Os Estados Unidos apresentaram nesta quarta-feira (12) às Nações Unidas alguns pontos que acredita serem necessários para a criação de um acordo climático global em 2015, a entrar em vigor em 2020.
O documento entregue pelos EUA afirma que o futuro acordo não deve utilizar a “abordagem bifurcada” do Protocolo de Quioto. O texto se refere ao fato de que o protocolo de 1997 estabeleceu diferentes metas para países desenvolvidos e nações em desenvolvimento.
“Não apoiaremos uma abordagem bifurcada para o novo acordo, particularmente uma baseada em uma separação que teria sentido em 1992, mas que claramente não é racional ou viável na era pós-2020”, diz.
Basicamente, o que os Estados Unidos querem é que economias emergentes, como a China, a Índia, o Brasil e a África do Sul, que contribuem consideravelmente para as emissões mundiais de gases do efeito estufa (GEEs), passem a ter que reduzir suas emissões obrigatoriamente, ao contrário do que exigia Quioto.
O país também pede que o novo tratado seja mais flexível do que o anterior, e que as alterações não exijam consenso para serem aprovadas, o que, no passado, atrapalhou muitas vezes as negociações climáticas, se tornando um obstáculo na tomada de decisões.
Com relação à mitigação, os EUA propõem que cada signatário do novo acordo mantenha uma espécie de inventário que reflita sua contribuição aos esforços globais para limitar e/ou reduzir as emissões de GEEs, e acompanhe seu inventário com informações específicas e claras que ajudem a garantir sua compreensão.
As nações deveriam ainda ser obrigadas a reportar periodicamente seu progresso na implementação do seu inventário a fim de estimular metas mais ambiciosas de redução das emissões, declararam os EUA. O acordo também deveria possibilitar revisões dos inventários em qualquer momento.
Para os norte-americanos, as ações de adapatção devem ser realizadas principalmente em nível local, variando de lugar para lugar conforme as necessidades. O novo acordo deve prever a adaptação no processo de planejamento e desenvolvimento nacional a fim de fortalecer a resiliência aos impactos climáticos imediatos e de médio e longo prazos.
Também devem ser realizadas análises dos impactos e da vulnerabilidade às mudanças climáticas, bem como o monitoramento, reporte, avaliação e aprendizado de planos, políticas e programas de adaptação.
Por fim, no quesito financiamento, os EUA sugerem que deve haver um amplo apoio de setor público, embora mais atenção deva ser dada a fontes privadas de financiamento, incluindo formas nas quais políticas e recursos públicos possam ajudar a mobilizar tal financiamento. Além disso, mais atenção deve ser dada à criação de ambientes propícios em países emergentes que se beneficiem de estratégias climáticas, com passos para atrair investimentos.
A entrega do documento tem especial importância, pois os EUA foram o primeiro país a apresentar suas considerações sobre o futuro pacto, o que deve influenciar outras nações a anunciarem seus pontos de vista sobre o tratado. Muitas delas devem fazer isso até setembro, quando haverá uma conferência climática em Nova York liderada por Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU.
Especialistas afirmam que o texto dos Estados Unidos está de acordo com a estratégia do presidente norte-americano Barack Obama de chegar a uma meta nacional de reduzir as emissões de GEEs em 17% até 2020 com relação aos níveis de 2005. De acordo com a publicação Climatewire, o país também já está criando uma estratégia para definir metas para depois de 2020.
Nesta semana, Obama e o presidente francês François Hollande prometeram trabalhar juntos para garantir o sucesso nas negociações climáticas de Paris, prazo para o pacto global ser firmado.
“A única forma que faremos isso é se países como os Estados Unidos e a França puderem com o tempo chegar a uma posição comum, e também incluírem países como a China e a Índia”, observou um representante administrativo do governo norte-americano à Reuters.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)
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