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segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Entenda os principais vetores da perda global de biodiversidade

A atividade humana está levando 1 milhão de espécies de plantas e animais à extinção, mas mais da metade do Produto Interno Bruto, PIB, mundial depende da natureza. Neste guia, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, analisou os cinco principais impulsionadores da perda da natureza, identificados pelo recente Relatório de Avaliação Global da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, Ipbes. Recomendações consideram forma de cultivo e consumo de alimentos e restauro de terras degradadas; prática ajudaria a proteger florestas e pântanos Mudanças no uso da terra e do mar O maior fator de perda da biodiversidade é como as pessoas usam a Terra e o mar. Isso inclui a conversão de coberturas de terra, como florestas, pântanos e outros habitats naturais para usos agrícolas e urbanos. Desde 1990, cerca de 420 milhões de hectares de floresta foram perdidos devido à conversão para outros usos da terra. A expansão agrícola continua a ser o principal fator de desmatamento, degradação florestal e perda de biodiversidade florestal. O sistema alimentar global é o principal impulsionador da perda de biodiversidade, com a agricultura sozinha sendo a ameaça identificada de mais de 85% das 28 mil espécies em risco de extinção. A colheita de materiais como minerais do fundo do oceano e a construção de vilas e cidades também impactam o ambiente natural e a biodiversidade. Reconsiderar a forma como as pessoas cultivam e consomem alimentos é uma forma de reduzir a pressão sobre os ecossistemas. Terras agrícolas degradadas e em desuso podem ser ideais para restauração e a ajudar a proteger e restaurar ecossistemas críticos, como florestas e pântanos. A restauração de habitats naturais pode ajudar a enfrentar as crises climáticas e de biodiversidade. Cifor/Terry Sunderland A restauração de habitats naturais pode ajudar a enfrentar as crises climáticas e de biodiversidade. Alterações Climáticas Desde 1980, as emissões de gases de efeito estufa dobraram, elevando as temperaturas médias globais em pelo menos 0.7º C. O aquecimento global já está afetando espécies e ecossistemas em todo o mundo, particularmente os ecossistemas mais vulneráveis, como recifes de corais, montanhas e ecossistemas polares. Há indícios de que os aumentos de temperatura, induzidos pelas mudanças climáticas, podem ameaçar até uma em cada seis espécies em nível global. Ecossistemas como florestas e pântanos representam estoques de carbono globalmente significativos. Sua conservação, restauração e sustentabilidade são fundamentais para atingir as metas do Acordo de Paris. Ao trabalhar com a natureza, as emissões podem ser reduzidas em até 11,7 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente por ano até 2030, mais de 40% do que é necessário para limitar o aquecimento global. Poluição A poluição, inclusive de produtos químicos e resíduos, é um dos principais impulsionadores da biodiversidade e da mudança do ecossistema, com efeitos diretos especialmente arrasadores nos habitats marinhos e de água doce. As populações de plantas e insetos estão diminuindo como resultado do uso persistente de inseticidas não seletivos altamente perigosos. A poluição plástica marinha aumentou 10 vezes desde 1980, afetando pelo menos 267 espécies animais, incluindo 86% das tartarugas marinhas, 44% das aves marinhas e 43% dos mamíferos marinhos. A poluição do ar e do solo também está aumentando. Globalmente, a deposição de nitrogênio na atmosfera é uma das ameaças mais sérias à integridade da biodiversidade global. Quando o nitrogênio é depositado em ecossistemas terrestres, pode ocorrer uma cascata de efeitos, muitas vezes resultando em declínios gerais da biodiversidade. Reduzir a poluição do ar e da água e gerenciar com segurança produtos químicos e resíduos é crucial para enfrentar a crise da natureza. Exploração direta dos recursos naturais O recente relatório do Ipbes sobre o uso sustentável de espécies selvagens revela que o uso insustentável de plantas e animais não ameaça somente a sobrevivência de 1 milhão de espécies em todo o mundo, mas também os meios de subsistência de bilhões de pessoas que dependem de espécies selvagens para alimentação, combustível e renda. Segundo os cientistas, interromper e reverter a degradação de terras e oceanos pode evitar a perda de 1 milhão de espécies ameaçadas de extinção. Além disso, restaurar apenas 15% dos ecossistemas em áreas prioritárias melhorará os habitats, reduzindo assim as extinções em 60% ao melhorar os habitats. Espera-se que as negociações na COP15 se concentrem na proteção de plantas, animais e micróbios cujo material genético é a base para medicamentos e outros produtos que salvam vidas. Essa questão é conhecida como acesso e repartição de benefícios regida por um acordo internacional – o Protocolo de Nagoya. Os delegados da COP15 analisam como comunidades marginalizadas, incluindo povos indígenas, podem se beneficiar de uma economia de subsistência – um sistema baseado no fornecimento e regulação de serviços de ecossistemas para necessidades básicas. Por meio de sua conexão espiritual com a terra, os indígenas desempenham um papel vital de proteção como guardiões da biodiversidade. Espécies invasivas Espécies exóticas invasoras, EEI, são animais, plantas, fungos e microorganismos que entraram e se estabeleceram no ambiente fora de seu habitat natural. Elas têm impactos devastadores na vida vegetal e animal nativa, causando o declínio ou até a extinção de espécies nativas e afetando negativamente os ecossistemas. A economia global, com o aumento do transporte de mercadorias e viagens, facilitou a introdução de espécies exóticas em longas distâncias e além das fronteiras naturais. Os efeitos negativos dessas espécies sobre a biodiversidade podem ser intensificados pelas mudanças climáticas, destruição do habitat e poluição. As EEI contribuíram para quase 40% de todas as extinções de animais desde o século 17, onde a causa é conhecida. Enquanto isso, as perdas ambientais causadas por pragas introduzidas em países como Austrália, Brasil, Índia, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos são estimadas em mais de US$ 100 bilhões por ano. As espécies exóticas invasoras são uma questão global que requer cooperação e ação internacional. Prevenir o movimento internacional dessas espécies e a detecção rápida nas fronteiras é menos custoso do que o controle e a erradicação. Da ONU News, in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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