25 de setembro de 2015
(da Redação da ANDA)
As florestas ricas em biodiversidade do Gana deveriam estar cheias de cantos de dezenas de espécies de aves nativas. Em vez disso, o único som que se ouve durante a noite é tiros.
“Você se sente como se estivesse em uma zona de guerra”, afirmou Nicole Arcilla, uma pesquisadora da Universidade de Drexel, que passou semanas estudando aves nas florestas do Gana. Os tiros, segundo ela, não são destinadas a pessoas. “Não são os seres humanos contra os seres humanos”, disse ela. “São humanos contra todas as outras vidas.”
De acordo com o Take Part, os caçadores e o desmatamento ilegal têm afetado terrivelmente a vida selvagem do Gana. Estudos têm mostrado uma forte queda no número de mamíferos do país. Agora, um novo estudo realizado por Arcilla e outros pesquisadores descobriu que a situação também é ruim para as aves do Gana. De acordo com a pesquisa, o número de aves florestais diminuiu em mais de 50 por cento desde 1995. O número de espécies também caiu.
Durante esse mesmo período, o nível de exploração de madeira legal e ilegal aumentou 600 por cento.
“A exploração é tão intensa que é, literalmente, um desmatamento”, disse Arcilla. “Dentro de uma geração, não restará mais nada. Será uma tragédia terrível, se deixarmos isso acontecer.”
No Gana, a equipe conseguiu observar 46 espécies de aves florestais, em comparação com as 71 espécies que o pesquisador Lars Holbech da Universidade de Gana encontrou durante um estudo em 1995. A quantidade de aves de cada espécie também diminuiu, em alguns casos houve uma redução de até 90 por cento.
Embora eles soubesse que o desmatamento era uma ameaça, os pesquisadores não estavam preparados esse impacto tão grande na população de aves do Gana. “Foi de cair o queixo”, disse Arcilla.
De acordo com pesquisas anteriores, 80 por cento do desmatamento do Gana é ilegal. Isso não só destrói diretamente habitats dos pássaros, mas também cria estradas que facilitam a entrada de caçadores em áreas anteriormente inóspitas e ajuda a alimentar o comércio de carne de animais selvagens.
“Em todos os lugares que visitamos, havia armadilhas feitas arame, que são proibidas no Gana”, afirmou Arcilla. “Mesmo uma aplicação baixa da lei poderia mudar isso, mas não há nenhuma.”
Entretanto, a pesquisa de Arcilla revelou algumas notícias boas. Mesmo com a queda na população de aves, as florestas ainda têm muitas das espécies. “Se nós deixarmos, elas podem se recuperar”, disse a pesquisadora. Para os estudiosos, medidas urgentes devem ser tomadas para proteger as florestas do Gana e as espécies que ainda vivem lá. Ações sugeridas incluem patrulhas florestais e bloqueios de estradas para impedir novas invasões.
“Estes problemas podem ser resolvidos”, enfatizou Arcilla.
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