras.
Peredo concordou com a importância estratégica da descentralização energética.“A geração distribuída é uma discussão que, sem dúvida, deve ser feita. Ganha muito sentido o fato de a geração elétrica ser fornecida de locais mais próximos”, acrescentou.
O movimento Patagônia Sem Represas obteve em 2014 um sucesso histórico, quando o governo rejeitou definitivamente o projeto da HidroAysén, que pretendia construir cinco centrais hidrelétricas para gerar globalmente 2.700 MW. Mas agora enfrenta o revés da aprovação da construção da central do Cuervo por um especial Comitê de Ministros, que é uma decisão inapelável no campo administrativo, deixando apenas a via judicial para impedir sua concretização.
Desenvolvida pela Energia Austral, uma empresa mista dos grupos Glencore (Suíça) e Origin Energy (Austrália), o projeto contempla investimento de US$ 733 milhões e será construído na nascente do rio Cuervo, a 45 quilômetros de Puerto Aysén, a segunda cidade da região. Para a linha de transmissão que levará a produção até o sistema interligado são estudadas opções de um traçado submarino e outro aéreo-submarino.
A polêmica sobre a central aumenta porque sua construção está projetada sobre a falha geológica Liquiñe-Ofqui, uma região formada por cones vulcânicos ativos, alertam especialistas no assunto. “É um risco iminente para a população”, afirmou Torres. Peredo ressaltou que “não se trata de um projeto bem operado” e que “desde sua concepção esteve mal desenhado. Deixaram de considerar aspectos relevantes, como a mescla dos rios Yulton e Meullin, que em algum ponto ocorre e que poderia ter consequências desastrosas para o ecossistema”.
Os opositores ao projeto já anteciparam que recorrerão à justiça e pressionarão social e politicamente, em um ano de eleições municipais no Chile. “Nosso objetivo é apenas um: que não se construa nenhuma represa na Patagônia, e assim será”, enfatizou Torres. Envolverde/IPS
Por que retroceder no campo de energias?
Por Washington Novaes*
Se a notícia não estivesse estampada em jornais e sites de organizações sociais (ISA, 21/1), seria difícil acreditar que a Presidência da República houvesse vetado vários pontos do Plano Pluriranual (PPA), “com foco em objetivos, metas e iniciativas para o setor de energia elétrica”. E todos os vetos dizem respeito às energias renováveis não hidráulicas e às energias alternativas. Não houve vetos para termoelétricas e hidrelétricas.
O Objetivo 1.169 do programa é voltado para “promover o uso de sistemas e tecnologias para inserir a geração de energias renováveis na matriz elétrica brasileira”. Ele inclui a adição de 13.100 megawatts de capacidade instalada de geração de energia a partir de fontes renováveis, incentivo ao o uso de fonte solar e, talvez o veto mais grave, o incentivo ao uso de fontes renováveis por meio de geração distribuída – caminho extremamente promissor para o Brasil.
As reações foram contundentes. Para o professor Paulo Artaxo, da USP, os vetos contrariam as posições assumidas pelo Brasil na reunião da Convenção do Clima em Paris (quando se comprometeu a aumentar a parcela das renováveis na matriz energética) e, da mesma forma, nos últimos leilões de energia, que dão prioridade às energias renováveis. Também não faz sentido o veto ao incentivo ao uso da modalidade solar fotovoltaica para geração de energia. O diretor executivo do Centro Brasil no Clima, Alfredo Sirkis, entende o veto como “surrealista, meio incompreensível”. Até mesmo porque a meta brasileira declarada no ano passado era de chegar a 45% de energias renováveis na matriz.
Em 2014 o País já foi o quarto colocado na expansão da energia eólica no mundo, onde as renováveis devem chegar a 36% no mix energético – o que elevaria o PIB global em até 1,1% ou US$ 1,4 trilhão (Agência Internacional de Energias Renováveis). Mas pelo andar retrógrado da carruagem no veto, vamos na direção contrária, embora o benefício da implantação de renováveis seja estimado em três a quatro vezes mais que o impacto sobre o PIB (avivcomunicaçao, 18/1), sobre a geração de empregos e ao reduzir no mundo o uso de carvão e de petróleo.
Hoje, as eólicas no Brasil estão em torno de 6% da matriz, com 9 gigawatts. Este ano deverão ser acrescidos mais 2,7 mil MW ao parque eólico (Estado, 10/1). Para o próximo ano estão previstos (Plano Nacional de Operação Elétrica) mais 2,9 mil MW para a matriz de 140 mil MW (91 mil MW de hidrelétricas). A forte expansão das eólicas se deve a que seus projetos preveem preços inferiores (R$ 210 por megawatt-hora no último leilão) aos de geradoras a biomassas (R$ 280) e de energia solar (R$ 320). No Nordeste brasileiro, esse avanço das eólicas tem ainda como uma de suas causas as fortes secas na região, as maiores em mais de 80 anos, afetando as hidrelétricas.
No mundo já existem 30 mil turbinas eólicas. A China é a maior geradora no setor, mas a Dinamarca tem a maior participação (30%) de eólicas na matriz. E até 2020 a previsão é de que a energia dos ventos gerará 12% do total mundial – embora países como a Índia planejem abrir a mineração de carvão (a fonte mais poluente) a empresas privadas (centenas de milhões de pessoas na Índia não dispõem de energia elétrica).
A hidrelétrica de Itaipu, no Brasil, ao contrário, pretende instalar em parte do seu estacionamento uma microgeradora com 78 painéis movidos a energia solar. As microgeradoras com consumo local e distribuição pelas redes da parte excedente da geração são um amplo caminho aberto para a energia no Brasil. Permitem gerar a energia no próprio local de consumo, principalmente propriedades rurais, a partir de biogás (que pode vir de dejetos animais, palha de cana e sobras de outras colheitas, entre outros formatos). O câmpus do Fundão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, implantou no ano passado 414 painéis fotovoltaicos, com produção de 140 mil kWh em 2015.
No mundo, diz The Sidney Morning Herald (4/1), os preços da energia solar caíram 20% em um ano. Com isso, a solar e a eólica devem superar o carvão em 2020 como fonte. Uma usina de 500 megawatts está sendo construída na Índia. E o país espera chegar a 100 gigawatts de capacidade solar em 2022, com preços baixando. Dessa forma, será mais barata que a do carvão até em residências.
Entre nós, o grande desafio para as eólicas tem sido instalar linhas de transmissão, como no Nordeste. Na Bahia há um gargalo para 493 MW e 164 parques em construção, além de 46 parques eólicos com potência instalada de 1,2 GW; no Rio Grande do Norte são 4 GW cadastrados. O volume total de eólicas contratado em três leilões em 2015 chegou a 4 GW cadastrados e 1,2 GW contratados, que se traduzirão em 17 mil empregos, R$ 7 bilhões em investimentos e 2,5 milhões de casas abastecidas, que evitarão a liberação de 2,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono.
Além disso, o BNDES liberou até setembro (Estado, 10/9/15) R$ 1,07 bilhão para três projetos eólicos, chegando ao total a R$ 3,4 bilhões – que poderiam atingir R$ 5,5 bilhões até o fim do ano. Em 2014 foram R$ 5 bilhões. Para seis complexos eólicos em Campo Formoso (BA) também foram liberados recursos.
O ângulo das emissões evitadas com projetos de energias alternativas e não poluentes é hoje decisivo. A temperatura global continua subindo (0,6 grau Celsius em 2014 e 0,72 grau em 2015), com recordes negativos em sucessão. Para 2016 está previsto aumento de 0,84 grau, comparado com o do período 1961-1990. Nesse quadro, influi a maior participação de poluentes gerados pela queima de carvão e combustíveis fósseis. Torna-se, então, vital aumentar a participação de energias alternativas, não poluentes, no quadro global. Esse é um dos temas centrais hoje no mundo.
Infelizmente, os vetos presidenciais nos mostram regredindo nessa área e na qualidade do ar que respiramos. E tome mais hidrelétricas a carvão. Como explicar o veto? (O Estado de S. Paulo/ #Envolverde)
* Washington Novaes é jornalista. E-mail: wlrnovaes@uol.com.br
** Publicado originalmente no site O Estado de S. Paulo.
PANTANAL : RIBEIRINHOS TEMEM CHEIA EXTRAORDINÁRIA EM 2016 !!!
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
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