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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

A pirâmide da desigualdade global da riqueza, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

1,2% dos adultos mais ricos concentram 47,8% da riqueza global e 53,2% dos adultos mais pobres respondem por apenas 1,1% da riqueza global. O relatório sobre a pirâmide global da riqueza, do banco Credit Suisse (Global Wealth Report 2022), traz um quadro bastante amplo e esclarecedor da distribuição da riqueza (patrimônio) das pessoas adultas do mundo. A riqueza global foi estimada em USD$ 464 trilhões em 2021, para 5,3 bilhões de pessoas adultas no mundo. A riqueza per capita por adulto foi de US$ 87,5 mil. Sendo que 1,2% dos adultos mais ricos concentram 47,8% da riqueza global e 53,2% dos adultos mais pobres respondem por apenas 1,1% da riqueza global. A pirâmide expressa a apropriação desigual da riqueza, sendo que na base estão os adultos com a riqueza menor do que 10 mil dólares. Nesta imensa parcela, havia 2,818 bilhões de pessoas, representando 53,2% do total de adultos no mundo. O montante de toda a “riqueza” deste contingente foi de US$ 5 trilhões, o que representava somente 1,1% da riqueza global de US$ 464 trilhões. A “riqueza” per capita deste grupo foi de US$ 1,8 mil. pirâmide global da riqueza No grupo de riqueza entre US$ 10 mil e US$ 100 mil havia 1,79 bilhão de adultos, o que representava 33,8% do total de pessoas na maioridade. O montante de toda a riqueza deste contingente intermediário foi de USD$ 60,4 trilhões, o que representava 13% da riqueza global. A riqueza per capita deste grupo foi de US$ 33,7 mil. No grupo de riqueza entre US$ 100 mil e US$ 1 milhão havia 627 milhões de adultos, o que representava 11,8% do total de pessoas na maioridade no mundo. O montante de toda a riqueza deste contingente intermediário foi de US$ 176,5 trilhões, o que representava 38,1% da riqueza global. A riqueza per capita deste grupo foi de USD$ 282 mil. Os milionários, aqueles com patrimônio acima de US$ 1 milhão, eram de 62,5 milhões de adultos, representando 1,2% do total de adultos do mundo. Todavia, este pequeno grupo de pessoas concentrava 47,8% da riqueza mundial. A riqueza per capita deste grupo foi de US$ 3,5 milhões. As figuras abaixo comparam as pirâmides globais da riqueza de 2010 e 2021. Nota-se que havia 4,4 bilhões de adultos no mundo para uma riqueza total de US$ 195 trilhões em 2010, passando para 5,3 bilhões de adultos para uma riqueza total de US$ 464 trilhões em 2021. Em termos per capita a riqueza global passou de US$ 44 mil em 2010 para US$ 87 mil em 2021 (dobrou em termos nominais no período). pirâmides globais da riqueza A riqueza per capita conjunta das “classes” C e D era de US$ 9,9 mil em 2010 e passou para US$ 14,1 mil em 2021 e a riqueza per capita conjunta das “classes” A e B era de US$ 431 mil em 2010 e passou para US$ 577 mil em 2021. Portanto, a despeito das desigualdades de riqueza, houve crescimento da população e da economia entre 2010 e 2021. Mas a ampliação das atividades antrópicas estão sustentadas em bases frágeis, pois a riqueza do ser humano (em sua forma piramidal) está alicerçada sobre bases naturais degradas pela superexploração dos ecossistemas. A pirâmide da riqueza humana tem crescido e se ampliado sobre uma base de pauperização da natureza. Não é improvável, que em algum momento, a pirâmide possa afundar por falta de sustentação ecológica ou possa implodir por falta de justiça redistributiva em sua arquitetura social. José Eustáquio Diniz Alves Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382 Referências: ALVES, JED. A pirâmide global da riqueza e o aumento da desigualdade, Ecodebate, 22/10/2014 http://www.ecodebate.com.br/2014/10/22/a-piramide-global-da-riqueza-e-o-aumento-da-desigualdade-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/ Credit Suisse. Global Wealth Report 2022, Leading perspectives to navigate the future. Credit Suisse Research Institute, 01/09/2022 https://www.credit-suisse.com/about-us/en/reports-research/global-wealth-report.html in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Sugestões para Comunicação sobre Mudanças Climáticas

É assustador, mas a luta contra as mudanças climáticas está longe de estar perdida. Os piores impactos ainda podem ser evitados se agirmos agora. Comunicar sobre as mudanças climáticas é educar e mobilizar o público para tomar medidas para enfrentar a crise climática. Todos podem participar elevando sua voz, compartilhando soluções e defendendo mudanças – moldadas por diferentes experiências, contextos culturais e valores subjacentes. Se você estiver criando um produto de comunicação – como um vídeo, um podcast, um artigo escrito ou um gráfico sobre mudanças climáticas – lembre-se das dicas a seguir para torná-lo um conteúdo valioso, eficaz e confiável. 1. Use informações científicas confiáveis pêndulo PORQUE? A desinformação e a desinformação são generalizadas sobre a questão das mudanças climáticas – e são grandes obstáculos para o progresso no combate à crise climática. O conteúdo enganoso ou enganoso distorce a percepção da ciência e das soluções climáticas, cria confusão e muitas vezes leva a atrasos na ação ou mesmo a ações prejudiciais. “A retórica e a desinformação sobre as mudanças climáticas e o enfraquecimento deliberado da ciência contribuíram para percepções errôneas do consenso científico, incerteza, risco desconsiderado e urgência e dissidência”, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas ( IPCC ). QUÃO? Verifique suas fontes. Ao compartilhar fatos e números, certifique-se de que eles venham de uma fonte confiável, baseada na ciência (consistente com o consenso científico mais recente) e objetiva (não tendenciosa ou influenciada por incentivos financeiros ou políticos). Os artigos revisados ​​por pares (revisados ​​por especialistas na mesma área antes da publicação) geralmente fornecem as informações mais confiáveis. Uma fonte de autoridade única é o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU , cujas avaliações abrangentes são escritas por centenas de cientistas líderes, com contribuições de milhares de especialistas e endossadas por seus 195 países membros. Pare de desinformação. Coisas que você publica online podem se espalhar muito rápido. Faça uma pausa antes de compartilhar algo. Descubra quem o fez, em quais fontes se baseia, quem pagou por ele e quem pode estar lucrando com isso. Se você detectar desinformação entre seus seguidores, refute-a usando o modelo ‘Fato, Mito, Falácia’ , que pode ajudar a transmitir sua mensagem de uma forma que vai ficar. Cuidado com o greenwashing (apresentar uma empresa ou produto como ecologicamente correto quando na verdade não é). Verifique novamente o que a empresa está realmente fazendo para reduzir sua pegada de carbono e cumprir suas promessas climáticas, e promova apenas marcas genuinamente sustentáveis ​​que atendam a determinados critérios mínimos . Ao aceitar um trabalho que seja financeiramente recompensador, tenha o cuidado de desafiar a tarefa para garantir que ela promova comportamentos sustentáveis. Use mensageiros confiáveis. Decompor a ciência por trás das mudanças climáticas é complexo, mas os mensageiros certos podem envolver o público. Como um criador de conteúdo estabelecido, você já pode ser um mensageiro confiável para seu público. Se você trouxer outros mensageiros, considere cientistas respeitados (cujos artigos se referem a revistas científicas revisadas por pares ou estudos conduzidos por instituições de pesquisa ou universidades respeitáveis), apresentadores do tempo e médicos, todos amplamente confiáveis ​​. Muitas vezes, as comunicações climáticas mais impactantes também vêm de “ pessoas como eu ”, que são afetadas e cuidam. 2. Transmita o problema e as soluções informação verde PORQUE? Explicar a escala da crise climática é importante, mas pode parecer esmagador, levando as pessoas a perder o interesse e se desconectar. A mudança climática é um dos maiores desafios que a humanidade tem enfrentado. É assustador, mas a luta contra as mudanças climáticas está longe de estar perdida. Os piores impactos ainda podem ser evitados se agirmos agora. Uma boa maneira de contornar a desilusão e a “fadiga da crise” é transmitir uma mensagem de esperança focada nas soluções , ajudando as pessoas a se sentirem capacitadas e motivadas a se engajar. QUÃO? Conte uma história – torne-a real. A apresentação de dados por si só pode entorpecer o público. Torne-o relacionável, local e pessoal . Histórias individuais podem criar uma conexão emotiva , fazer com que o público se importe e fazer com que os desafios globais compartilhados pareçam menos assustadores. Você nem precisa começar com a palavra ‘clima’, mas comece com uma questão relacionada que seja importante para o seu público. A poluição do ar, por exemplo, que cidades como Dar es Salaam estão combatendo com a introdução de ônibus sem fuligem. Ou novas oportunidades de trabalho oferecidas por projetos de energia limpa, como nesta história da Índia . Ou quedas de energia durante furacões, que Porto Rico está enfrentando com a instalação de energia solar. Capacite as pessoas. Deixe as pessoas saberem que elas têm o poder de efetuar mudanças. Ação individual e mudança sistêmica andam de mãos dadas . Os indivíduos podem ajudar a impulsionar a mudança mudando os padrões de consumo e exigindo ações de governos e corporações. Pequenos passos de um grande número de pessoas podem ajudar a persuadir os líderes a fazer as grandes mudanças de que precisamos. E quanto mais as pessoas agem agora e defendem a mudança, maior a pressão sobre os líderes para agir. Vincule-o à justiça. A mudança climática não é apenas uma questão de ciência, é também uma questão de justiça . Os pobres e marginalizados são frequentemente os mais atingidos pelo aumento dos riscos climáticos, como inundações, secas e tempestades. Aqueles que menos contribuíram para as emissões de gases de efeito estufa são frequentemente os mais afetados. E os compromissos financeiros de apoio dos países mais ricos não foram cumpridos. Resolver a crise climática também significa enfrentar a injustiça e a desigualdade, que podem criar oportunidades para todos. Evite estereótipos . Países mais pobres e comunidades carentes, incluindo povos indígenas que protegeram o meio ambiente por gerações, são muitas vezes retratados apenas como vítimas das mudanças climáticas, em vez de agentes positivos de mudanças. O mesmo é muitas vezes o caso de mulheres e meninas. Certifique-se de destacar as vozes, conhecimentos, inovações, ações positivas e soluções de pessoas de todas as esferas da vida e comunidades de todas as partes do mundo . 3. Mobilize a ação comunicação PORQUE? Precisamos de todas as mãos no convés. Cortar as emissões de gases de efeito estufa para zero líquido até 2050 e reduzi-las pela metade até 2030 requer nada menos do que uma transformação completa de como produzimos, consumimos e nos movimentamos. Pesquisas indicam que a maioria das pessoas ao redor do mundo quer que seus governos tomem medidas e a maioria dos cidadãos em economias avançadas está disposta a fazer mudanças em suas próprias vidas. QUÃO? Transmitir urgência. Faça isso agora. Muitas narrativas de desinformação apresentam a ação climática como algo necessário, mas apenas no futuro. Certifique-se de informar às pessoas o que precisa acontecer agora para resolver a crise climática, e essa ação não pode esperar . Estudos também mostraram que explicar as causas humanas das mudanças climáticas aumenta o apoio público para ações urgentes. Foque nas oportunidades. Deixe seu público animado com as perspectivas de um mundo sustentável. Enfrentar as mudanças climáticas trará uma abundância de oportunidades – empregos verdes, ar mais limpo, energia renovável, segurança alimentar, cidades costeiras habitáveis ​​e melhor saúde. Existem iniciativas climáticas em sua comunidade que enfrentam resistência? Mostre seus benefícios para angariar apoio. Reformular a questão para focar nas perspectivas de um futuro melhor pode estimular a ação. Torná-lo relevante. Conheça as pessoas onde elas estão – e evite jargões técnicos. Limitar o aquecimento global a 1,5°C, por exemplo, pode ser difícil para as pessoas se relacionarem. Enquadre a questão de uma maneira que ressoe com seu público local, vinculando-a a valores compartilhados como família, natureza, comunidade e religião, por exemplo. Segurança e estabilidade – protegendo o que temos – também foram consideradas estruturas altamente eficazes para criar um senso de urgência. Envolva a juventude. O movimento global da juventude pelo clima tem desempenhado um papel poderoso na condução de ações e na responsabilização dos líderes. A apresentação de vozes da juventude tornará seu conteúdo mais relacionável aos jovens e envolverá mais jovens em mudanças exigentes. Mas evite apresentar as mudanças climáticas como um problema apenas para as gerações futuras. Está batendo forte agora, e a ação é necessária agora. Essas diretrizes foram produzidas pelo Departamento de Comunicações Globais das Nações Unidas , em consulta com as Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM), bem como a ACT Climate Labs , Climate Ação Contra a Desinformação (CAAD), a Conscious Advertising Network (CAN), TED Countdown e o Programa de Comunicação sobre Mudança Climática de Yale . Da ONU, in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Relatório do Pnuma sugere que o aquecimento global possa chegar a 2,8º no final do século

À medida que os impactos climáticos se intensificam, o mundo continua fracassando em atingir as metas do Acordo de Paris, com nenhum caminho confiável para restringir em 1,5º C o aquecimento global até ao final do século (acima dos níveis pré-industriais). É o que conclui o Relatório de Lacuna de Emissões de 2022, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (Pnuma), e publicado nesta quinta-feira, 27 de outubro. A professora Joana Portugal Pereira, do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, é uma das autoras do capítulo 4 (“The emissions gap”) do relatório The Closing Window – Climate crisis calls for rapid transformation of societies. O relatório indica que a manutenção das políticas climáticas atualmente em curso sugere que o aquecimento global chegará a 2,8º C. A implementação de todas as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) com o acréscimo de compromissos de neutralidade de carbono (equiparar as emissões e a captura de gases de efeito estufa) assumidas pelos países aponta para um aquecimento global de 1,8º C. Contudo, este cenário não é considerado plausível, devido à discrepância entre as emissões atuais, as metas de curto prazo das NDCs e as metas de longo prazo de neutralidade de carbono. Somente uma transformação urgente e sistêmica poderiam evitar a aceleração de um desastre climático. O relatório busca compreender como propiciar esta transformação pela ação na geração de eletricidade, na indústria, no transporte, na construção civil, na produção de alimentos e nos sistemas financeiros. Apesar do chamado ao fortalecimento das NDCs para 2030, os autores consideram que o progresso feito desde a COP 26, realizada em Glasgow (Escócia), em 2021, tem sido “lamentavelmente inadequado”. As NDCs submetidas desde então reduziriam as emissões globais em apenas 0,5 gigatoneladas de equivalentes de carbono (GtCO2e), comparativamente com as propostas apresentadas o ano passado. O relatório aponta que os países do G20 apenas começaram a implementar esforços para cumprir suas novas metas e a expectativa é que, como um conjunto, o G20 não consiga cumprir as suas promessas para 2030, caso não reforcem suas ações. Essa falta de progressos deixa o mundo a caminho de um aquecimento de 2,8C, muito acima do proposto pelo Acordo de Paris. Segundo os autores, para cumprirem o Acordo de Paris, os países signatários precisam reduzir os GEE em níveis sem precedente nos próximos oito anos e as emissões devem seguir em queda rápida e constante após 2030 para não exaurir o orçamento de carbono disponível para manter o aquecimento global no limite até o final do século. Mesmo que a transformação não seja concretizada plenamente, cada fração de grau centígrado importa, e vários benefícios climáticos e sociais podem ser obtidos no processo, como acesso universal à energia, ar mais limpo e mais empregos “verdes”. O relatório aponta que a transformação global para uma economia de baixo carbono vai requerer investimentos da ordem de 4 a 6 trilhões de dólares por ano. Os autores indicam que este é um percentual relativamente pequeno (1,5 a 2%) do total de ativos financeiros, porém significativo (20 a 28%) em termos de recursos anuais adicionais necessários. Proporcionar tamanho financiamento implicaria na transformação do sistema financeiro internacional, suas estruturas e processos, mobilizando governos, bancos centrais, bancos comerciais, investidores institucionais e demais agentes financeiros. #Envolverde

POR QUE JOGAMOS TANTO ALIMENTO NO LIXO ?

Por Valter Casarin – Em todo o mundo, estima-se que 14% dos alimentos são jogados fora entre a colheita e o varejo, e que 17% são desperdiçados nos pontos de vendas e no processo de consumo. Essa é uma preocupação global que diz respeito a todos os países, tanto os desenvolvidos quanto e os de baixa renda, uma vez que o desperdício se torna um grande e caro problema ambiental, social e econômico, que a cada ano, colabora para a perda de quase 1,3 bilhão de toneladas de alimentos no planeta. Nesse cenário, cada pessoa desperdiça mais de 120 kg de alimentos por ano; e mais da metade, aproximadamente 75 kg, são desperdiçados dentro das casas. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), um terço dos alimentos produzidos para consumo humano a cada ano é desperdiçado, ou seja, um em cada três produtos é produzido para ser jogado fora. Uma triste realidade que mostra a preocupação geral com o problema do lixo doméstico. Isso gera um enorme paradoxo quando a ONU (Organização das Nações Unidas) contabiliza 811 milhões de pessoas no mundo passando fome e três bilhões sem acesso a uma alimentação saudável, para uma população mundial estimada em 8 bilhões. Com esses números elevados, fica cada vez mais difícil acreditar que possamos atingir a meta de reduzir pela metade o desperdício doméstico de alimentos até 2030. Além disso, as perdas se somam às medidas do nível da produção e distribuição agrícola. Segundo a FAO, aproximadamente 15% dos alimentos produzidos no mundo se perdem antes mesmo de chegar ao mercado, o que corresponde ao equivalente de 400 bilhões de dólares por ano. Entre os continentes que mais desperdiçam, destacamos a América do Norte e a Europa, mas também podemos evidenciar a Ásia industrializada, principalmente a China, que se apresenta na liderança. Somente esses territórios descartam entre 15 e 25% dos alimentos produzidos, no final da cadeia. Nos países em desenvolvimento, a situação se inverte e 40% dos alimentos são desperdiçados na produção e armazenamento por falta de infraestrutura. Menos em número e mais frugais, os consumidores desses locais jogam menos fora. Uma vantagem infelizmente compensada por um sistema de produção pouco eficiente, mas que ainda assim os torna responsáveis por 44% do desperdício de alimentos em todo o mundo. Para exemplificar, no Brasil, o desperdício anual está na ordem de 27 milhões de toneladas, onde 80% é perdido no manuseio, transporte e centrais de abastecimento. Cada brasileiro joga no lixo cerca de 60 kg de alimento por ano, uma quantidade que poderia alimentar mais de 12 milhões de pessoas anualmente. Um custo significativo para o nosso planeta O desperdício de alimentos tem um custo enorme para o nosso planeta e nossa economia. Esta é uma inconsistência ainda mais impressionante, uma vez que 690 milhões de pessoas sofreram de desnutrição em 2019. O custo econômico do descarte de alimentos é exuberante. Em todo o mundo, 1,3 bilhão de toneladas desperdiçadas representam aproximadamente US$ 1 bilhão a cada ano. A superfície de terra e os meios para a produção que são explorados para produzir apenas os alimentos desperdiçados têm um impacto ambiental nocivo. Estima-se assim que o desperdício de alimentos é responsável por 8% das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, o equivalente em água do Lago Genebra é desperdiçado todos os anos na produção de resíduos alimentares; e 30% da terra cultivada está ocupada com a produção de resíduos alimentares e, portanto, não é produtiva. Para completar, são desperdiçados sementes, fertilizantes e outros insumos importantes na exploração agropecuária. Os motivos pelo qual toneladas de alimentos são desperdiçados estão relacionados a alta perecibilidade, as condições inadequadas de embalagem, manuseio, transporte e armazenamento. Podem ser citados também os fatores estéticos como justificativa para o desperdício de alimentos, pois muitos mercados consumidores rejeitam pequenos defeitos em frutas e legumes, por exemplo. Diminuir a perda e o desperdício de alimentos contribuiria para a segurança alimentar, melhoraria a qualidade dos alimentos e reduziria as emissões de gases de efeito estufa. A agência de alimentos das Nações Unidas pede o combate a essa prática, que não é prerrogativa dos países ricos, como muitos acreditam. Por isso, algumas práticas para reduzir o desperdício de alimentos dentro de casa são recomendadas, como: optar por alimentos produzidos localmente, isso permite as perdas de transporte e armazenamento e é importante para fomentar a economia local; preparar receitas mais sustentáveis, com partes dos alimentos que geralmente são jogados no lixo, como raízes, cascas e sementes; diminuir o volume e aumentar a frequência de compra de alimentos nos mercados, assim não é preciso estocar grandes quantidades, o que reduz o desperdício; armazenar de forma adequada as sobras dos alimentos; e fazer compostagem de resíduos orgânicos e produzir seu próprio fertilizante. Portanto, quanto mais temos acesso a alimentos em grandes quantidades, mais os desperdiçamos. E o desperdício é um fator potencializador da insegurança alimentar e da fome no mundo. Isso nos leva a refletir como é importante conscientizar a população para um consumo consciente e ao mesmo tempo incentivar a cadeia produtiva e o varejo a rever alternativas para minimizar os efeitos do descarte de alimentos. Mais informações Confira o link para o vídeo, Fertilizantes evitam o desperdício de alimentos, produzido pela NPV, no qual é destacada a relação dos alimentos mal adubados e o consequente desperdício ao longo da cadeia produtiva e de consumo. Sobre a NPV A NPV – Nutrientes para a Vida – nasceu com objetivo de melhorar a percepção da população urbana em relação às funções e os benefícios dos fertilizantes para a saúde humana. Braço da fundação norte-americana NFL – Nutrients For Life – no Brasil, a NPV trabalha baseada em informações científicas. O uso de fertilizantes de forma responsável e correta é o caminho para oferecer à sociedade oportunidade para maior segurança alimentar e qualidade nutricional dos alimentos e, sobretudo, produzindo de forma sustentável e com total respeito ao ambiente. Nutrir o solo, através dos fertilizantes, é a forma mais sensata de produzir alimentos em quantidade e qualidade para as pessoas, além de valorizar a preservação de nossas florestas. A missão da NPV é esclarecer e informar a sociedade brasileira, com base em estudos científicos, sobre a importância e os benefícios dos fertilizantes na produção e qualidade dos alimentos, bem como sobre sua utilização adequada. A NPV tem sua sede no Brasil, é mantida pela ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos) e operada pela Biomarketing. A iniciativa conta ainda com parceiros como: Esalq/USP, IAC, UFMT, UFLA e UFPR. Saiba mais sobre o novo cliente em https://www.nutrientesparaavida.org.br/ #Envolverde

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Conversando com James Pizarro sobre seus 80 anos de vida

Níveis de gases de efeito estufa atingem novos recordes

O aumento nos níveis de dióxido de carbono de 2020 a 2021 foi maior do que a taxa média de crescimento anual da última década e continuam a aumentar em 2022 Em mais um alerta de mudança climática ameaçador, os níveis atmosféricos dos três principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono, metano e óxido nitroso atingiram novos recordes em 2021, de acordo com um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM relatou o maior salto ano a ano nas concentrações de metano em 2021 desde que as medições sistemáticas começaram há quase 40 anos. A razão para este aumento excepcional não é clara, mas parece ser resultado de processos biológicos e induzidos pelo homem. O aumento nos níveis de dióxido de carbono de 2020 a 2021 foi maior do que a taxa média de crescimento anual da última década. As medições das estações da rede Global Atmosphere Watch da OMM mostram que esses níveis continuam a aumentar em 2022 em todo o mundo. Entre 1990 e 2021, o efeito de aquecimento em nosso clima (conhecido como forçante radiativa) por gases de efeito estufa de longa duração aumentou quase 50%, com o dióxido de carbono respondendo por cerca de 80% desse aumento. As concentrações de dióxido de carbono em 2021 foram de 415,7 partes por milhão (ppm), metano em 1908 partes por bilhão (ppb) e óxido nitroso em 334,5 ppb. Esses valores constituem, respectivamente, 149%, 262% e 124% dos níveis pré-industriais antes que as atividades humanas começassem a romper o equilíbrio natural desses gases na atmosfera. “O Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM sublinhou, mais uma vez, o enorme desafio – e a necessidade vital – de ação urgente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e evitar que as temperaturas globais subam ainda mais no futuro”, disse o secretário-geral da OMM, Prof. Petteri Taalas. Aumento anual de CH4 “O aumento contínuo nas concentrações dos principais gases que retêm o calor, incluindo a aceleração recorde nos níveis de metano, mostra que estamos indo na direção errada”, disse ele. “Existem estratégias econômicas disponíveis para combater as emissões de metano, especialmente do setor de combustíveis fósseis, e devemos implementá-las sem demora. No entanto, o metano tem uma vida útil relativamente curta de menos de 10 anos e, portanto, seu impacto no clima é reversível. Como prioridade máxima e mais urgente, temos que reduzir as emissões de dióxido de carbono, que são o principal motor das mudanças climáticas e condições climáticas extremas associadas, e que afetarão o clima por milhares de anos por meio da perda de gelo polar, aquecimento dos oceanos e aumento do nível do mar”. disse o Prof. Taalas. “Precisamos transformar nossos sistemas industriais, energéticos e de transporte e todo o modo de vida. As mudanças necessárias são economicamente acessíveis e tecnicamente possíveis. O tempo está se esgotando”, disse o Prof. Taalas. Conferência da OMM sobre Mudanças Climáticas da ONU, COP27, no Egito, de 7 a 18 de novembro. Na véspera da conferência em Sharm-el-Sheikh, apresentará seu relatório provisório sobre o estado do clima global 2022, que mostrará como os gases de efeito estufa continuam a impulsionar as mudanças climáticas e o clima extremo. Os anos de 2015 a 2021 foram os sete mais quentes já registrados. Os relatórios da OMM buscam galvanizar os negociadores da COP27 em tomadores de decisão de ação mais ambiciosos para alcançar a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2, de preferência a 1,5 graus Celsius, em comparação com os níveis pré-industriais . A temperatura média global está agora mais de 1,1°C acima da média pré-industrial de 1850-1900. Dada a necessidade de fortalecer a base de informações sobre gases de efeito estufa para decisões sobre os esforços de mitigação climática, a OMM está trabalhando com a comunidade mais ampla de gases de efeito estufa para desenvolver uma estrutura para monitoramento global sustentado e coordenado internacionalmente de gases de efeito estufa , incluindo a observação do projeto de rede e intercâmbio internacional e uso de as observações resultantes. Ele se envolverá com a comunidade científica e internacional mais ampla, em particular no que diz respeito à observação e modelagem da superfície terrestre e do oceano. A OMM mede as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa – o que permanece na atmosfera depois que os gases são absorvidos por sumidouros como o oceano e a biosfera. Isso não é o mesmo que emissões. Um Relatório de Lacunas de Emissões separado e complementar da ONU Meio Ambiente será lançado em 27 de outubro. O relatório Emissions Gap avalia os estudos científicos mais recentes sobre as emissões atuais e futuras estimadas de gases de efeito estufa. Essa diferença entre “onde provavelmente estaremos e onde precisamos estar” é conhecida como lacuna de emissões. Enquanto as emissões continuarem, a temperatura global continuará a subir. Dada a longa vida do CO 2 , o nível de temperatura já observado persistirá por décadas, mesmo que as emissões sejam rapidamente reduzidas a zero líquido. Destaques do Boletim Dióxido de carbono ( CO2 ) O dióxido de carbono atmosférico atingiu 149% do nível pré-industrial em 2021, principalmente por causa das emissões da combustão de combustíveis fósseis e da produção de cimento. As emissões globais se recuperaram desde os bloqueios relacionados ao COVID em 2020. Do total de emissões de atividades humanas durante o período de 2011-2020, cerca de 48% se acumularam na atmosfera, 26% no oceano e 29% em terra. Existe a preocupação de que a capacidade dos ecossistemas terrestres e oceanos de atuarem como “sumidouros” possa se tornar menos eficaz no futuro, reduzindo assim sua capacidade de absorver dióxido de carbono e atuar como amortecedor contra aumentos maiores de temperatura. Em algumas partes do mundo a transição do sumidouro de terra para fonte de CO 2 já está acontecendo. Dióxido de carbono (CO2) Dióxido de carbono (CO2) Metano ( CH4 ) O metano atmosférico é o segundo maior contribuinte para as mudanças climáticas e consiste em uma mistura diversificada de fontes e sumidouros sobrepostos, por isso é difícil quantificar as emissões por tipo de fonte. Desde 2007, a concentração média global de metano na atmosfera vem aumentando em ritmo acelerado. Os aumentos anuais em 2020 e 2021 (15 e 18 ppb, respectivamente) são os maiores desde o início do registro sistemático em 1983. As causas ainda estão sendo investigadas pela comunidade científica global de gases de efeito estufa. A análise indica que a maior contribuição para o aumento renovado do metano desde 2007 vem de fontes biogênicas, como pântanos ou arrozais. Ainda não é possível dizer se os aumentos extremos em 2020 e 2021 representam um feedback climático – se ficar mais quente, o material orgânico se decompõe mais rapidamente. Se se decompor na água (sem oxigênio), isso leva a emissões de metano. Assim, se as zonas úmidas tropicais se tornarem mais úmidas e quentes, mais emissões serão possíveis. O aumento dramático também pode ser devido à variabilidade interanual natural. Os anos de 2020 e 2021 viram eventos de La Niña que estão associados ao aumento da precipitação nos trópicos. Metano (CH4) Metano (CH4) Óxido nitroso ( N2O) O óxido nitroso é o terceiro gás de efeito estufa mais importante. É emitido para a atmosfera tanto de fontes naturais (aproximadamente 57%) quanto de fontes antropogênicas (aproximadamente 43%), incluindo oceanos, solos, queima de biomassa, uso de fertilizantes e vários processos industriais. O aumento de 2020 para 2021 foi ligeiramente superior ao observado de 2019 a 2020 e superior à taxa média de crescimento anual dos últimos 10 anos Óxido nitroso (N2O) Óxido nitroso (N2O) Notas para editores O Programa Global Atmosphere Watch da OMM coordena observações e análises sistemáticas de gases de efeito estufa (GEE). O Boletim inclui dados de medição de 55 membros da OMM. Esses dados são arquivados e distribuídos pelo World Data Center for Greenhouse Gases (WDCGG) da Agência Meteorológica do Japão. Boletim da World Meteorological Organization (WMO), publicado no EcoDebate, ISSN 2446-9394

559 milhões de crianças e adolescentes já estão expostos a ondas de calor frequentes

Relatório estima que, até 2050, todos os 2,02 bilhões de crianças e adolescentes do mundo serão atingidos por ondas de calor cada vez mais frequentes O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alerta que, até 2050, todas as crianças e todos os adolescentes do mundo estarão expostos a ondas de calor. Um novo relatório revela que, mesmo nos níveis mais baixos de aquecimento global, em apenas três décadas, ondas de calor mais regulares serão inevitáveis para crianças e adolescentes de todos os lugares. O documento já estima que atualmente 559 milhões de crianças e adolescentes estão expostos a ondas de calor frequentes. A quanto mais ondas de calor meninas e meninos estiverem expostos, maior a chance de problemas de saúde, incluindo doenças respiratórias crônicas, asma e doenças cardiovasculares. Bebês e crianças pequenas correm o maior risco de mortalidade relacionada ao calor. O UNICEF defende que é necessário aumentar, urgentemente, o financiamento para adaptar os serviços públicos e proteger crianças, adolescentes e comunidades vulneráveis do agravamento das ondas de calor e outros choques climáticos. Atualmente, 559 milhões de crianças e adolescentes estão expostos a ondas de calor frequentes*, de acordo com um novo estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Além disso, 624 milhões de crianças e adolescentes estão expostos a um dos outros três indicadores específicos de altas temperaturas – episódios de ondas de calor de longa duração e alta intensidade ou temperaturas extremamente elevadas (veja as definições para cada um desses indicadores no fim desta publicação). Durante um ano em que as ondas de calor bateram recordes tanto no hemisfério sul quanto no hemisfério norte, o relatório “O Ano Mais Frio do Resto da Vida Deles: Protegendo Crianças e Adolescentes dos Impactos Crescentes das Ondas de Calor” (disponível somente em inglês) destaca o já extenso impacto das ondas de calor para meninas e meninos e revela que, mesmo nos níveis mais baixos de aquecimento global, em apenas três décadas, ondas de calor mais regulares são inevitáveis para crianças e adolescentes em todos os lugares. Ainda não há muitos estudos sobre o impacto das ondas de calor em crianças, mas já se sabe que elas estão entre os principais grupos afetados, junto com idosos. Elas são menos capazes de regular a temperatura do corpo em comparação com os adultos. A quanto mais ondas de calor meninas e meninos estiverem expostos, maior a chance de problemas de saúde, incluindo doenças respiratórias crônicas, asma e doenças cardiovasculares. Bebês e crianças pequenas correm o maior risco de mortalidade relacionada ao calor. Além dos efeitos diretos na saúde das crianças e dos adolescentes, as ondas de calor podem impactar os ambientes em que eles vivem, a segurança alimentar, a mobilidade, o acesso à água, a educação e os meios de subsistência futuros. “Uma em cada três crianças vive em países que enfrentam temperaturas extremamente elevadas e quase uma em cada quatro crianças está exposta a ondas de calor frequentes, e isso só vai piorar”, disse a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell. “Mais crianças e adolescentes serão afetados por ondas de calor mais longas, mais intensas e mais frequentes nos próximos trinta anos, o que colocará em risco sua saúde e seu bem-estar. Quão devastadoras essas mudanças serão, depende das ações que tomarmos agora. No mínimo, os governos devem limitar urgentemente o aquecimento global a 1,5°C e dobrar o financiamento da adaptação até 2025. Essa é a única maneira de salvar a vida e o futuro das crianças e dos adolescentes – e o futuro do planeta”. “Os choques climáticos de 2022 forneceram um forte alerta sobre o crescente perigo que se aproxima de nós”, disse a jovem ativista climática e embaixadora do UNICEF, Vanessa Nakate. “As ondas de calor são um exemplo claro. Por mais quente que este ano tenha sido em quase todos os cantos do mundo, provavelmente será o ano mais frio do resto de nossa vida. Os líderes mundiais precisam corrigir o curso em que o mundo está, levando o tema à COP27, focando nas crianças e nos adolescentes de todo o mundo, especialmente aqueles mais vulneráveis, que vivem nos lugares mais afetados. A menos que eles ajam, e logo, este relatório deixa claro que as ondas de calor se tornarão ainda mais duras do que já estão destinadas a ser”, alerta. Estimativas – O relatório estima que, até 2050, todos os 2,02 bilhões de crianças e adolescentes do mundo serão atingidos por ondas de calor cada vez mais frequentes, seja como parte de um cenário de ‘baixas emissões de gases de efeito estufa’ com um aquecimento global estimado de 1,7°C ou um ‘cenário de emissões muito elevadas de gases de efeito estufa’ com aquecimento global de 2,4°C em 2050. O número de crianças e adolescentes afetados por ondas de calor de longa duração subirá de atualmente 538 milhões para 1,6 bilhão em 2050, no caso de um aquecimento de 1,7°C, e para 1,9 bilhão, no caso de um aquecimento de 2,4°C. Além disso, milhões a mais de crianças e adolescentes serão expostos a ondas de calor de alta intensidade e temperaturas extremamente elevadas, dependendo do grau de aquecimento global alcançado. Produzido em colaboração com The Data Collaborative for Children e lançado em parceria com a embaixadora do UNICEF Vanessa Nakate e o Rise Up Movement, com sede na África, o estudo ressalta a necessidade urgente de adaptação dos serviços dos quais crianças e adolescentes dependem à medida que os impactos inevitáveis do aquecimento global se desenrolam. Também defende a continuação das medidas de mitigação, para evitar os efeitos mais nefastos do calor elevado. No dia 24 de maio de 2022, Hibo, de 10 anos, carregava água em um galão para sua casa temporária no campo de deslocados internos de Kaharey em Dollow, Somália. Legenda: No dia 24 de maio de 2022, Hibo, de 10 anos, carregava água em um galão para sua casa temporária no campo de deslocados internos de Kaharey em Dollow, Somália. Foto: © Omid Fazel/UNICEF O UNICEF está pedindo aos governos para: PROTEGER as crianças e os adolescentes da devastação climática adaptando os serviços públicos. Cada país deve adaptar os serviços públicos essenciais aos impactos do aumento das temperaturas – água, saneamento e higiene, saúde, educação, nutrição, proteção social e proteção infantil – para proteger crianças, adolescentes e jovens. Por exemplo, os sistemas alimentares devem ser fortalecidos para resistir às ameaças e garantir o acesso contínuo a dietas saudáveis. Maiores investimentos devem ser feitos na prevenção, detecção e tratamento precoce da desnutrição grave em crianças, mães e populações vulneráveis. Na COP27, crianças, adolescentes e seus direitos devem ser priorizados nas decisões sobre adaptação. PREPARAR crianças e adolescentes para que vivam em um mundo marcado pelas mudanças climáticas. Cada país deve fornecer a crianças, adolescentes e jovens educação sobre mudanças climáticas, educação sobre redução de risco de desastres, treinamento em habilidades verdes e oportunidades para que participem de forma significativa e influenciem a formulação de políticas climáticas. A COP27 deve ver os países fortalecerem o foco na educação climática e empoderamento das crianças e dos adolescentes no plano de ação da Ação para Empoderamento Climático, adotá-lo e implementar compromissos anteriores para desenvolver a capacidade dos jovens. PRIORIZAR crianças, adolescentes e jovens no financiamento e recursos climáticos. Os países desenvolvidos devem cumprir seu acordo COP26 para dobrar o financiamento de adaptação para US$ 40 bilhões por ano até 2025, no mínimo, como um passo para entregar pelo menos US$ 300 bilhões por ano para adaptação até 2030. O financiamento de adaptação deve representar metade de todo o financiamento climático. A COP27 deve desbloquear o progresso em perdas e danos, colocando a resiliência de crianças, adolescentes e suas comunidades no centro das discussões sobre ação e apoio. PREVENIR uma catástrofe climática reduzindo drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e respeitando o limite de 1,5° C. Prevê-se que as emissões aumentem 14% nesta década, colocando-nos no caminho para um aquecimento global catastrófico. Todos os governos precisam ser mais ambiciosos e intensificar as medidas em suas políticas e planos nacionais de mudanças climáticas. É imperativo que eles reduzam suas emissões em pelo menos 45% até 2030 para que o aquecimento global não ultrapasse o limite de 1,5°C. ##### Notas: O relatório segue a publicação do UNICEF do Índice de Risco Climático das Crianças em 2021. Leia o sobre o IRCC aqui (versão do resumo executivo disponível em português). *Definições Ondas de calor – quando, por três dias ou mais, a temperatura máxima diária está entre as 10% mais altas da média quinzenal histórica de um determinado local. Ondas de calor frequentes – quando há uma média de 4,5 ou mais ondas de calor por ano. Ondas de calor de longa duração – quando a duração média das ondas de calor é de 4,7 dias ou mais. Ondas de calor de alta intensidade – quando o aumento médio da temperatura for de 2°C ou mais acima da temperatura média quinzenal histórica. Temperaturas extremamente elevadas – quando as temperaturas registradas estão acima de 35°C por 83,54 dias ou mais por ano. Cenário 1 em 2050 – “cenário de baixas emissões de gases de efeito estufa” com aquecimento global estimado em 1,7°C até 2050. Utilizado na modelagem climática, esse cenário estabelecido pelo IPCC é denominado de “SSP1”. Cenário 2 em 2050 – “cenário de emissões muito altas de gases de efeito estufa”, com aquecimento global estimado em 2,4°C até 2050. Utilizado na modelagem climática, esse cenário estabelecido pelo IPCC é denominado “SSP5”. Da ONU Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394

A humanidade já enfrenta uma emergência climática

Cientistas alertam em relatório que as mudanças climáticas levaram a Terra a “código vermelho” Escrevendo na revista BioScience, uma coalizão internacional liderada por pesquisadores da Oregon State University diz em um relatório publicado hoje que os sinais vitais da Terra atingiram o “código vermelho” e que “a humanidade está enfrentando inequivocamente uma emergência climática”. No relatório especial, “World Scientists’ Warning of a Climate Emergency 2022”, os autores observam que 16 dos 35 sinais vitais planetários que eles usam para rastrear as mudanças climáticas estão em extremos recordes. Os autores do relatório compartilham novos dados que ilustram o aumento da frequência de eventos extremos de calor, o aumento da perda global de cobertura de árvores devido a incêndios e uma maior prevalência do vírus da dengue transmitido por mosquitos. Além disso, eles observam que os níveis de dióxido de carbono atmosférico atingiram 418 partes por milhão, o mais alto já registrado. William Ripple, professor da OSU College of Forestry, e o pesquisador de pós-doutorado Christopher Wolf são os principais autores do relatório, e 10 outros cientistas americanos e globais são coautores. “Olhe para todas essas ondas de calor, incêndios, inundações e tempestades maciças”, disse Ripple. “O espectro da mudança climática está à porta e batendo forte.” O relatório segue por cinco anos o “World Scientists’ Warning to Humanity: A Second Notice”, publicado pela Ripple e colegas da BioScience e coassinado por mais de 15.000 cientistas em 184 países. “Como podemos ver pelos surtos anuais de desastres climáticos, estamos agora no meio de uma grande crise climática, com muito pior por vir se continuarmos fazendo as coisas do jeito que temos feito”, disse Wolf. “A mudança climática não é uma questão isolada”, disse o coautor Saleemul Huq, da Independent University Bangladesh. “Para evitar mais sofrimento humano incalculável, precisamos proteger a natureza, eliminar a maioria das emissões de combustíveis fósseis e apoiar adaptações climáticas socialmente justas, com foco em áreas de baixa renda que são mais vulneráveis.” O relatório aponta que nas três décadas desde que mais de 1.700 cientistas assinaram o original “Aviso dos Cientistas Mundiais à Humanidade” em 1992, as emissões globais de gases de efeito estufa aumentaram 40%. “À medida que as temperaturas da Terra estão subindo, a frequência ou magnitude de alguns tipos de desastres climáticos pode realmente estar aumentando”, disse Thomas Newsome, da Universidade de Sydney, coautor do relatório. “Pedimos aos nossos colegas cientistas de todo o mundo que se manifestem sobre as mudanças climáticas.” séries temporais de atividades humanas relacionadas ao clima Séries temporais de atividades humanas relacionadas ao clima. Os dados obtidos desde a publicação de Ripple e colegas (2021) são mostrados em vermelho (cinza escuro na impressão). No painel (f), a perda de cobertura arbórea não contabiliza o ganho florestal e inclui a perda por qualquer causa. Para o painel (h), hidroeletricidade e energia nuclear são mostradas na figura suplementar S1. No painel (j), os ativos desinvestidos refletem o total de ativos sob gestão com base em compromissos institucionais. Referência: William J Ripple, Christopher Wolf, Jillian W Gregg, Kelly Levin, Johan Rockström, Thomas M Newsome, Matthew G Betts, Saleemul Huq, Beverly E Law, Luke Kemp, Peter Kalmus, Timothy M Lenton, World Scientists’ Warning of a Climate Emergency 2022, BioScience, 2022;, biac083, https://doi.org/10.1093/biosci/biac083 in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Mulheres astrônomas são destaque na 14ª edição da Campus Party Brasil

A Campus Party Brasil, a maior experiência tecnológica em internet das coisas, blockchain, cultura marker, educação e empreendedorismos do mundo, abre espaço para as mulheres falarem sobre astronomia na próxima edição nacional do evento que ocorrerá entre 11 e 15 de novembro, no Anhembi, em São Paulo. Essa edição marca o retorno presencial do evento em seu formato tradicional, ou seja, com Arena, Camping e Área Open que receberão mais de mil palestrantes e 500 atividades práticas. A estudante de física, Laysa Peixoto, será uma das palestrantes da CPBR14. A mineira de 19 anos participou do programa “Expedição 36”, da Nasa, em parceria com The Internacional Astronomical Search Collaboration. Durante o período em que esteve no projeto, Laysa descobriu o asteroide LPS00023 (a sigla remete as iniciais de seu nome). Medalhista de olimpíadas científicas nacionais e internacionais de Astronomia e Astrofísica, ela foi aprovada no processo seletivo da agência aeroespacial dos Estados Unidos. O empreendedorismo espacial também será tema desta edição da Campus. A empreendedora Aila Raquel é pioneira no setor de observação da Terra com nanossatélites. Certificada pelo governo francês como empreendedora talentosa, Aila é membro fundadora da Aliança Startups do Setor Espacial e membro de associações internacionais como a StellarModal Transportation Association, com membros de alto desempenho no setor espacial internacional. Parte das descobertas sobre o universo vem sendo feita por cidadãos comuns. A jovem mineira Lorrane Olivlet, descobriu não um, mas quatro asteroides em sequência. A engenheira biomédica é outra palestrante confirmada na CPBR14. Estudante para licença de piloto de avião e criadora do grupo voluntário de STEAM, com foco em assuntos espaciais InSpace que abrange todo o Brasil, Lorrane é autora de um livro sobre sistema solar, divulgadora cientifica e influenciadora digital com quase 1 milhão de seguidores somados nas redes sociais. “Ter as três principais mulheres brasileiras especialistas em astronomia na CPBR14, engrandece ainda mais esta edição e nos aproxima do nosso objetivo. Além de termos conseguido equilibrar a participação das mulheres na Campus Party nos últimos anos. Esse é um assunto importante e que requer engajamento para atrairmos mais ainda o público jovem. Queremos que no futuro, outras brasileiras estejam desenvolvendo e participando de mais ações relacionadas à astronomia mundial”, explica o CEO da Campus Party Brasil, Tonico Novaes. Mais de mil palestrantes na CPBR14 A 14ª edição da Campus Party Brasil receberá mais de mil palestrantes nacionais abordando temas sobre empreendedorismo, inovação, tecnologia, entre outros. Entre os destaques, está Ricardo Cappra. Pesquisador de cultura analítica, autor e empreendedor, além de ser fundador do Cappra Institute for Data Science, onde realiza pesquisas sobre o impacto dos dados na sociedade e nos negócios. Ele também tem participação em grandes projetos mundiais, como a campanha do presidente Barack Obama. Outro nome presente em outras edições da Campus e que estará na CPBR14 é de Dado Schneider. O embaixador da Campus Party, é considerado um dos mais importantes pensadores do mundo digital no Brasil. Além deles, a principal apresentadora de games e e-sports do país, Nyvi Estephan, estará em mais uma edição da Campus. Ela é um dos nomes mais conhecidos e importantes do mercado gamers, se destacando como fenômeno da internet, com seguidores que a acompanham tanto em suas redes sociais, quanto em suas aparições em eventos por todo o país. Outro nome feminino de destaque da Campus Party e que estará nesta edição é a Jaqueline Goes. A Biomédica, mestre em biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa e Doutora em Patologia Humana, integrou a equipe de sequência genética da covid-19 na América Latina. Jaqueline também faz parte da equipe Halo, de combate à desinformação sobre a covid-19 em redes sociais. O curador da Campus Party, Artur Mainardi Junior, também estará no Anhembi. Com mais de 25 anos de carreira executiva, Mainardi é CEO e sócio fundador do Grupo Somai e da Humanoide Brasil. Outro nome confirmado é do publicitário e jornalista, Daniel Perrone. Percursor da comunicação de engajamento de torcedores de futebol no Brasil, Perrone atuou por 10 anos no Globoesporte.com, além de ter participado do programa “Fanáticos” do Esporte Interativo, e da transmissão do Campeonato Paulista de Futebol 2022, pela HBO Max. A CPBR14 também receberá o PhD, neurocientista, mestre psicanalista, membro na FENS (Federation of European Neuroscience Societies), Fabiano de Abreu. Vale destacar que Abreu possui um dos maiores QIs do mundo, estando presente em todas as quatros sociedades das pessoas com quociente de inteligência mais elevados do mundo. Abreu foi admitido pela Triple Nine Society, uma sociedade de alto Q.I. que reúne pessoas cujo nível de inteligência é igual ou superior a 99,9% da população geral, segundo aferido por um teste de QI formal, supervisionado e oficialmente reconhecido. Além disso, ele também faz parte do corpo editorial de diversas revistas cientificas do Brasil, Estados Unidos e da Europa. Serviço Campus Party Brasil – 14ª edição Arena: de 11 a 15 de novembro Área Open: de 12 a 15 de novembro Local: Pavilhão de Exposições do Anhembi Endereço: Av. Olavo Fontoura 1209 – Santana Sobre a Campus Party A Campus Party é a maior experiência tecnológica em Internet das Coisas, Blockchain, Cultura Maker, Educação e Empreendedorismo do mundo. O evento conta hoje com mais de 550 mil campuseiros cadastrados em todo mundo, e já produziu edições em países como Espanha, Holanda, México, Alemanha, Reino Unido, Argentina, Panamá, El Salvador, Costa Rica, Colômbia e Equador. O evento está presente no Brasil há dez anos. #Envolverde

Unicamp realiza projeto inédito para desenvolver vocabulário de matemática em Libras

Por Bruna Mozer para Unicamp – A Unicamp deu início a um projeto inédito para a comunidade de pessoas surdas no Brasil: a realização de uma oficina de verão em que estudantes surdos do Ensino Médio poderão resolver problemas e enfrentar desafios matemáticos, contribuindo assim para o fortalecimento do vocabulário de matemática em Libras. As inscrições são gratuitas e seguem até 25 de novembro. Inscreva-se aqui. Os alunos selecionados ficarão hospedados por duas semanas no campus da Unicamp, em Campinas. O objetivo da iniciativa “Matemática+Libras” é promover e enriquecer o vocabulário, em Libras, de termos matemáticos que eventualmente não existam ou não sejam disseminados na Língua Brasileira de Sinais. Com o déficit existente hoje, professores e alunos surdos enfrentam dificuldades de comunicação em sala de aula que causam impacto no processo de aprendizagem. Grupo de professores durante o lançamento do projeto Matemática+Libras. Foto: Dário Podem se inscrever na oficina estudantes do Ensino Médio surdos que gostem de matemática e sejam fluentes em Libras. A oficina será realizada de 16 a 27 de janeiro de 2023. A programação também prevê atividades sociais e uma vivência no campus da Unicamp. Ao final, os estudantes gravarão, pequenos vídeos resolvendo alguns problemas matemáticos, utilizando os sinais que tenham desenvolvido e contribuindo assim para sua difusão. O programa é realizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unicamp (Proec) e organizado pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) e Olimpíada de Matemática da Unicamp (OMU). O projeto é totalmente gratuito e a Unicamp oferecerá alimentação e uma ajuda de custo de R$ 1.760,00 para hospedagem dentro da própria Universidade. Francisca Aglaiza Romão Sedrim Gonçalves, professora de Matemática da rede pública do Estado do Ceará e uma das idealizadoras do projeto, conta que ao fazer seu primeiro curso de Libras descobriu que não havia sinalário (reunião de sinais manuais) para muitos dos termos da matemática. “Muita coisa na matemática é visual ou palpável, mas a língua é extremamente importante na construção do conhecimento. Não se vê professor de matemática apresentando um resultado ou provocando os seus alunos em silêncio. Por mais que seja possível ensinar matemática utilizando recursos visuais, a língua materna é um canal de aproximação entre o aluno e o objeto de estudo”, explica. Diante desse contexto, a Unicamp reconheceu a importância de apoiar a iniciativa. Fernando Coelho, pró-reitor de Extensão, explica que o projeto visa atender uma demanda grave, mas desconhecida do grande público. “Dessa forma, a Unicamp faz uma contribuição valiosa para que, com o tempo, tenhamos uma política pública que atenda às demandas das pessoas surdas, ampliando esse esforço também para outras disciplinas além da matemática”, disse. Marcelo Firer, professor do IMECC e responsável por levar o projeto à Unicamp, avalia que nessa primeira oficina será possível explorar um caminho para, ao menos, reduzir os problemas na educação de pessoas surdas. “O projeto foi concebido para que os alunos selecionados tenham uma vivência rica e um crescimento matemático, ao mesmo tempo que possam contribuir para o enriquecimento da comunidade surda”, afirma. Informações: Matemática+Libras Inscrições de 21/10 a 25/11 Divulgação do resultado da primeira etapa de seleção e horário de entrevistas com pais ou professores: 30/11 Segunda etapa de seleção, incluindo entrevista com família ou professor: 2/12 Divulgação do resultado final da seleção: 15/12 Oficina na Unicamp: 16 a 27 de janeiro de 2023 #Envolverde

Demarcar terras indígenas não acaba com o agronegócio como disse Bolsonaro, mostra levantamento

Jair Bolsonarro (PL) diz que demarcar 500 terras ameaça o agro. Levantamento feito para o projeto Mentira Tem Preço mostra que processos de demarcação são 240; na maioria dos estados agricultores, terras indígenas não chegam a 1%. Logo em sua primeira fala após saber o resultado do primeiro turno das eleições de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou um argumento que vem repetindo desde 2017: o de que em seu governo “não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena”. A novidade é que agora ele diz que a demarcação de Terras Indígenas (TIs) prejudica o agronegócio brasileiro. “O Lula fala em demarcar as reservas que estão sendo pedidas há algum tempo, são quase 500 novas terras indígenas, isso daí praticamente nós acabaríamos com o agronegócio, perderíamos a nossa segurança alimentar, e bem como a nossa balança ia cair muito”, disse ele na noite do dia 2 de outubro. O vídeo foi divulgado em seu canal no YouTube e teve 206 mil visualizações; o que subiu no canal Folha Política, um dos quatro canais desmonetizados pelo Tribunal Superior Eleitoral até o fim das eleições, teve mais de 1 milhão de views. A pedido do projeto Mentira tem Preço, técnicos do ISA (Instituto Socioambiental) deram senso de realidade à fala do presidente e candidato à reeleição. Em primeiro lugar, Bolsonaro exagera: não existem 500 pedidos de demarcação na fila, e sim 240, segundo uma análise dos dados publicados no Diário Oficial da União. Dos 728 processos de demarcação formalmente iniciados pela Funai (Fundação Nacional do Índio), quase 67% já foram concluídos. Procurada pela reportagem, a assessoria de Jair Bolsonaro (PL) não respondeu até a publicação desta matéria. Quanto ao discurso de que demarcar novas terras indígenas travaria o avanço do agronegócio, os números do ISA mostram que, entre os nove principais estados voltados para o agronegócio, em sete o percentual do território ocupado por terras indígenas não passa de 1%. BOX COMO FAZEMOS O MONITORAMENTO: O projeto Mentira Tem Preço, realizado desde 2021 pelo InfoAmazonia e pela produtora FALA, monitora e investiga desinformação socioambiental. Nas eleições de 2022, checamos diariamente os discursos no horário eleitoral de todos os candidatos a governador na Amazônia Legal. Também monitoramos, a partir de palavras-chave relacionadas a justiça social e meio ambiente, desinformação sobre a Amazônia nas redes sociais, em grupos públicos de aplicativos de mensagem e em plataformas. No caso específico de Mato Grosso, maior produtor agropecuário nacional, o percentual de território indígena atinge 16% (veja tabela abaixo). ===================================================================== Terras Indígenas x propriedades rurais Em 7 dos 9 dos principais estados voltados ao agro, TIs não passam de 1% do território Terras Indígenas Propriedades rurais (em % do território) (em % do território) GO 0,1% 77% MG 0,2% 65% SP 0,3% 66% RS 0,4% 77% BA 0,5% 49% PR 0,6% 74% SC 0,8% 67% MS 2% 85% MT 16% 76% Brasil 13% 41% *Fontes: dados do DOU recolhidos e sistematizados pelo ISA; Censo Agropecuário do IBGE de 2017 ===================================================================== As Terras Indígenas ocupam cerca de 13,7% do território brasileiro, aponta Márcio Santilli, filósofo e sócio-fundador do ISA —nível abaixo da média mundial, que é de 15%. Por outro lado, 41% do território nacional (três vezes mais) são áreas privadas, segundo o Censo Agropecuário 2017 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Além disso, 20% das terras do país pertencem a pouco mais de 51 mil proprietários rurais (ou 1% do total), segundo esse recenseamento A própria ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, Tereza Cristina, repetidas vezes afirmou que o agronegócio não precisa desmatar mais nada para aumentar a produção nem da Amazônia para crescer. Suas frases são referendadas por vários estudos do setor, inclusive da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), ligada ao governo federal. Isso porque, hoje, quase 22% do território nacional é ocupado com pastagem —metade disso com algum grau de degradação — e cerca de 8% com agricultura, conforme o projeto MapBiomas e o Atlas Digital das Pastagens Brasileiras. A maioria absoluta das Terras Indígenas (98%) fica na Amazônia Legal. Atualmente, 9% da extensão total de Terras Indígenas ainda espera a demarcação, considerando-se os processos já abertos na Funai, com áreas e limites definidos preliminarmente (e excluindo-se os territórios “em identificação”, “sem limites” e “extensão definidos”). Crédito imagem destacada: Sobrevoo feito pelo Greenpeace em 2014 identifica áreas com desmatamento recente usadas para criação de gado e plantio de soja em Mato Grosso. Crédito: Paulo Pereira/Greenpeace #Envolverde

Novo relatório cataloga impactos climáticos nas comunidades africanas

A Corporate Accountability e a Participação Pública da África (CAPPA) lança relatório Impacto das Mudanças Climáticas nas Comunidades da Linha de Frente na África: Estudo de Caso da Nigéria, Camarões, Togo, e África do Sul O relatório foi apresentado em primeira-mão essa semana na sessão Amplificando as Vozes das Comunidades da Linha de Frente na África na Counter COP. O estudo documenta a vulnerabilidade das comunidades da Nigéria, Camarões, Togo e África do Sul frente às mudanças climáticas. Ele apresenta os depoimentos de moradores das comunidades locais, especialmente mulheres que carregam o fardo das mudanças climáticas, mas não fazem parte ou são desconsideradas nos processos de tomada de decisão para enfrentar a crise. O estudo detalha os impactos climáticos sobre os habitantes locais em Okun Alfa, outrora um resort de lazer em Lagos, na Nigéria, que agora está à mercê das águas furiosas do Atlântico. A situação da comunidade Okun Alfa é exacerbada pelo projeto imobiliário Eko Atlantic City de 19 bilhões de dólares, promovido pelo estado e pela Refinaria Dangote, de propriedade de Aliko Dangote, o homem mais rico da África. No norte de Camarões, as comunidades Kakou e Ouro Garga lutam contra a seca induzida pelas mudanças climáticas, que levou a uma diminuição nos rendimentos agrícolas e à interrupção dos calendários agrícolas que existiam há gerações. Nas duas comunidades, o custo dos alimentos disparou, forçando as famílias a enfrentar a pobreza e a desnutrição. A comunidade Doevi Kope, no Togo, tinha uma rica cobertura florestal na década de 1970, mas agora seriamente ameaçada pela erosão costeira e inundações costeiras. Os impactos são agravados pelas atividades da Bolloré Africa Logistics, empresa que atualmente está construindo o Porto de Lomé. As comunidades de Eldorado e Katlehong na África do Sul estão agora expostas à seca e ondas de calor que afetam negativamente a agricultura, deixando os jovens desempregados, desesperados e vulneráveis. O relatório também recomenda responsabilizar os grandes poluidores pela crise climática, bem como recomendações concretas ao governo, sociedade civil e outras agências intervencionistas críticas. O Diretor de Programa da CAPPA, Philip Jakpor disse: “O impacto das mudanças climáticas nas comunidades da linha de frente na África amplifica as vozes das comunidades que carregam o fardo de uma crise para a qual não contribuíram em nada. Os impactos e testemunhos documentados, incluindo os de mulheres e pessoas vulneráveis, aumentam as evidências existentes contra os Grandes Poluidores e a necessidade de fazê-los pagar” Íntegra do Relatório https://cappaafrica.org/wp-content/uploads/2022/10/Report-on-Impact-of-Climate-Change-on-Frontline-Communities-in-Africa.pdf #Envolverde

Pesquisa de escuta de crianças e mostra o que elas têm a dizer sobre o meio ambiente

Estudo feito pelo Instituto Alana, com apoio da Fundação Bernard Van Leer, ouviu crianças nas cinco regiões do país sobre temas complexos como natureza, mudanças climáticas, cidades e mobilidade urbana “A gente tá contra um monstro contagioso, tipo uma raiz que foi infeccionada, a coisa vira um mutante”; “A natureza é um tipo de vida”; “Eu estou aqui me sentindo um ser livre. Tem o vento, o sol, uma garçazinha e esses peixes. E tem água também. Tudo isso representa uma vida e vários elementos”; “Fiz uma carroça com vassoura que limpa, com câmera que tira foto pra ver onde tá sujo”; “As pessoas estão jogando muito lixo nas ruas”. Essas são algumas das frases ditas por mais de 100 crianças e adolescentes das cidades de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Recife (PE) e Boa Vista (RR), sobre o que elas pensam sobre natureza, mudanças climáticas, cidades e mobilidade urbana. Esses sentimentos e percepções são trazidos por um estudo inédito, realizado pelo Instituto Alana, por meio dos pesquisadores Ana Cláudia Leite e Gandhy Piorski, com o apoio da Fundação Bernard Van Leer durante um ano. O resultado é apresentado em dois sumários executivos, “Por um método de escuta sensível das crianças”, que apresenta a metodologia construída pelos pesquisadores a partir de uma concepção de escuta que privilegia as múltiplas linguagens e o imaginário das crianças, e “Escuta de crianças sobre a natureza e as mudanças climáticas”, cujo conteúdo traz as produções e narrativas das crianças que dialogam com a questão ambiental. “Esses assuntos são tratados com profundidade pelas crianças. Expressando-se por meio de modelagens, desenhos e objetos, elas evidenciam por meio da sua força imaginária a urgência de se encontrar soluções sistêmicas para problemas ambientais complexos e graves. Em suas produções a natureza aparece como fonte de vida, beleza, integração e desenvolvimento e, ao mesmo tempo, demonstram ter receio com os problemas ambientais, que já são sentidos por elas”, ressalta Gandhy Piorsky, coordenador da metodologia da pesquisa. O compromisso assumido pelos pesquisadores foi fugir dos clichês e das respostas prontas, advindos de uma camada mais superficial dos dizeres das crianças, que tende a reproduzir discursos das instituições que permeiam a vida delas (como a escola, família, igreja, mídia e organizações sociais), e que, necessariamente, surgiriam se as trocas fossem feitas no formato de assembleias e fóruns, ou em uma lógica de perguntas e respostas diretas, tal como questionários e entrevistas. A escuta gerou um rico acervo composto de produções de crianças, com áudios, fotos, vídeos e diário de bordo. Ao todo, são cerca de 150 desenhos, 95 objetos, 80 produções em massa de modelar e 70 horas de áudio e vídeo, que foram organizadas e analisadas pelos pesquisadores a partir de temas que emergiram das narrativas das crianças. “Construímos uma metodologia capaz de ser sistematizada e aplicada a propósitos de escuta diversos, contribuindo para o reconhecimento da importância de considerar a perspectiva e as necessidades das crianças na construção de políticas públicas, programas e ações. Quando há um convívio efetivo com os espaços da natureza, as narrativas vêm inundadas de impressões despertadas pelo contato com esses lugares. Elas também indicam a tecnologia e o acúmulo de conhecimento como possíveis aliados no enfrentamento dos problemas, mas que dependem de uma mudança de valores e compromisso ético dos adultos em colocar a sustentabilidade do planeta e a vida das presentes e futuras gerações em primeiro lugar”, explica Ana Claudia Leite, assessora de Educação e Infância do Instituto Alana. No Brasil e no mundo, as crianças têm sido cada vez mais reconhecidas como sujeitos de direitos e produtoras de cultura. Iniciativas de escuta de crianças e de protagonismo infantil vêm ganhando força e repercussão. No entanto, ainda se faz necessário ampliar as metodologias realmente condizentes com a infância, visto que há muitas experiências que reconhecem a criança como sujeito, mas o fazem a partir de uma lógica adulta, com a reprodução de modos de expressão, de produção, de interação e de ambiente, antagônicos a essa fase da vida. Para Pedro Hartung, diretor de Políticas e Direitos da Infância do Instituto Alana, crianças precisam ser consideradas não apenas por serem sujeitos de direitos, mas porque a humanidade ganha ao escutar as novas gerações. “A infância tem uma perspectiva e contribuição singular aos desafios individuais e coletivos. Essa escuta é fundamental pois é necessário engajar diversos atores para a mobilização urgente em prol das questões climáticas e fortalecer a incidência da pauta nas mídias e em ações junto a lideranças políticas e a governos locais”, ressalta. Os sumários executivos na íntegra estarão disponíveis no site do Alana a partir do dia 25 de outubro. Clique aqui para acessar. Para baixar imagens clique aqui. Sobre o Instituto Alana O Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013. Tem como missão “honrar a criança”. #Envolverde

Família de pássaro Curicaca faz ninho em torre de energia de 32 metros de altura

Equipe especializada da Energisa monitora o local para garantir segurança dos pássaros A Energisa está monitorando um ninho de Curicaca que está no alto de uma torre de energia de 32 metros em Pimenta Bueno, município a 530 quilômetros da capital de Rondônia. A Curicaca, da espécie Theristicus caudatus caudatus, é uma ave que pode medir até 43 cm de altura, que gosta de voar em grandes alturas e possui hábito diurno e tem seu período de reprodução entre julho e novembro. O biólogo e supervisor de Meio Ambiente da concessionária, José Carratte, explica que o ninho foi localizado durante as inspeções de rotina de manutenção das torres de energia. “Vimos que já havia dois filhotinhos em pleno desenvolvimento. A mãe escolheu exatamente um ponto da torre onde não há risco de choque elétrico, mas vamos monitorar até que os filhotes deixem o ninho”, declarou. Carratte conta que a empresa possui um setor especializado que acompanha o desenvolvimento das obras sempre respeitando as normas ambientais. “É um trabalho amplo, que vai desde a fase do projeto e licenciamento, até o dia a dia da operação com o monitoramento e manejo correto dos animais que estão próximo às redes de energia”, afirma. O supervisor ainda alerta a população que é importante informar a concessionária caso identifiquem algum animal na rede elétrica para que a equipe da Energisa faça o resgate de forma segura. O contato pode ser feito 24 horas por dia pelos canais digitais da empresa no aplicativo Energisa On, atendente virtual pelo whatsapp Gisa www.gisa.energisa.com.br

{Boletim diário EcoDebate} Newsletter do EcoDebate - Edição Nº 3.923 - 28.10.2022

Henrique Cortez, editor @ecodebate Boletim de atualização da revista eletrônica EcoDebate Edição de 28/outubro/2022 Desejamos a todos(as) um bom dia e uma boa leitura A humanidade já enfrenta uma emergência climática Cientistas alertam em relatório que as mudanças climáticas levaram a Terra a “código vermelho” www.ecodebate.com.br 559 milhões de crianças e adolescentes já estão expostos a ondas de calor frequentes Relatório estima que, até 2050, todos os 2,02 bilhões de crianças e adolescentes do mundo serão atingidos por ondas de calor cada vez mais frequentes www.ecodebate.com.br É urgente acelerar ações para limitar o aquecimento a 1,5°C “O Estado da Ação Climática 2022 é um alerta urgente para que os tomadores de decisão se comprometam com uma transformação real em todos os aspectos de nossa economia.” www.ecodebate.com.br Florestas em terras indígenas protegidas são mais saudáveis As florestas localizadas em terras indígenas protegidas são mais saudáveis, mais funcionais, mais diversas e ecologicamente mais resilientes www.ecodebate.com.br Desmatamento e degradação florestal ameaçam o futuro da agricultura brasileira Extermínio atual das coberturas vegetais primárias do Brasil já está implicando um aumento exponencial dos riscos de inviabilização de nossa agricultura www.ecodebate.com.br Níveis de gases de efeito estufa atingem novos recordes O aumento nos níveis de dióxido de carbono de 2020 a 2021 foi maior do que a taxa média de crescimento anual da última década e continuam a aumentar em 2022 www.ecodebate.com.br Mudança climática afeta a biodiversidade e os ecossistemas Para vários ecossistemas, os impactos das mudanças climáticas são um estresse adicional e até mesmo um fardo mortal, dependendo do nível de aquecimento global www.ecodebate.com.br Emissões da agricultura representam riscos para a saúde e o clima A poluição agrícola vem do campo, mas seu impacto econômico sobre os seres humanos é um problema para as cidades www.ecodebate.com.br

terça-feira, 25 de outubro de 2022

VOCÊ ESCUTA PODCAST ?

Escutar um podcast pode ser uma boa oportunidade para você ficar por dentro dos assuntos mais quentes do momento! Dá para escutar dentro de um busão, fazendo faxina em casa, enquanto toma banho, lava a louça, enfim, são infinitas as possibilidades. E apesar da gente ter o nosso super podcast, o “As Árvores Somos Nozes”, eu quero te convidar pra ouvir um outro, chamado “Az Ideias”. Conhece? Nós estivemos recentemente no Az Ideias falando sobre “Crise climática, Amazônia e a quebrada”. E o papo está imperdível! No Azideias Podcast, Big da Godoy e Boy Killa costumam receber grandes convidados para debater temas polêmicos, assuntos da atualidade, e desenvolver os conteúdos a partir da vivência e do olhar das periferias. Vou dar um spoiler, hein… O papo se encerra com a mensagem principal que não podemos aceitar que as populações já prejudicadas pelas desigualdades sociais e uma série de vulnerabilidades de um sistema que privilegia poucos, também sejam injustiçadas pelas consequências da crise climática. O papo reto é: precisamos de justiça climática já! Clique aqui, deixe seu like e sua opinião! Vai ser muito importante pra gente, e pro pessoal do Az Ideias, saber o que você acha dessa conversa. Camila Doretto Greenpeace Brasil P.S.: Tudo isso comprova que a proteção do meio ambiente é urgente! Por isso, precisamos de pessoas como você ao nosso lado. Você pode fazer a diferença hoje mesmo, realizando uma doação para o Greenpeace Brasil. Clique aqui e seja um/a doador/a!

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Áreas marinhas protegidas combatem os efeitos das mudanças climáticas

As áreas marinhas protegidas (AMPs) são uma das soluções apresentadas para ajudar a adaptar e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Para demonstrar sua eficácia, cientistas do CRIOBE (CNRS/École Pratique des Hautes Etudes/UPVD), como parte de uma equipe internacional 1 , analisou 22.403 artigos de pesquisa sobre AMPs. Seus resultados mostram que as AMPs podem melhorar significativamente o sequestro de carbono, a proteção costeira, a biodiversidade e a capacidade reprodutiva dos organismos marinhos, bem como as capturas e renda dos pescadores quando estão totalmente ou altamente protegidas. Embora as áreas marinhas protegidas (AMPs) não possam compensar apenas o impacto total das mudanças climáticas, elas são uma ferramenta valiosa para a mitigação e adaptação dos sistemas socioecológicos. Embora as soluções relacionadas ao oceano tenham sido propostas anteriormente sem qualquer fundamento real, esses resultados agora fornecem uma base científica para convenções intergovernamentais para lidar com a crise climática. Este novo estudo, publicado no One Earth, também revela que o efeito das AMPs em certos mecanismos climáticos ainda não está suficientemente documentado. Áreas marinhas protegidas combatem os efeitos das mudanças climáticas Caminhos pelos quais as AMPs podem contribuir para a mitigação ou adaptação às mudanças climáticas, com avaliação quantitativa e espacial das informações disponíveis (A) Lista das vias climáticas identificadas e seus indicadores associados. Os temas das cores azul, verde e laranja destacam a classificação dos caminhos entre as categorias de mitigação, adaptação ecológica e adaptação social, respectivamente. As vias de adaptação social e ecológica são mostradas ligadas aos componentes da adaptação (ou seja, resistência, recuperação e potencial adaptativo) para os quais contribuem. O número de artigos encontrados por meio de nossas consultas de pesquisa e o número de artigos que atenderam aos critérios de triagem para contagem de votos e meta-análise são indicados para cada caminho. A largura das barras é proporcional ao número de estudos selecionados em cada etapa. CPUE significa captura por unidade de esforço. (B–D) Localização dos locais de estudo documentando caminhos de mitigação climática (B), adaptação ecológica (C) e adaptação social (D). O tamanho dos pontos é proporcional ao número de estudos em um determinado local para uma determinada via. Referência: Ocean conservation boosts climate change mitigation and adaptation, Juliette Jacquemont, Robert Blasiak, Chloé Le Cam, Maël Le Gouellec, and Joachim Claudet. One Earth, 21 october 2022. DOI : https://doi.org/10.1016/j.oneear.2022.09.002 in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Mudança climática acidifica o Oceano Ártico e afeta a cadeia alimentar

Nas últimas décadas, a taxa de acidificação do Oceano Ártico foi 3 a 4 vezes mais rápida do que em outros oceanos Síntese: O Ártico está se aquecendo a uma taxa mais rápida do que qualquer região comparável da Terra, com uma consequentemente rápida perda de gelo marinho lá. Qi et ai. descobriram que essa perda de gelo marinho está causando mais absorção de dióxido de carbono atmosférico pelas águas superficiais e levando à rápida acidificação do Oceano Ártico ocidental, a uma taxa três a quatro vezes maior do que a de outras bacias oceânicas. Eles atribuem essa descoberta à adição de água doce impulsionada pelo derretimento e às mudanças resultantes na química da água do mar Da University of Gothenburg* As mudanças climáticas estão causando o derretimento do gelo marinho do Oceano Ártico. Quando o oceano polar perde sua cobertura de gelo marinho, a absorção de dióxido de carbono aumenta, interrompendo a cadeia alimentar na água, de acordo com um estudo publicado na revista Science, em coautoria de pesquisadores da Universidade de Gotemburgo. Ao comparar dados de uma longa lista de expedições ao Ártico, os pesquisadores conseguiram ver como o pH do oceano ao norte do Alasca e da Sibéria diminuiu rapidamente. Nas últimas décadas, a taxa de acidificação do Oceano Ártico foi 3 a 4 vezes mais rápida do que em outros oceanos. Isso ocorre porque mais dióxido de carbono é absorvido pela água do mar quando a superfície está em contato direto com a atmosfera sem uma barreira de gelo. No passado, o gelo marinho impedia que a água do mar perto do Pólo Norte ficasse saturada com dióxido de carbono. “A série temporal de medições de pH feitas no Oceano Ártico é longa. As mais antigas são de uma expedição em 1994, quando o manto de gelo era extenso e espesso, e as medições foram feitas nas ligações entre os blocos de gelo. Na expedição de 2014, o quebra-gelo Oden conseguiu viajar em mar aberto a meio caminho da Sibéria ao Pólo Norte”, diz Leif Anderson, pesquisador de química marinha da Universidade de Gotemburgo e um dos autores do estudo. Acidificação maior em oceanos frios A acidificação medida nos últimos 30 anos corresponde a cerca de 0,1 na escala de pH. Os pesquisadores estimam que o valor do pH diminuirá mais 0,3 na próxima virada do século se os níveis de dióxido de carbono continuarem a subir na atmosfera como estão hoje. O impacto será maior nos oceanos mais frios. A temperatura da água determina quanto dióxido de carbono pode ser dissolvido no oceano. Mais água doce do gelo marinho derretido também resulta em um maior efeito de acidificação pela absorção de dióxido de carbono da atmosfera devido a mudanças na química da água do mar. Fortes correntes no Oceano Pacífico estão levando água rica em nutrientes para os oceanos polares e durante os longos dias de verão no Ártico, uma alta taxa de produção primária de fitoplâncton está ocorrendo em suas águas sem gelo. O fitoplâncton absorve muito dióxido de carbono durante a fotossíntese e, quando a água flui mais para o norte sob o gelo polar, fica subsaturada com dióxido de carbono. Mas agora que a cobertura de gelo marinho é menos extensa durante o verão, a absorção de dióxido de carbono pela água do mar pode continuar e os oceanos estão se tornando mais ácidos. As borboletas do mar podem ser afetadas negativamente Os pesquisadores já conseguiram notar que a acidificação afeta a vida marinha nos oceanos polares. “O fitoplâncton, que absorve dióxido de carbono, está se beneficiando das mudanças climáticas. Para outras espécies, no entanto, as notícias não são tão boas. As borboletas marinhas são uma espécie de caracol marinho predador que possui conchas de aragonita que se formam a partir de íons de cálcio e carbonato. Medimos níveis de saturação de aragonita cada vez mais baixos no oceano em nossas expedições”, diz Leif Anderson. As borboletas marinhas são uma espécie-chave e um alimento básico importante para muitas baleias que normalmente migram para o Oceano Ártico para se alimentar e engordar. Mas agora pode haver menos comida na despensa. A redução da cobertura de gelo marinho é um fator importante para que os oceanos polares se tornem mais ácidos, e outro é o aquecimento da alta tundra do Ártico. Grandes quantidades de carbono orgânico estão sendo liberadas e transportadas para os rios do Ártico, onde se decompõe em dióxido de carbono, entre outras coisas, o que resulta em valores de pH mais baixos. “Todos esses fatores são consequências das mudanças climáticas, e mais águas abertas no Ártico estão amplificando seus efeitos”, diz Leif Anderson. Artigo na Science: Climate change drives rapid decadal acidification in the Arctic Ocean from 1994 to 2020 Henrique Cortez *, tradução e edição. in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Dia da Inovação: Conheça 5 tecnologias que estão salvando o meio ambiente

No dia 19 de outubro, foi comemorado o Dia Nacional da Inovação. A data celebra o conhecimento científico e a criação de soluções que buscam transformar o dia a dia da sociedade. Para um mundo mais sustentável, diversas instituições utilizam da tecnologia, para introduzir ferramentas no mercado, como softwares e aplicativos, com intuito de reduzir o impacto ambiental. Pensando nisso, separamos 5 inovações tecnológicas que estão salvando o meio ambiente. Confira abaixo: 1 – Purificador de água A solução 100% brasileira foi desenvolvida pela startup PWTech, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Escola Politécnica da USP. A tecnologia permite o tratamento de águas contaminadas a um baixo custo, utilizando fontes de energia alternativas. Está sendo utilizado em crises humanitárias como a Guerra da Ucrânia e a seca em Madagascar. 2 – Flores Robóticas Nos últimos anos, as abelhas vêm desaparecendo a uma velocidade sem precedentes, fator que afeta diretamente a biodiversidade e a produção global de alimentos. O artista Michael Candy desenvolveu um método de polinização artificial. O Synthetic Pollenizer é um equipamento com pólen, néctar, pétalas impressas em 3D e um estame, que tem como objetivo providenciar um espaço seguro para as abelhas. 3 – Chaminés não poluentes Segundo estimativas, a poluição da China é responsável por causar cerca de 400 mil mortes prematuras todos os anos. Em 2018, uma enorme chaminé foi erguida na região de Xi’an, com o objetivo de purificar o ar externo, filtrando as partículas nocivas e soprando o ar limpo no céu. 4 – Software para gerenciamento de resíduos A empresa brasileira Vertown, antiga VG Resíduos, criou um software especializado em gestão, compra e venda de resíduos. A solução conecta geradores e tratadores homologados, incentivando destinações limpas e melhorando o gerenciamento de resíduos nas empresas. 5 – Árvores de painéis solares Criada por engenheiros israelenses, a tecnologia conhecida como e-Tree, é capaz de captar a luz solar por meio de receptores instalados em sua estrutura, produzindo energia suficiente para alimentar portas USB, roteadores Wi-Fi e equipamentos de refrigeração de água. #Envolverde

Felino raro em iminente extinção é fotografado nas videiras da Família Salton, na Campanha Gaúcha (RS)

É o sétimo registro do gato-palheiro-pampeano (Leopardus munoai) em vida no mundo e, de acordo com especialista, o fato reflete a qualidade do manejo nos vinhedos da empresa O sétimo registro do gato-palheiro-pampeano (Leopardus munoai) em vida no mundo, foi feito nas videiras da Família Salton – a mais antiga vinícola em atividade no Brasil e líder no mercado nacional de espumantes desde 2005 — em sua unidade da Azienda Domenico, em Santana do Livramento (RS). Considerado uma espécie endêmica do bioma pampa, o gato-palheiro-pampeano é um dos felinos mais ameaçados de extinção em todo o planeta. A informação foi confirmada pelo biólogo e pesquisador do Projeto Felinos do Pampa, Felipe Peters. O registro raro foi possível graças ao Estudo inédito de inventário de Gases de Efeito Estufa o primeiro no setor brasileiro para estabelecer planos e metas para redução de emissões GEEs que a empresa desenvolveu em parceria com a Universidade de Caxias do Sul -UCS. Graças ao estudo, foi possível compreender a caracterização de cada bioma onde a empresa está inserida. A catalogação do bioma, em especial do pampa, incentivou o levantamento pedagógico da fauna endêmica, sempre com o foco em desenvolver um trabalho em plena harmonia com o contexto ambiental. O registro do animal na Azienda Domenico ocorreu no mês de agosto deste ano, pelos fotógrafos de vida selvagem e educadores ambientais, Gustavo Arruda e Gustavo Fonseca. “A ideia era mostrar a exuberância dos animais que vivem no entorno das parreiras e nas áreas de preservação da vinícola. Nós quase não acreditamos quando o avistamos próximo às parreiras, já que é considerado o ‘fantasma dos pampas’. A primeira vez que o vimos, ele estava na quadra das videiras de uvas da variedade Marselan. Foi tudo muito raro e emocionante”, descreve o fotógrafo Gustavo Arruda. O animal fez pelo menos quatro aparições, durante dois dias, no entorno dos vinhedos. “Encontrar o gato-palheiro-pampeano em nosso vinhedo reforça a qualidade do nosso manejo e nossa atuação favorável o meio ambiente e preservação da fauna e da flora na região. Para nós, a sustentabilidade é um trabalho contínuo de manutenção do nosso legado na elaboração de vinhos. Entendemos que a preservação do meio ambiente é fundamental e é a melhor forma de zelar pelo futuro do negócio e pelo futuro do planeta”, destaca Mauricio Salton, CEO da empresa. Registro reflete a excelente conservação do vinhedo e condições para a fauna endêmica Ainda segundo o biólogo Felipe Peters, o fato do animal estar correndo vivo na região e ser aparentemente residente, é sinal de que o manejo realizado na vinícola não está impactando negativamente a população do animal. “Essa foto é extremamente importante porque na maioria dos registros que temos deste animal, ele já está morto. Peters acrescenta que a presença do animal deve ser celebrada dentro de um contexto ainda maior, já que é também um indicativo de que espécies que estão abaixo do gato-palheiro-pampeano – consideradas presas, por exemplo – também estão sendo conservadas naquele espaço. Segundo o especialista, a presença do gato-palheiro-pampeano é um indicativo positivo da presença de fauna e flora nesta região. Ainda de acordo com o biólogo, por enquanto não há uma classificação oficial em relação à extinção dado às recentes descobertas sobre a espécie, mas em 2023 ela deverá entrar na lista do Ministério do Meio Ambiente como criticamente ameaçada de extinção. Outras espécies nos vinhedos da Família Salton Além do gato-palheiro-pampeano, outros animais como perdiz, perdigão, veado-campeiro, graxaim-do-campo, tatu-galinha, gavião-cri-cri e demais espécies típicas do campo foram vistas em meio às videiras da Azienda Domenico, em um importante demonstrativo de cuidado e preservação ambiental. “Logo percebemos que a manutenção dos campos nativos em torno das uvas e o manejo, como vem sendo feito, faz com que o animal possa viver ali tranquilo, confiando na camuflagem e sem medo de estar neste ambiente”, destaca Gustavo Arruda. Família Salton e Práticas de Sustentabilidade A sustentabilidade é uma preocupação frequente para a Salton, que desenvolve diversas ações com esse foco, entre elas: Manejo inovador: Cartilha “Amostragem e recomendação de adubação para vinhedos da Campanha Gaúcha” – o primeiro guia oficial desta temática e teve como base um estudo conduzido por professores, pesquisadores e estudantes da UFSM ligados ao Departamento de Solos e ao Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo. Estes experimentos sobre adubação de solo provavelmente estão entre os de maior duração em território brasileiro, além de serem os primeiros dedicados à região da Campanha Gaúcha. Na prática, o estudo trouxe ganhos relevantes em eficiência, produtividade e qualidade, agregando melhores práticas de manejo do vinhedo e correções em processos que tornam o manejo mais sustentável. O estudo que originou a cartilha durou quase dez anos e ela foi compartilhada com produtores de uva da região. Equilíbrio entre o bioma e o uso da terra — projeto que uniu pesquisa e ciência, demonstrando uma redução em 99% no uso de herbicidas na última safra com técnicas naturais de controles de pragas, desenvolvida graças à parceria com a UFSM, o que também reduz o impacto sobre a fauna e a flora locais. Nesse projeto, descobriu-se que o ciclo do Azevém (um tipo de gramínea) coincide com o ciclo vegetativo da videira, suprimindo o desenvolvimento das plantas daninhas, agindo como um herbicida natural. Sem prejudicar o equilíbrio natural do ecossistema. Gestão de recursos naturais: Irrigação — em Santana do Livramento, 100% das áreas de vinhedos próprios possuem sistema de irrigação por gotejamento, que evita o desperdício, fornecendo a quantidade necessária de água para as plantas. A água é proveniente de barragens que captam a água das chuvas. Frotas — troca gradual de combustível fóssil utilizado na frota da empresa e empilhadeiras movidas à combustão fóssil por elétricas. Menos vidro — redução gradual no consumo de vidro em garrafas ao trabalhar com material aliviado, projeto desenvolvido em parcerias com fornecedores. Essa alteração diminui o peso no transporte e reduz a quantidade de emissões de gases de efeito estufa durante a produção da garrafa. Tecnologia para produção de vinho com ciência de dados — em 2020 a Salton iniciou o desenvolvimento de um banco de dados para acompanhar de forma analítica as influências de ano e safra, com variáveis físico-químicas das variedades de uvas nas regiões produtora da Serra Gaúcha e Campanha Gaúcha. Em alguns anos as análises proporcionarão respostas para hipóteses que hoje são conhecidas de forma empíricas no Brasil. Os dados já começaram a proporcionar orientações comparativas entre safras e conhecimentos sobre adaptabilidade das variedades de uvas aos ambientes. Sobre a Família Salton A Salton é a marca número 1 de espumantes no Brasil (Wine Intelligence, 2022), liderando a categoria no mercado nacional desde 2005 (Nielsen). É reconhecida ainda como a maior produtora de espumantes do país (Adega Ideal, 2022). Foi a primeira marca nacional a conquistar o Top 1 de vinhos no Brasil (Wine Intelligence, 2019), além de ser a marca de espumante brasileiro mais consumida e a 5º mais importada pelos Estados Unidos (Ideal Consulting, 2020). Apreciados em cerca de 30 países, seus rótulos acumulam mais de 130 premiações nacionais e internacionais, conquistadas nos três últimos anos. Com 112 anos, é a vinícola mais antiga em atividade no Brasil. Referência em sustentabilidade, a companhia possui um Núcleo de Inovação, Pesquisa & Desenvolvimento que, em parceria com universidades, projeta soluções do campo à indústria, garantindo as melhores práticas e incentivando o desenvolvimento de toda a cadeia vitivinícola do Brasil. Suas operações são divididas em quatro unidades de negócio: a Vinícola Salton, em Bento Gonçalves-RS; a Azienda Domenico, em Santana do Livramento-RS; a Enoteca Família Salton, em São Paulo-SP; e o Complexo Presidente, em Jarinu-SP. #Envolverde

Diabetes na infância: dicas para preparar a lancheira escolar

Desde cedo o ambiente social estimula o consumo de guloseimas e alimentos com gordura saturada e calorias, o que muitas vezes pode causar problemas de obesidade ou até mesmo ocasionar doenças mais sérias. Na fase escolar um dos principais desafios é manter uma alimentação equilibrada privilegiando um cardápio rico em nutrientes para os filhos. No caso das crianças com diabetes, a atenção da família deve ser redobrada. É importante que haja sempre uma relação da insulina com o consumo de carboidratos que venha ocorrer. “Se a guloseima tem carboidrato, é preciso ter uma cobertura proveniente de insulina para que aquele carboidrato não promova uma hiperglicemia. O consumo de guloseimas deve ser exceção e não regra”, explica Dra. Maristela Strufaldi, nutricionista do Instituto Correndo pelo Diabetes (ICPD). Mas como fazer uma lancheira escolar de uma criança com diabetes? O lanche deve ser saudável, composto de fontes de carboidrato de lenta absorção, com fibras, uma fonte de proteína que pode ser proveniente de lácteos. O líquido não deve ser açucarado. A fruta sempre será uma opção melhor que o suco. Preferir água, chá gelado, mas sem adição de açúcar. ● É recomendável estimular o consumo de alimentos energéticos, tais como pães, cereais, biscoitos. Neste caso, os integrais são mais interessantes porque a fibra tem um papel de atenuar a velocidade de absorção do carboidrato. ● Importante introduzir, diariamente, alimentos do grupo construtor (fonte de proteína), a exemplo de queijos, leite, iogurtes, patê de atum, patê de frango, grão de bico e alguma fonte de alimento regulador (frutas, verduras e legumes), como o palitinho de cenoura, pepino e fruta. Vale lembrar que cada cardápio é personalizado, pois depende do horário do lanche da criança e da quantidade de insulina a ser aplicada para aquela quantidade de carboidrato que será consumida – o que configura a contagem de carboidratos. Mas como isso é feito? Contagem de carboidratos é uma ferramenta nutricional altamente benéfica e que contribui para o controle da glicemia e proporciona uma melhor flexibilidade alimentar. Consiste no ajuste da administração da insulina (de rápida absorção) para a quantidade de carboidrato que está sendo consumida. Para 15 gramas de carboidrato consumido uma pessoa precisa de uma unidade de insulina rápida ou ultrarrápida para fazer cobertura para o carboidrato ingerido. É importante que exista uma conduta multidisciplinar com acompanhamento de um médico e de um nutricionista para manter a coerência e o aprendizado em relação aos alimentos e administração de insulina. Para evitar crises de hiperglicemia é preciso seguir as orientações médicas e fazer o monitoramento de insulina mediante ao alimento ingerido. Crianças com diabetes devem evitar ficar muito tempo sem se alimentar (jejum prolongado) e manter um fracionamento alimentar para prevenção da doença. A atividade física deve ser planejada com alimentação, insulinoterapia e mediante treino adequado e coerente a idade da criança. “Importante executar o autocuidado e os pilares do tratamento do diabetes como ajuste da alimentação, exercícios físicos, monitorização e o esquema medicamentoso”, orienta Dra. Maristela. Sobre o Instituto Correndo pelo Diabetes O Instituto Correndo pelo Diabetes (CPD) é uma organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover a saúde integral e qualidade de vida das pessoas com diabetes e outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), por meio do exercício físico, inclusão e garantia de direitos. #Envolverde

Brasil pode reduzir emissão de metano em 36% até 2030

Cálculo inédito apresentado pelo Observatório do Clima mostra que país pode superar ambição da meta global com tecnologia disponível. O Brasil pode reduzir suas emissões de metano em 36% até 2030 em relação aos níveis de 2020 apenas ampliando políticas e medidas já existentes na agropecuária, no setor de energia, no saneamento e no controle do desmatamento. A conclusão é de um cálculo inédito apresentado nesta segunda-feira (17/10) pelo Observatório do Clima. Num novo relatório do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), a rede aponta que o Brasil tem condições de adotar para si uma meta de corte de metano maior do que os 30% propostos para 2030 pelo Compromisso Global do Metano, um acordo voluntário assinado em 2021 em Glasgow por cerca de 120 países. Mas o potencial brasileiro é ainda maior: no longo prazo, com políticas mais profundas e maior investimento, o país pode reduzir as emissões desse potente gás de efeito estufa em até 75%. O metano (CH4) é o segundo maior responsável pelo aquecimento global. Cada molécula desse gás esquenta o planeta 28 vezes mais do que uma molécula de dióxido de carbono (CO2) num prazo de cem anos. Em 20 anos, tal potencial de aquecimento é ainda maior: 80 vezes. Quase metade do aumento de temperatura global observado hoje se deve às emissões de CH4. Apesar de mais perigoso, o metano é produzido em quantidades muito menores do que o gás carbônico: a humanidade emitiu 52 bilhões de toneladas de CO2 em 2020, contra 364 milhões de toneladas de metano. O CH4 também dura bem menos na atmosfera — menos de 20 anos, contra mais de 100 anos do CO2. Essa meia-vida mais curta torna o metano um bom alvo para estratégias de combate a emissões que permitam à humanidade ganhar tempo para frear o aquecimento global agora e se livrar gradualmente dos combustíveis fósseis. Isso ajudaria a manter viva a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5oC neste século. O Brasil é o quinto maior emissor mundial de metano, com 5,5% das emissões globais, ou 20,2 milhões de toneladas em 2020, segundo estimativa do SEEG (valor que vai a 21,7 milhões de toneladas se contabilizadas emissões que hoje não são incluídas no inventário oficial brasileiro). Desse total, 72% vêm da agropecuária, em particular as emissões da fermentação entérica do rebanho bovino — o proverbial “arroto do boi”. Apenas as eructações do gado de corte respondem por mais de metade (11,5 milhões de toneladas) do metano lançado na atmosfera pelo Brasil. Num distante segundo lugar está o setor de resíduos, com 3,17 milhões de toneladas, ou 16% do total nacional. A maior parte dessas emissões deriva da disposição final de lixo e do esgoto doméstico e industrial. Em seguida vem a queima de biomassa associada ao desmatamento, principalmente na Amazônia. A fumaça da queima das árvores que tombam para dar lugar a pastos e lavouras responde por 9% das emissões brasileiras, ou 2,7 milhões de toneladas de metano anualmente. Os setores de energia e processos industriais respondem juntos por 3% das emissões brasileiras (616 mil toneladas por ano). O relatório do SEEG estima que, se fossem mantidas as políticas atuais de controle de emissões de metano, o país chegaria a 2030 emitindo 7% a mais do que em 2020. A aplicação de uma série de políticas e medidas em todos os setores, porém, permitiria reduzir as emissões até 2030 para 13,75 milhões de toneladas, ou 36,5% de corte — meta proposta pelo OC ao Brasil. Entre as medidas para alcançar esse objetivo estão zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade, algo com que o governo brasileiro já havia se comprometido, a erradicação dos lixões, a eliminação gradual da deposição em aterros sanitários e o aproveitamento de 50% do biogás nos aterros. No setor de agropecuária, as práticas mapeadas são o manejo dos dejetos animais, a eliminação da queima da palha da cana — já uma realidade no Estado de São Paulo, maior produtor nacional —, o melhoramento genético do rebanho bovino e a chamada terminação intensiva, como é conhecido o abate precoce com engorda acelerada dos animais. “O que chama atenção nas políticas e medidas mapeadas nesse estudo é que todas elas trazem ganho econômico. São iniciativas que o poder público ou os produtores rurais, no caso da agropecuária, já deveriam estar fazendo em grande escala, porque se trata de práticas já conhecidas e utilizadas”, afirma Tasso Azevedo, coordenador técnico do SEEG. “Agora temos, pela primeira vez, um mapa do caminho para a aplicação dessas práticas e mostramos que o Brasil pode ser ainda mais ambicioso do que o compromisso global e ganhar dinheiro com isso.” “Sabemos que a agropecuária detém a maior parte das emissões de metano do Brasil, mas também sabemos que o país já possui várias tecnologias que podem colaborar com a alteração desse cenário. Com este relatório, evidenciamos o quanto cada uma delas, se aplicadas de forma eficiente e sustentável, podem impactar positivamente e reduzir as emissões vistas hoje e futuramente no meio ambiente de maneira geral”, explica Renata Potenza, coordenadora de projetos em Clima e Emissões do Imaflora. “O acesso e a universalização do saneamento básico são primordiais para o setor de resíduos, devendo ser pensados juntamente com as estratégias de mitigação das emissões de metano. A maior parte dessas tecnologias já esta disponível para utilização e possuem baixo ou médio custo de implementação. O CH4 tem um alto potencial energético, que pode ser aproveitado para geração de energia, por exemplo. É uma situação de ganha-ganha”, observa Kaccny Carvalho, analista de Baixo Carbono e Resiliência do ICLEI. “Muitos brasileiros ainda sofrem com a falta de acesso a energia limpa para cozinhar, dependendo de coletar lenha e gerando poluição do ar dentro de suas casas. A substituição do uso de lenha por fogões a gás, ou melhor ainda, elétricos, pode reduzir a maior parte das emissões de metano relacionadas ao uso de energia, enquanto promove um grande salto de qualidade de vida dessas pessoas em condições de vulnerabilidade”, afirma David Tsai, gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente. “A maior parte das emissões de uso da terra vêm de queimadas associadas ao desmatamento, em especial na Amazônia. Elas fazem mal ao clima e à saúde, e o país só perde com elas. Este estudo fornece ainda mais um motivo para zerarmos o desmatamento o quanto antes: além de ajudar o clima no longo prazo, reduzindo emissões de CO2, isso ainda ajuda a estabilizar a temperatura no curto prazo, com o corte nas emissões de metano”, salienta Bárbara Zimbres, pesquisadora do Ipam. Sobre o Observatório do Clima — Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com 77 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil. #Envolverde