Temperaturas máximas recordistas no Brasil, secas e nevascas intensas no Hemisfério Norte atestam que mundo perde tempo precioso para mitigar efeitos do aquecimento
No dia 31 de janeiro, das 10 estações meteorológicas que indicavam as maiores temperaturas do mundo, seis estavam no Rio e outras três no Brasil. A campeã mundial foi Joinville, em Santa Catarina, onde a sensação térmica chegou a 52 graus. O Rio ficou em segundo, com 51. A única fora do Brasil foi El Vigia, na Venezuela. O ranking é do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTec), com base em informações de 4.232 estações acessadas pelo Inpe. Os que moram no Rio sentem isto na pele, agravado pela longa estiagem — as precipitações em janeiro foram de apenas 58mm, quando a média para o mês na cidade é de 202mm. Na terça-feira, a temperatura bateu novo recorde: 40,8 graus em Santa Cruz, com a sensação térmica de incríveis 57 graus.
Enquanto isso, nos EUA (Hemisfério Norte), nevascas das mais intensas já registradas criam problemas de todo o tipo. Nos últimos dias de janeiro, tempestades de neve atipicamente atingiram o Sul dos EUA, do Texas e Geórgia até as Carolinas, uma área de 60 milhões de habitantes. Sete pessoas morreram e o fechamento de rodovias e avenidas transformou Atlanta num caos. Na terça, 905 voos foram cancelados e 3.100 sofreram atrasos. Já no Alasca, a paisagem da costa muda rapidamente porque os lagos degelam mais cedo. Entre 1991 e 2011, a região perdeu 22% de sua camada de gelo, revelou estudo na revista “Cryosphere”, segundo o qual a causa são as mudanças climáticas.
Estudos americanos indicaram que a temperatura do planeta se manteve em alta em 2013. Segundo a Nasa, a média global foi de 14,6 graus centígrados, empatando com 2006 e 2009 como o sétimo ano mais quente desde 1880, quando as medições começaram. As temperaturas globais começaram a subir no final dos anos 1960, fenômeno associado ao acúmulo de gases estufa na atmosfera. A quantidade de dióxido de carbono é mais alta hoje do que em qualquer momento nos últimos 800 mil anos, adverte a Nasa.
Hoje, a maioria dos cientistas concorda que a ação humana contribui para as mudanças climáticas. Mas os principais líderes mundiais estão devendo muito em chegar a consensos que possibilitem ações essenciais para o futuro da Humanidade. Um grande avanço foi o governo dos EUA anunciar a criação de sete centros climáticos regionais para auxiliar fazendeiros e comunidades a enfrentar secas, inundações, incêndios e pestes. E a Agência de Proteção Ambiental (EPA) baixará normas severas para reduzir as emissões de termelétricas a carvão. Estão no caminho certo. No final de março, haverá nova avaliação do problema, com a divulgação, em Yokohama, no Japão, de novo relatório sobre o impacto das mudanças climáticas, elaborado por especialistas de mais de cem países reunidos no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Pode-se discutir em que proporção a Humanidade contribui para o aquecimento global. Porém, não se deveria mais colocar em dúvida a necessidade da redução das emissões de gases nocivos ao planeta.
Fonte: O Globo.
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