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quinta-feira, 30 de novembro de 2017


Resumo diário de notícias selecionadas
dos principais jornais, revistas, sites especializados e blogs,
além de informações e análises direto do ISA


HOJE:
Amianto, Desigualdade Social, Energia, Estradas, Mudanças Climáticas, Povos Indígenas, UCs
Ano 17
30/11/2017


Povos Indígenas



Índios ticuna criam milícia uniformizada no AM

Em Tabatinga (AM), índios ticuna decidiram organizar sua própria força de segurança em razão do vácuo de autoridades. A preocupação é com a violência entre jovens e a entrada de álcool e drogas em suas terras. Cerca de 40 homens e mulheres ticuna patrulham a região. Parecem uma força policial, mas são voluntários. A Polícia Militar (PM) diz não ter recursos para manter patrulhamento na área. Também alega que, por serem terras demarcadas, o trabalho deveria ser feito pela Polícia Federal. O Ministério Público Federal entrou com ação contra o Estado do Amazonas e a União em 2015, instando-os a resolver a questão. Uma liminar, que não tem sido cumprida, determinou a presença da PM na região - FSP, 30/11, Poder, p.A8.

 


Estradas



Concessionárias querem adiar obras de duplicação

As concessionárias de rodovias federais vão pedir ao governo o adiamento, para 2028, da conclusão das obras de duplicação que estavam previstas para serem entregues em 2019. As empresas querem aproveitar uma brecha legal criada pelo próprio governo para negociar um novo cronograma - OESP, 30/11, Economia, p.B4.

BR-163 tem negociação adiantada com o governo para adiar duplicação

A concessionária mais adiantada na renegociação de prazo para realização de investimentos é a Rota do Oeste, que administra um trecho de 850,9 km da BR-163 em Mato Grosso. O contrato prevê a duplicação dos 453 km de pista simples da via. Até o momento, a empresa entregou 117 km. E, segundo informou, pretende diluir o restante do investimento ao longo de 14 anos - OESP, 30/11, Economia, p.B4.

 


Geral



Mais de 120 organizações dizem não à MP do trilhão

Sociedade civil protesta na Câmara contra proposta do governo de dar subsídio para multinacionais do petróleo fazerem a queima de estoque do pré-sal e botarem economia do país e futuro climático da humanidade em risco; Maia promete votar texto “de qualquer jeito” - Observatório do Clima, 30/11.

STF proíbe uso de amianto no Brasil

Por 7 votos a 2, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) proibiram ontem a produção, a comercialização e o uso do amianto no Brasil. O componente é usado para produzir telhas e caixa d'água. O amianto oferece risco à saúde e ao ambiente - FSP, 30/11, Mercado, p.A28.

1 % mais rico ganha 36 vezes mais que 50% mais pobres

No Brasil, o ganho médio do 1% mais rico equivale a 36 vezes o que ganha a metade mais pobre da população; a renda no Sudeste é 80% maior que a do Nordeste; milhares de crianças ainda são obrigadas a trabalhar. Os dados, divulgados ontem pelo IBGE, não deixam dúvida: a desigualdade segue uma batalha a ser vencida no país. E, para especialistas no tema, a partir da análise de uma série de indicadores, ela provavelmente se aprofundou no ano passado - Valor Econômico, 30/11, Especial, p.A14; OESP, 30/11, Economia, p.B9; O Globo, 30/11, Eonomia, p.25.

 

A comunidade científica considera novas abordagens para a combater a desinformação climática

American Institute of Biological Sciences*
Apesar do esmagador acordo científico sobre a questão do aquecimento global causado pelo homem, existe um grande fosso entre esse consenso e a compreensão pública da questão. Escrevendo na BioScience , Jeffrey A. Harvey, do Instituto Holandês de Ecologia, e seus colegas examinam as causas da diferença de consenso, com foco nos blogs da Internet negacionistas e as formas como eles usam tópicos como a extensão do gelo do mar ártico e polar para fomentar erros de compreensão sobre mudanças climáticas entre o público.

Gráfico de torta que mostra a porcentagem de 45 blogs baseados em ciência e 45 negacionistas que expressam opiniões sobre os efeitos do aquecimento global antropogênico sobre a extensão do gelo no Ártico e, por sua vez, sobre os ursos polares. "Declarações" refere-se ao número acumulado de sucessos para cada uma das três declarações sobre a extensão do gelo no Ártico e o estado do urso polar para os blogs incluídos neste estudo. Os blogs foram codificados por cores usando uma análise de cluster (distâncias de Manhattan e agrupamento de Ward) que renderam dois grandes clusters.
Gráfico de torta que mostra a porcentagem de 45 blogs baseados em ciência e 45 negacionistas que expressam opiniões sobre os efeitos do aquecimento global antropogênico sobre a extensão do gelo no Ártico e, por sua vez, sobre os ursos polares. “Declarações” refere-se ao número acumulado de sucessos para cada uma das três declarações sobre a extensão do gelo no Ártico e o estado do urso polar para os blogs incluídos neste estudo. Os blogs foram codificados por cores usando uma análise de cluster (distâncias de Manhattan e agrupamento de Ward) que renderam dois grandes clusters.

Harvey e seus colegas realizaram uma análise de 45 blogs negacionistas do clima, observando que 80% dependiam principalmente de um único blog negacionista para a sua evidência, que tinha um único autor que “não conduziu nenhuma pesquisa original nem publicou artigos no país”. Esta escassez de conhecimentos e evidências é comum entre esses blogs, dizem os autores, assim como os ataques pessoais contra pesquisadores e as tentativas de desconsiderar a extensão da incerteza científica sobre questões cruciais. Tais ataques são projetados para gerar “dominós dominantes”, dizem os autores, que os negadores podem então usar como proxies para a ciência climática como um todo. “Ao aparecer para bater o dominó dominante, o público visado pela comunicação pode assumir que todos os outros dominós são derrubados em consequência dele’
Essa desinformação coloca um problema particular, porque “entre os usuários, a confiança em blogs foi reportada como maior outras fontes tradicionais de informações ou informações”. Para contrariar os efeitos perniciosos dos blogs, os autores argumentam que os cientistas devem agora envolver-se na “guerra das trincheiras” do debate público: “Acreditamos firmemente que os cientistas têm uma obrigação profissional e moral não só para informar o público sobre os achados e implicações de sua pesquisa, mas também para combater a desinformação “.
Esta luta, a cautela dos autores, pode exigir uma adaptação das táticas: “Muitos cientistas acreditam erroneamente que os debates com negadores sobre as causas e consequências das mudanças climáticas são puramente orientados para a ciência, quando, na realidade, a situação com negadores é provavelmente mais parecida com uma rua luta.”
Para este fim, os autores fecham com um apelo à ação: “Os cientistas precisam usar de forma mais eficaz as mídias sociais baseadas na Internet para sua plena vantagem, a fim de transformar a maré na batalha pela opinião pública”. Ao levar a luta para blogs, YouTube e outras mídias sociais, dizem os autores, os próprios cientistas podem fechar a lacuna de consenso, um esforço que encorajam urgentemente. Além disso, argumentam que uma incapacidade de influenciar as atitudes do público pode criar problemas agudos para numerosos ecossistemas; na ausência de mitigação de gases de efeito estufa, “o prognóstico para os ursos polares e outras biotas do Ártico … é sombrio”.

Referência:
Internet Blogs, Polar Bears, and Climate-Change Denial by Proxy
Jeffrey A. Harvey Daphne van den Berg Jacintha Ellers Remko Kampen Thomas W. Crowther Peter Roessingh Bart Verheggen Rascha J. M. Nuijten Eric Post Stephan Lewandowsky Ian Stirling Meena Balgopal Steven C. Amstrup Michael E. Mann
BioScience, bix133, https://doi.org/10.1093/biosci/bix133

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/11/2017

Supremo proíbe a extração, industrialização e comercialização do amianto em todo o país

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem (29) proibir uso do amianto do tipo crisotila, material usado na fabricação de telhas e caixas d’água. A decisão dos ministros foi tomada para resolver problemas que surgiram após a decisão da Corte que declarou a inconstitucionalidade de um artigo da Lei Federal 9.055/1995, que permitiu o uso controlado do material.
Com a decisão, tomada por 7 votos a 2, não poderá ocorrer a extração, a industrialização e a comercialização do produto em nenhum estado do país. Durante o julgamento não foi discutido como a decisão será cumprida pelas mineradoras, apesar do pedido feito por um dos advogados do caso, que solicitou a concessão de prazo para efetivar a demissão de trabalhadores do setor e suspensão da comercialização.
Em agosto, ao começar a julgar o caso, cinco ministros votaram pela derrubada da lei nacional, porém, seriam necessários seis votos para que a norma fosse considerada inconstitucional. Dessa forma, o resultado do julgamento provocou um vácuo jurídico e o uso do amianto ficaria proibido nos estados onde a substância já foi vetada, como em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mas permitida onde não há lei específica sobre o caso, como em Goiás, por exemplo, onde está localizada uma das principais minas de amianto, em Minaçu.
As ações julgadas pela Corte foram propostas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) há dez anos ao Supremo e pedem a manutenção do uso do material. A confederação sustenta que o município de São Paulo não poderia legislar sobre a proibição do amianto por tratar-se de matéria de competência privativa da União. Segundo a defesa da entidade, os trabalhadores não têm contato com o pó do amianto.
De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e outras entidades que defendem o banimento do amianto, apesar dos benefícios da substância para a economia nacional – geração de empregos, exportação, barateamento de materiais de construção -, estudos comprovam que a substância é cancerígena e causa danos ao meio ambiente.
Por André Richter, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/11/2017


EcoDebate - Edição 2.881 de 30 / novembro / 2017

Desejamos a todos(as) um bom dia e uma boa leitura
Percepção ambiental da agroecologia, artigo de Roberto Naime
Os Resíduos Sólidos na Região Nordeste do Brasil em 2016, artigo de Antonio Silvio Hendges
A luta pela terra deixa nua a violência do poder, por frei Gilvander Moreira
A comunidade científica considera novas abordagens para a combater a desinformação climática
Supremo proíbe a extração, industrialização e comercialização do amianto em todo o país
Desigualdade: Em 2016, os 10% com maiores rendimentos concentravam 43,4% de toda a renda recebida no Brasil
Brasil tem 1,8 milhão de crianças e adolescentes trabalhando, 30 mil delas têm de 5 a 9 anos de idade

Compreendemos desenvolvimento sustentável como sendo socialmente justo, economicamente inclusivo e ambientalmente responsável. Se não for assim não é sustentável. Aliás, também não é desenvolvimento. É apenas um processo exploratório, irresponsável e ganancioso, que atende a uma minoria poderosa, rica e politicamente influente.” [Cortez, Henrique, 2005]